–Ai! – Reclamei enquanto Su passava um pedaço de papel higiênico molhado no meu nariz – Vai com calma Su! – Ela deu de ombros.

–Imbecil! Idiota! Filho de uma mãe! – Léo gritava descontando sua raiva nos boxes vazios do banheiro masculino com chutes, socos e ponta pés.

–Quem mandou você se meter na discussão Bruno! – Su falou irritada, como se estivesse me dando uma bronca, mais no fundo, sua voz tremulava.

–Não podia deixar você sozinha! – Falei em protesto. – E você também Léo, não quero que se prejudique por minha causa! – Falei triste.

Léo continuava com o rosto vermelho de raiva, mas já estava sobre controle, seu rosto se entristeceu e uma lágrima solitária caiu, ele ficou ereto com os punhos cerrados e a cabeça baixa, só pude ver que estava chorando pelas pequenas poças escuras que se formavam no chão.

–Bruno, eu te amo, e ver você sendo agredido por aquele babaca me tirou do controle... Desculpe-me. –Sua voz era doce, suave e triste.

Tirei a mão da Su que ainda insistia em limpar meu nariz, e me aproximei de Léo, não sabia o que fazer ou o que dizer para acalmá-lo, lhe abracei e como resposta, ele me apertou e começou a chorar no meu ombro, eu era pequeno comparado ao Léo, sumi em seus braços, afaguei a sua cabeça assim como minha mãe fazia quando estava triste e sussurrei em seu ouvido. “Eu te amo e sempre vou estar contigo, não importa quantos valentões venham pra cima de mim, nada vai mudar o que eu sinto por você.” Ele me abraçou mais forte e seu choro ganhou mais intensidade.

Ficamos abraçados por alguns minutos, Su saiu logo que viu que estava tudo bem, se fosse pega no banheiro masculino ela também iria se encrencar, só então me dei conta do que acabará de acontecer. Léo falou basicamente pra escola toda que estamos juntos e provavelmente aquilo ia repercutir. Não demorou muito...

–Olha! O casal de bambis do momento! – Um menino moreno falou pros amigos que estavam entrando no banheiro junto com ele. Eles riram por um momento depois se calaram.

Léo me soltou bem devagar, como se estivesse respirando fundo pra não fazer uma loucura, não adiantou, Léo puxou o provocador pela gola da camisa e imprensou contra a parede, tomei um susto, tudo foi rápido demais, e o garoto ficou sem reação, boquiaberto.

–Como é que é?! Repete! – Falava Léo, próximo ao rosto do garoto amedrontado, o menino não falou nada, Léo era bem maior do que ele, provavelmente o menino se confio nos seus amigos, mais acho que eles não eram tão amigos assim, foi só Léo dar sinal do que queria fazer, que os outros correram, ficando só o garoto moreno.

Uma atitude inesperada aconteceu, o garoto começou a se urinar, não agüentei em ver a cena e comecei a rir, Léo virou a cabeça em minha direção querendo saber o motivo das minha risadas, ele se virou e olhou pra baixo, ele começou a rir, o menino continuava com medo, ele era moreno, mas estava branco de medo.

–Acho que você entendeu o recado. –Leo falou soltando o menino, assim que ele percebeu que estava livre, saiu correndo pela porta.

Continuamos rindo por alguns instantes, Léo tirou o sapato pra tirar a urina que estava no solado, e saímos do banheiro de mãos dadas como dois verdadeiros namorados.

–Você sabe que isso é só o começo, não é? – Me virei pra ele antes de sairmos do banheiro.

–Eu sei, mas to disposto a enfrentar tudo e todo se for necessário. – Ele apertou minha mão, aquelas palavras me encheram de coragem e motivação pra continuar e enfrentar qualquer um.

..........

A escola toda nos encarava, éramos o novo assunto do colégio, nos olhavam com expressões de ódio, algumas com pena e outras amargas e vazias.

Era horário da saída, Su apareceu no meio da debandada de alunos correndo eufórica com o celular na mão.

–Vocês não vão acreditar! –Su disse me parando e parando Léo que estava ao meu lado, com tudo que havia acontecido, Léo achou melhor ficar perto de mim pra que ninguém viesse mexer conosco. –Colocaram o vídeo da briga do Leonardo e do Jeremy na internet, olha aqui! – Ela falou me entregando o celular.

Arregalei os olhos, queria que aquilo fosse mentira, do celular saia “Bruno Blaine, meu namorado!” em alto e bom som, não queria que aquilo chegasse a esse nível, não queria que o mundo inteiro soubesse do que se passava comigo e com Léo, mas agora não tinha mais como negar, aquilo não acabaria tão cedo. Léo tirou o telefone da minha mão, ainda estava mergulhado em meus pensamentos, detesto admitir que eles não eram nada agradáveis.

–Pega Su. –Disse Léo entregando o telefone a Su, ele não demonstrava estar irritado ou nada do tipo, poderia arriscar que ele estava até calmo. Su ficou boquiaberta, pensava que Léo iria ter um acesso de fúria ou algo do tipo. –Isso não importa mais, o que importa e que eu vou dar meu melhor pra não decepcionar lhe de forma alguma, Bruno, não importa como, vou te proteger até o fim, custe o que custar.

Não falei nada, não precisava, meus olhos disseram por mim com uma lágrima de alegria e um sorriso sincero. Su guardou o telefone como se já não importasse mais o conteúdo, um sorriso de felicidade brotou de seu rosto como um gesto de carinho por mim e por Léo.

Estendi a mão e “o meu amor” á segurou, saímos da escola de mãos dadas, já não ligávamos se nos fotografassem ou se filmassem, só queríamos sair daquele local e nos dedicar por inteiro ao que realmente nos importava, a nossa felicidade.