Estávamos meio tontos ainda, mas precisávamos procurar Adam, ele seria o primeiro a saber da novidade e Harry, o segundo.

- Chegamos.- Entre lá!

- Vamos comigo, Miche? Não quero te deixar aqui sozinha. Eu quero exibir minha namorada!

- Faça surpresa! Eu fico aqui, estou bem... ligo o som, sei lá.

- Não é questão de estar bem ou não, Michelle. É que eu não quero você aqui sozinha, não é seguro. E eu te conheço bem, você não ficará aqui dentro, inquieta e impaciente como é.

- Já vai começar a dizer o que quer e o que não quer é? Eu fico e ponto final. Entre e fale com o Adam, te espero aqui dentro.

Ele entrou contrariadíssimo, mas eu realmente não deveria estar no meio daquela conversa, ele deveria fazer isso sozinho.

- Me perdoa, Adam. Eu estou tentando consertar as burradas que fiz. Você sempre esteve ao meu lado e... eu quero meu melhor amigo de volta.

- Você por acaso perdeu um dia? O que passou, passou. Mas... e a Michelle.

- Conversamos, está tudo bem agora. Nossas pazes me custou um soco bem dado na cara!

- Quem te bateu?

- Ela!

- Poxa, apanhando de mulher? Davey... você está ficando besta!

- Vou te dizer que doeu, viu!

- A hora que o Jade souber, vai te zoar até a morte...

- Ah, verdade! Mudando de assunto, enquanto estava na Califórnia, pensei no que você disse sobre eu me permitir ser feliz... estou namorando um alguém. Até que gosto bastante deste alguém...

- Ahn...

- Vamos, está lá fora nos esperando! Você é o primeiro a saber... acho que vão se dar bem!

- Aff Davey... não sei... você sabe o que não aprovo.

- Mas dessa vez é diferente!

Enquanto eles conversavam , como Davey previa, eu saí do carro... andava de um lado para o outro, esperando-os.Dois caras estranhos apareceram, nem havia visto de onde.

 - Ei patricinha, está desacompanhada?

- Não, meu namorado está chegando!

- Se eu tivesse uma gatinha dessa como namorada, nunca que a deixaria só, esperando por mim...

- É, poderiam aparecer outros homens querendo agarrá-la...

- Me soltem, ou chamo a polícia!

 Eles me prensavam ao carro, enquanto um segurava meus braços e o outro alisava meu corpo. Eu não parava de gritar e me debater, tentando me soltar.

Davey e Adam estavam vindo em nossa direção, desenfreados. Os homens me soltaram e iam fugir, quando num salto, Davey pulou neles. Adam batia em um, Davey no outro... e eu não sabia o que fazer! Se separava, ou ajudava...Era engraçado, porque haviam poucos vizinhos, mas os que haviam, nem para chamar a polícia serviam.

- Davey chega! Ele está desmaiando...

- Que morra! 

Ele já havia detonado o rosto do homem, Adam deu alguns socos, e deixou o outro fugir quando percebeu que Davey não parava a agressão.Segurei seu braço, que puxou rapidamente.

- Eu insisti pra que entrasse comigo, Michelle e você não quis... eu te disse pra não sair do carro! NÃO SAIR DO CARRO! POR QUE VOCÊ NÃO ESCUTA? Quando volto, encontro esse nojento te apalpando, te... te lambendo! Eu o mato, desgraçado!

- Davey, chega! Você desmaiou o cara... chega! - Adam gritava, tentando tirá-lo de cima do homem desacordado.

- Eu não pude proteger a Christie, Adam... com a Michelle não será igual!

 - Davey, pára! Você quer ser preso por assassinato?  Vai acabar com a sua vida, não com a dele! Chega! - Adam puxou Davey de vez, com muita força.

- Ai, Adam... o que eu fiz?

- Calma, ele está respirando bem... - Disse Adam, tentando acalmar o amigo.

- Eu vou ligar pra polícia e pra uma ambulância... Mas que droga... Michelle, eu vou chamar um táxi pra você voltar pra casa.

- Não, Davey. Eu não vou. Vim com você, volto com você. Isto é minha culpa, eu devia ter  te escutado. Além do mais, quando a polícia chegar, precisarei estar aqui, pra dizer o que aconteceu, antes de vocês chegarem. 

Eu estava assustada, mas me importava mais apoiá-lo, afinal, foi por minha culpa que ele deixou aquele homem inconsciente.Davey é muito impulsivo, em algumas horas age sem pensar. Graças a Deus aquela cena não voltou a se repetir.

A polícia chegou logo com a ambulância, o homem estava tomando consciência uma hora depois.

Davey fez questão de pagar estádia no hospital e medicamentos, já o policial que registrava a ocorrência disse que aquele homem era procurado da polícia por 3 crimes de pedofilia e que Davey deveria sim tê-lo matado, porque ele estava condenado à pena de morte de qualquer forma.

Tivemos de ir a delegacia para prestar depoimento. Era a vez de Davey, enquanto eu e Adam esperávamos.

- Michelle, o Davey não é violento, nunca foi... 

- Eu sei, foi minha culpa...

- Não, querida. Não mesmo. Sabe... anos atrás, tivemos uma amiga que foi estuprada e morta. Era muito ligada a nós... Ele não superou essa história ainda. Então quando vimos aqueles homens te assediando, era como se estivessemos vendo a nossa amiga.

- Ele nunca me disse isso.

- E eu nunca diria se você não estivesse se sentindo tão culpada. Mas jure que não dirá uma palavra sobre isso, nem irá perguntar sobre o nome que ele disse.

- Christie?

- Sim. Não conte, nem fale o nome dela, por favor. Quando ele se sentir pronto, ele mesmo te contará.

- Eu prometo.

Davey então já vinha em nossa direção, encerrando de vez o assunto entre Adam e eu.

- O xerife disse que como paguei os custos com medicação e hospital, não haverá sequer ficha criminal, algo do tipo pra mim... Mas que o cara está marcado pra morrer de qualquer maneira. Já foi preso antes, voltou a cometer delitos, já existem três processos de pedofilia contra ele... Enfim, foi mais um motivo pra ele levar pra cova.

- Menos mal, Davey. Você parou a tempo. -disse Adam.

- Porque você me tirou de cima dele! Aliás, por quê você assumiu metade da culpa, Adam? Eu fiz aquilo sozinho!

- Estou do seu lado até na hora dos teus erros!

Eu os observava. Era lindo. Aquele gesto de amizade tão pura, eles faziam tudo um pelo outro, juntos em todos os momentos.

Davey estava com as mãos roxas e cortadas, imaginava o quanto poderia estar doendo, mas ele não reclamava.

- Ah Miche, você está bem? - Ele veio, me envolvendo em um abraço. Enquanto abraçada a ele, acenava que sim com a cabeça. - Eu vou te levar pra sua casa, seu pai vai se preocupar...

- Não quero ir pra casa se você não for ficar comigo.

- Miche, não posso passar tanto tempo na sua casa, é muito abuso, sem contar que levei roupas para dois dias.

- Então eu fico com você esta noite.

- Isso não é certo, Michelle. Seu pai não deixará e nem vai gostar disso.

- Eu me resolvo com meu pai, já decidi o que quero. Já que hoje fiz tudo errado, isso não fará diferença...

- Então está bem, senhorita. Será como você quiser, sempre a sua vontade...

- Sim, sempre minha vontade! - Disse rindo, dando nele um selinho estalado.Adam olhou, dando um sorrisinho meio sacana.

- Ahn...

- É a minha namorada, amigo.

- Quero ver quando for falar com o sogro..

.- Eu não! 

E eles conversavam enquanto eu falava com meu pai.

- Papai, ele passou todos esses dias ao meu lado, agora ele precisa também... foi  minha culpa o que aconteceu.

- Não sei, eu confio nele plenamente, sei que não haveria algo a mais. Só que não é certo, ele devia não concordar com isso...

- Mas ele não concorda, pai. Sou eu que quero isso... por favor papai... você sabe que sou capaz de fugir se não disser que sim, não é? - Por isso deixarei, mas não concordo com isso Michelle.

- Você disse que confia nele!

- E confio! Confio muito, mas eu não confio mesmo em você! Não assuste o rapaz, sem assédios por hoje, não é? Boa noite. Amanhã conversamos.

Davey, teimoso, foi dirigindo até seu apartamento depois de passarmos na casa de Adam para pegar seu carro.

Comemos um lanche vegetariano bem leve, tomamos banho e fomos para a cama.

Tudo cheirava ao seu perfume gostoso, ele tem mania de dormir sem camisa, naquele dia não foi diferente, o que me enlouquecia mais.

Conversamos, demos beijos quentíssimos e acabamos dormindo abraçadinhos, suas mãos machucadas estavam com curativos que eu mesma fiz, para cuidar dele como ele fez comigo.

Mas o cheiro dele... ah...! Existe sensação igual ao dormir sentindo o cheiro da pessoa que amamos?