Stefano Mitchel e o Cajado Ômega. escrita por Butterfly


Capítulo 13
Capítulo 12: Ganhos e perdas.




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Kaede mantinha o tridente apontado para Martin que apenas abaixou a lança entendendo que o garoto de cabelo azul queria muito lutar. Anfitrite tentou aproveitar a guarda do garoto aberta pra tentar mata-lo, mas nada adiantou, pois era só ilusão, o garoto ainda se mantinha materializado em água.

–Eu sabia que você ia tentar uma dessas Anfitrite. –Kaede sorriu tirando o tridente e o jogando longe.

–Você realmente aprendeu alguns truquinhos afinal. –Sorriu a Deusa. –Mas meu filho, você não é o único que sabe fazer esse tipo de coisa.

Os dois avançaram um contra o outro criando um grande impacto que jogou água pra tudo quanto é lado, enquanto Martin já se mantinha fora do alcance da luta pra não ser atingido.

–Kaede, você consegue dar conta? –Gritou Martin.

–Vai logo, Martin.

Martin correu para dentro do hospital, Kaede defendeu com o “Gold Trident” o ataque de Anfitrite, a empurrando para fora do alcance. A mulher lançou ataques de água que tomaram forma de um tubarão martelo em direção ao garoto de cabelo azul, que correu subindo, tomando impulso no tronco de uma árvore, saltando, ficando de cabeça pra baixo e girando no ar para tentar acertar Anfitrite, que apenas explodiu em água deixando ali uma cratera feita pelo garoto.

Dentro do hospital, Martin encontrou Tâmara no meio do corredor, então ela também não tinha adormecido.

–Martin o que tá havendo aqui?-Perguntou Tâmara. –Quando revistei o hospital todos estavam dormindo e não acordam.

–To desconfiando que tem mais um metido nessa história. –Martin saiu andando com a mão no queixo. –Se todos estão dormindo quer dizer que o Stefano e a Gracielle não acordarão tão cedo...

O ruivo tentava descobrir o que estava acontecendo, apesar de ter uma idéia queria chegar a conclusão certa... Tâmara fitou Martin com o seu arco apontado para ele, o brilho da ponta da flecha fez Martin perceber o arco dela apontado pra si.

–Tâmara. –Martin arregalou os olhos.

–Morre.

Tâmara atirou a flecha, que a cada vez que ia ao alcance de Martin o poder concentrado na ponta ficava cada vez maior e maior. O ruivo por sorte conseguiu desviar de tamanho poder, mas foi atingido no peito abrindo um corte que chegou a escorrer sangue por seu corpo.

–Maluca. –Martin pôs a mão no ferimento.

–O seu sangue é tão belo e combina bem com a cor de seus cabelos. –Tâmara sorriu apontando novamente a flecha pra Martin. –Mas garanto que da próxima vez eu não erro.

Do lado de fora do hospital, Anfitrite movia-se rápido e ágil desviando-se dos ataques de Kaede, o mesmo não ficava parado, procurando se movimentar para não ser atingido, e muito menos seria em sua forma de água.

–Estamos nisso há um tempo e você não me acerta. –Anfitrite apenas ria enquanto se esquivava.

–Pare de agir feito criança. –O garoto conteve seu ataque.

–Eu, uma criança?-Anfitrite ficou cara a cara com Kaede, o olhando nos olhos enquanto flutuava no ar. –Então, essa luta pra você é uma brincadeira de duas crianças?

–Não sou criança. –Enfurecido atacou Anfitrite, que agiu rapidamente esquivando-se.

–Me atacando desse jeito não vai me acertar mesmo. –A voz de Anfitrite ecoava no ar. –Hahahahaha, porque até agora, isso pra mim está muito divertido.

–Porque não simplesmente para com isso e vem lutar de verdade. –Kaede gritou. –Eu não gosto de joguinhos.

Enquanto isso, Martin se esquivava das flechadas de Tâmara, que, por sinal o ruivo já levara um monte, e se encontrava com alguns ferimentos pelo corpo que aparentavam que as flechas haviam sido pegas de raspão. Ainda assim, o sangue dele jorrava sujando as paredes enquanto desviava.

–Não vai sobreviver se continuar assim. –Disse Tâmara. –Está perdendo muito sangue, Martin.

–Por mais que eu tenha vontade de encher a sua linda cara de porrada, não posso. –Falou Martin. –Não consigo...

–Não vai nem reagir?-Tâmara atirou outra flecha despreocupada. –Que decepção, esperava uma boa luta.

–Tsc, não cala a boca não?-O ruivo pôs a mão sobre o ferimento deixando o sangue escorrer pela War Spear que já havia sido ativada. –Tsuka no Ketsueki(Lâmina de sangue)

O rapaz atacou Tâmara que apenas ficou parada recebendo o ataque que lhe atravessou sem lhe causar um arranhão.

–Como eu suspeitava, você não é real. –Martin se conteve.

–Diga-me Martin, se eu não fosse real, meus ataques surtiriam efeito?-Perguntou Tâmara estava se preparando para atirar outras flechas, mas abaixou o arco e pegou apenas uma. –Vou fazer melhor, vou te provar que sou real... Matando esse garoto.

Tâmara apontou a flecha pra Stefano que ainda estava inconsciente, mirando no tubo da máscara de oxigênio.

–Ora, essa conseguiu me provar que você não é a Tâmara. –Sorriu Martin. –Se você fosse mesmo a Tâmara, não usaria esse blefe antigo.

–Não tem medo do que pode acontecer com esse garoto? Você ainda acha que estou blefando. –Tâmara soltou só um pouco a flecha deixando-a escorregar pra baixo, com a ponta bem perto do tubo de oxigênio.

–Vá em frente, você não queria mata-lo... Porque não faz isso? Já sei o porquê... É porque não vai acontecer nada, não causará dano nenhum a ele. –Martin sacou a War Spear. –Sabe, a Tâmara não faria essa embromação toda, já o mataria e já que me fez perder tempo com toda essa piadinha, eu sei que isso é apenas um sonho.

–O-O que vai fazer?-Tâmara deixou a flecha cair no chão, recuando assustada. –Não pode, seu ataque não fará efeito nenhum...

–Kiri-kizu no chi(Cortes de sangue). –O ataque foi lançado em direção de Tâmara, e se multiplicou em várias lâminas acertando-a, que tentava se esquivar. Vários ferimentos foram-lhe abertos, jorrando sangue, que se misturou ao ataque dele. –Então por que recuou assustada, se não surtiria efeito?

–V-Você cof cof. –A garota de cabelos prateados rastejava em direção ao ruivo, pegando o pé dele com uma faca na mão. –Eu vou...

–Ainda com isso. –Martin afastou o pé e se ajoelhou pegando o rosto da garota enquanto a olhava nos olhos. –Como sempre em confusão não é? Eu tinha prometido cuidar de você, não é verdade?

Martin a abraçou encostado na parede. Tâmara assustada e toda ensangüentada soltou a faca e abraçou o ruivo, tremendo, sentiu as lágrimas escorrerem por seu rosto e encostou a cabeça no peito dele com uma expressão que parecia ser medo, sabia que não era real e tinha medo disso, de desaparecer.

–Bobona, eu vou ficar aqui com você até tudo se desfazer. –Martin sorriu a abraçando fortemente. –Não sempre estive com você?

O ruivo mais nada disse, apenas deixou que a morena se acalmasse repetindo as palavras em sua mente “Perceba Kaede”, sabia que não poderia sair de lá se tudo era apenas um sonho, mas o garoto de cabelos azuis sim... Ouviu as palavras gritarem em sua mente enquanto ainda lutava contra Anfitrite... Olhou em volta procurando o que estaria mantendo o ruivo preso no mundo de sonhos e percebeu que mesmo com toda aquela batalha os passarinhos ainda continuavam a cantar, não se moveram dali um momento sequer.

–É isso. –Kaede num rápido movimento girou o tridente puxando toda a água que tinha ali do hospital: bebedouros, pias, caixas d’águas, criando um imenso circulo de água -Arashi no Mizu(Tempestade de água)

Toda aquela água foi lançada em direção aos pássaros, os envolvendo numa esfera que diminuía de tamanho, os apertando até explodirem e finalizando com toda aquela música. As penas voavam e a água escorria por aquela árvore e é claro indo cair no chão... O mundo de sonhos começou a se desfazer, tudo estava sendo quebrado como se fosse um espelho, dando lugar a um grande vazio, que aumentava mais e mais.

–Já começou. –Martin soltou Tâmara, segurando firmemente seu rosto enquanto sorria. –É melhor assim, sabe. Deus, você parece uma gata assustada.

–Por que ficou aqui comigo?Mesmo eu tentando lhe matar.

–Você ainda não sabe?-As lágrimas vieram aos seus olhos verdes e escorreram por seu rosto. –O que eu tinha prometido quando éramos crianças?

–Não descumpriu essa promessa nem mesmo em seu sonho. –Tâmara sorriu enquanto começou a desaparecer. –Você cuidou de mim até mesmo aqui...

Martin sorriu enquanto via Tâmara desaparecer por completo. Tudo começou a escurecer fazendo tudo aquilo desaparecer. Martin fechou os olhos e quando os abriu estava deitado no chão do quarto de Stefano, com Tâmara ajoelhada balançando seu ombro, pra ver se reagia.

–Martin. –Tâmara o balançou. –Finalmente.

–Tâmara, estão todos bem?

–Queria poder dizer que sim, mas o Stefano ainda não acordou. –Tâmara falou enquanto se levantava. –Kaede ainda está lutando contra Anfitrite, cara, não acredito que conseguiu ser pego pela magia do sono.

–É, eu dei esse mole. –Martin se levantou.

Enquanto que com Kaede, o céu claro se desfez dando lugar ao céu alaranjado, percebeu que quando lutava o sol ainda estava no céu e o tempo não mudou em momento nenhum, a camuflagem de Anfitrite também foi quebrada, afinal era tudo um sonho, o garoto de cabelos azuis estava sonhando acordado, mas tudo isso acabou. Anfitrite não tinha mais onde se esconder.

–Então, era isso?Não conseguiria me enfrentar sozinha então tinha pedido ajuda?-Kaede encostou o cabo do tridente no chão. –E ainda tava falando de mim?

–Ora essa, levou bastante tempo pra perceber. –Anfitrite também fez a mesma coisa com o tridente. –Ainda não vou retirar nada do que eu disse, estou vendo que eu tinha razão.

–Chega de conversa. –Kaede avançou pra cima de Anfitrite tentando ataca-la com o tridente, mas ela desviava e defendia com a sua arma.

Kaede continuou por um tempo naquele jogo de “Bate” e “Defesa”, depois saltou para frente ficando atrás dela, tentando perfura-la com o tridente, só que, nada adiantou, atravessou o corpo dela com a arma como se atravessasse água.

–Vai continuar nisso, sabe que não vai adiantar. –A mulher pegou repeliu Kaede, o jogando longe. –Vou te contar uma coisa, nós Deuses da água podemos nos materializar em água, transformar o nosso sangue em água se quisermos, mas entre nós Poseidon é o que tem mais água, o corpo dele é de 80 % água. –Anfitrite pegou o tridente de Kaede e o jogou no chão. – Enquanto eu tenho apenas 18 % de água, mas isso ainda me dá uma vantagem sobre você, que apenas tem 2% de água.

–Vai ficar me dando uma aula de física agora?-Kaede se levantou, se preparando pra confronta-la novamente. –Sempre detestei química. –Kaede deu um salto desaparecendo aos olhos de Anfitrite.

–Ora, essa pare com isso. –A mulher se transportou materializando seu corpo em água na frente do garoto de cabelo azul e o jogando no chão. –Fugir não adianta mais.

Anfitrite tentou perfura-lo com seu tridente, mas o garoto fez sua arma voltar pra sua mão, se defendendo empurrando o outro tridente e obrigando a Deusa menor sair de cima de si, e logo se levantando.

–Fugir? Não seja ridícula. –Kaede lançou o Gold Trident no ar. –Eu não fujo de uma luta... Eu me rendo, já que não tem nenhuma maneira de te derrotar, você é 18% água, vamos, acaba logo com isso. –O garoto de cabelos azuis abriu os braços fazendo um sinal para que lhe acertasse no peito.

–Kaede saiba que eu não queria isso pra nenhum de nós. –A mulher sacou o tridente. –Mas é o melhor a ser feito.

A Deusa menor perfurou o corpo de Kaede com o tridente, jorrando o sangue, e começou a perfura-lo várias vezes. Ela sentiu um tremendo choque correr por todo corpo dela. Kaede sorriu, e enquanto de sua boca escorria um filete de sangue, explodiu em água ,deixando apenas o tridente ali escorrendo água ao invés de seu sangue. Os choques ficavam cada vez mais fortes, machucando o corpo aquático de Anfitrite, mas o responsável por fazer aquilo para a Deusa menor, ou melhor dizendo, os responsáveis eram os cabos de energia soltos dos postes do hospital.

–Ser 2% água tem suas vantagens. –A água se mexia no chão tomando a forma de Kaede e se materializando. –Deveria saber que a água conduz a eletricidade, Anfitrite.

O corpo aquático explodiu e toda a água se moveu no chão tomando a forma de Anfitrite, só que algo estava errado, a água começou a escorrer e a mulher se materializou também dando lugar a água que escorria no lugar junto com o sangue das feridas abertas, não agüentou dar mais nenhum passo, e caiu no chão.

–V-Você é bem forte. –Anfitrite sorriu.

–Seu erro foi me subestimar. –Kaede apontou o tridente pra Anfitrite enquanto pisava em seu ombro. –Só que estou em duvida se acabo com você agora ou te deixo morrer agonizando.

–Sim, você não é aquele garoto dócil que costumava ser, ficou mais forte e melhorou muito. –Anfitrite sorriu. –Meu filho.

–Agora sou seu filho. –Kaede tirou o pé e se ajoelhou, a pegando pelo vestido.

–Sempre te amei como um filho, Kaede, acompanhei seu nascimento e fiquei feliz quando aquela bolha do mar tomou a sua forma. A mulher acariciou o rosto do garoto, o sujando de sangue. –Eu queria tanto te salvar, não queria que você se arriscasse nessas coisas, que cheguei a esse ponto.

–Anfitrite. –Kaede sussurrou.

–Já tinha um lugar garantido pra você no Elíseos, lá eu saberia que você estaria bem e seguro.

–Eu nasci preparado pra isso. –Kaede segurou o corpo de Anfitrite. –Deveria saber disso.

–Sim eu sei, mas os Deuses menores pretendem trazer o mal de volta pra esse mundo. –Explicou a mulher. –O mal, a portadora daquela caixa, esteja atento, meu filho. Os Deuses menores agora têm três cristais, aja rápido Kaede...

Anfitrite não reagiu mais, seu coração havia parado de bater e a mão que acariciava o rosto de Kaede iria cair no chão, se ele não a segurasse.Kaede sentiu uma mão tocar o seu ombro, era a mão de Martin, que viu a cena, e entendendo o que havia acontecido ali, lágrimas vieram aos olhos de Kaede, não conseguindo mais se segurar, ele queria chorar, mas estava tentando se segurar, não gostava de chorar principalmente perto de outra pessoa ou pior, perto de seus amigos... Tentativas fracassadas, pois ele chorou abraçando o corpo de Anfitrite, de sua mãe.

–Martin, agora você entendeu a minha pergunta? –Tâmara perguntou tristemente, ver o garoto de cabelos azuis abalado daquele jeito mexia com ela. –Por que o amor nos leva a fazer loucuras como essa?

–Isso é uma coisa que nem eu mesmo sei responder, Tâmara. –Respondeu o ruivo, ainda fitando Kaede. –Essas lutas chegaram a esse ponto?A ponto de mãe e filho lutarem um contra o outro?

–É tão errado isso. –Tâmara abaixou a cabeça, mordendo os lábios. –É difícil superar, nós tentamos salvar vidas e descobrir isso, que no final somos nós quem as destruímos.

–Não pedimos pra nascer, não pedimos pra sermos assim, mas somos e temos que nos conformar. –Martin cerrou os punhos, olhando para o hospital. –Stefano, trate de despertar.




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