Undead Revolution escrita por caarol


Capítulo 32
Entrelaços


Notas iniciais do capítulo

E vamos pra mais um capítulo!
Desta vez um pouco mais comprido e com um com um clima diferente dos demais... Muahaha
Façam uma ótima leitura, e nos vemos lá embaixo!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/164702/chapter/32

Localização: Base Militar e Centro de Pesquisas de Grantsville, Utah

15 dias após o Surto.

Gregory McDuncan trincou os dentes em impaciência.

Estava ao fundo da pequena e bem iluminada sala, recostado à parede, com os grandes braços cruzados e uma expressão de pouquíssimos amigos. Observava com desinteresse aquele desorganizado grupo de pessoas sentadas à mesa, que tagarelavam, discutiam e gesticulavam fervorosamente. Apontavam uns para os outros, para as janelas, para mapas e papéis à frente de suas mãos, em mais uma incansável reunião de cúpula dos chefes dali. Aquela designação gerava rugas de incredulidade na máscara autoritária de McDuncan, aquelas pessoas estando longe de saber o significado de “chefiar”.

À sua frente estavam representantes de altos postos de variados setores da ciência e da segurança – pelo menos dois delegados de polícia, PHDs, cientistas e professores em ciências e tecnologia, engenheiros e até caçadores profissionais, cada qual usando e abusando de seu conhecimento específico para sobrepujar o do restante.

Para sua surpresa, poucos representantes militares de alta escala estavam presentes; apenas ele, seu Capitão, Jackson, um Tenente do exército e mais um diretor aeronáutico de outro estado americano. A segurança daquela Base, no entanto, era garantida com a ajuda de um pelotão grande de profissionais militarizados – cadetes e soldados -, mas isso não era o suficiente para desconstruir a prepotência daqueles dirigentes sentados à mesa.

Era uma batalha de egos ridícula aos olhos do Major, uma completa e sem fundamento perda de tempo. Aquele espaço deveria estar sendo usado para o bem do grupo como um todo, para reunirem e partilharem informações acerca do proceder nos próximos dias, para descobrirem como continuariam sobrevivendo àquela tempestade de merda que os açoitava quase diariamente... Mas pareciam querer apenas medir a sabedoria uns dos outros, nunca concordando entre si e sempre tentando sobressair-se ao restante – como um grupo de crianças mimadas tentando decidir quem possuía o carro de brinquedo mais equipado.

Não sabia por que ainda se apegavam a patentes e cargos numa situação como a que se encontravam, até porque nenhuma de suas funções e importâncias os tornava imunes ao que devastava a raça humana como um todo; mas levantar aquele pensamento durante a discussão seria o mesmo que pedir para que o degolassem com uma faca enferrujada. Por isso, Gregory apenas observava de longe, impassível, tendo acatado com um suspiro o chamado para juntar-se aos cabeças da base. Aparentemente seu posto de Major ainda valia alguma coisa para aquelas pessoas, talvez mais do que suas ideias, sua própria vida ou a vida dos civis que também residiam ali.

Fazia exatamente uma semana que deixara sua Base Aérea, com o pouco que sobrou do pelotão aeronáutico, para se reunirem naquele lugar supostamente seguro. Seu Capitão o informara que a maioria dos representantes da Segurança de Utah, até da Segurança Nacional, tentava se dirigir para aquele refúgio militar, notavelmente uma das mais bem equipadas até o momento – se era também a mais segura, ele ainda não tinha como avaliar com certeza.

Surpreendeu-se pela baixa quantidade de civis resgatados e que se alojavam ali com os soldados, cientistas e engenheiros; descobrira depois que a grande maioria dos sobreviventes, os quais tinham alguma notícia, dirigia-se para uma real Zona de Segurança, em Nevada, no estado vizinho de onde se encontravam.

Ele próprio cogitou ir embora com sua filha para lá, mas sua presença fora altamente requisitada naquela Base Militar, que mais se tratava de um Centro de Pesquisas; inclusive era constantemente mencionado como tal. Não só ele, como tantos outros profissionais e veteranos nas áreas de segurança e tecnologia foram chamados para lá. Nomenclatura à parte, tratava-se de uma Base Científica de qualquer maneira, e o nome por si próprio já lhe deu uma boa ideia do que pretendiam proceder ali.

Poucos civis, alta segurança, militares treinados e cientistas renomados com materiais, laboratórios e tecnologias de ponta à disposição; bastava ligar os pontos para prontamente entender que pretendiam utilizar aquela Base para tentarem um novo, e talvez único, suspiro desesperado da humanidade – a busca pela cura.

Parecia-lhe uma ideia utópica e descabida; como seria possível meia dúzia de cientistas, mais alguns técnicos de laboratório, desenvolverem, em tempo suficiente, uma poção milagrosa que livraria o que restava da humanidade daquela catástrofe? Não duvidada da capacidade e inteligência daquelas pessoas, pelo contrário, mas sabia que esse Surto estava longe de se tratar de uma enfermidade comum e que poderia ser facilmente desvendada e tratada após alguns experimentos.

Ainda assim, aquela Base dispunha de uma infraestrutura relativamente intacta e de artifícios científicos valiosos. Também ouvira comentários que estavam conseguindo manter algum contato com laboratórios em outros estados americanos e até de outros países, nitidamente tentando se organizar em um trabalho conjunto, mesmo à distância.

Parecia uma perspectiva valorosa e digna de ser protegida, talvez a única chance que teriam de tentar um golpe do destino contra a ação daquela forçada seleção natural sobre a espécie. Os sobreviventes residindo em Nixon, Nevada, e em outras Zonas de Segurança pelo mundo, não precisariam viver o restante de suas vidas escondidos, e o Major não precisaria deitar a cabeça no travesseiro já pensando nas cabeças que explodiria no dia seguinte; mas se a resposta para a salvação da humanidade estava nas mãos daquelas pessoas mesquinhas e histéricas sentadas àquela mesa, então ele já nem alimentaria muitas esperanças sobre essa tentativa de cura.

Mudou o peso do corpo de uma perna para outra, os braços ainda cruzados sobre o peito e os olhos vagando lentamente de um rosto contorcido de furor para o próximo. A vontade de fazer as malas, pegar Terri pela mão e dar o fora dali surgiu mais uma vez.

Foi quando a sirene começou a tocar. Alta, estridente, lamentosa, com tamanho poder de persuasão que calara a todos ali dentro no mesmo segundo.

Olhares arregalados desviavam-se de um rosto para o outro, todos imóveis e assustados. McDuncan sentiu o próprio pescoço retesar de tensão. Aquela sirene sempre era mau sinal – feliz ou infelizmente lá estava ela, para alertar aos residentes da Base que logo teriam companhia. A reação ao ouvi-la era sempre a mesma: temor, apreensão e correria, cada um rapidamente se colocando em seu posto ou protegendo-se em seus aposentos.

Curiosamente, pensava o Major, aquele era o único momento em que paravam de argumentar uns com os outros, em que todos se organizavam e apressavam-se para mais uma batalha de sobrevivência, voltando a ser apenas humanos, sem cargos, sem posses, sem palavras; apenas humanos entrelaçando suas vidas sofridas e agindo em conjunto em prol da proteção de todos. E ele sempre concluía, ao som da sirene que embalava sua mente calejada, que se aquele era o alto preço a ser pago para o aprendizado quanto à coletividade e a importância do próximo, que assim fosse.

Com passos pesados, retirou-se da sala junto do restante do grupo, dirigindo-se rapidamente para um camburão estacionado que disponibilizava armamentos aos militares dali. Via diversas pessoas correndo de um lado para outro, portas batendo e sendo trancadas, armas sendo engatilhadas e palavras de ordem sendo proferidas.

Naquele momento, tudo o que queria era acender um charuto e beber um bom copo de uísque. Com um suspiro, engatilhou o rifle que tinha em mãos, estalou um dos lados do pescoço e marchou para a distante grade de proteção da Base junto dos outros soldados.




Localização: Condomínio de Apartamentos Hayfield Path, West Jordan, Utah

15 dias após o Surto.

– Merda!

Germany apertou um dos botões do celular com fúria, bufando alto para o aparelho em suas mãos. O celular de Tyler aparentava funcionar normalmente, mas a garota não conseguia se comunicar com sua família. Perdera a conta de quantas vezes consecutivas discara os mesmos números, dos celulares de seus pais e da sua irmã, e para nenhum deles a ligação sequer se completava – um claro indício que possivelmente estavam desligados, inutilizáveis ou que realmente a comunicação via telefonia havia se tornado impraticável. Não sabia por que se sentia tão surpresa com aquilo; aquela era mais uma fatalidade presumível.

Ainda assim, a súbita injeção de esperança que recebera há pouco a deixara tão transtornada com o pensamento de ter notícias de sua família, que sequer considerara que as chances daquele tipo de comunicação com outros sobreviventes deviam ser praticamente nulas.

Apoiou as mãos no batente da janela, o celular ainda apertado entre seus dedos, e deixou mais alguns palavrões escaparem de sua garganta. Não sabia se tentava ligar mais uma vez, se debulhava-se em lágrimas enraivecidas ou se apenas permanecia ali, perdida, inútil, vulnerável com o fantasma daquela perspectiva que a atormentava e criava raízes de desespero ainda mais profundas.

Aqueles poucos minutos foram suficientes para exauri-la mais do que o dia inteiro que passara procurando por provisões para sua patética vida de sobrevivente fugitiva. Com um suspiro, arriscou um olhar cansado lá para fora.

Estava um andar acima do que o restante do grupo, em um apartamento de configuração semelhante ao anterior, inclusive até mais limpo e melhor iluminado. A vista da janela era a mesma, os mesmos estacionamentos e construções vizinhas, os mesmos jardins mal cuidados e ruas desertas; dali, no entanto, era proporcionado um horizonte mais longínquo.

O pôr do sol mão demoraria a recair sobre aquela cidade desamparada e a garota sabia que não deveria permanecer ali, sozinha e logo no escuro, por muito tempo. Fora imprudente e impulsiva em simplesmente ignorar toda e qualquer medida de segurança, que ela própria e seus amigos agora tanto prezavam, apenas para extravasar aquela sensação sufocante e aquele desejo de escutar uma palavra que fosse de seus pais. Ela não era aquela garota descuidada e descontrolada; talvez tivesse sido assim algum dia, mas agora não era mais. Não poderia ser mais, não com aquele mundo violento se fechando a seu redor a cada minuto.

Não devia ter gritado com Tyler, muito menos ter agido com tamanha precipitação. Agora tremia de nervoso não apenas pelo desencontro com seus pais, mas também por repreensão à sua própria atitude pueril.

– A vista da janela até que é bonita.

Uma voz masculina pairou às suas costas, preenchendo o silêncio fúnebre da sala de estar.

Sobressaltada, Germany girou bruscamente nos calcanhares, com uma expressão de assombro. À entrada do apartamento, recostando um dos ombros no batente da porta e com os braços cruzados, estava Molotov. Ele mantinha a espingarda encostada a seu lado, também no batente, e um facão pendia de uma pequena corda amarrada ao redor de seu quadril. Fitava a morena com uma aguda atenção, um pequeno e paciente sorriso repuxado no canto de sua boca.

– Você... – A garota soltou o ar com dificuldade, fechando os olhos brevemente. – Me assustou. Não te ouvi chegar.

– Vim atrás de você assim que saiu. – Anunciou o rapaz, descruzando os braços e voltando a empunhar a espingarda.

– Eu... – Ela levantou as sobrancelhas e gesticulou brevemente. – Molotov, eu... Ah, merda.

Abaixou os ombros, desolada, voltando o olhar para o celular que mantinha em sua mão. Podia escutar murmúrios bem discretos vindos do andar de baixo, do esconderijo do restante do grupo.

– Eu não sei nem o que pensar. – Ela lamentou, apertando o espaço entre os olhos com os dedos livres. – Não sei o quê...

– Você não precisa explicar nada, Ger.

O rapaz caminhou em sua direção e se posicionou à sua frente, levando uma das mãos ao queixo dela, para levantar seu rosto e encontrar seu olhar. Os olhos azuis ardiam novamente e Germany entreabriu os lábios trêmulos, aquele fundo no estômago emudecendo-a completamente.

Num cambaleio hesitante, ela largou o celular de Tyler de qualquer jeito no parapeito da janela e deixou seu corpo encontrar o de Molotov, que apenas a envolveu em seus braços e trouxe-lhe para mais perto, num abraço forte.

Permaneceram assim, abraçados, apertados, por longos e calados minutos. O rapaz não sabia se a garota aninhada em seu peito chorava, não conseguia ver seu rosto e não ouvia um som sequer vindo dela; mas sentia o acelerado expandir de seu peito lentamente voltando a um respirar mais compassado e apaziguado. Não arriscou perguntar-lhe nada, era como se uma palavra fosse o suficiente para ela se estilhaçar completamente, tamanha a fragilidade que transbordava em seus braços. Nunca imaginou que veria Germany tão vulnerável.

Se naquele momento sua calada presença era o mínimo para reconfortá-la, faria sua função em silêncio, então. Apenas afundou o rosto nos cabelos úmidos dela e apertou-a em seus braços.

– ...Molotov? – Ela chamou baixinho, enfim, sua voz abafada contra a camiseta dele.

– Sim? – Ele levantou o rosto, surpreso pela súbita manifestação da garota.

– Você tá cheirando a cerejas.

Com um arfar de surpresa, o rapaz riu da descontração e ela abriu um sorriso fraco, ainda com o rosto afundado em seu peito.

– Bom saber. - Retrucou ele. – Tô me sentindo um chiclete gigante, graças à Red e seus sabonetes de menina.

– Você tá cheiroso, as cerejas combinaram com você. – Germany entrelaçou os dedos às costas dele. – Podem escolher o sabonete que quiserem, pelo menos conseguimos tomar banho... Quem diria que não precisaríamos passar semanas sem um banho decente? Tô ficando mal acostumada. – Ela soltou um riso fraco. - E... eu vi que você até fez a barba.

Levou uma das mãos ao queixo do rapaz, sentindo a barba quase inexistente pinicando levemente a ponta de seus dedos.

– Já tava na hora de fazer, mais um pouco e eu virava um lenhador montanhês. – Respondeu ele, passando a palma da mão pelas próprias bochechas. – Tá legal que a gilete não estava exatamente afiada e só não me cortei por-

– Obrigada.

Molotov baixou os olhos, confuso.

– ...De estar aqui comigo. Obrigada. – Continuou a garota, encolhendo um pouco os ombros em embaraço. – Não queria estar sozinha, não agora. Eu me sinto tão... Tudo isso é tão... – Suspirou e cerrou os olhos, afastando-se levemente do corpo dele. – Droga, tô tão confusa.

– Germany, eu...

– O pior – ela o interrompeu novamente – foi eu realmente ter achado que isso ia dar certo, que... Que eu realmente fosse conseguir falar com a minha família, que nos acertaríamos e eu garantiria que estariam a salvo! – Soltou um riso debochado, balançando a cabeça e voltando a olhar para fora do apartamento. – Esqueci que não estou na merda de um filme, em que tudo dá certo no final.

– Ainda não chegamos no final. – Molotov proferiu, categórico.

Germany apertou os olhos novamente, envolvendo o próprio corpo com os braços trêmulos.

– Ainda por cima gritei com o Tyler sem ao menos saber o que ele fez na delegacia! Que merda.

– Germany...

– Isso foi completamente precipitado, ainda por cima porque corri feito uma idiota por esse lugar que a gente nem sabe o que tem escondido por aí! – Riu de nervosismo, ainda chacoalhando a cabeça, e apontando uma das mãos para a entrada do apartamento.

– Ger-

– Mas que droga, eu me senti tão sem forças que não consegui raciocinar o mínimo necessário pra-

– Ann!

Ela se calou no mesmo instante. O tom mais grave e elevado do rapaz a surpreendeu, especialmente por seu nome verdadeiro ter sido proferido por ele. Aquilo a pegou tão desprevenida que ela sentiu um arfar alto sair de sua garganta, e seus olhos arregalados cravarem no semblante preocupado de Molotov.

Ele agora a fitava profundamente, sem piscar, a mandíbula cerrada. Estava levemente arqueado para frente, ficando à altura dos olhos da garota.

– C-como você... – A morena exalou, num murmúrio.

– Não somos a porra do exército – Molotov franziu o cenho, determinado - você não deve bater continência e se justificar por qualquer coisa que fez ou que pretende fazer! Estamos na merda, isso é óbvio, planejamento é necessário e essa coisa toda, mas foda-se isso! Ger, a gente... – Ele subitamente suavizou o semblante, desviando os olhos. Ela ainda o encarava tão atônita que ele não pôde evitar se sentir embaraçado. – Mais do que tudo isso, nós... – soltou um suspiro fraco - nós ainda temos algo dentro de nós que nos faz sermos capazes de sentirmos alguma coisa. Coração, alma, chame do que quiser, mas nós ainda temos emoções, sentimentos e... Eu sei que parece piegas demais, mas, droga, é isso que nos torna diferentes daqueles merdas lá fora, não entende? É isso que ainda mantém o pouco de humanidade que resta nesse planeta, o pouco de humanidade que resta em nós!

A garota abaixou a cabeça, congelada em uma expressão amedrontada e completamente confusa, sentindo novamente aquele nó mudo em suas cordas vocais. Molotov tomou o rosto dela em suas mãos.

– Por isso – ele continuou, quase num sussurro, e ela arriscou sustentar seu olhar – não se desculpe por sentir alguma coisa, qualquer coisa. Por sentir saudades de sua família, por querer tê-los por perto, por ter esperança de se comunicar com eles... Não tenha medo de agir por um sentimento, por uma pontada de esperança que seja. Não tenha medo de sentir... Por favor. – Aproximou-se sutilmente do rosto corado dela. – Não perca o que há de humano dentro de você.

Germany o encarava com perplexidade e embaraço. Mesmo se quisesse retrucar algo, a maneira como ele a fitava, com súplica em seus olhos castanhos, mas firmeza em suas palavras, a desarmaram completamente. Seu baluarte físico e emocional já estava despedaçando minutos atrás, com sua conversa com Tyler e as tentativas frustradas de contato com sua família, mas agora havia ruído totalmente. Só queria desmanchar-se até não sentir mais nada; sentar-se ao lado de Molotov, aninhar-se em seu colo e esperar o mundo engolfa-los de uma vez, para finalmente sentir algum tipo de paz interior.

– ...Ger?

Piscou diversas vezes, o rosto abatido de Molotov voltando a surgir a poucos centímetros do seu. Sentira sua mente desligar, absorta em uma sensação entorpecente, como nos segundos que precedem um desmaio.

– Eu... – Ela arriscou, as palavras saindo com fraqueza. – Molotov, você... como você... sabe meu nome?

O rapaz levantou as sobrancelhas em surpresa e logo soltou uma gargalhada incrédula.

– De todo esse discurso que eu dei, foi isso que entrou na sua cabeça?

A morena deu um riso fraco, encabulada, secando um de seus olhos rapidamente com as costas da mão.

– N-não tem porque eu admitir que você... que você está certo... de novo. – Ela baixou o olhar abatido. – Não porque isso feriria meu orgulho, até porque ele meio que já foi por água abaixo, mas porque... é óbvio que você tem razão. É só que...

– É foda. Eu sei.

– É... Muito. – Ela suspirou conformada. – Eu... já disse obrigada?

– Pode dizer de novo.

Os dois trocaram sorrisos tristes e se abraçaram novamente, o rapaz depositando um beijo no topo da cabeça dela.

– Será que... a gente pode ficar aqui em cima mais um pouco? – Perguntou a garota, sem jeito. Desvencilharam-se do abraço e ela voltou a fitar o aparelho de Tyler largado no parapeito da janela. – Eu... tô com vergonha de descer e encarar os outros depois dessa cena que eu fiz.

– Tudo bem. – Molotov sorriu novamente e voltou a empunhar a espingarda. – Estamos armados e ainda está claro lá fora... e se fosse pra alguém aqui dentro nos atacar isso meio que já teria acontecido.

Germany anuiu sutilmente e voltou a segurar o celular, lançando um último e pesaroso olhar para ele antes de guardá-lo no bolso da calça.


O silêncio logo se restabeleceu. Molotov caminhava lentamente pela sala de estar do apartamento, analisando a mobília e os pertences deixados para trás pelo morador anterior. Dois sofás beges repletos de almofadas coloridas, algumas espalhadas pelo carpete, sentavam à frente de uma grande televisão. Esta estava com uma visível camada de poeira recobrindo sua tela plana e de diversas polegadas, com vários enfeites e apetrechos, espalhados pelo móvel do aparelho, caídos ou fora do lugar. As paredes se recobriam com quadros, pequenos espelhos, relógios e até alguns vasos de plantas artificiais, a cozinha conjunta também apresentando diversas decorações detalhadas e aparentemente caras, junto dos armários de madeira e conjuntos de talheres.

O rapaz desamarrou o facão enlaçado em sua cintura, deixando-o no chão junto da espingarda. Retirou o walkie-talkie do bolso, largando-o na mesinha de centro, e deixou-se cair pesadamente em um dos sofás, colocando os pés também sob a mesa. Apesar da desorganização e falta de limpeza, muito provavelmente por ter sido abandonado às pressas, aquele lugar exibia o padrão de vida alto de quem quer que chegou a morar ali anteriormente. Inclusive parecia mais confortável do que o apartamento do andar de baixo, e Molotov até cogitou chamar o restante do grupo para todos se instalarem ali mais tarde.

Germany observava algumas fotos em um imponente móvel de madeira avermelhada encostado próximo da janela. Porta-retratos de tamanhos, cores e formatos diferentes exibiam várias pessoas sorrindo, em locais dos mais variados, de praias e zoológicos até estações de esqui. Em todas as fotos, as mesmas três pessoas sempre apareciam ao lado de outros parentes ou amigos – um homem de meia idade, com cabelos louros bem claros e rosto de traços fortes, uma mulher bonita de cabelos curtos e escuros e uma adolescente de cabelos também castanhos, de fisionomia muito semelhante à dos dois adultos.

Aparentavam uma família feliz, sempre com sorrisos nos rostos, como se completamente agradecidos por estarem reunidos naqueles lugares que visitaram juntos. Uma família que naquele exato momento deveria estar em algum lugar lá fora, sofrendo com aquela calamidade de proporções hediondas tanto quanto Germany sofria, ou, pior, fazendo a calamidade continuar invadindo a vida de outros humanos desprotegidos. Aquele pensamento a fez sentir um aperto desconfortável no peito.

Molotov voltou os olhos para sua esquerda e viu a garota observando as fotografias. Estava de costas para ele, mas o rapaz sabia que ela tinha aquele mesmo semblante vexado de minutos atrás, ainda sentindo-se sufocada com a situação de seus familiares. A presença dele ali fora suficiente para arrancar pelo menos alguns tímidos sorrisos dela, mas aquilo não bastaria para acalentar a desesperança que a abatia.

Um súbito pensamento iluminou sua mente, algo que distrairia a atenção dela pelo menos por alguns segundos. Ele riu silencioso com a ideia. Baixou os olhos para a própria camiseta, passando os dedos pela barra desfiada, como se analisando-a minuciosamente.

– É Ryan.

A súbita quebra do silêncio fez a garota se virar bruscamente para ele.

– O quê? – Exalou, visivelmente surpresa.

– Meu nome é Ryan. – O rapaz ainda observava o tecido levemente rasgado da camiseta, um contido sorriso se formando em seu rosto.

Germany levantou as sobrancelhas e arquejou sutilmente. Entreabriu os lábios para responder algo, mas permaneceu calada. Molotov lançou-lhe um olhar de esguelha, divertindo-se com a confusão estampada no semblante dela.

– Eu sei seu nome verdadeiro... Graças ao Tyler, diga-se de passagem. – Continuou ele, descontraído. - Então nada mais justo do que você saber o meu.

Um sorriso tímido tremulou nos lábios dela e ela lentamente se aproximou do sofá, sentando-se na beirada.

– Deu vontade de contar. – O moreno deu de ombros, finalmente levantando os olhos para olhá-la.

– ...Nada mais justo. – Germany repetiu, com um tom de satisfação na voz.

Após alguns instantes encarando as próprias mãos em seu colo, a morena se aconchegou no sofá, aproximando-se e ficando de frente para Molotov, sentada sob sua perna direita. Levantou a mão por alguns instantes, hesitante, até que a estendeu em direção ao rapaz.

– Muito prazer... eu sou Ann Strauss. – Ela alargou o sorriso, talvez o maior e mais sincero que dera desde o momento que ele entrara no apartamento. – Mas, bom, meu apelido é bem mais interessante do que Ann, então pode me chamar de Germany.

Molotov a fitou com surpresa, e logo com entusiasmo. Desceu os pés da mesinha de centro e virou-se de frente para a garota, também estendendo a mão e cumprimentando-a.

– Ryan Locke. Ryan Owen Locke, pra ser mais exato. Prazer em conhecê-la. – Retribuiu o sorriso. – Mas pode me chamar de Molotov, é bem mais impactante.

Chacoalharam as mãos em um afetado aperto de mão e logo caíram na gargalhada.

Voltaram a se contemplar logo depois, o riso cessando lentamente e culminando em sorrisos trêmulos e francos, os dois rostos congelados na intensa troca de olhares. No segundo seguinte estavam se beijando freneticamente.

Germany agarrava os ombros largos enquanto Molotov entrelaçava os dedos nos cabelos fartos e ainda úmidos da garota, ao mesmo tempo em que a puxava para mais perto. Como se feito um acordo mental entre as estaladas de lábios, os dois tiraram seus tênis ao mesmo tempo, com os próprios pés, jogando-os em qualquer lugar do chão da sala.

As mãos já subiam por baixo das camisetas e a impaciência dos beijos aumentava quando o rapaz subitamente se separou alguns centímetros do rosto da garota. Os dois arfavam ruidosamente, as maçãs dos rostos avermelhadas.

– Ger, eu... – Ele sussurrou, enquanto cortava o contato com as costas arqueadas dela, retirando a mão de dentro de sua regata, e afrouxava o aperto nos seus cabelos. – O que a gente tá fazendo?

– E-está bem claro pra mim. – Germany rebateu, num riso ofegante, e abriu os olhos para ele. – ...Por que pergunta?

– É que, bom... a gente, hm... – Ele coçou a base do cabelo. – Eu não acredito que vou falar isso, mas... não sei se deveríamos.

A garota arqueou as sobrancelhas, visivelmente desapontada.

– O quê? Porque diz isso? Você n-não quer?

– Lógico que eu quero! – Ele retrucou, prontamente, logo pigarreando em embaraço. – Quer dizer, eu... É que... – Suspirou profundamente, ainda sendo observado pelos olhos confusos da morena. – Ok. Não vou dizer a mesma coisa que... que conversamos na casa do Cross, sobre as circunstâncias serem complicadas e tudo o mais, até porque eu estaria mentindo pra mim mesmo se dissesse que prefiro continuar esperando. Porra, só de você estar perto de mim eu já quase explodo por dentro. Não é isso. – Ele soltou um riso nervoso.

– ...Então o que foi? – Ela baixou os ombros e franziu ligeiramente o cenho.

– É que... eu não quero que pareça que eu estou... me aproveitando da sua fragilidade, Ger. Não quero que pareça que eu só vim aqui te consolar por ter... segundas intenções. Isso nunca foi o real motivo de eu ter vindo atrás de você, de eu estar aqui com você, entenda isso. – Ele segurou o rosto dela com as mãos, olhando-a fundo nos olhos.

– Molotov – Germany chamou, baixinho – em momento algum isso passou pela minha cabeça.

– Mas entenda que eu-

– Me escuta. – Ela depositou o dedo indicador nos lábios dele. – Eu estou me sentindo... – desviou os olhos para cima, arfando levemente – completamente esmagada, sufocada por estar aqui. Não aqui especificamente, mas... aqui nesse mundo, nessa época, nessa situação tão ridícula de fodida. – Riu de nervoso e baixou as mãos, repousando-as no próprio colo. – Estamos tão constantemente à beira do perigo, tão próximos do fim do mundo, que eu tenho medo de fechar os olhos e tudo sumir num segundo. Na realidade não sei se isso seria algo ruim, mas... O que estou querendo dizer é que eu nunca vou saber o que pode acontecer, conosco, se eu sequer estarei viva daqui a algumas horas...

– Germany, não diga iss-

– Eu só tenho você agora. – Ela abriu um sorriso triste. - Por isso mesmo que eu preciso tanto de você aqui comigo antes que seja tarde demais e que... não possamos ficar juntos nunca. Você mesmo me disse para não ter medo de... sentir. Eu acho que... isso vale para nós também.

Ele apenas a fitava, calado, atônito. Sentia o peso da sinceridade nas palavras dela e isso o deixou atordoado. Percebera que ela se encabulara com a própria fala, passando a desviar os olhos dos dele.

– P-por isso – ela continuou, engolindo em seco e evitando gaguejar de acanhamento – eu sei que você não veio aqui para isso, Molotov. Não se preocupe com isso, eu... Você... não tem noção do quanto eu agradeço por você ter vindo aqui. – Ela riu baixinho, fungando levemente o nariz. – Não se preocupe com o que eu vou pensar ou deixar de pensar... a questão é que, eu não quero pensar em mais nada, entende? E não quero que você pense em nada. Esqueça o resto, esqueça tudo, por favor... – Fechou os olhos e apertou os lábios. – Me ajude a esquecer também.

Respirou fundo e arriscou voltar a encará-lo. O rosto cansado do rapaz, daquele rapaz bonito tão próximo dela, havia se iluminado com um sorriso, aberto o suficiente para desconcertar completamente a garota. Ele se aproximou lentamente, hesitando por um instante, até que depositou um casto beijo nos lábios trêmulos dela. Germany apenas cerrou os olhos marejados, aceitando o gesto afetuoso. Cessando o beijo e afastando-se alguns centímetros, ele encostou a testa na dela e soltou um riso incrédulo.

– O que foi? - Murmurou ela, levantando os olhos para fixá-los no rosto quase colado no seu.

– Eu tentando te convencer que não precisa se justificar por tentar falar com seus pais – ele respondeu, a voz baixa e rouca - e você tendo que me convencer que fazer sexo não é uma ideia tão absurda assim. Eu não sei por que, mas me sinto meio ridículo.

Os dois riram juntos, nervosos, encabulados, até que se separaram.

O moreno ergueu novamente o rosto dela para olhá-lo, alisando levemente os lábios da garota com o polegar.

– Você disse que quer se esquecer de tudo comigo, que não quer que pensemos em mais nada.

Ela anuiu com a cabeça, acanhada. Ele alargou o sorriso.

– Pois é tudo o que eu mais quero também. – Continuou, até que aproximou os rostos num longo colar de lábios.

Quando se separaram novamente, sustentaram o olhar um do outro por alguns instantes. Mais nenhum som lhes escapou dos lábios recém-beijados, apenas as palavras trocadas pairando em suas mentes e o gosto das bocas formigando em suas línguas. A mesma coisa passava em suas cabeças; achavam loucura estarem nos braços um do outro enquanto o mundo lá fora se engolia a si próprio - mas mesmo que fosse a última, seria uma ótima loucura.

Voltaram a sorrir, o mesmo sorriso nos dois rostos ; um sorriso que se rapidamente tornava divertido, afobado, encorajador. A mesma avidez por um gosto diferente do amargo de seus pensamentos. Os olhares baixaram para os lábios, até que Germany se aproximou lentamente e Molotov entendeu o recado.

Logo estavam se beijando de uma forma apressada, as mãos voltando a passear pelas costas e pescoços com movimentos apertados, asfixiantes. Procuravam aproveitar o máximo daquele gesto no tempo curto que tinham, a cada nova respiração colando os corpos ainda mais, como se temerosos que qualquer espaço que se formasse entre eles os impediria de continuarem naquela manifestação febril.

O beijo não se interrompeu por longos segundos, até que Molotov puxou a garota num rápido movimento para seu colo, sentando-a com uma perna de cada lado de seu corpo. Os cabelos castanhos de Germany caíam sobre seus rostos com uma cascata perfumada, suas mãos finas segurando o rosto dele pela mandíbula larga.

Mais alguns estalares de língua e a garota afastou-se o suficiente para passar a regata por sua cabeça, o rapaz ajudando-a a livrar-se da peça. Ele sorria, satisfeito por ela acompanhar suas iniciativas. Ela inclusive se surpreendeu por estar sentada no colo dele, já sem sua camiseta, de forma tão rápida e desinibida; não se sentia em posição de agir de maneira recatada e muito menos queria perder um segundo sequer de continuar tão próxima de Molotov. Suas próprias palavras, seu clamor por aquele momento com aquele rapaz, retornavam à sua mente como se não tivesse sido ela que as havia proferido, como se fossem um antigo mote para continuar guiando suas investidas com o homem à sua frente.

Ele logo cravou os dedos nas costas nuas dela e depositou-lhe um longo e apaixonado beijo, pegando-a de surpresa com a intensidade do ato. Os beijos que trocavam até o momento estavam mais do que cheios de desejo, mas esse possuía algo a mais. Era como se a encorajasse a não recuar mais, a continuar querê-lo sem hesitação, com a mesma voracidade que ele a queria.

Sorrindo por entre os lábios dele – rindo-se com a maneira como ele demonstrava que não a deixaria escapar – convenceu-se de uma vez que timidez e inibição apenas atrapalhariam o que Molotov pretendia demonstrar a ela. Isso e as roupas de ambos também. Ela colocou as mãos por sob a camiseta dele, as pontas de seus dedos passando por baixo do tecido e trilhando um delicado caminho pelo tórax do rapaz.

Molotov afastou as mãos do corpo da garota e arqueou-se um pouco para frente, o suficiente para retirar a blusa que envolvia seu tronco e jogá-la aos pés do sofá, logo concentrando seus lábios no pescoço esguio da morena. Mesmo com a barba feita, os beijos faziam cócegas no rosto dela, enquanto ela passeava as mãos pelas costas largas e tentava analisá-lo sem camisa.

Puxando o rosto dele novamente para frente do seu, a garota depositou-lhe um rápido beijo nos lábios e logo saiu de cima de seu corpo, ficando de pé à frente dele. Recebeu um olhar desapontado em resposta, o qual ela rebateu com um sorriso acanhado assim que começou a desabotoar a calça jeans.

– Você tá tirando toda a minha graça de despir você. – O rapaz cruzou os braços, enquanto via a calça dela de juntar ao restante das roupas já retiradas.

– Fica quieto e tira a sua também. – Retrucou ela, entre risos.

Com apenas um anuir de cabeça, Molotov passeou os olhos paulatinamente pelo corpo quase despido dela, dos ombros cobertos apenas pelas finas alças do sutiã branco, pelos quadris envoltos nas tiras da calcinha de mesma cor até as pernas desnudas.

– Dá licença? – Ela colocou um antebraço sob os seios, como se os escondendo, e riu. – Você tá me deixando sem jeito.

Ele voltou a olhá-la nos olhos e alargou o sorriso, levantando-se num pulo e sendo rapidamente envolvido no pescoço pelos braços dela. Germany voltava a beijá-lo, na ponta dos pés, enquanto ele lutava para abrir o fecho da própria calça. Livrando-se da peça de roupa e exibindo apenas a cueca boxer preta, colou o corpo da garota no seu e puxou-a novamente para o sofá, deitando-a por baixo de seu corpo.

Enquanto se beijavam, Molotov sentia o corpo dela contorcendo abaixo de si e recebia em resposta arranhões em suas costas e gemidos entrecortados. Germany entrelaçava os dedos nos cabelos castanhos, os toques de sua mão livre fluindo das costas aos braços e pelo peitoral dele.

Deixaram os dedos cobiçosos retirarem o que restava de tecido recobrindo os corpos aquecidos. As roupas tornaram-se tão negligenciadas quanto as armas deixadas no chão, os murmúrios no andar de baixo e a noite que caía janela afora tornando-se tão irreais que os dois sequer sentiam aquele mundo asfixiante à sua volta.

Do primeiro beijo trocado ali até a transpiração que se mesclava conforme as peles se uniam cada vez mais, sentiam que o anseio que os embebia, de uma maneira insaturável, fora capaz de ofuscar toda e qualquer coisa que não fosse os dois, ali, juntos; como se perdidos no paraíso e à parte de tudo e todos.

Por um tempo que pareceu indeterminado, a respiração pesada dos dois era a única coisa que se podia ouvir dentro do cômodo abafado.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

SIM, no sofá, porque não? AHAHAHA
Antes de mais nada: peço desculpas aos que esperavam por menos romance e melação, mas queria dar diferentes tons pra história do grupo e eu também gosto de romance, uai. HAHAHA E peço desculpas também aos que esperavam por mais; esse é o máximo que pude escrever para nosso casal magia, porque senão capítulo ficaria muito grande e a classificação etária da história é 16 anos, então, hahahaha
De qualquer maneira, fiquei contente com o resultado do capítulo. Espero que tenham gostado tanto quanto eu!
A partir de agora veremos mais passagens do Major McDuncan e as peripécias militares dele por aí... Mais pra frente explico melhor qual que é dessa história paralela que estou introduzindo aos poucos.
Beijos para todos e até logo, seus lindos!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Undead Revolution" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.