Curada Para Ferir escrita por thedreamer


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Este não vai deixar suspense, queria que deixasse mas... Espero que gostem.



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 Ouço o celular despertar e reluto em levantar. Minhas cobertas estão tão quentes e confortáveis, isso deveria ser considerado crime. Olho para o lado e vejo Marina cobrindo a cabeça.

 - Desliga essa droga! – Viro para o outro lado e desligo o celular, colocando-me de pé logo em seguida.

 Visto a mesma roupa de ontem, penteio meu cabelo e os mantenho soltos para me aquecer. Pego um cachecol, meu gorro, coloco-os e sigo para a cozinha.

 - Bom dia! – Digo à mamãe que está sentada no sofá de moletom, e um emaranhado de cobertas.

 - Bom dia! – Ela diz em meio a um bocejo. – Já preparei um chocolate para vocês...

 - Chocolate? Quente? – Ela concorda com um aceno. – E desde quando a senhora sabe fazer chocolate quente? – Indago indo até a cozinha a procura do meu sonhado chocolate.

 - Desde quando vi uma reportagem ensinando, ontem, em um programa da manhã. – Peguei minha caneca e tomei surpreendida com o sabor delicioso.

 - Está ótimo, de verdade! – Pego algumas torradas no armário e me sento ao seu lado para comer.

 - Seu acampamento é semana que vem Mel. – Engasgo com a notícia, eu havia me esquecido disso. – Tudo bem? – Ela pergunta enquanto eu recupero o fôlego.

 - Sim, tudo ótimo! – Marina aparece com uma roupa parecida com a minha, tirando o fato de não ser uniforme, e de ela estar bem mais bonita.

 - Bom dia, Marina! – Marina joga o cabelo para o lado, como faz todo o tempo e boceja.

 - Bom dia mamãe. – Ela vai até a cozinha – Chocolate quente? Contratou empregada? – Revirei os olhos e vi mamãe corar com sua atitude.

 - Não eu que fiz Marina. – Ela disse.

 - E presta? – Fiquei indignada com o atrevimento de Marina e a falta de atitude da mamãe, então decidi fazer algo.

 - Está ótimo Marina, duvido que você consiga apreciar algo tão delicioso, já que é tão amarga assim! – Marina voltou até a sala e me mandou um olhar de descrença.

 - Mostrando as garrinhas, Melina? – Ela revirou os olhos e voltou para a cozinha – Nem ou perder meu tempo. – Dessa vez sou eu quem revira os olhos. Olho no relógio e vejo que já são 6:55.

 - Tenho que ir mamãe. – Levanto, dou-lhe um beijo na bochecha e vou até a cozinha deixar a caneca, onde vejo Marina sentada na mesa bebericando seu chocolate.

 As pessoas continuam me olhando e sorrindo, mas hoje amanheci melhor do que em outros dias, com uma sensação de que nem tudo vai dar errado. Sigo para a sala, onde Callie está parada na porta.

 - Bonjour Meester! – Ela diz num tom irritante de amizade. Tento ignorá-la e entrar na sala, mas ela me retém. – Epa, espera, tenho uma notícia para te dar. – Paro e olho em seus tenebrosos olhos verdes. – Você sabe aquele acampamento de férias realizado todos os anos? – Empalideço já imaginando o que tem por vir – Sabe não é mesmo? Bem, você sabe que meu querido tio é o organizador deste tão prestigiado evento? Sabe também. Muito esperta você Meester! Enfim, como eu participo todos os anos, meu tio sempre me deixa ver a lista dos inscritos e... Você é a única Melina Meester por aqui, até onde eu saiba. – Suspiro sabendo aonde ela quer chegar.

 - Olha Callie, m deixe entrar. – Tento passar, mas ela me retém novamente.

 - Já disse para esperar! Aonde sua família conseguiu dinheiro para isso Meester? Que banco foi assaltado? – Ela e suas amigas soltam gargalhadas enquanto eu as encaro uma por uma. – Enfim... – Ela tamborila os dedos com unhas pintadas de vermelho na cintura. – Eu e você, juntas nas férias? Tsc-tsc isso não vai dar certo... Mas, vou fazer a generosidade de deixar você ir – Ergo as sobrancelhas e ela continua – pois terei o prazer de infernizar suas férias! – Ela se vira jogando se cabelo na minha cara e entrando, seguida por mim e pelo professor.

 Passei todas as sete aulas encarando Callie, que sentava como sempre na frente ao lado de Daphne. Eu já desconfiava que ela estaria neste acampamento, mas rezei para que por um motivo gracioso, ela não fosse, mas a família dela tem o nome em praticamente tudo da cidade, é óbvio que ela ia. Fiquei pensando em como seria passar vinte e nove dias e trinta noites convivendo com ela, e o pior, é que depois desses dias, isso aconteceria novamente, pois ela também vai estudar internamente ano que vem. Esses pensamentos estavam me levando a loucura. E então o sinal tocou e segui para o ponto do ônibus.

 Meu estômago roncava, mais uma vez eu não tinha almoçado na escola, o que me deixava mais pálida que o normal, com uma aparência de zumbi. Como se eu não parecesse um zumbi ambulante. O ônibus parou, desci e caminhei mecanicamente para casa. Mamãe estava no curso, papai, como sempre, no trabalho. Desde que perdemos tudo, o papai tem trabalhado quase 24 horas por dia, não o vejo chegando, não o vejo saindo...

 Vou até a cozinha e preparo uma comida pronta, no microondas, pego um suco de laranja na geladeira e sento na mesa para enfim calar minha barriga. Por incrível que pareça não pensei em nada enquanto comia, somente em quanto à comida estava saborosa, com queijo derretido descendo queimando pela minha garganta.

  Terminei e fui me trocar, vesti meu tão amado e confortável moletom e voltei para a sala. Deito no sofá e começo a procurar algo de bom na TV, até parar em um canal que está passando “Programa de Proteção para Princesas” com Demi Lovato, uma das minhas cantoras preferidas. Assisti ao filme que me gerou algumas gargalhadas, e então papai chegou, fazendo me pular do sofá.

 - O que o senhor está fazendo em casa a essa hora? – Franzi o cenho, com medo de ouvir uma má resposta.

 - É assim que me recebe? – Fico vermelha. – Faz tempo que não conversamos bebê. – Ele me abraça e me deixa mais vermelha ainda, aquilo me conforta imensamente.

 - Desculpa papai, é que não é comum vê-lo em casa assim, tão cedo. – Dou de ombros.

 - É, eu sei, andei muito atarefado, essa semana. – Ele pendura o casaco e senta no sofá, batendo ao lado para que eu me sente. – Mas hoje consegui sair mais cedo, e amanhã e domingo estarei em casa. Estive pensando em fazer algo, sabe, em família. – Ela passa o braço em minha volta, me abraçando. – Como você está? – Ele começa a mexer no meu cabelo.

 - Estou bem papai, obrigado. – Recosto-me nele, sentindo me melhor do que nunca por tê-lo tão próximo de mim.

 - E o que acha dessa minha idéia, de algo em família? – Olha para ele e sorrio.

 - Seria ótimo! – Ele sorri. – O que podemos fazer? – Ela coça o queixo, uma demonstração de que está pensando.

 - Poderíamos ir esquiar, o que acha? – Desvencilho-me dele, tapando a boca com as mãos, surpresa com tudo isso. – Não gostou?

 - Papai, ia ser maravilhoso, faz tanto tempo que não esquiamos! – Fiquei muito feliz com a notícia.

 - Bom, então está resolvido, e podemos convidar o Fernando...

 - Quem é Fernando? – Pergunto enroscando minhas pernas por causa do frio.

 - Ora, o novo namorado da Marina. – Ergo as sobrancelhas, ela já o apresentou ao papai? Quando? – Eu ainda não o conheço pessoalmente, então seria uma boa oportunidade! – Concordo com um aceno, pensando em como seria esquiar com um estranho.

 - Então, já falou com mamãe e Marina? – Ele faz que não. – E, aonde vamos? – Ele novamente coça o queixo.

 - Eu acredito que pagamos as mensalidades do clube até dezembro, certo? – Tento me lembrar, mas não consigo. – Foi, foi sim, então ainda podemos usufruir. – Sorrio com esta idéia maravilhosa seguida pela sorte de termos quitado por todo o ano.

 - Então, está tudo decidido, amanhã vamos para o clube, para esquiarmos. – Bato palmas e o abraço.

 - Senti sua falta Mel... – Abraço mais forte. – Sua mãe parece estar gostando do curso em que você a inscreveu.

 - É, eu acho que sim. Ela está indo bem, já conseguiu cozinhar algumas coisas, e não queimou... – Ele sorriu.

 - É, mas, cá entre nós, a macarronada que ela fez estava sem tempero algum. – Fiquei feliz por não ter sido a única a pensar isso.

 - É, eu também achei, mas não quis magoá-la, comi tudo sem dizer nada. – Ele acenou concordando.

 - Eu também, sua mãe é uma mulher frágil. Como foram as provas Mel? – Recosto-me no braço do sofá.

 - Foram boas, estavam muito fáceis, acredito que me saí bem. – Ele revira os olhos.

 - Como se você alguma vez na vida fosse mal nas provas né, dona Melina? – Ele afaga meu cabelo, enquanto fico corada.

 Ouvimos o barulho da porta e nos viramos na mesma hora, quando mamãe entrava.

 - Oi Mel... Nigel? O que faz em casa a essa hora? – Ela parou enquanto tirava o casaco. Papai franziu o cenho.

 - Será que não serei recebido com entusiasmo por ninguém? – Mamãe corou e veio até ele, dando-lhe um beijo.

 - Desculpa querido, é porque...

 - Não é normal vê-lo tão cedo em casa. – Completei.

 - É, fiquei surpresa, mas é muito bom saber que pôde sair mais cedo hoje, fazia tempo que não ficávamos juntos assim. – Ela sorriu para ele, depois para mim.

 - Bom, então vai gosta de saber, que amanhã iremos até o clube Heels para esquiar. – Mamãe colocou as mãos na boca, e ergueu as sobrancelhas, assim como eu.

 - Ah, seria maravilhoso Nigel! – Ela sorriu para mim.

 - Mel também concordou, e acho que também seria uma ótima oportunidade para conhecermos o namorado da Marina. – Mamãe fez que sim com a cabeça.

 - Também acho. – Ela sentou no sofá, do outro lado do papai. – Marina anda muito ausente... – Vi o ressentimento passar pelo seu olhar. Mamãe sempre ficaria triste com as bobagens que a Marina apronta.

 - Liga pra ela e fala logo sobre esquiarmos. – Digo para papai. Ele se levanta e vai até o celular.

 - Bom, já que está tudo decidido, vou arrumar minhas coisas. – Vou para o quarto, para ajeitar a roupa e tudo o mais.

 Peguei uma pequena mala que usava para isso, e coloquei uma calça, meias, blusas de frio, cachecol, suéter... Lembro que lá tem uma roupa para vestirmos, então não é necessário levar. Abro o armário e separo minhas botas. Depois de arrumar tudo, jogo me na cama e fico olhando para o teto.

 Não teria maneira melhor para começar as férias. Esquiar... Fazia tanto tempo que eu não esquiava, sempre fui boa, ao menos nisso. Era o que me fazia amar a neve... Sorri, de olhos fechados imaginando como seria ótimo. Nós éramos todos muito bons, lembro-me do papai esquiando, era tão lindo de se ver, ele sabia fazer inclusive manobras ‘radicais’. Sorri mais ainda com isso. Virei para  janela e fiquei observando cada floquinho cair lentamente, até cochilar.


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Notas finais do capítulo

Mereço reviews? Beeeijos.



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