Não sei se ficava feliz por fazer parte de uma profecia, ou se ficava com medo por que nem a Terra ousa temer o meu poder.

Marchamos colina abaixo diretamente para o casarão azul, os campistas paravam e olhavam para a gente depois desviavam o olhar e olhavam com nojo para Sky, que ficava cada vez mais encolhido no casaco preto.

-Ei. - O cutuquei. - Por que eles te olham assim? - Perguntei.

-Por que eu sou um filho de Nix, - Respondeu ele calmamente. - os deuses não gostam de saber que são inferiores a eles, os primordiais, os campistas resolveram seguir o comportamento dos pais.

-Que horror! - Disse incrédula. - Você não tem culpa disso!

-Fale isso para eles. - Ele disse isso e eu fiquei quieta.

Só ai eu percebi, que eu estava sem uma das sapatilhas e com a meia rasgada. Droga! Era meu único sapato!

Eu segui emburrada para a casa azul, quando chegou lá Piper bateu na porta.

-Quíron? Achamos a garota. - Falou ela quando um cara de cadeira de rodas abriu a porta.

-Ela? - Perguntou apontando para mim. Nããão a outra garota que controla os ventos que veio com eles.

-Sim, havia fúrias no orfanato que ela morou desde sempre mas elas nunca a atacaram. - Falou Jason.

-Por que? - Perguntou Quíron erguendo as sombrancelhas.

-Ela controla os ventos. - Falou Sky. - Quando as fúrias chegavam perto dela ela ficava com medo e os ventos se agitavam e as mantinham afastadas.

-Qual o seu nome criança?

-Plumis Pretium.

-O Sky acha que ela é filha de Zeus. - Disse Piper.

-É uma opção. - Disse Quíron.

-Só vamos saber de noite. - Falou Jason.

Um som agudo ressoou no acampamento.

-Vamos é hora do almoço. - Disse Quíron. - Sky, leve-a até a mesa de Hermes.

-Meu pai é Hermes? - Perguntei franzindo o cenho.

-Não. - Disse Leo. - É a mesa que os que não foram reclamados pelos pais.

-Oh.

Nos dirigimos até o pavilhão com as mesas e a fogeira, que estava queimava ruidosamente.                                              

As mesas já estavam cheias, Sky me dirigiu até a mesa mais cheia, lotada de crianças alegres.

-Travis, Connor essa é a novata Plumis Pretium. - Sky falou para gêmeos, os mais velhos.

-Claro. - Falou um dos dois sem olhar para Sky.

-Pode sentar aqui. - Falou o outro arumando um espaço ao seu lado.

-Tchau Plumis. - Despediu-se.

-Tchau.

-Eai. - Falou um dos gêmeos. - Plumis não é? Sou Connor.

-Sou Travis - Falou o outro.

-Prazer. - Falei sorrindo.

Depois de servirem a comida os campistas levantaram e jogavam parte da sua comida na fogeira.

-Ei Connor o que eles estão fazendo?

-Oferenda aos deuses, você joga sua melhor carne, sua fruta mais saborosa em oferenda aos deuses. - Respondeu ele se levantando jogando uma grande uva roxa e murmurando um ''Hermes''.

Resolvi seguir o exemplo. Segui até a fogueira, joguei o maior pedaço de carne e murmurei.

-Pai, me reconheça logo.

Falando isso a meio caminho do meu lugar um símbolo começou a brilhar sobre a minha cabeça. Era o rosto de um homem assoprando uma árvore brilhando em branco como um holograma.

Minha visão ficou branca por um minuto e senti meus cabelos se levantarem um pouco.

Olhei para os campistas que me observavam de boca aberta.

Foi onde a dor começou.

-AAAHHHH - Gritei desesperadamente. - AJUDEM! - Uivei enquanto sentia uma dor excruciante nas minhas costas. Era como se tivessem batendo um martelo lá.

-Quíron não podemos ajuda-lá? - Perguntou alguém.

-A transformação ainda não está completa. - Falou Quíron sombriamente. - Que transformação?!?

A dor aumentou e eu gritei mais e mais alto. A dor não parava, era como se todos os anos de culpa sobre a morte da minha familía resolvesse bater em mim até morrer.

Assim como veio a dor acabou. Eu me levantei, e todos olhavam para algo atrás de mim, meio com medo, meio chocados.

Eu olhei para tras mas uma coisa me impediu de ver, era uma enorme parede emplumada grudada em minhas costas que bloquava a minha vi... Perai aquilo não era uma parede emplumada eram asas. Eu tinha asas. Olhei para meu ombro e peguei uma mecha lisa do meu cabelo que agora ao invés de loiro claro, agora era um branco chocante, o que me assustou.

No meu reflexo em uma poça de água que as ninfas (elas serviram almoço) devem ter derrubado, meu rosto em forma de coração, com o nariz e a boca pequenos, ficavam desproporcionais em contraste com meus enormes olhos brancos leitosos, mais uma das mudanças.

-Campistas! - Rugiu a voz de Quíron. - Eu lhes apresento Plumis Pretium a primeira semideusa filha do Mestre Dos Ventos Éolo, rei dos Quatro ventos cardiais.