Minha Vida Em Malviwood escrita por Joy
Capítulo 4- ‘’Anuário de 1876’’
-Paty, preciso te falar uma coisa...
-Então fala, ué!
-Tenho que dizer para o Rob também.
-“Rob”? Já deu apelido para ele?
-Paty, é só uma abreviação!
-Não. É um apelidinho carinhoso...-disse fazendo um coraçãozinho em suas mãos...
-Paty, por favor, né?
-O quê que você quer que eu diga? Dá um apelidinho para o garoto e ainda quer que eu fique quieta?
-Vamos ou você quer que eu fique te escutando você falar coisas fantasiosas que não existem?
-A segunda opção seria boa... -puxei sua mão e fui a biblioteca procurar o Rob, digo, o Robert...
Robert estava sentado lendo um livro denominado “O que fazer quando se está apaixonado pela pessoa errada?” Ele estava apaixonado por quem? Que ‘’pessoa errada’’?
-Robert?
-Oi, Lilya! E, oi Paty... – parecia que ele estava falando como se estivesse gostando dela, da Paty mesmo...
-Olá, Robert!-ela não desconfiou de nada.
-Bem, procurei vocês porque soube de uma coisa hoje...
-E o quê é?-Paty perguntou.
-Quando Grodger me chamou e logo depois saiu de sala ele foi falar com a Grizelda...
-Como você sabe disso?- Robert questionou.
-Estava sentada perto da porta que estava aberta e, eles conversaram no corredor... Eles falaram sobre as oito peças...
-Que oito peças?- Patrícia quis saber, afinal de tão curiosa que é, né?
-São peças de um quebra-cabeça que abrem o cofre...
-O cofre da sala do Grodger?-foi a vez do Robert.
-Deve ser, né?- Paty respondeu.
-Mas é o cofre da sala dele daqui do colégio ou do dormitório?
-Não sei... E onde podem estar essas peças?-perguntei.
-Não faço a mínima ideia, e você Paty?-Robert perguntou a Paty.
-Também não sei, mas devemos tentar tirar do Grodger ou da Grizelda...
-É, ou mesmo ouvir a conversa deles...-acrescentei.
-Então Paty, qual foi mesmo o livro que você disse ter visto o Grodger e a Grizelda pegando?-tentei mudar de assunto e fazer o Robert prestar atenção sem olhar para Patrícia.
Estava mais do que claro que a ‘’pessoa errada’’ era a Paty. Mas por que ela era “errada”?
-Foi ao lado da recepção... E tinha cores escuras...
-Então vamos procurar!-Robert saiu na frente e foi tentar achar o tal livro...
Ficamos o recreio todo procurando, mas não achamos nada.
-Amanhã nós voltamos aqui para procurar novamente... -Paty disse desanimada...
-Mas o sinal ainda não tocou.-eu disse- Podemos procurar durante uns 3 minutos- olhei o relógio da biblioteca.
E procuramos durante esses três minutos...
-Acho melhor continuarmos outro dia...-Paty disse sem olhar o último livro da prateleira em que ela estava procurando, que, digamos estava um pouco mais para frente que os outros...
-Paty, era azul marinho?-perguntei.
-Hã?-pausa- Ah, era sim...
Peguei o livro...
-Era esse?
-Era! Como você soube?
-Não sei... Palpite?-ri.
-E qual é o nome?-Robert falou alguma coisa, não estava mudo...
-É... ‘’Anuário de 1876’’...
Todos nós ficamos meio que um pouco, digamos, “chocados” até o sinal tocar novamente...
-Pegue esse livro...-Robert falou-E, vamos logo para a sala, não quero chegar atrasado...-Ele tocou discretamente a mão de Paty..
Agora estava claro... E até demais...
Patrícia levou um susto:
-Robert?! Tá doido?!
-N-não, é que minha mão escorregou e...
-Não faça mais isso!-Ela o interrompeu.
-Eu vou comunicar a recepção que vou pegar o livro, tá gente?- Ninguém me respondeu... Mas claro! Com aquele clima, né?
Voltamos para a sala antes que a aula pudesse começar.-Ufa!
No dia seguinte o primeiro horário era vago, então fui procurar a Paty.
-Oi, Paty!
-Oi.
-Vamos abrir o ‘’Anuário de 1876’’?
-Ah, claro! Você levou para casa e não teve a curiosidade de ver?
-Óbvio que eu tive, né, Paty. Mas esperei para vocês abrirem comigo...
-“Vocês”?
-Você e o Robert.
-É... Tinha me esquecido dele.- Paty estava aparentemente tentando me enganar.
-Tinha nada!-ela virou a cabeça desviando o olhar...-O quê está acontecendo com vocês dois?
-Nada. Por que estaria acontecendo alguma coisa?
-Porque... Sei lá! Talvez o que aconteceu ontem na biblioteca.
-Não foi nada... Como ele mesmo disse a mão dele escorregou...
-Sei... Mas, Paty, se quiser falar alguma coisa, desabafar, estou aqui, tá?
-Eu sei... E comigo a mesma coisa, ok?
-Aham. Agora vamos procurar o Robert?
-Claro! O Rob precisa abrir com a gente, né?
-“Rob”?
-Nem vem! Foi você que inventou esse apelidinho...
-Tá, né...
Fomos até o outro lado da sala, quando no meio do caminho Soyer me chamou:
-Lilya!
-Oi, Soyer.
-Soube do que aconteceu ontem na festa...
-Festa? Que festa? Não estou sabendo de nada...
-Não se faça de desentendida. Você sabe muito bem do que eu estou falando...
-Me desculpa, mas eu não sei não.
-Você e o Rick... Ontem na casa dele...
-Que isso, Soyer?! Quem inventou essa bobagem?
-É o que o Rick anda dizendo isso por aí...
-Olha, é mentira.
-É, sei... Mas agora a escola inteirinha já está pensando essas coisas.
-Dá licença, que eu vou falar com o Rick.-me virei.
-Toda!-ela disse enquanto batia na mão de suas amiga, meio que comemorando. Só soube dessa comemoraçãozinha depois por amigos...
-Paty,podemos ver esse anuário daqui a pouquinho? Agora tenho que resolver um assunto com o Rick.
-Hã? Vai resolver um assunto com o Rick?
-Vou sim. Sabia que ele anda espalhando que ontem eu fui para a casa dele. É mentira, tá.
-Aham, mas o que isso tem de mais?
-Tem que ele está espalhando que rolou.
-O quê que rolou?
-Pelo amor de Deus, Paty! Como você é lerda!
-...
-Não entendeu ainda?
-Ah, entendi agora.
-Vou resolver isso. Nunca vi! Uma pessoa que mal me conhece fica inventando mentiras sobre mim por aí...
-Mas eu e o Rob não podemos ver sozinhos?
-Tá ela falando aquele apelido de novo!- ri.
-Esse escapuliu.
-Pode, mas acho que seria melhor vermos juntos... Sabe, estamos nisso juntos...
-Ok.
Fui até o Rick, que estava no corredor, falar sobre essa besteira que estava na ‘’boca do povo’’, como diz o ditado.
-Rick que estória é essa de você estar espalhando que eu fui para sua casa ontem?
-Hã? Não sei. Quem deve ter inventado isso?
-Olha a minha cara de quem está acreditando em você.
-E olha a minha de quem... De quem... Está querendo saber quem inventou isso.- ele riu.
-Rick, fala a verdade... Sem brincadeiras, vai.
-Estou dizendo... Eu não sei.
Procurei Soyer para perguntar quem tinha contado para ela.
-Soyer, quem te contou essa estória?
-Bem, foi só um teste.
-Hã? “Teste”? Quer explicar direito?
-Toda novata que entra na escola deve sofrer um cadinho, não acha? Então, seu sofrimento começa agora.
-Soyer, que isso? Tá brincando, né?
-Claro que estou!
Rimos.
-Você inventou isso para me fazer ir até lá a toa?-ri.
-É! Não é engraçado?
-Não faça mais isso, por favor.
-Tudo bem, só falamos isso mesmo, porque assim, você precisava de alguma “pegadinha’’...
-Tá bom... Agora preciso achar a Paty e o Robert...
-Você se deu bem com eles, não?
-Pois é...
-Eles eram tão afastados antes de você...
-Significa que eu faço a diferença!- risos. A Soyer não era tão metida quanto parecia...
Encontrei a Paty e o Robert. Juntos.
-Gente, vamos abrir? Estou ansiosa!- “oops” acho que atrapalhei alguma coisa... Eles se olharam um nos olhos do outro...- Desculpa, gente. Não tive a intenção de atrapalhar vocês dois...
-O quê? “Atrapalhar”? Imagina! Não atrapalhou nada...-Paty disse tentando disfarçar.
-É! Não interrompeu nada mesmo...-Robert completou.
-Sei...-Eu disse.
-Então, vamos abrir esse livro logo ou não?-Paty perguntou.
-Ah, vamos... Mas acho melhor irmos a biblioteca para lermos.
-Eu também acho.-Robert pegou na mão de Paty e a guiou em direção a biblioteca. Que mania! Ele sabe que ela não quer, digo, não queria... Dessa vez ela não reclamou. Ela deixou...
Enfim, de novo na biblioteca... Não canso dessa palavra... Mas vamos.
-“Anuário de 1876”... Com certeza Grodger deve ter procurado por causa da sua avó, Lilya.- sugeriu Paty.
-Quem quer abrir?- Robert perguntou.
-Eu abro.- respondi.
Peguei o anuário e coloquei-o em cima da mesa, logo depois que Paty ficou do meu lado direito e Robert do esquerdo.
Abri.
Logo na primeira folha tinha uma foto da minha tataravó ganhando um prêmio de primeiro lugar e um texto. E, em cima um título: “Revelação de 1876”.
-Sua avó?
-Sim, Paty. É ela mesmo.
-Veja.- Robert olha para minha tataravó e, depois para mim.
-O quê?- Eu e Paty perguntamos juntas.
-A semelhança entre vocês duas.
-É verdade, Robert! Elas são bem parecidas...-Paty concordou.
-Chega de viagens, tá legal? Viemos aqui para vermos esse anuário, e é isso que vamos ver.
-Aham- Robert olhou para Paty e deu aqueles sorrisinhos sem graça dele.
-Bem, vamos para a segunda página.- Paty disse logo após devolver o sorrisinho para Robert.
-São os nomes com as fotos dos alunos...- disse.
-Mas também tem uma pergunta...- Robert concluiu.
-Onde?-Patrícia perguntou.
-Aqui, olha. Pergunta para cada um deles o que eles gostariam de saber.
-Vamos procurar a Elizabeth.- Paty falou.
-É! Quero saber a resposta dela...- eu disse.
Robert foi o primeiro a encontrar:
-Achei! Ela disse que queria saber por que todos os anos ela ficou no dormitório 193 desde que chegou a Malviwood, e porque sempre foi monitorada pela mesma pessoa...
-Nossa... Com certeza tem algo estranho aí... Essa “mesma pessoa” deve ser o Grodger, não acham?- Paty disse.
-Pois é... Mas não podemos delirar tanto, já que foi no ano de 1876. Um ano longe demais da gente. Ele não poderia ter sobrevivido esse tempo todo.-disse.
-É, Lilya, você tem razão.
-Achei que esse era o motivo de estarmos aqui. Saber o porque dele meio que, ter vivido naquella época também. Não?
-É, mais ou menos. Mas, nós vamos ter que continuar depois. Já vai acabar o primeiro horário.- eu falei esperando eles se levantarem e saírem comigo, mas não foi bem isso que aconteceu...- Gente, vocês vem ou não?
-Ah, sim.-um olhou para os olhos dos outro- Um minuto, Lilya. Pode ir na frente.- Robert disse esperando eu ir...
-Está acontecendo alguma coisa que eu não saiba, aqui?- perguntei. Mas queria uma resposta da minha melhor amiga.
-Lilya, se estivesse teríamos te contado. Agora, por favor, pode nos deixar a sós?- Robert me respondeu.
-Claro. Estou indo.
Retirei-me da mesa, mas, não saí da biblioteca... Fiquei escondida atrás de uma estante sem eles me verem, é claro.
Paty começou:
-Rob, não gosto que minta pra ela...
-Eu menti?
-Sim. Falou que não tinha nada entre a gente. E, se tivesse, contaríamos...
-Ah, Paty... Fala sério! Foi você quem quis ter um relacionamento em segredo.
Levei um susto. Eles tinham sim, um relacionamento...
-É. Eu sei. Mas esconder dela...
-Você quer contar?
-Tem algum problema?
-...
-Eu não sei mentir... Principalmente para ela... Não é fácil não falar a verdade para a melhor e única amiga verdadeira da escola...
-Ok, então se você quer contar. Tudo bem.
-Brigada, “amoreco”!
Já entendi tudo...
Estou feliz em saber que juntos, eles estão felizes e apaixonados um pelo outro...
Algo nisso tudo me incomoda... Não consigo saber o que. Mas incomoda de um jeito diferente... Também não sei como.
Seria por que eles esconderam um segredo de mim?
Ou não?
Pensei:
“Se no dia em que conheci Robert senti algo parecido... Logo quando nos abraçamos...”
Estranho. Mas comecei a ligar os fatos.
“Estou gostando do namorado da minha melhor amiga?!”
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Espero que tenham gostado desse capítulo!