Yugan da nichijou yurusare nai ai
(Vida ordinária retorcida num amor proibido)
Itsuwari no kokoro
(Um coração sincero)
Kuroku nuritsubusareta fukanzenna ai
(Pintadas em preto, um amor incompleto)
Shikkoku no sekai
(o mundo negro como azeviche.)

Na ordem negra, onde apenas corações corajosos viviam, um coração um tanto corajoso – a ponto de ter duas paixões – cujo dono era Allen Walker estava sentado na cadeira em frente a janela de seu quarto. E de lá podia ver a bela Lua que ali estava. Suspirava aflito, mordendo o lábio inferior com força com medo de ser descoberto por alguém. Ouve-se então uma batida na porta.

            - Quem é?

            - Sou eu, Moyashi.

            E então, sem hesitar Allen levanta-se dando alguns passos em direção a porta. Usava poucas roupas, apenas uma grande camisa branca e um short bastante curto que era coberto pela camisa. Quando abriu a porta, viu Kanda suado e completamente belo encostado com a cabeça na parede ao lado da porta. Provavelmente estava cansado só de correr até o quarto de Allen, que era longe.

            -Você quer ent...

            Kanda não esperou um segundo, agarrou Allen e começou a beijá-lo incontrolavelmente. Parou um instante para respirar e trancar a porta, para finalmente fazer o que fazia quase todas as noites com Allen. Jogou-o na cama e começou a beijá-lo, impressionando-o contra a cama. Aquilo sempre acontecia as noites, mal sabia Kanda que ele era uma das opções amorosas de Allen, o mesmo era apaixonado por dois homens. Os quais o visitavam, secretamente e nenhum sabia da existência do outro.

           
Zutto kimi ni iitakatta
(Eu sempre quis dizer para você)
Tatta hitotsu no kotoba na noni
(Há apenas uma coisa a dizer)
Osae kire nai shoudou ga
(O impulso que não pode ser suprimido)
Kowarete shimau no Nara
(Se é para ser quebrado)

            A manhã acordava com o belo Sol transparecendo em todo o lugar, iluminando cada coisa que tocava. Os raios, tornavam visíveis as últimas gotas de sereno que sempre caíram a noite. Porém, estendido na cama e com apenas um cobertor cobrindo seu corpo, Kanda encontrava-se ainda sonolento, enquanto procurava com os olhos semi-cerrados o seu amor: Allen. Ninguém acreditaria que Kanda estava amando novamente, e ainda mais a pessoa que ele mais odiava,por isso esse amor era secreto.

            -Bom dia, dorminhoco. – dizia Allen com um sorriso brincalhão na face

            -Moyashi...

            -Ande Kanda, vá para o seu quarto se não alguém irá suspeitar!

            E o pedido foi aceito, Kanda levantou resmungando, pois tinha que ir para o seu quarto, ou seja, correr de novo. Porém estava feliz, colocou as roupas rápido e deu um monte de beijos de despedida em Allen, antes que a porta fosse fechada. E quando foi Allen agachou-se tocando os lábios satisfeitos com a noite selvagem de ontem, e como sempre, Allen estava pronto para outra. Mas tinha que contar seu segredo para alguém, só tinha uma coisa que ele queria dizer pros dois, acabar com esse jogo, porém... Ele queria aproveitar mais um pouco.
            Logo então, colocou uma roupa decente e desceu para o refeitório e foi comer. Era mais uma porções daquelas grandes em que só o Jerry sabia fazer! Encontrava vários amigos, e para manter a pose de inimigos Kanda sentava bem longe de Allen e as vezes fingia olhar nervoso para ele, mas o olhar de Allen era convidativo... E Kanda queria isso.

            -Oe, Oe Allen! Comendo de novo isso tudo?
           
            -Baka Lavi!

            Lavi, a outra vitima de Allen. Era o ruivo belo, alto e brincalhão da Ordem. O sucessor do Bookman. Ele via sempre em todos os sábados, e curtia as noites estreladas com ele. Era bem mais romântico que Kanda, e sabia chegar perto de Allen do jeito que ele gostava, e depois atacava sua presa com selvageria e desejo. E assim foi. Era quinta, raridade ver Lavi por lá. E quando chegou, Allen estava comendo um soverte provocando Lavi ainda mais. Ele trancou a porta, e sentou ao lado de Allen.

            -O que acha do sorvete?

            -Bom, Baka Lavi.

            Allen se suja de sorvete propositalmente, e Lavi aproveitando o momento desajeitado agarra com desejo o corpo do menor e começa a morder seu pescoço que estava sujo de sorvete e ia descendo com a boca beijando todo o corpo de Allen para começar mais uma vez, o que acontecia sempre.Mal sabia Lavi, mal sabia Kanda que seu amor seria logo separado.



Aishi aisare kurui souna hodo ni
(Para amar e ser amado a ponto de enlouquecer)
Amaku atsui kuchizuke wa imitation
(O beijo doce e ardente é uma imitação)
Mahi suru kankaku tooku naru ishiki
(Sentindo o entorpecimento, a consciência desaparecendo)
Afureru omoi to shinjitsu
(As emoções transbordam e realidade são uma)
Kuro de nuritsubushite
(pintura em negro)

            E então, Lavi acordou, sem nenhuma presença ali. Nem as vestimentas de Allen estavam ali. Levantou então Lavi desesperado, colocou as roupas rapidamente e correu até a sala de Komui. Lavi pensou que tinham descoberto o amor deles dois, e se um tinha que ser culpado era ele. Quando chegou Kanda estava lá, também não muito feliz.

            - Allen vai para a Finlândia sim! Nem sei por que você está protestando!

             Komui achava que era porque Kanda queria o melhor da cidade. Tinha medo que algo acontecesse com ela, já que Conde do Milênio queria matar Allen de qualquer jeito. Nenhum dos dois queria isso, mas sem questionar Allen foi. Porém os meninos o seguiram, na noite calada. Tentavam achar em caminhos separados, a Finlândia. Não podiam ir de trem é claro, pois a Ordem seria noticiada. Chegaram a uma casa abandonada, lá dentro ouviam uma voz conhecida sem questionar e sem perceber a presença um do outro entraram e viram Allen e do lado o Noah Tyki Mikk, que estava segurando o queixo de Allen.

           

Joushiki mo moraru mo buchikowashi
(O senso comum e a moral destruídos)
Batsu wo ukeru no wa boku dake de ii
(Se houver a punição, eu devo ser o único punido)

            Kanda, via... Seria uma traição? Se ele fosse punido, ou estivesse amando outra pessoa seria culpa dele por não dar todo o amor que Allen merecia.  Quem deveria ser o culpado e punido era ele, por não dar amor absoluto a quem ele amava.

Saigo ni kimi ga itta
(O que você disse no final)

Kotoba wo daite
(Eu abraço as palavras)


            Lavi não acreditava, estava sendo traído. Lágrimas escorriam de seu rosto, eram lágrimas de seu coração partido. Seu amor, sua vida estava acabando em míseros segundos enquanto o Noah tocava cada vez mais os lábios de Allen. Ele apenas acreditava e agarrava sem escolhas, as palavras “Eu te amo” que Allen havia dito.

Itsu no hi mo kimi wo omou yo
(Estou pensando em você todos os dias)
Dakishimeta kata no kanshoku
(A sensação de seu ombro no meu abraço)
Tokete kiete nakunaru mae ni
(Antes que se derreta em nada)
Kimi ni ai ni iku yo
(Eu vou conhecê-lo)

            -ALLEN! O QUE É ISSO? – gritavam os dois procurando uma explicação

            -Kanda, Lavi! – dizia o garoto surpreendido

            Sem nenhuma explicação, o noah sumiu deixando os três ali sozinhos. As lágrimas não paravam de correr o rosto dos homens apaixonados, e apenas com um riso sarcástico mas parecendo que estava apaixonado Allen colocou o dedo nos lábios e olhou docemente para os dois.

            -Eu realmente, amo vocês dois.

O sorriso sarcastico transparecia amor... Mas era falso. Tudo aquilo era uma imitação. Tudo aquilo era uma imitação manchada em negro... Porém Lavi e Kanda, iriam voltar para ele? Iriam perdoá-lo, mesmo sabendo que tudo foi uma mentira?

                                                                                              Continua?