Sério, eu vou matar seu pai!

Você acredita que ele viajou sem falar nada pra mim? Tá que eu disse que ele não precisava me dar satisfações, mas custava nada avisar que ia sumir por cinco dias?!

Ah, esqueci de me desculpar por não escrever nos últimos dias, mas é que eu fiquei tão atolada de dever de casa, mudança e tentar convencer Alexia que eu estava bem que eu acabei esquecendo completamente de escrever.

Sim, continuando com a minha raiva...

Eu chego do colégio e encontro o guarda roupa dele quase vazio, seu carro não estava na garagem e ele matou aula.

Eu quase morri de susto e preocupação quando notei seu desaparecimento, eu apenas soube que ele tinha viajado por que uma empregada me disse, pois ele nem foi capaz de deixar um bilhete me avisando! 

 Seu celular estava desligado, devia estar dentro do avião direto para Aspem.

O que ele tinha na cabeça?!

Titica de galinha, só pode...

Anna chegou da escola e veio falar comigo.

-OOi! – Ela falou largando a mochila no chão e me abraçando – Eu te esmaguei sobrinho?

-Oi Anna, você sabia que seu irmão foi pra Aspem?

-Claro, a mais de um ano. –Ela falou dando os ombros.

-O quê?!

-O Richard tá lá, casou com Bianca, ela é uma chata! – Falou em tom de conspiração a ultima parte.

Suspirei aliviada, confesso que já estava pensando que aquela menina tinha um parafuso a menos.

-Você tem outro irmão sem ser Matthew? –Perguntei para a menina que já colocava a TV do meu quarto em um canal de desenhos.

-Aham. Ele é o mais velho de nós, tem vinte e sete anos.

-Ah.

Ela me olhou de canto de olho.

-É o melhor amigo de Matt, mas por que tanto interesse no meu mano, você não tá namorando o Matt? – Ela perguntou com os olhos afiados.

-Nã... Não é isso, é por que Matt viajou e eu fiquei preocupada...

-Quer o telefone de Riquinho?

Ela pareceu ler meus pensamentos.

-Quero. Você me dá?

Ela pulou da minha cama e pegou o telefone sem fio no seu quarto, procurou na agenda telefônica e ela mesma ligou.

-Oi chata, cadê meu Riquinho? –Ela falou em tom pratico e sério, que eu me segurei para não rir, como uma garota de cinco anos podia ser tão insolente?

Depois de um tempo, ela deu um gritinho.

-Oi! Tá tudo bem... Sr urso sente tua falta... Eu detesto espinafre, eu não vou comer nem por você!... Quando você vem?

Tive que esperar ela tagarelar por aproximadamente quinze minutos até que ela se lembrou de falar sobre Matthew.

-Riquinho, a noiva de Matt quer falar com ele.  – Depois me jogou o telefone.

Eu quase engasguei, olhei para Anna que sorria inocentemente.

Ah, Essa garota...

-Alô? – Falei constrangida com ser apresentada como noiva de Matt – Olha, eu não sou...

-Um minuto Anna que Matthew tá vindo aqui... Matt, Anna! Peraí linda que ele já vai atender viu? – Sua voz era gentil e bem parecida com a do outro irmão.

-Ok... Obrigada.

-De nada. Mas me diga como está o bebê, finalmente você vai fazer meu irmão quietar o facho? – Ele perguntou brincalhão.

Não pude responder, pois, parece que o direto de falar comigo foi tomado abruptamente por outra pessoa.

-Idiota. –Matthew murmurou.

-O quê?!

-Calma, não foi com você não, foi com o imbecil do meu irmão.

-Ah, tá...

-Mas e aí, você me ligou pra quê? – Ele falou grosseiramente.

-Pra saber como você tava... Você saiu sem avisar... Fiquei preocupada.

Esperei realmente que ele não notasse meu tom ressentido.

 -Estou bem, e você não precisa se preocupar, eu não irei demorar aqui... São só cinco dias.

-Ele tá fugindo de você, Anna. – Richard gritou perto do telefone.

-Cala a boca! – Matthew gritou de volta – Não tô fugindo de ninguém...

-Matt? –Chamei hesitante.

-Sim?

-Vem pra cá logo, tô com saudade. – Confessei.

  Ficamos num silêncio mortal depois disso.

-Matt? – Chamei-o mais uma vez – Ainda está aí?

-Tô. Só estou digerindo o que você disse... Por que está com saudade, de mim?

-Por que ela te ama, otário! – Richard se meteu novamente.

Agora quem ia o mandar calar a boca era eu!

 -Não é isso. – Afirmei nervosa – Só que a cama fica meio... Vazia sem você.

-Ah, tá. – Senti o seu tom irônico.

-Ah, sabe de uma coisa?! Fica aí! Você é um zero a esquerda mesmo, vive fazendo burradas e é um irresponsável.

-Mas mesmo assim você tá louca pra que eu volte, né?

Nessa ele me pegou de guarda baixa.

Respirei fundo e disse:

-Volte se você quiser, se acha que tem responsabilidades aqui volte! – Gritei irritada.

Bati o telefone na cara dele, nem havia percebido que Anna continuava no quarto, me olhando surpresa.

-Você é raivosa! Gostei. – Deu-me um beijo estalado na bochecha e saiu correndo. 

Tentei me tranqüilizar, mas foi quase impossível.

Liguei para Alexia, ela não atendeu.

Liguei para Gabriel.

-Alô? –Ele falou sério, eu jamais o vi sem estar de bom humor e brincalhão.

-Oi Biel, sou eu Anna.

-Ah, oi Anna, e aí? Problemas no paraíso?

-Um pouco, mas e você, cadê Alexia?

-Não sei e tenho raiva de quem sabe. – Ele falou duro.

-Calma, o que aconteceu?

Eu jamais vi os dois brigarem feio, apenas briguinhas idiotas e depois eles faziam as pazes  em cinco minutos.

-Ah, podemos nos encontrar? É complicado demais pra falar por telefone...

-Claro, onde?

- Eu te pego aí daqui uns cinco minutos, ok?

Não me importei que ele tenha ignorado minha pergunta, ele deve tá todo perdido por causa do seu rompimento com Alexia.

Seria bom ter algum assunto que não seja Matthew em minha cabeça.

-Anna, eu vou sair. – Gritei batendo em sua porta.

-Com quem? – Ela perguntou curiosa.

-Com um amigo. – Falei descendo as escadas.

-Eu vou contar pro Matt! – Ela gritou.

-Vai lá. – Como se ele ligasse, quis completar.

Isso é que se chama irmã, leal até a morte.

Gabriel já estava à minha porta, aliás, na porta de Matthew.

-Oi. – Ele abriu aquele sorriso colgate.

-Oi. –Falei dando um beijo na sua bochecha.

Ele retribuiu, mas demorou um tempo que achei bastante desnecessário.

-Agora desembucha! O que foi que aconteceu?

-Cansei de Alexia, Anna! – Ele falou num suspiro – Ela é sempre histérica, controladora, cansei dessa maluca.

-Calma aí nos adjetivos Gabriel! Eu posso gostar de você, mas Alexia é minha melhor amiga.

  Ele parou num pub perto, era bem arrumadinho e familiar. Gabriel puxou minha cadeira e eu me sentei à sua frente.

-Nosso namoro já não tava dando certo, eu só dei o passo...

Senti que tinha uma coisa a mais, pois, eles não terminariam por monotonia um namoro de quase três anos, né?

-Gabriel, você tá com outra? – Arrisquei.

Pelo seu olhar, percebi que eu tinha acertado na mosca.

-Como você pode fazer isso com ela, Biel? Traí-la com outra... – Eu estava decepcionada com ele.

-Eu não a traí. – E segurou minha mão – Só estou apaixonado por outra pessoa.

-Como assim?!

-Eu não amo mais Alexia, Anna...

- Eu entendi isso, mas quando foi? Foi em Londres?

 -Não, foi aqui.

 -Então, desde quando você está apaixonado por outra pessoa, pois como você pôde viajar com Alexia por um mês se já tinha outra no pensamento?

-Desde a semana passada...

-Então, você está largando uma garota maravilhosa, por uma garota que você conhece há uma semana?!

Sério, eu juro que jamais vou entender a cabeça dos homens...

-Não, eu não a conheço somente há uma semana, mas sim a muito tempo... – E me mandou um olhar cheio de significados.

A ficha caiu.

-Você está apaixonado por mim, de verdade? – Eu ri.

-Não ria, eu não estou brincando.

-Pois, pra mim isso só pode ser uma brincadeira de extremo mau gosto. Gabriel eu tô grávida de outro!

-Damos um jeito!  Eu posso criar esse bebê como se fosse meu, sei lá! – Seus olhos brilhavam.

-Gabriel, você não tá entendendo, eu AMO o Matt, ele é o pai do meu filho. – Falei me levantando.

-É verdade? – Porém percebi que não foi Gabriel que tinha dito a pergunta.

Olhei para trás e encontrei Alexia com Matt, Alexia ria da minha cara, palhaça.

-Isso tudo foi uma armação? –Acusei aos dois imbecis, Alexia e Gabriel.

-Ah, amiga... Vocês dois merecem ficar juntos que nem eu e o meu amor, ESTAMOS NOIVOS!

E me mostrou um anel gigantesco.

-Parabéns, amiga! – Falei tentando ignorar Matt.

Abraçamos-nos e nos despedimos deles. Matt ficou calado o tempo todo,  isso estava me deixando nervosa.

-Você chegou quando?

-Eu jamais viajei, sua amiga me ligou pedindo pra que eu fosse pro Plaza e eu levei meu irmão e cunhada comigo... Sua amiga é louquinha...

-É, eu sei.

-Vamos conversar sobre isso? – Ele perguntou.

-Ah, Matt eu acho que é só carência de grávida nada de mais, quando o bebê nascer tudo vai voltar ao normal, tá?

-Se você diz...