“Vai para casa agora, Sakura. Eu trato do resto.” A colega de trabalho de Sakura disse, retirando um grande peso dos ombros da médica-ninja de cabelos rosa.

“Obrigada.” Agradeceu, meio em que um suspiro. “Até amanhã, Ana.” E sorriu. E foi a sorrir que ela percorreu o corredor que dava saída ao hospital, e foi a sorrir que ela percorreu as ruas de Konoha, enquanto recebia os sorrisos das outras pessoas que a reconheciam como a salvadora de Konoha.

Se formos avaliar a vida dela, talvez os horários apertados fosse a única coisa de que ela realmente de pudesse queixar.

Afinal, ela era uma mulher de sucesso, discípula querida da Hokage, dona de capacidades curativas que faziam os habitantes da vila reconhecê-la, e habilidades de luta que faziam os outros ninjas respeitá-la.

Alvo de inveja por muitas pessoas.

Mas se é assim, porque o sorriso dela desapareceu no momento em que ela se viu fechada em casa? Ela mesma nem sabia. Apenas sabia que fechava a porta à chave para não deixar o mundo entrar.

Mas também, quem iria sorrir com aquela papelada toda em cima da mesa?

Sentou-se e analisou todos aqueles papéis, como tinha prometido a si mesma que iria fazê-lo assim que tivesse tempo.

A sua expressão mudou ao ver um convite que passava muito despercebido ao lado de todas as outras cartas. “De: Hyuuga Hinata” leu para si mesma. Estranho.

“SAKURA-CHAN!”

Sakura deu um salto da cadeira onde estava sentada com o susto.

“Naruto…” Incrível, mesmo quando ela trancava a porta, ele conseguia entrar no mundo dela. “O que estás aqui a fazer?”

“Vim ver-te.” Sakura suspirou e sorriu.

Aquilo era completamente egoísta da parte dela. Depois de todos estes anos, ainda não tinha dado uma resposta definitiva aos sentimentos de Naruto, com medo que este deixasse fazer parte do seu mundo.

“Recebeste o convite da Hinata?” Ele perguntou-lhe. Ela afirmou. “Vais?”

“Não sei. Tenho tido muito trabalho e…”

“Cobarde.” A palavra que Naruto pronunciou acabou com as palavras de Sakura. “Eu sei que queres ir. Vamos, Sakura! Estás mortinha para voltar a momento desses com os teus amigos. Há quanto tempo não ofendes a Ino? Nunca mais te vi a falar com ninguém. O que se passa contigo Sakura?!”

Sakura não conseguiu responder. Aquilo era tão verdade. O que se passava com ela? De um momento para o outro viu-se com medo de enfrentar aqueles a que antes chamara amigos.

As lágrimas começaram a cair. Ela sabia desde o início.

Ela era má pessoa. E todos sabiam disso, menos Naruto. Todos viam os seus motivos egoístas ao ela não dar nenhuma resposta a Naruto. Todos, menos ele. Por isso é que Sakura o queria prender no mundo dela.

Sem ele, ela ficaria completamente sozinha.

Como poderia ela continuar a falar com todo o mundo como se nada fosse, quando ela uma pessoa tão horrível assim?

Sentiu uns braços a rodeá-la e puxá-la para um abraço caloroso.

“Ninguém te odeia, Sakura.” As lágrimas caíram ainda mais ao ouvir as palavras dele.

Aquilo era tão mentira. “Só tu é que não vês, Naruto.” Ela quis gritar. Mas não gritou. Pois ele era o único que não queria perder. Ele era o único que ainda não perdera.

“Quem começou a distanciar-se deles foste tu, Sakura. Não o contrário.” Ela deixava-se continuar nos braços dele. “Vamos os dois, tudo bem assim? Eu não te deixo sozinha.”

Sakura concordou em silêncio e retribuiu o abraço, sentindo-se a pessoa mais horrível do mundo.

Como podia ser ela uma pessoa assim tão… desprezível?