Quanto mais tempo passávamos juntos, mais nos apegávamos. E depois daquele dia, houve mais dias. Muitos dias.

    Quando tínhamos 7 anos, nossas mães nos colocaram na mesma escola. Aprendemos juntos, erramos juntos, caímos juntos.

    Uma vez estávamos no balanço do parquinho da escola e fomos fazer competição de quem pulava mais longe. Eu venci, e como prêmio, ganhei um joelho ensangüentado. Caí de joelhos, e não tinha reparado num caco de vidro enterrado na areia. Me levaram para o hospital, e o Logan insistiu em ir comigo. Levei 4 pontos, mas ele estava lá, e apenas isso importava.

    Aos 8, foi a vez dele se machucar. Quebrou o braço esquerdo tentando fazer uma bicicleta na final de um torneio de futebol. Ele engessou o braço, e eu me diverti desenhando naquele gesso. Avacalhei um monte. Enchi de corações, borboletas, coelhinhos, nuvenzinhas, até escrevi: “L + S = Pra sempre.” E ele? Nem ligou. Até gostou. Vai entender. Mas eu não fiz de propósito, ou fiz?  

    Tínhamos 9 anos e nossas mães nos levaram para o parque de diversões no centro da cidade. Para mim, era a primeira vez, o Logan já tinha ido várias vezes. Amei o brinquedo da xícara, fui 6 vezes seguida. O problema é que eu tinha acabado de comer uma mini pizza e tomado um copo gigante de coca. Não terminou em boa coisa. Mas eu nunca tinha me divertido tanto. E no final, Logan me mostrou um esconderijo atrás do carrossel. Era lá que ele ia quando queria ficar sozinho, quando estava triste. Depois daquele dia, quando ele sumia, eu sabia onde encontrá-lo.

    Com 10 anos de idade pegamos catapora. Bom, eu peguei primeiro. Peguei de uma menina metida da minha sala. Como ela já havia faltado muitas vezes, me ofereci para entregar as tarefas e os trabalhos na casa dela, só porque eu morava perto. Nem me toquei na hora, não passou pela minha cabeça que eu poderia pegar catapora da garota ou nem sabia que era contagioso. Não lembro.