O garoto estacionou o carro na garagem e saiu do mesmo batendo a porta com brutalidade. Não ligava para o carro ou pra qualquer coisa, estava com raiva. Muita raiva.

– Porra, Selena, eu já disse que não aconteceu nada! – gritou, falando ao telefone com a namorada. Que estava irritadíssima.

– Não? Sério? E o que eram aquelas fotos senhor Bieber? Não era montagem! Você estava beijando a vadia daquela Jennifer Thompson. – a garota dizia furiosa.

Justin apenas balançava as chaves nas mãos, enquanto mantinha o telefone na orelha e caminhava raivoso até a porta de sua casa. Nem ligava se tinha paparazzi ou qualquer outra coisa ali tirando fotos suas.

– Ela não é vadia, ok? Ela é uma... Uma amiga. E são só fotos tolas. Eu já disse que não aconteceu nada, caralho! – gritou, berrou praticamente com todas as suas forças, fazendo com que a porta da uma casa abrisse rapidamente sozinha e viu sua mãe em frente à mesma, o olhando de olhos arregalados.

– Não grite comigo, Justin! Não fale palavrões, por favor... Eu te amo. – ela dizia chorosa ao telefone e o garoto escutava sem prestar muita atenção. – Não pense que é só porque essa garota que era sua amiga, namorada ou sei lá o que voltou que você pode me trocar, ok? – completou chorosa do mesmo jeito. Parecia chorar do outro lado, ou era apenas encenação. Justin não sabia. Apenas bufou e entrou em sua casa, passando por sua mãe, que esperava resposta do porque de tanta gritaria.

– A gente se fala depois, ok mamacita? Beijos. – o garoto suspirou, jogando as chaves do carro em uma pequena mesinha por ali, guardou o celular no bolso e se dirigiu até as escadas.

– Não vai me explicar o que estava acontecendo, querido? – ouviu a voz de Pattie ecoar pelo local.

Se virou lentamente, já subindo as escadas e fitou sua mãe, de braços cruzados.

– Ah... Selena e eu... Bom, brigamos de novo. – deu de ombros, sorrindo torto. Não era um sorriso de felicidade, era apenas... Um sorriso. Falso.

– De novo? – a mulher gritou, balançando a cabeça negativamente. – Qual o motivo agora? – perguntou.

– Ela viu umas fotos e não ficou muito feliz com isso.

– Fotos sobre o que, senhor Bieber? – a mulher insistiu em sua pergunta. Queria saber tudo. Alem disso, queria ajudar o filho.

– Ah, mãe... – o garoto resmungou. Pattie continuou o fitando, batendo os pés. – Ta. Viu fotos de eu... Eu beijando a Jenny. – deu de ombros.

– Jenny? Jennifer Thompson? Aquela garota que você me contou das cartas? – perguntou calma. Justin apenas assentiu, calado. – E... Hm... Você... Beijou mesmo essa garota? – ela perguntou, ainda calma, subindo o primeiro degrau da escada.

– Eu queria muito dizer que não. – bufou. – Mas, não foi um beijo. Ela me empurrou antes que eu continuasse. – se fez de decepcionado e Pattie o olhou co cara de reprovação.

– Então, Selena tem toda razão. Você praticamente a traiu.

– Eu mal beijei Jennifer. Não tenho culpa se tiraram a foto no momento... Errado. – fez careta.

– Tudo bem, querido. Suba, depois se acerte com Selena. E venha jantar que Eliza fez uma comida ótima. – ela suspirou, apontando pro quarto.

Justin assentiu e voltou a subir as escadas em direção ao seu quarto. Pattie era uma ótima mãe. Justin sabia que podia contar exatamente tudo a ela. Podia falar a ela tudo que precisasse e sabia que ela estaria ali pra escutar seus desabafos quando precisasse. De verdade, sua mãe era a pessoa que ele mais confiava no mundo. Ela sempre guardava seus segredos. Sempre compreendia e lhe dava conselhos. Ela o entendia perfeitamente, não sabia como. Deveria ser coisa de mãe.

O garoto logo chegou ao quarto, jogou o celular sobre a cama, se despiu e foi direto ao banheiro tomar um banho. Ficou um bom tempo debaixo do chuveiro, pensando na vida. Jennifer... Ele queria realmente se explicar um pouco com ela. Aliás, dizer que não queria que ela ficasse com o Chris, não foi algo tão legal. Ele não queria mesmo, mas, queria vê-la feliz também.

Depois de um tempo, desligou o chuveiro e saiu. Entrou no closet e escolheu uma roupa qualquer para ficar em casa mesmo, arrumou o cabelo e depois se sentou sobre a escrivaninha, puxando um papel limpo e uma caneta.

Porque não escrever uma carta para ela? Sua garota secreta...

(...)

Já Jennifer, estava deitada no seu quarto, com uma caixa de pizza no colo e um copo de coca-cola ao lado, no criado mudo. Assistia alguma coisa na TV de seu quarto, enquanto derrubava algumas lagrimas. Ok, já estava cansada de lágrimas. Definitivamente cansada, mas, estava pensando em esquecer Justin e tocar sua vida pra frente. Pensava até em dar uma chance ao Chris que parecia gostar bastante dela. Mas, a indecisão a deixava cega.

Ouviu batidas na porta do quarto e logo secou as poucas lagrimas. Se fosse Caitlin, iria bater nela por estar chorando mais uma vez por causa de Justin.

– Pode entrar. – gritou, se ajeitando na cama e colocando a caixa de pizza a sua frente.

Sua mãe entrou pela porta, a dona Ângela, pouco sorridente.

– Querida, deixaram isso aqui pra você. – a mulher entregou-lhe um envelope azul.

– De quem é?

– Não sei, não tem nome. Abra, querida. – Ângela disse sorridente e logo deixou a garota sozinha no quarto.

Ela já tinha uma pequena idéia de quem pudesse ser. Mas, resolveu não palpitar mais em nada.

Abriu o envelope azul com cuidado e tirou de lá um papel, dobrado em dois e o abriu. Reconhecia aquela letra. Então, começou a ler, atentamente, prestando atenção em tudo:

“Querida Jenny,

Eu estava pensando em cartas recentemente, e como são poucas pessoas que as escrevem. Estava pensando em como suas cartas me fazem falta e em como eu as adorava ler. Suas palavras bonitas e carinhosas me faziam sorrir, me deixavam mais feliz. Lembro-me de ficar totalmente obcecado em querer saber quem era que escrevia aquelas cartas maravilhosas pra mim. Ficava noites pensando em alguém, em quem poderia ser, em quem seria capaz de me amar tanto assim. Aliás, qual o motivo por me amar tanto, Jennifer? Porque amar um idiota como eu? Penso em você e em minhas fãs, e todo esse amor maravilhoso, toda essa paixão e penso... Como posso retribuir tudo isso? Como posso retribuir sem deixar ninguém triste?

Eu lhe peço perdão. A você e a todas as garotas que já machuquei, Jenn. Como eu pude fazer uma garota tão incrível como você sofrer? Eu já disse e fiz tantas coisas idiotas, mas, a coisa mais idiota que fiz, foi te machucar. Tudo que eu fiz a você, me desculpe, Jenny. Ainda me pergunto o porquê de você gostar e não desistir assim de mim. Deveria desistir, mas, você prefere sofrer e lutar ao mesmo tempo, não é? Você é incrível Jennifer, e acho que merece alguem melhor que eu. Alguém que te dê mais sorrisos que lagrimas, certo? Pode ser o Chris e pode não ser. Mas, isso não é problema meu, certo?

Você é minha amiga, minha pequena, meu primeiro amor... E eu não me esqueço de você. Não vou esquecer.

Se você pode ser minha garota secreta, porque eu não posso ser o seu garoto? Sei que não serei secreto, mas, sei que posso ser seu. Seu amigo. Por enquanto.

Obrigado por ser especial, Jennifer. Obrigado por tudo. Eu me esqueci do quanto você é especial e que não posso te usar. Percebi que você é a segunda pessoa que eu mais posso confiar. Promete que não vamos mais nos separar? Porque eu prometo. Infinitamente.

Com muito carinho e beijos, Justin.”

– Idiota! Tenta me beijar, sai fotos em tudo quanto é lugar e ele me manda uma carta de desculpas? – a garota praticamente berrou, quando terminou de ler, amassando o papel e jogando em algum canto.

Agora, chorava como um bebê. Um bebê que precisava de colo. Que precisava de um abraço. Havia achado as palavras lindas, a carta até que estava bem escrita e dizer tudo aquilo a ela, foi bonito. Mas, isso não vai resolver tudo. Isso não vai apagar todas as coisas feitas. Uma carta, por mais bonita que seja, não vai a fazer esquecer tudo. Todas as noites em vão, todas as lagrimas caídas, todas as baboseiras que ele falara a ela e todo aquele sofrimento... Não vai embora. Talvez ele tenha razão, talvez ela tenha que esquecê-lo e procurar alguém realmente bom pra ela.

Se ficasse com Chris, ia se sentir tola. E até suja. Iria ser como usar alguém que ela não ama, e não queria isso. Mas, também não queria mais sofrer.

Se descabelou toda e até pensou em se jogar da janela ou se drogar por aí, só pra esquecer a vida, mas, não fez isso. A única coisa que Jennifer fez foi pegar uma garrafa de uísque do seu pai e sentar em sua cama, enquanto tomava mesma em poucos goles. Tudo bem, ele tinha sido fofo escrevendo a carta e estaria mentindo se dissesse que aquilo não a comoveu, mas, qual é... As coisas não poderiam se acertar com uma simples carta, as coisas não são tão fáceis assim.

Ouviu seu celular tocar e colocou a garrafa de uísque sobre o criado mudo. Saiu andando pelo quarto, a procura do seu celular, revirou algumas bolsas e só foi encontrá-lo no bolso de uma das suas calças. Nem viu quem era e apenas atendeu apressada.

– Quem é? – disse rancorosa, bufando.

– Jennifer? Você ta bem? – bufou ao ouvir aquela voz chata e aquela risadinha irritante. Que infelizmente ela tanto amava. – É o Justin. – disse risonho.

– Ta eu sei... O que você quer, cachorro? – disse no mesmo tom de voz, brava.

– Você bebeu, Jenn? Porque ta falando assim? – apenas ria do outro lado. Garoto chato.

– É. Um pouco. Agora fala logo o que você quer, caralho. – bufou, batendo os pés impaciente.

– Tudo bem, nervosinha. – suspirou, rindo. – Adivinha só quem vai escrever uma musica comigo? – parecia animado do outro lado e a garota só se sentou na cama.

Colocou a mão na testa, sentindo a cabeça doer.

– Quem? A Selesma? – perguntou, rindo. Gargalhando.

– Engraçadinha... – Justin dizia irônico. – Mas, claro que não. É você, lógico. Como nos velhos tempos. – sorriu do outro lado.

– De jeito nenhum, tchau.

– Calma... Não desliga. Não recebeu minha carta Jenny?

– Recebi. E não ache que uma cartinha bonitinha vai concertar tudo, garoto. Eu chorei muito por você, que não merecia nem um pingo dessas lagrimas. – praticamente gritou, fazendo Justin revirar os olhos e rir do outro lado.

– Achei que fosse gostar, baby. – dizia risonho. - Poxa, escrevi com todo carinho. Até beijei a carta. – ele riu e quase Jennifer riu junto.

– Bieber. Primeiro você vem tentando me beijar, saí milhões de fotos e comentários sobre isso em todo o mundo e depois você me escreve uma carta melosa praticamente me pedindo desculpas? O que você quer? – levantou-se, colocando as mãos na cintura. Estava mesmo cansada de tantos joguinhos bobos.

Justin estava começando a irritá-la.

– Quero você. Quero seu perdão. – disse tentando fazer uma voz sexy. Do outro lado, tinha um meio sorriso nos lábios. Jennifer suspirou nervosa e sentiu arrepiar-se.

– Ajudo a escrever a musica e me deixa em paz? – perguntou.

– Se é o que quer... – deu de ombros. – Aposto que depois vai implorar pra mim te encher de novo. – riu.

– Babaca. Vou conversar com o Scooter.

– Obrigado, Jenny.

– De nada... Ah, e Justin, mais uma coisa... –

– Sim, gatinha? – perguntou atento.

– Vai pro inferno. – desligou o celular no mesmo momento e se jogou na cama. Droga de vida.