O futuro dos meus sonhos

“Todos os que um dia formaram um time estão agora separados. Cada membro seguiu seu caminho. Acontece com toda a gente. Irás ver que, quando olhares para trás, tudo não passará de lembranças.”

Tenten ouvira aquela frase vezes demais, das mais diversas pessoas. Mas nunca acreditou nela. Pensou que poderia ser a excepção. Nada mudaria. Mas a realidade não era essa. E a realidade caiu sobre ela. Tudo mudou.

E o seu presente não era de longe o futuro perfeito que ela imaginara. Mas era normal. Futuros perfeitos são esperanças com que as crianças sonham. E ela já não era criança.

Ela já não se levantava para ir para um treino intensivo com o seu sensei. Ela já não ia a missões com os seus companheiros e os seus companheiros já não eram chamados à sala da Hokage. E ela já não gritava “Matte!” quando eles saíssem a correr e a deixassem para trás.

Sim, as coisas tinham mudado. E ela nem se apercebeu. Assim como não se apercebeu o momento em que gritar “Matte!” se tornara absurdo.

Aos poucos e sem dar por isso, o time mais forte e unido de Konoha separou-se. E cada membro seguiu seu caminho.

Agora Tenten não tinha horários. Cumpria missões simples, geralmente sozinha. Ela era uma Ninja medíocre e não queria ser um peso para ninguém. Ela comprava comida instantânea, pois não sabia cozinhar.

Quantos aos seus companheiros de time, eles tinham-se saído muito bem. O Lee continuava o Lee, o Neji continuava o Neji. Ambos faziam missões perigosas e eram conhecidos. Tenten sempre ouvia falar deles quando caminhava pelas ruas de Konoha. “O génio do clã Hyuuga isto.”, “A Besta Verde aquilo”.

Para aqueles poucos que se lembravam dela, ela não passava da “companheira do Génio Hyuuga e do Rock Lee.” O título de “Mestra de Armas” depressa se perdeu quando o time de separou.

Mas ela não se importava. Sempre vivera nas sombras do brilho dos companheiros. Ela nunca se importou. Ficava feliz por eles.

Ela própria não tinha uma vida miserável. Tinha uma vida razoável, medíocre. Assim como ela. Tinha uma casa nem grande nem pequena, tinha um namorado nem bonito nem feio, não era rica nem era pobre. Quem olhasse para ela não perceberia que ela estava infeliz.

Por isso, quando recebeu o convite de Hinata para um jantar na Mansão do clã Hyuuga com todos os seus “amigos” para “por a conversa em dia e isso” – palavras escritas timidamente por Hinata – ela pensou em recusar. Não tinha nada para por em dia. Esforçava-se para mostrar que estava feliz, mas numa conversa mais aberta do que “Oi. Tudo bem? Como vão as coisas?” em um encontro de rua não conseguiria esconder o seu descontentamento. E as pessoas perceberiam que ela era infeliz. E ela não precisava da pena de ninguém naquele momento para a fazer sentir – ainda mais – fracassada.

Ela não precisava dos olhares superiores que a criança, o homem que ela amara por tanto tempo a julga-la de novo.

Ela não queria ver a felicidade de todos e fingir a sua. Ela não queria ver o como e tão ele estava feliz. Ao contrário dela.

Mas depois, apesar de todos os senãos, ela decidiu ir. Na ilusão idiota de relembrar os velhos tempos. No fundo, tinha esperanças que tudo pudesse voltar a ser como era antes.