Tava lá o gordinho sentado no banquinho da praça, olhando pra baixo como sempre, e aquela menina, sentada no colo dele e olhando pro nada. Uma velhinha passou perto daqueles dois e olhando a cena, ficou inconformada com o gordinho...

- Ô garoto! Você não tem vergonha de ficar olhando pras pernas dela em plena praça?!
- Não.
- E ainda admite?! Vocês não têm coisa melhor pra fazer?!
- Não.
- Então por que não vão pra casa os dois?!
- Não queremos.
- E por que não?
- Porque você não tem melanina no cabelo.
- Hã? O que eu não tenho no meu cabelo?!
- ...
- Ô menino, eu tô falando com você!
- Eu sei.
- Então por que não responde?!
- Porque você não tem melanina no cabelo.
- Mas o qu... E você, menina? Não vai falar nada?
- Não. - Responde a menina.
- E por que não?
- Porque...
- Peraí! Não vai me dizer que é porque eu não tenho mela.. Er... Como é mesmo...
- Não é por isso.
- Então por que?
- Porque o chupa-cabras também ataca galinhas.
- ...
- ...
- Ugh... Essas crianças de hoje... Se drogando cada vez mais cedo... Esse mundo tá perdido...

E a velha seguiu seu rumo, resmungando sem cessar. Quanto ao casal, continuou lá, com ela sentada no colo dele e ele olhando pra baixo. Alguns minutos depois, um cara vestido de médico senta ao lado deles, balançando um martelinho de reflexos. Ele então passou a usar o martelinho no joelho da menina, que levantava brevemente a perna a cada martelada. Ela não ligava pra isso, mas resolveu falar com ele mesmo assim.

- O senhor está bem?
- Não.
- Por que?
- Porque eu detesto alho. *Martela a perna dela*
- E?
- E o café tem cor de caramelo. *Martela*
- ...
- ... *Martela*
- Aconteceu alguma coisa?
- Fui demitido.
- Por que?
- Porque a minhoca é um bichinho legal. *Martela*
- ...
- Bem... Eu vou ter que me mudar.
- Por que?
- Porque a mula empacou. *Martela*
- Hm...
- Eu já vou embora. Você vai ficar aí?
- Não, eu vou com o senhor.
- Tudo bem, então vamos.
- Só um instante, tenho que falar com o meu amigo aqui.
- Está bem.

A menina então desceu do colo do gordinho

- Bom, eu vou ter que ir embora... Tem algum problema com isso? - Disse a menina.
- Sim.
- Qual?
- Vai cair cera do meu ouvido.
- Tudo bem, use-a pra encerar o banco.
- Tá bem...
- Bom... Se é só isso, então eu vou indo. Até algum dia. Vamos, papai.

A menina deu a mão pro doutor e os dois foram embora da praça. E o gordinho ficou solitário, cabisbaixo, sentado naquele banco... Como ficara há horas atrás. Enquanto isso, dois pirralhos, que viram a cena toda, discutiam sobre o assunto.

- Viu aquilo?
- Se vi.
- Estranho, não?
- Não achei, não...
- Ué, por que?
- Porque o bolo da mamãe já saiu do forno.
- Hã?
- HAHAHAHAHA! Tô zoando, seu mané!
- Ah, bom; por um momento eu achei que isso era contagioso.
- E por que achou isso?
- Porque... Ah! Porque as bolinhas de gude custam 5 centavos!
- HAHAHAHAHA! Lógico, né?
- Totalmente!
- É... Tá ficando tarde, não?
- Tá sim. Vamos pra casa.
- Já é.

E os dois pirralhos foram para as suas casas.

Moral da história: No dia seguinte, os dois pirralhos contraíram...

























































Tuberculose.