Mom s Diary escrita por Nath Mascarenhas


Capítulo 11
Quarta, 18 de setembro.


Notas iniciais do capítulo

Gente, esse cap é meio tenso, espero que curtam.



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Acordei tão cansada que mais parecia que eu tinha dormido no chão, quer dizer, acho que o chão felpudo rosa do quarto da Anna é bem melhor do que me espremer numa minúscula cama de criança.

Levantei rezando para que fosse antes das oito horas, e eu não estivesse perdidamente atrasada para aula.

Saí chutando várias bonecas, quase tropecei numa casa da Barbie e enrosquei meu pé num treco rosa que parecia mais uma armadilha para adultos.

Espero que quando você nessa idade tenha menos arapucas dentro do seu quarto, pois como eu já disse, eu sou um CAOS quando acordo.

Percebi que tinha alguém acordado no andar de baixo, pois a TV da sala tava ligada. Desci as escadas esperando encontrar Bianca, cunhada de Matt, pra ver se ela me dava umas dicas de gravidez... Mas encontrei Matt e Rick conversando animadamente.

Fiquei no pé da escada, não queria interromper, principalmente ao perceber que o alvo da conversa dos dois era euzinha aqui.

-Não dormiu, hein? – Rick falou provocante – A Anna tá te dando muito trabalho?

-E como... Acho que até esse bebê nascer, eu vou enlouquecer! – Ele suspirou.

-Hum, quer dizer então que ela não é tão certinha quanto parece? – Rick perguntou maldoso. – Aquela gostosa deve ser uma loucura na cama.

Vi Matt olhar feio pra o irmão, e o ouvir falar em tom ameaçador:

- Nunca mais falte o respeito com a minha MULHER, tá ligado? –Eu quase caí da escada quando ouvi como ele se referiu a mim – Você não me vê chamando sua esposa de gostosa, né?

Rick riu.

-Casou mano? Nem me chamou pro casório... – Falou num falso pesar.

-Não, mas ela vai ter o meu filho, mora na minha casa, dorme na minha cama, veste a droga da minha roupa, então sua mulher é que não é! – Falou mal-humorado.  – Mas por que diabos você começou com esse papo que ela é ou não boa de cama?

-Ah, não vai me dizer que não está aproveitando a gravidez dela? – Ele perguntou irônico.

-Pra quê, imaginar formas de suicídio? –perguntou amargo.

-Não, seu imbecil. Mas com o sangue circulando três vezes mais no corpo dela, ela deve estar subindo pelas paredes.

Eu quase descia só pra dar um murro naquele intrometido, quem ele acha que é para ficar espalhando minhas irregularidades hormonais para Matt, mesmo que seja completamente verdade?!

Mas eu poderia jurar que não era por causa da gravidez... Tá, filho, se você estiver gritando eca agora mesmo, eu juro que te entendo.

-Duvido. – Ele falou agressivo– Eu não a vejo nesse fogo todo.

-Ah, só se o problema for você, pois eu a Bianca fazíamos que nem coelhos  no inicio da gravidez.

-Eca! Agora vou ter essa imagem pro resto da vida! – Ele gemeu de nojo.

-Mas e aí, e vocês? – Rick perguntou curioso.

-Nada. –Matt respondeu seco.

 -Como assim nada?

-Depois que a engravidei, eu não transei com Anna! – Ele explicou impaciente.

-Coitada...

-Coitado de mim,  tenho que aturar os desejos doidos dela no meio da noite,  e as mudanças de humor repentinas que vem do nada e nas horas mais inconvenientes.

 -Como? – Percebi que Rick se ajeitou no sofá.

-Ah sei lá, por exemplo. – E desligou a TV – Ela acordou hoje de madrugada, querendo uma porcaria de sorvete, e não sossegou até que eu fosse buscar o tal sorvete de napolitano. E depois a maluca me beija e depois começa a brigar porque eu não concordei com sei lá o quê...

 -Cara, quer um conselho de alguém que é casado e convive com uma grávida há seis meses? –Ele perguntou animado – Nunca a questione e sempre concorde com ela.

-Mas...

-Não questione, isso as irritam.

-Mas...

-Sempre concorde ou a única coisa que vai abraçar será a almofada do sofá, acredite, não é melhor opção quanto parece. E lembre-se sempre, elogie, pois, pense como ela deve estar se sentindo em engordar horrores por causa da gravidez.

-Elas engordam é? – Ele perguntou decepcionado.

-Bianca engordou quinze quilos... – Falou tragicamente.

Quinze quilos?!

Só descobri que havia perguntado alto quando os dois viraram e olharam na minha direção, eu morri de vergonha por ter sido flagrada ouvindo a conversa dos outros.

-Ah, oi Anna. –Matt me cumprimentou.

-Oi. É verdade que ela engordou quinze quilos? – Perguntei nem dando ibope pra Matt, olhando apenas para Richard.

-Sim, mas se você disser a ela que fui eu que te contei, eu nego até a morte, ela acha que eu não notei e espero que ela continue nessa ilusão. –Explicou.

Achei fofo o seu gesto, duvido que seu pai fosse capaz de fazer isso comigo, do jeito que ele é fútil e superficial é bem capaz de jogar na minha cara que eu engordei.

Só de pensar nisso, que eu teria minha vida toda entrelaçada a esse ogro, o quanto teria que abdicar e que eu realmente bem lá no fundo já não ligava pra isso e tinha aceitado, uma lagrima caiu dos meus olhos.

Subi as escadas correndo e fui para o quarto chorar.

  -Anna! –Matt me chamou.

Ouvi seus passos firmes na escada e no corredor até a porta, ele abriu a porta, mas nada falou. Eu também sequer desenterrei o meu rosto do travesseiro.

 -Nunca pensei que ligasse para uns quilinhos a mais. – Ele brincou.

-E não ligo, mas e você? – O encarei para saber qual era a reação dele.

Ele se manteve compassivo, como se não estivesse entendido em que ponto eu queria chegar.

-Responde. – Pedi angustiada.

-Você tá me perguntando se eu não vou gostar de você só por que você engordou? – Ele perguntou incrédulo.

-Matthew, vamos ser sinceros e realistas por um segundo aqui. –Falei séria – O que te atraí em mim é a minha beleza, não tente negar. –Falei quando ele fez menção de falar alguma merda típica dele, mas o cortei logo - E quando eu não tiver esse corpo de calendário de borracharia?

Nessa, ele até parou para pensar no responder.

-Eu acho que minha opinião não conta tanto assim. – Ele falou cauteloso depois de um tempo.

-Eu não perguntaria se não contasse, mas pelo jeito até sei a resposta. – Falei segurando as lagrimas, para que ele não me visse chorar.

Eu não ia deixar que aquele imbecil me visse chorar por ele...

-Não ponha palavras na minha boca! – Ele falou na defensiva.

-Você não precisa falar nada, eu sei o que você está pensando.

-Agora virou telepática! –Ele gritou – Você vai ter meu filho, eu tenho que ficar com você do jeito que estiver.

Percebi que ele se arrependeu, mas já era tarde demais.

-Não foi isso que eu quis dizer...

-Não, foi exatamente o que você quis dizer.

Abri o guarda-roupa e pus todas as minhas roupas na mala que Alexia tinha me dado, deixei que as lágrimas rolassem e molhar meu rosto.

-O que você está fazendo? – Ele perguntou com a voz torturada.

-Você não tem que ficar comigo mais. – Falei seca.

Fechei a mala e vesti apenas um sobre tudo por cima da camisola. Desci as escadas fazendo muito barulho com a bagagem, vi que tinha gente acordando com a zoada, pois vi portas abrirem.

Richard que assistia televisão olhou-me sobressaltado.

-Você vai aonde?! – Não foi ele que falou, mas pelo visto eram essas as palavras que ele estava formulando agora em sua cabeça.

Olhei para o patamar superior e falei:

- Prefiro morar debaixo da ponte a te impor minha desagradável presença. – Gritei furiosa para Matthew.

-Vai como?– Ele me perguntou com um sorriso vitorioso naquele rosto estupidamente perfeito.

-Richard, você me leva?

-Não me mete na briga de vocês... – Falou levando as mãos para o alto.

-Querido, leve-a. Não fará bem ao bebê se ela aborrecer agora. – Bianca apareceu e falou autoritária.

-Mas querida...

-Não me questione! – Ela bradou.

-Desculpe mano. – E pegou a chave do carro num vaso. – Vamos?

-Deus, ela te adestrou mesmo, hein? – Matt comentou descendo as escadas e indo até a porta. – Você não vai levar ela pra lugar nenhum!

-Agora eu faço questão! – Ele falou decidido e pegando a minha mão.

-Larga a mão da MINHA MULHER! – Berrou.

Ele soltou com violência.

-Faça bom proveito dela.

-Querem parar de falar de mim como se eu não tivesse aqui?! – Gritei mais alto que todos – Matt desde quando eu sou sua mulher, nós casamos quando que eu não lembro?

-Não precisamos casar pra você ser minha não.

-Ah, agora sim. Virei sua propriedade?! –perguntei incrédula.

-Sim! – Ele falou teimoso.

-Richard me leve agora! – Mandei e ele obedeceu.

-Se você sair desta casa, não precisa nem voltar. –Matt avisou-me duro.

Isso foi que nem uma facada, que eu senti de verdade em meu corpo. Pensei que era apenas minha imaginação, mas eu realmente senti uma dor lacerante na barriga.

-Ai! – Gemi colocando uma mão na barriga e me ajoelhando no chão.

-Olhe o que você fez! – Richard o acusou.   

-Pare de teatro Anna! – Matt falou seco.

Senti que estava sangrando, e toquei no sangue que escorria das minhas pernas.

-Isso é de mentira pra você? –Perguntei mostrando minha mão toda ensangüentada.

-Anna! –O ouvi gritar antes de tudo se apagar.


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Notas finais do capítulo

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