Curada Para Ferir escrita por thedreamer


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Olá garotas, estou tão feliz por estarem gostando. Tenho um notícia ruim, vou ficar sem internet por mais ou menos uma semana, o que significa que não poderei postar. Mas acredito que este capítulo não deixa muita curiosidade. Espero que gostem, e obrigado pink_rock_girl, seja bem vinda!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/165430/chapter/10

- Está filmando? – Perguntou Violet com uma formosa criança no colo, com um vestido vermelho, contrastando com sua pele branca e seu cabelo preto que estava pouco abaixo da orelha, com um laço de fita. A criança tinha olhos claros e curiosos, não parava o olhar por um instante.

 - Sim, já estou filmando querida. – Respondeu Nigel. – Marina, meu anjo, pode vir! – ele disse em um tom mais alto, mas sem gritar. Eles se viraram para a escada, de onde descia outra garota.

 Ela tinha um corpo esguio, cabelos na altura da cintura de um castanho como mel ou caramelo, era ondulado e brilhoso ela tinha um sorriso meio afetado e bochechas coradas, desceu elegantemente a escada, como uma modelo. Os pais a olhavam, fascinados, enquanto a criança, Melina, brincava com os cachos de sua mãe. Marina, usava um vestido floral, sapatilhas e um bolero. Era uma jovem encantadora.

 - Mamãe, eu... Não sei se é uma boa idéia... – Marina mexia as mãos, um sinal de nervosismo, enquanto a mãe a olhava.

 - Querida, é o seu sonho, você quem quis participar, eu só a inscrevi, se lembra? – A garota caminhou até o luxuoso sofá e se sentou, ainda mexendo com as mãos.

 - Eu sei, mas é que... Deve ter outras garotas... Outras garotas mais bonitas, eu... – Ela tapou o rosto com as duas mãos silenciando-se. – Violet enviou um olhar preocupado a Nigel e voltou-se para a filha. Ela sentou ao lado de Marina, e Melina instantaneamente sorriu e começou a brincar com o cabelo da irmã.

 - Marina, olhe para mim. – Violet pediu e Marina a obedeceu; - Você é linda querida, e você vai estar ali para participar, é como se fosse uma brincadeira, certo? Daquelas que não faz a menor diferença perder. Você não vai perder sua beleza não ganhando o concurso. E, prometa par mim que não vai ficar triste, coloque um sorriso no seu rosto, agora. – Marina sorriu sem nem ao menos perceber.

 - Eu te amo mamãe. – Ela abraçou a mãe por cima da irmã que dizia “Nina” sem parar. – e eu amo você também Melzinha, amo muito. – Ela abraçou a irmã com força, que sorriu mostrando poucos dentes.

 Tentei segurar, mas as lágrimas já rolavam deliberadamente. Marina nunca disse que me ama. Muito menos me abraçou. Tentei não pensar em nada e continuei assistindo ao vídeo.

 - E agora a jovem Marina Vasquez Meester, de apenas treze anos, vinda de Carmo, recebam mais uma linda candidata. – O locutor se calou e a platéia começou a bater palmas enquanto Marina desfilava com um sorriso encantador no rosto acenando simpaticamente.

 Depois da entrada as candidatas saíram e voltaram logo depois uma por uma de biquíni, estampando os corpos jovens e definidos. Marina trajava um biquíni azul que realçava seus olhos; o cabelo estava preso em uma trança propositalmente desleixada. A terceira entrada foi com roupas iguais escolhidas pelo produtor do desfile. Os jurados faziam incessantes anotações. Depois foi a vez do vestido de gala. Alguns poderiam discordar, mas o que mais chamava atenção sem dúvidas era o de Marina. Como os demais, era longo; Era em tons de dourado, e brilhava com as luzes que as destacavam. O cabelo estava preso em um coque com a franja solta recaindo sobre o rosto sorridente e corado. Ela estava quase sem maquiagem, somente com gloss e uma sombra dourada. Estava deslumbrante.

 - Bom, depois de tudo avaliado, os jurados já tem o resultado desta noite. – O sorriso de Marina vacilou, mas só por rápidos segundos. – E, em terceiro lugar... Juliana Tavares! Parabéns Juliana, muito obrigado por participar. – Uma garota de pele muito branca saiu em meio às outras com olhos marejados, recebeu a faixa, flores e um abraço dos pais. – Em segundo lugar... – ele continuou fazendo mais suspense. – A decisão foi difícil para os jurados, as candidatas são todas lindas! Mas hoje, o segundo lugar fica com Marina Meester, e o primeiro com Camille Van Der Hudsin! – Marina continuou sorrindo, mas sem emoção alguma. Os olhos estavam sem brilho. Camille é uma moça alta da pele muita morena e olhos verdes, cabelo curto e muito encaracolado de um sorriso muito branco e simpático. Marina recebeu a faixa, um buquê de rosas amarelas e os pais correram para abraçá-la.

 - Ah Marina, olha só para você querida, você conseguiu! – Violet vibrou enquanto Marina seguia para o camarim. – Querida, espere... – ela acompanhou a filha, seguida por Nigel, que tinha a pequena Melina no colo.

 Marina atirou as rosas no chão, pisoteando-as e entrando no camarim. Entrou no vestuário, e saiu poucos minutos depois vestindo o vestido floral. Abaixou-se, calçou suas sapatilhas enquanto Violet tentava falar com ela, que se recusava a falar. Ela não chorava, não sorria, estava sem emoções.

 - Marina... – Violet chamou mais uma vez. A garota se levantou e olhou para os pais que paralisaram neste instante.

 - Quero ir para casa! – Ela disse normalmente, espantando os pais.

 - Marina... Você está bem? – Perguntou Violet estranhando a reação da filha. Marina franziu o cenho.

 - Porque não estaria? Estou ótima. Mas quero voltar para casa. – Ela deu de ombros. Violet suspirou.

 - Querida, eu simplesmente te amo! – Ela abraçou a filha que retribuiu, mas ainda sem emoções.

 - Então, vamos para casa? – Disse Nigel, enquanto tentava pegar Melina no colo, que brincava com as jóias disponíveis para os participantes contidas no camarim. Marina passou a mão nos cabelos negros da irmã enquanto a olhava.

 - Vamos Melzinha? Está na hora de voltarmos para casa meu anjinho. – Melina ergueu o olhar e esticou os braços para a irmã, que a pegou no colo na mesma hora. – Você não acha que ta meio grandinha para ficar no colo? – Melina sorriu de lado, charmosamente.

 - Eu ainda sou neném Nina. – Ela disse com uma voz doce e meiga, acariciando novamente o cabelo de Marina, que a abraçou sorrindo verdadeiramente.

 - Bom, então acho que por hoje chega de vídeo, dê um tchauzinho filhas! – Disse Nigel, e Marina sorriu e acenou, enquanto a irmã mandava um beijo que fez todos sorrirem.

 Levei minutos até me tocar de que o vídeo já havia acabado. Sequei meus olhos ainda em choque. É tão estranho ver a Marina tão doce, e tão carinhosa comigo. São 16:00hrs de acordo com meu relógio. Não sei se eles vão gostar de saber, que andei revirando esses vídeos, principalmente a Marina. Recolhi todos os CD’s e guardei na caixa, devolvendo-a para seu lugar no armário da mamãe, já planejando assistir outro e mais outro assim que estiver só.

 Até agora não vi sinal nenhum da Marina, ela ta estranha... Mas do que o normal. Sorrio, pensando no modo como ela me tratava, parecia até outra pessoa. Mas sempre com a mesma beleza estonteante. Sigo para o banheiro para tomar um banho quente e vestir meu pijama confortável, notando que ainda estou de uniforme. Deixo a água cair sobre meu cabelo e meu rosto, depois por todo o corpo recebendo feliz a temperatura. Fico muito tempo assim, na tentativa de organizar os pensamentos que estão quase vazando pelos ouvidos ou algo assim, de tantos que são. Saio do chuveiro congelando; visto logo o roupão e sigo para o quarto, onde coloco meu pijama mais quente, e meias. Penteio meu cabelo, lembrando de como ele era quando eu tinha apenas dois anos. Eram tão pretos quanto agora, e tão lisos quanto agora, na verdade só alterou o tamanho. Ouço o barulho da porta abrindo e saio do banheiro dando de cara com Marina. Ela está de calça jeans, botas, suéter e uma trench coach, com as bochechas rosadas pelo frio. Ela me olha de cima, e passa para o quarto ignorando meu olhar. Eu bem queria não questioná-la, mas minha curiosidade era muito grande.

 - Onde esteve Marina? – Disse seguindo-a até o quarto.

 - Não é da sua conta, pirralha! – Ergui as sobrancelhas com a palavra enfatizada. – E... Será que poderia me deixar sozinha? Ou vai querer o quarto só para você, mais uma vez? – Ela me olhou com uma expressão que não consegui decifrar.

 - Eu... Marina você não dormiu em casa, e não adianta dizer que saiu cedo porque sua cama nem foi desfeita – Disse quando ela ia retrucar – E você não vai mais de ônibus para a escola, anda em um civic preto...

 - Cala essa boca Melina! Você. Não. Têm. Nada. Com. A. Minha. Vida. Entendeu ou quer que eu desenhe? – Minhas sobrancelhas estavam para sair do rosto de tão arqueadas. – Agora sai daqui, vai pra sala, pra cozinha, para aonde quiser ir, mas sai daqui! – Decidi não discutir, e saí do quarto antes que ela me chutasse de lá.

 Mas ainda tinha uma expressão sorridente no rosto, por saber que ela nem sempre foi megera, e nem sempre me odiou tanto. Enquanto me dirijo a sala, a porta se abre novamente e a mamãe entra, também corada.

 - Oi Mel! – Ela diz sorridente. – Como foi seu dia? – Franzo o cenho com a pergunta inesperada.

 - Foi... Bom? E o da senhora, como foi? – Ela tirou o casaco e pendurou na ‘arara’ enquanto contava como foi seu dia.

 - Hoje aprendemos enfim, a cozinhar arroz, não é tão difícil, mas o meu feito lá não saiu tão bom... – Fiquei um pouco receosa pensando se ela faria arroz para o jantar, ou macarronada. – Mas é tudo questão de prática, não é mesmo? – Concordei com um aceno. – A Marina já chegou? – Suspirei e me joguei no sofá.

 - Sim, está trancafiada no quarto. – Peguei o controle e liguei a TV, em busca de algum canal interessante. Mamãe se aproximou de mim.

 - A nossa moça está namorando... – Ela sussurrou em meu ouvido. Não me surpreendi, pois já imaginava isso. – Espero que tudo dê certo desta vez. – Concordei não prestando muita atenção nela. – Agora, vou tomar um banho para poder fazer o nosso jantar. – Ela me surpreendeu mais uma vez me dando um beijo na bochecha.

 É, as coisas pareciam estar melhorando para mim. Mamãe me tratando carinhosamente... Isso não era muito comum. Deitei no sofá ainda passando os canais rapidamente. Encontrei um canal onde passava clipes, no momento estava passando “She will be loved”, e não sei o porque, me veio o rosto, os cabelos, e aquilo sorriso tranqüilizador do Bernardo. Ai meu Deus, o que está acontecendo comigo? Já disse isso a mim mesma zilhões de vezes. Não posso gostar de ninguém! Principalmente de um alguém como o Bernardo, que além de tudo tem namorada. Tenho que dar um jeito nisso, tenho que arrumar um jeito de evitá-lo a todo custo. A praça... Não posso mais ir à praça, e nem passar por perto do Colégio Madre Tereza. De jeito nenhum. Mas ao menos terei na memória aquele sorriso que me fez tão bem, meu super-herói. Sacudi a cabeça bruscamente para me desvencilhar deste pensamento. ‘Bernardo e Melina’ não existe, e nunca existirá. Ponto!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaram? Digam o que acharam, por favor. A opinião de vocês é essencial.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Curada Para Ferir" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.