Jessie PDV

Legal, eu nasci retardada ou só estou assim agora?

Sério, ME DIZ!

Por que diabos eu aceitei sair com Justin Babaca Bieber? Eu realmente mereço uma bela surra, pra tomar vergonha no meio dessa minha cara. 

- Jessie, você tem merda na cabeça? Andou bebendo ou se drogando? POR QUE CÉUS VOCÊ ACEITOU SAIR COM JUSTIN '' SOU O ASTROZINHO METIDO A BESTA'' ? Eu estou com vontade de dar um tapa na sua cara, mas não vou fazer isso porque senão vão me chamar de louca. Mas enfim... por que você fez isso, garota?

Julie tagarelava andando de um lado para o outro do meu quarto, ela parecia bastante nervosa com isso tudo. Mas qual é, ela nem conhece o garoto direito e já sai xingando ele de idiota por aí. Sabe, isso é uma coisa muito feia. Ok, esquece a merda que eu acabei de dizer.

- Eu só aceitei esse pedido besta pra ele parar de me perturbar. Aleém do mais, é só um encontro. O que tem de mais nisso? Aliás, ele é bonito até... 

Comentei sorrindo. Julie bufou se jogando na minha cama e enterrando seu rosto num travesseiro, abafando um gritinho histérico. Logan, que estava sentado numa poltrona qualquer, revirou os olhos e continuou com a cara enfiada em seu iPad. Metido!

- Eu só não entendo uma coisa, você dizia odiar Justin. E agora, do nada, resolveu que iria sair com ele. Tudo bem que é pra ele largar do seu pé, mas Jessie... já parou pra pensar se ele NÃO largar do seu pé e ficar te atormentando? Você jurou ódio à esse garoto, e agora... puft, vai ser obrigada a aguentar ele durante uma noite inteira. 

Julie e sua mania de sempre ver as coisas pelo lado ruim. Esse é, e sempre será, um dos piores defeitos dela, e ela sabe disso.

- Caramba, Julie! É só uma merda de um encontro, e se ele não largar do meu pé por bem, ele vai largar por mal. E outra, eu odeio ele. E sempre vou odiar. 

Argumentei olhando para a garota parada à minha frente. Antes mesmo dela poder abrir a boca para falar algo, Lgan, que parecia nem estar prestando atenção em nossa conversa, interrompeu-nos, começando com um falatório nada típico dele.

- Odiar é também uma forma de amar. Diferente, mas é. É que o coração humano nem sempre consegue identificar o sentimento que o move. É claro que existem situações em que o ódio é ódio mesmo, mas, em outras, não. Você já deve ter experimentado isso que estou dizendo. Sobretudo no momento em que foi traído, enganado e até mesmo abandonado. O sentimento foi de revolta e, nela, o amor muda de cor, configura-se diferente. É a mesma coisa que acontece com os animais que se camuflam para sobreviverem às ameaças dos inimigos. O camaleão é sempre camaleão, mesmo que não possamos identificá-lo no seu disfarce. Da mesma forma fazemos nós. Talvez seja por isso que as pessoas andam tão distantes dos seus verdadeiros sentimentos. Tememos a fraqueza. Tememos que o outro nos flagre no sofrimento que a gratuidade do amor nos trouxe. Preferimos assumir uma postura marcada pela agressividade a outra que nos mostrasse em nossa fragilidade. Nos dias de hoje, cada vez mais, acentua-se a necessidade de ser forte. Mas não há uma fórmula mágica que nos faça chegar à força sem que antes tenhamos provado a fraqueza. E amar é experimentar a fraqueza. É provar o doloroso campo da necessidade, da carência e da fragilidade. Talvez seja por isso que as pessoas dizem se odiar tanto, porque lá no fundo, elas sabem que não é o ódio que está os atormentando.

Os olhos de Logan fitavam um canto qualquer de meu quarto, era como se ele estivesse ''vagando'' por seus pensamentos, e os verbalizou. Era estranho ouvir essas coisas do Logan, ele nunca foi de falar tudo isso. 

- Logan, que bicho te mordeu? 

Julie perguntou colocando a mão na testa de Logy, como se fosse ver se ele estava com febre. Logan soltou um riso fraco pelo nariz, revirando os olhos logo em seguida. 

- Tá bem, continuem com a conversa de vocês. Eu tô ocupado agora. 

- Nossa, quanta consideração, Logan! Sabe, esse seu jeito chega a me comover. - Falei rolando os olhos e me sentando na beirada da minha cama. 

- Ok, Ok!  Agora Jessie, que a merda toda já está feita, é melhor você achar a roupa que vai usar hoje à noite. Espera... é hoje que vocês vão sair né!? - Julie perguntou me olhando. Assenti murmurando um ''sim''. - Legal, peguem suas coisas porque nós vamos às COMPRAS!

Gritou erguendo os braços para o alto. Ah não... a tortura vai começar!

(...)

- NÃO, NÃO E NÃO! JULIE, ME DEIXA AQUI! 

Gritei me agarrando à uma das pilastras que haviam ali no meio do shopping, todos me encaravam como se eu fosse louca ou coisa do tipo. Aliás, acho que eu até concordo com eles. Porque, afinal de contas, se eu não fosse louca não teria aceitado sair com o Justin. E por culpa dessa minha ignorância aguda eu tô aqui, rezando pra que uma nave de extra terrestres venha e me leve pro espaço. Pelo menos lá eu não teria que aguentar a Julie tagarelando sobre compras o tempo inteiro.

- Qual é, Jessie! Para de birra e vem logo! Ainda temos que comprar seu sapato, vamos de uma veeeeeeez!

Pediu, ou melhor: ordenou, me agarrando pela mão e entrando comigo dentro de uma loja de sapatos. Merda!

Depois de umas duas horas tentando escolher o sapato que eu iria usar nesse tal encontro, nós pudemos finalmente voltar para casa. Digo, eu fui para a minha casa, e Julie para a Dela. Dãã.  Meu pai havia deixado um bilhete na cozinha, dizendo que ele teria plantão médico hoje à noite, e só voltaria depois das três da manhã. Ah sim, não sei se já falei aqui, mais meu pai é medico -q

Quando cheguei em casa já eram passado das sete da noite, então eu fui tomar um banho correndo e fui me arrumar. Justin havia me mandado um sms dizendo que passaria aqui em frente lá pelas oito e trinta da noite. Ou seja, eu tinha bem pouco tempo.

Depois de me vestir e arrumar meus cabelos, eu fui fazer minha maquiagem. Não demorou muito e eu já estava completamente pronta (ignorem o Cody Simpson no set).

Desci as escadas de casa, indo direto para a sala de televisão. Olhei no relógio e vi que já eram 20:25. Ou seja, daqui cinco minutos Justin passaria aqui. Me sentei no sofá e olhei o porta retrato com uma foto minha e da mamãe. Suspirei. Eu sentia a falta dela.

Mas agora ela não estava mais aqui, e a vida tinha que seguir.