Eu não via a hora de sair daquele hospital, tinha vontade de fugir dali. Óbvio, Davey não me deixaria fazer isso.

Ele não saiu de perto de mim, eu queria ter olhado mais para ele, mas a medicação não me permitia permanecer acordada, eu estava com medo de acordar e não vê-lo mais ali.

Acordei... e ele não estava.

- Pai, onde ele está?

- Ligando para o Harry, ali no corredor...

- AH...

- Como se sente?

- Com sono.

- O médico logo virá pra te liberar.

Finalmente Davey voltava ao meu encontro, fui liberada poucos minutos depois.

Ele voltou para minha casa a pedido de papai, mimava-me muito, com palavras, carinhos, atitudes.

Minha paixão era como câncer: espalhava-se a todo tempo, em maior proporção, dominando rápidamente minha sanidade, de difícil cura, em estado terminal.

Estavamos conversando em meu quarto, meu pai havia saído para cuidar de alguns negócios importantes que não fazia por conta de meu estado.

Ele intercalava a conversa com beijos, contando-me sobre a visita aos familiares, a briga de Harry com ele, enfim, ele tinha muito para contar.

- Harry não existe... se não o conhecesse, duvidaria do que ele disse pra você.

- Sério, ele me assustou... Mas assim que te vi, entendi todo o ódio dele por mim.

- Ele não te odeia, estava preocupado. Logo que ele vier me visitar, vocês farão as pazes.

- Assim espero... ainda tem o Adam, que está furioso comigo, os outros estão assustados... Está tudo uma bagunça.

- Então organize a bagunça, sr. arrumação! Começando pelo Adam, não haverá amigo melhor que ele para você.

- Eu sei...

- O que está esperando?

- Coragem.

- Quer que eu vá com você?

- Ele teria ainda mais raiva de mim ao ver você. Não estou pronto pra falar com ele.

- Mas Davey, vocês terão de se ver, nos ensaios, na filmagem do clipe... por que adiar essa conversa? Eu estou bem, te perdoei... por que não faz o mesmo consigo próprio?

- Tudo bem, já entendi que você não vai parar. Vamos falar com ele, antes iremos até meu apartamento pra eu pegar o meu carro.

Fomos até seu apartamento de táxi, buscar seu carro.

Já em seu carro, a caminho da casa de Adam, íamos conversando e de repente o silêncio toma conta de nós.

- Miche, eu te adoro, sabia?

- Sim!

- Eu não sou de demonstrar, de falar... mas você traz isso de mim. Não imagina o quanto foi difícil ficar longe de você, de não olhar em seus olhos... parecem o céu estrelado de dia! Amo seus olhos... - parou o carro, segurando meu rosto, olhando em meus olhos.

- Davey, aqui nem está perto da casa de Adam... -eu falava, sem jeito, desviando o olhar.

- Eu realmente estou apaixonado por você, Michelle Walker... Estou perdidamente apaixonado, encantado, fixado...

- Davey...

- Não posso ficar um minuto longe de você, maluquinha! Você me devolve a vida, tira meus pés do chão... me torna um moleque bobo.

- Está me deixando sem jeito!

- Fique comigo, agora eu estou te pedindo.

- Estou com você!

- Não é assim que eu quero, escondidos. Eu quero namorar com você, poder gritar seu nome, enfrentar seu pai e quem mais vier contra. Quero escrever letras de músicas em sua homenagem, com seu nome. Quero te apresentar para todos como minha menina, como minha namorada e não importará o que vão dizer ou pensar, porque somente nós conhecemos nossos sentimentos um pelo outro! Agora é com você, querida. Você aceita namorar comigo?

Eu não parava de chorar, era tudo o que eu queria. Tudo! Ele sabia bem... Então eu o agarrei, beijei-o durante muito tempo.

- Embora tenho sido o mais longo e melhor de nossos beijos, um beijo não é resposta!

- É óbvio que eu aceito, você sabe que é o que eu mais quero, Davey! Sempre quis.

Nos beijamos, nos abraçamos... estávamos tão felizes! Aquele carro tinha se tornado o lugar mais belo do mundo para mim. Aquele sim era o nosso começo juntos, numa luta constante contra piadas, boatos de mau gosto...

Naquele momento, não sabíamos como as coisas iriam acontecer, como falaríamos para nossas famílias, sabíamos apenas de nós, de nossa vontade, não pensávamos em algo mais.

Naquele momento, eu era de Davey e ele era meu... o mundo não existia.