Black observa o castelo, mesmo no seu limite físico, ela ainda carrega o corpo do rei e tentar sair. Chegando próximo da saída, O teto do corredor desmorona, bloqueando a passagem.

– Não agüento mais... – Black cai.

No chão, ela olha para seu punho.

– O castelo está caindo.

Black ouve uma voz conhecida vinda de perto, mas continua olhando para seu punho. A voz era de Kaito.

– Para se salvar você precisa deixar o rei e usar o resto de forças para fugir. – Kaito ao se aproximar de Black apóia um joelho no chão e chega bem perto do ouvido.

– Sua decisão de salvar alguém morto é errada, já que sabe que se continuar irá morrer também. Talvez você não saiba, mas longe daqui tem uma princesa que precisa de você. Irá abandoná-la?

Black continua olhando para seu punho.

– Eu sabia.

Kaito aponta sua mão para os destroços que bloqueavam a passagem.

– Deixe o rei e fuja com a princesa.

Ele abre as mãos, e os destroços desaparecem como uma ilusão.

– O castelo não agüentará mais, já que os pilares principais sumiram.

Kaito então some, do mesmo jeito de quando carregava Gumi.

– Tome logo sua decisão. – A voz de Kaito ecoava, Black se levanta.

– Irei conceder seu desejo, Majestade. – Resmunga Black antes de sair correndo para a saída, deixando o rei caído.

Saindo do castelo, Black tirava forças para correr de onde ela mesma não sabia. Já distante, um barulho forte ecoava pela cidade, parte do castelo desmorona. Finalizando a destruição a tomada da Cidade Principal.

Chegando a casa onde estava Miku, Black se depara com uma pessoa com as mesmas vestimentas de Gumi e Kaito, uma capa escura cobrindo todo o corpo, deixando apenas parte do rosto e algumas pontas de seu cabelo roxo à mostra.

– Você é mais resistente do que pensei, assim como Kaito disse. – Diz a pessoa misteriosa.

– Quem é você?

– Você ainda não percebeu? Não é hora nem momento para você entender o que aconteceu e acontecerá daqui para frente. Você tem que se preocupar com uma coisa, sobrevivência. Além de ter que salvar a última descendente da família Hatsune.

Black saca sua espada.

– Não se preocupe, não lutarei com você, esperarei a hora certa para isso. Até lá, se prepare para as dificuldades.

Black não estava mais controlando bem os sentidos por causa da fadiga. Quando uma das muitas tonturas volta ao normal, o homem não estava mais ali. Black então desmaia finalmente.

No dia seguinte, Black é acordada por Miku.

– Princesa... Você está bem?

– Black Rock Shooter, o que aconteceu?

– O castelo foi destruído por algumas pessoas.

Ao olhar pela janela Miku encontra a rua deserta e parte do castelo destruído.

– E meu pai?

Black apenas fecha os olhos.

– Entendo... - Voltando a olhar para o castelo, Miku mostra um olhar triste.

– Mas ele deixou uma mensagem a você. - Black se aproximando.

– O que ele disse Black? - Miku se vira rapidamente.

– Ele me disse: “25 de agosto”.

Princesa Miku faz uma expressão de espantada e uma lágrima cai.

– Princesa? O que aconteceu? - Black se aproxima ainda mais.

– Black-san... Vamos sair daqui.

Black ficou mais espantada com o sufixo dado por Miku, do que pela expressão mostrada por Miku ao saber da mensagem.

– Sim. Irei procurar por algo que possa nos ser útil.

Black sai do quarto ainda cançada, mas com força suficiente para andar. Miku vai até a janela e observando seu reflexo no vidro solta um pequeno sorriso, melado pelas lágrimas.

O sol já começava a raiar, a cidade continuava deserta. Black olhava por todas as casas e a mesma cena se repetia: os moradores mortos com um simples golpe  de espada.

- Já estou num raio de meio quilômetro do castelo. Será que realmente toda a cidade está morta? - Black se levanta depois de examinar os corpos

Depois de tanto vasculhar pela cidade, Black encontra um estaleiro e dentro tinha um cavalo Mustang preto.

– Um cavalo aqui. – Black se aproximando do animal.

O cavalo se assunta com a presença dela. Quando se aproxima, ele começa a se espernear e a correr dentro do pequeno estaleiro.

Mesmo passando a noite caída, não tinha se recuperado totalmente, além de que seu braço queimado ainda a incomodava. Vendo o animal agitado, ela sai do local e momentos depois volta com cinco maçãs. O cavalo se acalma rapidamente, Black se aproxima jogando um das maçãs, que foi comida rapidamente. Chegando mais perto, lança outra, que ela se aproxima suficiente para dar a terceira na boca. Enquanto ele a mastigava, ela fazia carinho em seu corpo, depois de ter dado todas as maçãs, Black acaricia o mustang que parecia mais relaxado, e rapidamente pula em cima. Com o susto, o cavalo começa a correr, pular e espernear, como se não quisesse ser dominado.

Black se mantém firme, se cansando dos movimentos, o mustang pára aceitando a dominação. Black ofegando pega mais algumas maçãs e coloca numa sacola, prendendo em sua cintura.

– A princesa precisa comer algo, já estou fora a muito tempo, tenho que voltar. – Pensa.

Passeando em cima de seu novo companheiro, Black percebe a cidade fantasma.

De volta, entregando algumas maçãs, Miku as come.

– Princesa, o que significa aquela data?

– Primeiramente, iremos sair daqui, depois lhe explicarei. – Miku fala séria o suficiente para não ser questionada.

Ao terminar a refeição, Miku e Black montam no cavalo.

– Como você conseguiu este cavalo?

– Eu o encontrei.

– Você o roubou.

– Não, a família estava morta, iria morrer de fome se eu não o trouxesse.

As duas saem da cidade cavalgando. Também chamada de Cidade Principal do reino de Hatsune era isolada por uma floresta densa e tinha apenas um caminho a se seguir, que ia do portão principal, até um campo onde os caminhos se expandiam para outras cidades do reino.

– Black-san.

– Me chame de Mikan, princesa.

– Mikan-san?

– Sem formalidade princesa, este é meu nome verdadeiro. – Black parecia triste ao falar seu verdadeiro nome.

– Por minha causa você perdeu seu sobretudo.

– Está tudo bem princesa, eu arranjo outro rapidamente.

– Quem eram eles? – Pergunta Miku depois de uma longa pausa.

– Não sei, mas estavam com este objetivo há muito tempo, apenas esperando o momento certo para atacar.

– O momento que o rei baixou sua guarda. - Miku olhando para o caminho.

– Sim, princesa. - Friamente Black responde

– Foi minha culpa... - Miku abaixa a cabeça

Black fica em silencio.

– Por que você não me parou? Seu trabalho não era cuidar de mim?

– Princesa, meu trabalho era de protegê-la e não de servir como babá, você sabe muito bem distinguir o certo do errado. – Mikan com seu frio tom de voz.

O clima ficou chato durante bastante tempo, depois de algumas horas cavalgando, Black pára e Miku acorda de um cochilo.

– Por que parou? – Miku esfregando os olhos.

– Vamos ficar aqui por algum tempo princesa.

Miku focaliza mais a frente e ver um pequeno vilarejo.

– Que vilarejo é este?

As duas voltam a cavalgar.

– Meu lar... – Mikan resmunga.

– O que? Não ouvi?

– Não é nada. - Black não mostra sinal de gentileza em nenhuma de suas palavras.

As duas entram no vilarejo, casas simples, ruas de barro, crianças correndo e vários comerciantes pelas pontas.

– Estamos em Wiitsu. Black fala parando em frente a uma pousada.

As duas descem do cavalo e vão em direção ao recepcionista.

– Preciso de um quarto.

– Por quanto tempo guerreira?

– O tempo que for preciso.

– Que tipo de quarto?

– O melhor que tiver.

– Não sei se tem condições de pagar. – O recepcionista com uma risada irônica.

– Teremos sim. – Black aponta um olhar tão frio que o recepcionista começa a tremer.

– To-tome.. aqui está nosso me-melhor quarto. – Entrega uma chave dourada.

As duas sobem as escadas.

– Aquela não era a Black Rock Shooter? – Pergunta um homem que estava ao lado.

– Acho que voltou para dar um passeio. – Outro responde.

– E quem é a garota que estava com ela?

– Será que ela finalmente irá ensinar alguma aluna? - Ironiza

– Acho que não, Black Rock Shooter não é gentil com ninguém.

Black abre o quarto e coloca numa estante as poucas coisas que conseguiu pegar da cidade.

– O vilarejo é pequeno, mas tem belos quartos. – Afirma Miku observando o cômodo.

– Princesa, descanse da viagem, pois preciso dizer algo a você.

– Sim. - Miku abatida

Black sai do quarto e Miku começa a se banhar. Ao terminar, ela vê um jogo de roupa em cima da cama.

– Eu comprei estas roupas, não sabemos a situação, então é melhor não chamarmos a atenção.

– Mikan-san? Desculpe ter lhe incomodado. - Miku solta seu longo cabelo e veste um vestido branco simples de camponesa.

– Tudo bem.

Terminando, Miku se sentar na cama, Black vai até a pequena bolsa que tinha e pegou um mapa.

– Como eu disse antes, estamos em Wiitsu, este vilarejo se encontra a leste da cidade Principal. – Explica apontando para o mapa.

– Seu braço está enfaixado... está melhorando? - Miku observa a dificuldade que Black tinha ao mexer seu braço.

– Não se preocupe comigo. Tenho boa resistência. - Black guardando o mapa.

– Entendi... - Miku olha para o céu pela janela.

– Princesa, o que significa aquela data?

– Bem... – Depois de um tempo calada – Foi neste dia que passei a primeira tarde sorrindo com meu pai e foi a única. Neste dia ele me disse que todo o reino seria meu quando ele se aposentasse. Minha mãe ainda estava viva neste dia. Nos três brincamos a tarde toda. Foi na noite deste dia que nosso castelo foi atacado, por um antigo aliado do nosso reino. Claro, nossas defesas foram superiores, mas pagamos um preço muito grande, minha mãe foi seqüestrada e morta.

– Entendo. - Black fecha os olhos e se senta numa cadeira próxima da cama, cruzando seus braços e pernas.

– Agora meu pai está morto e o reino não é meu... Mesmo depois de ele lutar tanto para aumentar as defesas.O que ele ganhou mostrando para todos que era poderoso? - Miku parecia está ficando irritada.

– Princesa, o rei aumentou as defesas não para mostrar superioridade para os outros, mas sim para proteger você. - Black a olha friamente.

– Mas tudo foi em vão. - Miku deixa lágrimas cair.

Black se levanta e segura os ombros de Miku a encarando com seus olhos azuis, parecendo  bem irritada. Miku não sabe o que fazer. As duas ficam caladas, um clima tenso toma conta do quarto. Mas algo quebra isto.

- Você ouviu o que eu disse? Seu pai fez tudo isso por você, seu egoísmo fez ele se afastar de você, talvez não tenha percebido, mas quem se fechou não foi seu pai, foi você! - Black destaca esta última palavra.

Miku lagrima novamente. Black se irrita ainda mais.

- Você é apenas uma princesa mimada, você já está bem grandinha, fala que não precisa de babar, mas não passa de uma bebê chorona. - Black percebe que pegou pesado para alguém que acabou de perder tudo em uma noite.

Depois de perceber que Black Rock Shooter havia dito a verdade sobre os sentimentos mais ocultos de Miku, ela chora muito e encosta sua cabeça nos peitos de Black.

Black a envolve em seus braços, não sabendo mais o que falar, pois aquela situação melosa nunca tinha acontecido, ela fez por impulso e raiva.

– Mikan-san... Você lutaria comigo? Me ajudaria a recuperar o reino que meu pai trabalhou tanto para me deixar como herança. - Miku faz o pedido em lágrimas encarando os olhos de Black.

Vendo a princesa naquele estado emocional, sentindo algo que não sabe se é pena ou fraqueza, mas estava tendo sentimentos que nunca teve.