Bonds escrita por frozenWings


Capítulo 16
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas. Acho que demorei um pouquinho pra postar, não?
Estamos no fim do ano e pra mim, isso é sinônimo de correria e falta de tempo. Mesmo assim, me esforcei pra escrever esse capítulo e alongá-lo como uma espécie de compensação.
O próximo capítulo será o show dos Thunders. Será o capítulo determinante. E quando postá-lo, também deixarei um comentário sobre algo que tenho em mente..
Então é isso. Espero que gostem e comentem. Críticas são sempre bem-vindas. Boa leitura. ♥



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Dois grandes olhos se abriram. Eles estavam olhando para um teto vagamente familiar.

Piscaram algumas vezes como se quisessem clarear o ambiente.

Estranhamente, viram a cópia de si mesmos suspensos no teto.

Mesmo que fossem pequenos pontos ofuscados e longínquos, não tinha dúvida, eram os seus olhos.

Uma mão pousara acima de um deles, esfregando-o na tentativa de eliminar aquela imagem estranha e muito provavelmente fruto de sua imaginação.

Não adiantou. A imagem continuou, dessa vez mais limpa e nítida.

Os olhos se desviaram distraidamente para o lado, encontrando um corpo grande e adormecido por baixo de algumas cobertas.

Para o seu embaraço, reconhecia aquele sujeito.

Lentamente, os fios de memórias se apresentaram em um entrelaço. Uma por uma se encarregou de formar uma corrente de informações e acontecimentos organizados, despertando e aguçando os sentidos.

— Grimmjow...! — gemeu Tatsuki, incrédula com a quantidade de informações que de repente surgiu.

Olhou novamente para o alto, enfim, vendo que não passava de um mero teto espelhado.

Tentou conhecer o lugar, vasculhando-o com os olhos.

Fora um pouco inútil. Nunca tinha estado ali e olhar aos arredores só a deixavam mais frustrada... Se é que era possível. 

Um detalhe do quarto lhe chamou a atenção. As roupas estavam jogadas por toda parte, como um rastro de uma espécie de ritual selvagem.  

Talvez a bebedeira a tivesse alterado em algo, foi o que pensou antes de se deparar mais uma vez com o corpo de Grimmjow... Tão viril e cheio de curvas que jamais imaginaria que chegariam a lhe atrair. 

Ela esfregou as mãos na cara, deixando-a ligeiramente vermelha. Era difícil acreditar que tinha feito “aquilo” com Grimmjow.

— O que está fazendo acordada tão cedo? — um bocejo arrastado e mal-encarado formou palavras.

Tatsuki girou a cabeça. O azulado bagunçou os cabelos, sentando-se na cama com preguiça.

— Eu... Eu só... Não me lembro de muitas coisas. — balbuciou, não sabendo ao certo o que dizer ou muito menos o que pensar.

Sem aviso prévio, um dos braços de Grimmjow rodeou a sua cintura, puxando-a contra seu corpo.

— Deixe-me refrescar a sua memória. — ele esticou um sorriso sacana como se estivesse se divertindo com a situação. — Você prefere que eu fale por detalhes ou que conte as partes que mais gostei? — beijou-lhe a bochecha. 

— Esqueça. — murmurou ela, balançando a cabeça.

Não gostaria de ouvir aqueles tipos de atrocidades. Era muito embaraçoso.

Tatsuki desviou os olhos, juntando as sobrancelhas.

— Talvez eu tenha me exaltado. — encolheu os ombros, só agora dando-se conta da distância quase nula que Grimmjow impôs entre eles.

— Está tudo bem. Tudo aconteceu maravilhosamente bem. Não seria errado dizer que foi a minha melhor noite. — ele expirou o ar mais como um longo suspiro, jogando o corpo para trás.

Tatsuki permaneceu sentada, com o lençol espremido entre os dedos para que escondessem os seios.

— E agora? — iniciou, de costas para o azulado. — O que vai acontecer agora?

Grimmjow levou os olhos até o teto, reflexivo com a passagem de alguns segundos.

— Temos uma festa de Natal pra ir. — sussurrou ele, movendo as orbes até a imagem das costas nuas e brancas de Tatsuki.

Ela se virou em um salto, parecendo irritada por algum motivo.

— Idiota! Eu não estava falando disso! E como você diz que vamos a uma festa de natal sem ao menos me consultar? — indagou, com os dentes trincados.

— Do que está falando? Eu respondi a sua pergunta. — retrucou ele, brincando com algumas de suas madeixas. — Depois que eu transo com alguma garota, no dia seguinte, eu simplesmente a dispenso. Dizer que vamos a uma festa pode ser considerado como algo auto-explicativo.    

A garota engoliu a chuva de insultos que estava prestes a despejar em Grimmjow. Ele tinha falado algo que estranhamente, encantou os seus ouvidos.

Ela corou, deitando-se ao seu lado.

— Quando diabos isso aconteceu, Tatsuki? Que feitiço é esse? — riu ele, fitando-a através do espelhado no teto. — Ficar perto de você se tornou espantosamente agradável.

A morena mal podia acreditar e se não tivesse visto os lábios de Grimmjow se contraírem para emitir aquelas palavras, continuaria sem acreditar.

A morena juntou seu corpo ao dele, permitindo que ele a envolvesse com os braços, acariciando-a.

— Faça de suas palavras as minhas. — sussurrou em um de seus ouvidos, provocando o eriçar de seus pelos. — Vamos fazer isso mais vezes.

            Na casa dos Kuchiki, Rukia tinha caído em um sono longo e profundo. Não que tivesse sido fácil dormir depois da noite passada.

Na verdade, só conseguira pregar os olhos por volta das quatro da manhã, quando seu corpo e mente não agüentaram lutar por mais tempo. Os pensamentos então se desmancharam em uma sequência de sonhos sugestivos e muitas vezes, dolorosos.

O baile não terminou tão tarde quanto imaginava... E a noite que passou dançando com Kaien tinha sido, no mínimo, delicada.

Uma definição pouco compreensível, mas que fazia todo o sentido para a pequena.

            A verdade era que agora, não desejava acordar. Sentia-se um pouco doente e sem disposição. Se defendesse essa decisão, talvez ficasse na cama até a metade do dia.

— Rukia! Rukia! Acorde! — alguém chamou-lhe, abafado, mas chamou.

Aquilo a puxou parcialmente de sua sonolência, mas logo foi ignorado pela garota.

Os berros se repetiram, cada vez mais altos e presentes. Agora escutava até mesmo algo colidir contra a porta de vidro de sua varanda, forçando pequenos impactos.

— Ei Rukia! Acorde! — os gritos prosseguiram como um perturbador disco arranhado que empacava na mesma parte.  

Instintivamente, suas mãos esfregaram os olhos, por pouco parecendo que seu próprio corpo quisesse que ela se levantasse.

A garota ainda relutou. Girou de um lado pro outro, tentando achar um melhor ponto para dormir, sendo sempre impedida pelos gritos que continuavam agudos e potentes.

— Mais que droga... — se ergueu, murmurou de mau humor e olhou para a porta de vidro da varanda.

Ela piscou algumas vezes. Não lembrava da sua varanda ser tão branca.

A garota levantou-se, agora com os sentidos mais atentos.

Caminhou na ponta dos dedos, altamente cuidadosa, como se estivesse prestes a explorar o desconhecido.

Ela encostou a palma da mão no vidro, olhando o que havia além dele.

Tudo estava coberto por uma camada espessa de neve que caia alegremente, dançando entre uma brisa e outra.

 — Neve? — murmurou pra si mesma, sem crer no que seus olhos lhe mostraram.

Rukia abriu a porta da varanda, dando curtos passos até que sentisse a neve não só esfriar, como também latejar a sola de seus pés.

Ela examinou o ambiente ao redor. Talvez aquela fosse o traje a rigor da natureza para com o Natal... E era tão lindo.

Tudo branco. Tão silencioso. Tão calmo, como se todos os barulhos fossem derrotados pela densa camada de neve. Só os passarinhos tinham permissão para adicionarem alguma espécie de música de fundo.

A morena respirou funda, inspirando aquele ar gelado da manhã.

O que não esperava era que algo viesse como um foguete, atingindo-a violentamente no meio do rosto.

— Argh! — cuspiu uma quantidade significativa de neve que conseguiu entrar na sua boca.

Limpou o resto que sobrou em seu rosto, procurando o maldito arremessador de bolas de neve.

Aproximou-se da barra de ferro de sua varanda, examinando a área logo abaixo onde viu uma pessoa preparar mais uma de suas bombas alvas.

— Ah, quer dizer que você finalmente acordou... — falou ao erguer a face. Era Ichigo e pelo que parecia, achou divertido ter jogado aquela bola na cara da pequena.

Deveria ter imaginado que só Ichigo tinha a ousadia necessária pra interromper seu sono daquela maneira.

— Ei Ichigo, seu estúpido! Por que não arranja algo melhor pra fazer?! — berrou ela, quase que saltando de sua varanda para lhe agarrar pelo pescoço.

— Idiota, até quando pretende dormir? Até o natal acabar? Pensei que fosse sua data preferida. — rebateu ele, moldando a bola de neve entre suas mãos. — Venha, desça até aqui, Rukia.

— Não estou com cabeça pra brincar com você de arremessar bolinhas de neve, e...

A garota fora interrompida abruptamente por mais uma bola de neve que dessa vez tivera como alvo o seu nariz.  

— QUER PARAR COM ISSO?! — explodiu, batendo uma das mãos na barra de ferro.

— Pare de ser tapada. Quem chamou você pra brincar com bolas de neve? Só estou pedindo pra que desça aqui. Quero te levar a um lugar. — esclareceu ele, mostrando a mesma expressão emburrada de sempre.

— Um lugar? Que lugar é esse? — indagou ela, limpando o rosto.     

— Pare de fazer perguntas. Só desça! — resmungou, não entendendo porque Rukia tinha apreço por prolongar as coisas. — Prometo que não vai se arrepender. — acrescentou por fim, num tom amável.

Rukia o fitou nos olhos, enxergando um brilho de entusiasmo diferente do que viu em dias passados.

A proposta parecia tentadora, apesar das circunstancias. Talvez não tivesse nada a perder, julgando que ele já tinha conseguido extinguir com o único fio de sono que a garota tinha se agarrado durante as poucas horas de descanso.

— Tudo bem. — assentiu.

— Mas me diga, como foi o baile? Quero dizer... Você se divertiu? — perguntou Ichigo, não tão animado como antes.

— Foi legal. — essa foi a única definição que Rukia encontrou. — E você? Vi que perdeu a Inoue para o Ulquiorra.

Ichigo repuxou um sorriso, franzindo a testa.

— Isso sim é legal. Parece que ela gostou dele. — comentou, já enjoado daquele assunto estranho. — Você está demorando demais. Por que não vai se trocar?

— Ora, seu idiota... Você quem estava me prendendo aqui! — rebateu, zangada.

— Eu não estou usando nenhuma corda ou corrente, eu juro. — ele erguera ambas as mãos, colocando-as ao alto como quisesse dizer que era inocente.

A garota o fitou por alguns instantes, bufando e voltando para o quarto.     

Não perdeu tempo. Se dirigiu ao banheiro, tratando de, inicialmente, escovar os dentes e tomar banho.

Adequou o aquecedor do chuveiro, assim não congelando com a temperatura pouco amena. 

Não se demorou muito. O tempo estava ao seu favor.

Antes de trocar de roupa, ela arrumou o quarto, deixando tudo ao seu devido lugar. Esse hábito de organização tinha ganhado de Byakuya que de minuto em minuto, verificava se sua casa estava tão impecável quanto costumava deixar.

Logo, procurou algumas roupas de inverno. Um casaco, roupas finas que podiam ficar por baixo das grossas, calça, cachecol, botas, luvas e quem sabe, uma touca de linhas transversais.

Não apreciou a touca, descartando-a e resolvendo ficar com os cabelos livres e soltos.

Rukia saíra de seu quarto e para a sua surpresa, se deparou com Kaien, fazendo o mesmo.

Eles cruzaram os olhos por longos segundos, até o moreno finalmente terminar de rodar a chave e esboçar um breve sorriso matinal.

Ele passou ao lado de Rukia, sem dizer qualquer palavra, apenas passando.

A garota escutou os passos pesados descerem as escadas. Não havia hesitação.

Rukia fez o mesmo. Desceu, encontrando Hitsugaya próximo a janela da sala.   

O grisalho estava quieto, com um olhar melancólico e concentrado. A primeira vista, parecia que não olhava pra exatamente nada, mas Rukia via melhor, ele olhava atentamente cada floco de neve que descia. 

Kaien aproximou-se de Toushirou, murmurando qualquer coisa que não chegou aos ouvidos da pequena.

Ele tocou a mão em seu ombro, pressionando levemente.

Hitsugaya baixou os olhos e assentiu.

Em seguida, ambos passaram por Rukia em silêncio, como se a princípio ela não existisse ou simplesmente não tivesse muita importância.

O grisalho ajustou o cachecol em seu pescoço, enquanto Kaien abriu a porta e seguiu para fora da casa dos Kuchiki, sendo acompanhado pelo garoto.

Rukia os viu sair e seguiu para a cozinha, onde encontrou Byakuya apreciar seu café da manhã em silêncio.

— Bom dia, Rukia. — cumprimentou ele, com cordialidade na voz.

— Bom dia, nii-sama. — murmurou a pequena, olhando novamente para a porta agora fechada.

Byakuya ergueu a xícara de café a altura dos lábios, sondando a garota.

— Algo a incomoda?

— Na verdade, sabe me dizer por que Kaien-dono e o Hitsugaya estavam tão sérios? — perguntou a morena, sentindo-se um pouco invasiva.

O Kuchiki saboreou um majestoso gole de café antes de responder qualquer coisa.

— Eles foram visitar o túmulo da mãe de Hitsugaya Toushirou. — respondeu.

Rukia não falara nada. Ficou somente a olhar a janela que tinha servido de foco por alguns minutos para Toushirou.

Não sabia que sua mãe morrera no natal.

Mesmo durante todos esses anos... Sabia tão pouco sobre os sentimentos dos Thunders?

Aquele pensamento a entristeceu.

— Aqueles dois são muito próximos. Sinto que apenas Kaien seja capaz de entrar no mundo de Hitsugaya Toushirou sem provocar maiores danos. — comentou Byakuya, como se soubesse da frustração da garota e quisesse confortá-la de algum modo.

— Verdade. Kaien-dono tem um talento incrível para conquistar as pessoas. — falou Rukia, com o timbre suave.

— Parece que sim. Não tenho tanta certeza. É preciso mais que sorriso para me conquistar. — murmurou com calma, molhando uma torrada no café.

Rukia riu. Não era toda manhã que Byakuya acordava com senso de humor. 

— Sim, eu concordo. — sibilou ela, voltando os olhos para o irmão. — Sairei com o Ichigo. Acho que volto ao entardecer.

— Faça como desejar. — falou, abrindo e colocando um de seus livros gigantescos de medicina em cima da mesa. — Só preciso que volte antes das dez. Farei uma comemoração simples e particular. Chamei Yoruichi. Talvez os nossos inquilinos queiram participar, com exceção da Matsumoto-san que é uma certeza mais indubitável do que eu gostaria que fosse.

Rukia repuxou um pequeno sorriso, comentando qualquer outra coisa até finalmente decidir por ir.

            Chegando ao quintal, fora surpreendida com a imagem de Ichigo sendo atacado pelas bolinhas de neve jogadas pelas irmãs e Isshin.

— Assim não dá! Não é justo! Três contra um não é justo! — insistiu ele, escondendo-se por trás da cerca que dividia os quintais.

— Não seja covarde! Um homem de verdade enfrenta um desafio mesmo que esteja em desvantagem! — exclamou Isshin, moldando uma bola maior que o normal. — Vamos lá, meninas, ajudem o papai com essa aqui!

Os três rolaram a bola que mais parecia a parte inferior de um boneco de neve, acertando-a contra a cerca de madeira.

Ichigo caiu para o lado, tossindo os montes de neve que cobriram parte de seu corpo.

— A vingança é ainda mais deliciosa quando você nem precisa sujar as mãos para isso. — cantarolou Rukia, se aproximando.  

— Por que demorou tanto? — perguntou em um sopro emburrado, enquanto sacudia o resto de neve e gravetos em seu cabelo.

— Foi preciso. Pare de reclamar. — explicou ela, sendo rapidamente surpreendida pelas mãos de Isshin que cobriu as suas.

— Rukia-chan! Quanto tempo, não é? O que acha passar a ceia de natal conosco? — convidou Isshin, lançando o mais irresistível e charmoso de seus olhares.

— Bem... Eu... — murmurou a pequena, sentindo que ele estava muito próximo, mais próximo do que o conveniente.

— Pare com isso, velho! — esbravejou Ichigo, dando-lhe uma cotovelada no estômago que o afastou da garota.

— Filho ingrato. É assim que você agradece quando seu pai tenta se aproximar da nora? — gemeu ele, após largar as mãos de Rukia e se concentrar na barriga dolorida.

— Mas seria muito bom se ela aceitasse o convite. Eu mesma vou fazer a comida, Rukia-chan. Tenho certeza que você gostará do meu ensopado de frango! — se intrometeu Yuzu, com o entusiasmo a faiscar através dos olhos.

— Deixe pra lá, Yuzu... A Rukia-chan já deve ter outra coisa pra fazer, só que ela é muito educada pra falar isso na sua cara. — falou Karin, atrofiando as expectativas da irmã gêmea.

— É. Parem de importunar a Rukia. Ela tem a família dela. — complementou o ruivo.

A garota deu-lhe um leve soco no estômago como se estivesse reprovando a atitude dele. 

Ela limpou a garganta, aproximando-se das gêmeas.

— Não é verdade. — replicou, pensando no que poderia dizer a seguir. — Então... Bom...             É que eu tive uma ideia melhor. Por que não participam da ceia que meu irmão irá fazer hoje a noite? Pelo menos aumentamos o número de pessoas e você pode levar um prato de ensopado pra que todos experimentem, que tal? — propôs a garota.

Isshin trincou os dentes, gesticulando de modo muito estranho.

— O QUÊ? VOCÊ OUSA NOS CONVIDAR PARA UM JANTAR FAMILIAR EM SUA CASA? — berrou como se ela tivesse lhe dito que finalmente acertara os números da loteria.

— Sim. — respondeu com a uma expressão destorcida. Às vezes o pai de Ichigo conseguia lhe trazer vagas lembranças de Keigo.

— FILHO! Isso é quase um pedido de casamento... — murmurou com os olhos marejados de felicidade. — Parece que meus netos estão mais próximos do que eu imagino.

Ichigo ruborizou, controlando o impulso quase que inevitável de acertar a cabeça do seu pai.   

— Como assim? — perguntou.

— Não é nada, Rukia! Apenas ignore. Por que não vamos indo? — Ichigo caminhou até um pequeno trenó vermelho, puxando-o.

— Certo. Até mais tarde. — assentiu a morena, curvando-se levemente em sinal de respeito.

— Obrigada pelo convite, Rukia-chan! Levarei o ensopado e mais alguns salgados! — agradeceu Yuzu, acenando graciosamente.

— Tome cuidado com a Rukia-chan, filho! Não seja apressadinho! Sexo só depois do casamento! — berrou Isshin, sendo o pai alucinado de sempre.

— Cala a boca! — rosnou Ichigo, embaraçado.    

— Estarei esperando por vocês. — Rukia retribuiu o aceno com alguma acanhamento, seguindo o ruivo. — Ichigo, pra que precisa desse trenó? Por acaso pensa em arranjar cachorros e seguir até a casa do Papai Noel no Pólo Norte? — perguntou a garota, intrigada, examinando uma sacola preta presa acima do trenó.

— Não seja ridícula. — bufou ele, dando longas passadas com as botas. — Esse trenó tem outra finalidade. Mas, ei Rukia, você não precisava se incomodar em chamar o velho e Yuzu e Karin. Nós sempre nos viramos bem no Natal. — acrescentou, desgostando da ideia de Rukia sentir algo como pena. 

— Pare de ser tolo. Não é incômodo algum. Eu gosto da sua família e será bom ter uma casa cheia esse ano. — iniciou a pequena, tentando acompanhar o ritmo acelerado dos passos de Ichigo. — Sabe, faz tempo que não passamos um Natal alegre e cheio de conversas paralelas. Isso me traz lembranças do orfanato.

O ruivo baforou o ar gélido, formando no ar uma rápida nuvem esbranquiçada.

— Ah é? Você não conta muito sobre o seu passado. — ressaltou o rapaz, rumando para um lugar desprovido de casas.

Ele pôde escutar Rukia soltar o ar lentamente, como se não apreciasse o assunto.

— Não tenho um passado muito interessante. — admitiu, vasculhando o local onde Ichigo a tinha levado. Pelo o que parecia, era algo semelhante a uma vizinhança de filas de árvores — Que lugar é esse?

— Essa é a nossa parada. — comunicou o ruivo, soltando o suporte do trenó.

— O que viemos fazer aqui?

— Pare de ser tão impaciente. — estalou a língua, agachando-se perto do trenó rubro, onde desfez o nó da sacola, puxando uma espécie de machado dentro desta.   

A garota ficara em silêncio, ainda sem entender o que Ichigo pretendia fazer.

— Aqui é um bom lugar para se conseguir uma árvore. É de uma diversidade incrível, não acha? Durante alguns dias, eu vi que essa área tinha alguns pinheiros. Não pinheiros tão altos... Eles são perfeitos pra se colocar dentro de uma casa. — tagarelou o rapaz, apoiando o machado no ombro enquanto fitava o céu acinzentado. — Quando você me disse que gostava de árvores de Natal e que não tinha uma, eu pensei em comprar alguma em lojas de conveniências. Foi então que me deparei com esse lugar. Os pinheiros estavam com folhas tão verdes, tão vivas... Era como se eles estivessem me chamando. — ele mirou os olhos para a garota, repuxando um sorriso meio sem graça. — Eu queria que aceitasse isso como meu presente de Natal, Rukia. Depois que sairmos daqui, podemos comprar acessórios para enfeitar a árvore. — ele coçou a cabeça, desviando as orbes.

A morena respirou profundamente, por um momento, achando que estava a um impasse de um ataque cardíaco.

— Ichigo. — ela sorriu. Foi a única coisa que conseguiu pronunciar.

— Rukia, você está muito lenta. Eu trouxe você pra me ajudar a cortar esse pinheiro. Vamos, não venha fazer corpo mole. — ele virou-se, apontando e caminhando até alguns pinheiros, e na realidade, só queria esconder da pequena o sorriso de satisfação que vencia seus lábios.     

            Algumas horas passaram, embora nenhum deles tivesse percebido.

 Com bastante esforço, Ichigo e Rukia conseguiram derrubar um pinheiro médio e jovem. Retiraram alguns gravetos e pedaços de coisas aleatórias que talvez pássaros tenham transportado até o pinheiro. Quem sabe pensaram em também fazer sua própria decoração de Natal, foi o que Ichigo pensou, mas decidiu deixar apenas como pensamento... Ultimamente tinha ultrapassado de sua cota de piadas idiotas perto de Rukia, embora não fosse, de fato, um piadista ou muito menos alguém digno de um bom senso de humor.

Interpretara aquilo como uma tentativa de lhe chamar a atenção, apesar de negar com todas as forças entre alguns pensamentos.

— Eu só preciso examinar esse último galho para então levarmos. — disse Ichigo, com a bochecha suja de serragem.

Ele passou a ponta dos dedos, abrindo os ramos de folhas como se abrisse uma cortina.

— Pinheiros parecem árvores mágicas. — comentou Rukia, fitando-o.

— Árvores mágicas? De onde tirou isso? Acho que o Natal está te deixando mais maluca do que costuma ser, Rukia. — sussurrou, mais concentrado na inspeção da árvore.

— Tolo. Você não vê? Os pinheiros ficam perfeitos quando a neve cai... É como um manto de gala. Ela se acumula por todas as partes. Como se o quisesse transformar em parte fundamental do Natal. O formato da árvore também... Talvez o pinheiro tenha nascido pra celebrar o Natal. — concluiu a pequena, perdendo-se em algumas de suas filosofias. 

— É. Você gosta muito de Natal. — sibilou Ichigo, olhando-a com uma expressão torta.

— Gosto. Algum problema? — ela cruzou os braços, indiferente. — Como você demora. É só um galho...

— Cale-se! Ajudaria mais se você viesse ajudar ao invés de ficar reclamando. — rezingou Ichigo. — Não se sabe que tipo de coisa pode ter aqui dentro, e...

Nesse mesmo instante algo pressionou o seu dedo, apertando-o como um alicate obstinado em partir uma corrente ao meio.

— AHHHHHHHHHHHHHHHH! — gritou Ichigo e o eco de sua voz fizera questão de se reapresentar por alguns metros.

Rukia dera um salto, olhando Ichigo espernear e correr em círculos com alguma coisa presa em seu dedo.

— O que foi Ichigo? Pare de correr! — exclamou a garota, com a voz potente e autoritária.

Ichigo não obedeceu, continuando a correr.

— Ichigo, pare... — pediu ela, já ficando nervosa com a situação. — Ichigo...

Fora em vão. Ele gritou mais ainda, resmungando e utilizando de termos pejorativos como se isso espantasse a dor e o causador da dor.

O sangue da pequena ferveu. Aquela gritaria estava começando a irritar.

Ela colocou o pé em frente a correria de Ichigo, fazendo-o cair de cara na neve. 

— Rukia, por que diabos... — ele murmurou, mas as palavras ficaram indecifráveis quando a neve entrou na sua boca.

A morena se aproximou para então examinar o problema.

Algo felpudo se contorcia na ponta do indicador vermelho do rapaz. Rukia se aproximou mais, percebendo que se tratava de um pequeno esquilo silvestre.

— Arranca isso de mim... — pediu Ichigo, com a cabeça ainda enterrada na neve.

— Não se preocupe, Ichigo. — o confortou e dessa vez, para a alegria do ruivo, o havia escutado.

— Ah... — murmurou, agachando-se. — É LAMENTÁVEL, MAS ELE É TÃO LINDINHO! — surtou, se apaixonando pelo roedor pouco simpático.

O rapaz se ergueu por conta própria, rejeitando a possibilidade de receber alguma ajuda de Rukia.

— Francamente! — berrou, puxando o esquilo.

O corpo do animalzinho se esticou. A pele se mostrou bastante elástica e resistente, caso contrário, já tinha cedido e partido ao meio com a tamanha força que o ruivo estava usando.

Rukia sentiu como se estivesse assistindo a um massacre e resolveu interceder.

Ela tentou conter Ichigo, segurando um de seus braços.

— Rukia! O que pensa que está fazendo? — perguntou ele, com os olhos arregalados.

— Desse jeito você vai matar o esquilo, Ichigo! Pense direito! — exclamou.

— Idiota! Você quem não está pensando direito! — rosnou o ruivo, empregando meios de deixar Rukia longe de seu corpo.

O esquilo, por sua vez, desistira da ideia de torturar Ichigo. Ele escorregara pelas vestes do rapaz e correu até uma distância medial, presenciando as clássicas discussões do casal.

— Rukia, você está com o cotovelo no meu nariz! Já chega! Me larga! — gritou o ruivo, com uma voz nasal irritante. 

— Desculpe, Ichigo! É mais forte que eu! Não posso deixar que machuque esse frágil animal... Mesmo que eu dê a minha vida, e... — a garota mirou os olhos distraidamente para a mão de Ichigo, notando a falta do roedor.

Ela parou de forçar o braço do rapaz, ficando ao seu lado com cara de boba.

— Ele se foi. — pronunciou, perdendo pouco a pouco a adrenalina que se acumulou naqueles instantes.

— Rukia... Você é a pior. — resmungou ele, com as sobrancelhas juntas.

Horas depois, após terem passado em algumas lojas, Ichigo e Rukia voltaram para a casa dos Kuchiki. 

O rapaz, apesar do mau humor, ajustou o pinheiro em uma espécie de vaso, deixando-o em um dos cantos da sala.

Rukia se atarefou dos acessórios, abrindo as embalagens, instalando o pisca-pisca e anexando os enfeites.

Ver os olhos da pequena brilharem a cada acessório colocado, suprimiu o mau-humor de Ichigo.  

— Bem, vamos ver como é que fica. — o rapaz levou o fio até uma tomada próxima, pressionando os dentes metálicos contra a unidade.

Uma onda alegre de pisca-pisca multicolorido invadiu a árvore em diversos ângulos e direções. Era impossível prever a sequência dos pequenos focos de luz. Eles brilhavam rápido, depois decidiam por ir lentamente, até desordenar de cima pra baixo e vice-versa.

Rukia ficara abobalhada, como uma criança de cinco anos quando ganhava o presente mais estimado da loja.

O ruivo colocou as mãos nos bolsos, contemplando o pinheiro.

— Acho que ficou perfeito. — ele delineou um sorriso nos lábios, com uma ternura rara a povoar seu semblante.

— Está maravilhosamente lindo. Obrigada, Ichigo. — Rukia o abraçou de lado, puxando seu casaco até que o rapaz inclinasse sua coluna e recebesse um beijo que se iniciou na bochecha e percorreu lentamente até seus lábios, selando-os.

— Ah, você esqueceu da estrela no topo. — lembrou o ruivo, apanhando do chão uma estrela dourada acompanhada de um laço.

A garota olhou para o lado, parecendo incomodada com algo.

— Tudo bem, ninguém vai saber que você não colocou por ser muito baixa... Quase uma anã. — riu ele, não sem antes levar um soco da pequena. Ele posicionou a estrela ao alto da árvore, parecendo satisfeito com o resultado. — Pronto. Digna de um filme de Hollywood.  

Ele olhou para a parede, vendo as horas no relógio.

— Droga. Eu tenho que ir pra casa. Tomar banho e me arrumar... Graças a você, demoramos mais de três horas naquelas lojas intermináveis. — ele balançou a cabeça com desolação, cutucando a testa de Rukia. — Eu vejo você mais tarde.

— Ai, pare com isso. — ela lhe deu um tapinha na mão, exibindo um pequeno sorriso. — Sim. Eu também tenho que me arrumar, logo a noiva do meu irmão chega. Tenho que estar pronta para recebê-la.

— Byakuya?! Noivo?! — Ichigo quase se engasgou com a saliva.

— Por que esse tom de surpresa? Meu irmão é muito popular entre as garotas. — retrucou Rukia sem entender a surpresa do rapaz.

— Não é isso! Até imagino que ele faça sucesso com as garotas... O problema é que, pra mim, o Byakuya sempre foi uma espécie de assexuado... — esclareceu Ichigo, percebendo que tinha feito um comentário infeliz a julgar pela expressão de Rukia.

— Tolo. Até mais tarde. — ela abriu a porta com impaciência, praticamente o empurrando pra fora.

— Espere, não me empurre! — reclamou Ichigo, não enxergando alternativa se não ir embora.

Ele deu qualquer aceno, seguindo aos resmungos até a sua casa. Teria que ter mais cuidado com seus comentários relativos a Byakuya.

— Irmãos loucos. — sibilou algo pra si mesmo, atravessando os quintais.

            Na cozinha, Byakuya levava uma travessa de pudim de chocolate recém-feito até a geladeira. Estava bastante focado na organização e preparação da sua ceia, conferindo se havia algo errado de minuto em minuto.  

Os talheres — algo que considerava crucial em toda e qualquer refeição — estavam alinhados e reluzentes. Tinha os polido ele mesmo e não poderia ter visto trabalho melhor que o seu.

Também comprara uma nova toalha de mesa. Ela era macia e cheirava a coisa nova, um cheiro particularmente apreciado por Byakuya.

Tinha de admitir. Era muito habilidoso em tudo o que fazia, inclusive, em cozinhar.

Os pratos cheiravam bem, deliciosamente bem.

Byakuya suspirou. Em apenas imaginar Matsumoto devorando toda a sua comida sem o mínimo de educação, um desgosto invadia sua motivação.

— Bya-kunnnnnnnn! — alguém o agarrou por trás num súbito ataque surpresa.

Apesar do susto, ele conhecia aquela voz e abraço. — Hm! Homem na cozinha. Que delícia!

— Yoruichi... Como entrou aqui sem que eu notasse? — ele fechou a porta da geladeira, passando as mãos pelos braços que se enlaçavam em sua cintura.

— É que sou quase uma ninja, Byakuya... E você está ficando velho. — ela beijou-lhe na bochecha; um beijo quente e demorado. 

— Ainda estou na casa dos vinte. — virou-se, levando as mãos até a face da morena. — Você está linda como sempre.

— Oh, obrigada cavalheiro. — ela arqueou uma das sobrancelhas, dando uma volta para exibir o vestido branco que usava. — Eu sei que você gosta de vestidos.

— Sim, eu diria que me atrai. Mas, que surpresa vê-la tão cedo. Pensei que seria a última a chegar.

Yoruichi esticou um sorriso maior que o anterior, passando a ponta do indicador por cima dos lábios finos do Kuchiki.

— Que calúnia. Não sabia que suas expectativas comigo eram tão baixas. — murmurou, fitando-o nos olhos profundamente azulados. — Você fala como se estivesse preparando uma festa grandiosa. Pelo que me lembre, é algo particular e familiar, não?

— Sim. Provavelmente só com os habitantes dessa casa. Não quero uma ceia barulhenta.

— Barulhenta? Por que não fazemos um pouco de barulho só eu e você lá em cima, Bya-kun? — Yoruichi sorriu maliciosamente, apertando entre os dedos o lábio inferior do rapaz.

— Não seja boba. Eu já falei que só depois de casarmos. — ele olhou para o lado, decidindo se afastar um pouco.

Andou até a pia e se ocupou de lavar algumas panelas sujas. Era como se evitasse o assunto, como se qualquer coisa fosse mais importante do que falar sobre aquilo.

— Que chato. Sabe o que isso me lembra? — a morena soltou o ar, encostando no balcão. 

— Pudor e valores matrimoniais? — Byakuya chutou, embora soubesse que passaria longe da resposta de sua noiva.

— Claro que não. — respondeu ela, incrédula. E como o Kuchiki havia previsto, aqueles pensamentos nem passaram por sua cabeça. — Crepúsculo.

— Crepúsculo? — indagou, sem entender.

— É um livro, Byakuya. — Yoruichi revirou os olhos, prosseguindo com a explicação — Aquela história de vampiros para adolescentes... Então o protagonista, que é um vampiro, se apaixona por uma humana. Ele dizia que só faria aquilo com ela quando casassem.

— Bem, aonde você quer chegar?

— A nenhum lugar. Esse é o problema. Esse pensamento não leva a lugar algum.

— Yoruichi, você não está falando coisas muito racionais.

— O que eu quero dizer é que já somos adultos o bastante pra deixar de lado essa coisa de só fazer depois do casamento.

— Está piorando.

— Por que sexo se tornou o nosso tabu pessoal?! — ela perguntou enfim, exalando a pergunta que havia montado há meses.

— Só não acho que seja correto antes do casamento. — murmurou o rapaz, terminando de lavar a louça.

Ele se virou e olhou para a morena. Ela parecia inquieta. Tamborilava os dedos com impaciência.

De repente, viu sua expressão aluminar-se por algo semelhante a surpresa.

Byakuya não entendeu, mas se arriscou a perguntar.

— O que houve?

— Byakuya... Não me diga que... Você é virgem? — ela estava pasma e agora se aproximava do noivo.

Ele estalou a língua, expirando lentamente.

Surpreendia-lhe o fato de como a inteligência e brilhantismo de Yoruichi oscilava para a pura lerdeza.

— Não acho apropriado que falemos desse assunto. — ele sentiu um pequeno embaraço surgir na voz e tratou de aniquilá-lo, embora não estivesse tendo muitos resultados.

— Byakuya... — ela passou os braços pelo pescoço do rapaz, beijando-lhe os lábios. — Eu posso ajudar você quanto a isso. Sou alguém atenciosa.

Um leve rubor nasceu entre as bochechas de Byakuya. Sentiu-se patético.

Desejava Yoruichi... Talvez aquela fosse a única mulher a quem desejou tanto. Embora o desejo de possuí-la fosse grande, teria que se conter. Onde suas regras, compromissos conjugais e respeito ficariam? Não era do tipo imprudente. Apreciava a castidade e por que não o conservadorismo?

Ele moveu os olhos para o lado. Queria que algo ou alguém destroçasse aquela situação.

E naquele instante, alguém ou algo — a julgar pela força desnecessária — bateu na porta, assustando-os.

— Quem pode ser esse troglodita? — perguntou Yoruichi.

— Espere um pouco. Eu vou ver quem pode ser. — não sabia quem, mas tinha de agradecer, o tinha salvado de um grande sufoco.

Byakuya atravessou o corredor, se perguntando o porquê de nenhum dos Thunders e muito menos Rukia descerem para o início da ceia.

Ele retirou o avental, girando a maçaneta.

— Ah! Olá Byakuya! Feliz Natal. — falou Ichigo, não imaginando que o Kuchiki fosse a pessoa a quem o atenderia. — Desculpe pela porta. Foi o velho, ele é muito impaciente...

O moreno o encarou, passando os olhos para os seus acompanhantes. Não conseguia pensar em algo que lhe respondesse por qual motivo o pai pouco normal de Ichigo estava em frente a sua casa.

— Obrigado por nos convidar, Kuchiki-dono! — Isshin fez continência como uma criança de cinco anos, começando a entrar sem ao menos ser convidado.

— Creio que me passaria na cabeça, mesmo que por segundos, se eu tivesse convidado meus amáveis vizinhos para a ceia de Natal... — murmurou o rapaz, com um tom gélido.

Isshin não se intimidou. Pelo contrário. Deu-lhe um tapa nas costas e abriu um enorme sorriso.

— Você tem muita sorte, Kuchiki-dono! Minha filha cozinha muito bem e fez um de seus melhores pratos só pra sua ceia. Vamos, garotas, entrem, não sejam tímidas. — falou com tamanha ousadia jamais imaginada por Byakuya. — Por onde é a cozinha, Kuchiki-dono? Vamos na frente, se não se importar.

— Obrigada por nos convidar, Kuchiki-dono! — agradeceu Yuzu, enquanto carregava alguns pratos em direção ao seu pai.

— Feliz Natal, Kuchiki-dono. Obrigada por aguentar minha família. — suspirou Karin, adentrando e seguindo a ambos.

Byakuya ficara paralisado. Ele moveu duramente o pescoço, encontrando Ichigo mais uma vez.

— Err... A Rukia nos convidou. — destacou Ichigo, esperando que aquilo agisse de motivo suficiente pra que ele parasse de olhá-lo tão friamente.

— Entendo. Entre, por favor. — sussurrou o rapaz, concluindo que não teria uma ceia silenciosa e comportada como havia imaginado.

— Ichigo! — chamou Rukia, descendo das escadas com um vestido rosado e com laços.

— Por um minuto achei que fosse a Barbie. — ironizou Ichigo.

— Desde quando a Barbie é morena e pequena, seu babaca? — repreendeu a morena, descendo os últimos degraus.

— Você esqueceu de ressaltar “sem-peito.” — notou ele.

Byakuya lançou-lhe um olhar azedo, fazendo com que o rapaz recolhesse as brincadeiras infames.

— Nii-sama. — Rukia o abraçou, recebendo um beijo na testa.

— Diga-me, onde estão os outros? — perguntou o Kuchiki.

— Hisagi-san, Renji e Matsumoto ainda estão lá em cima. — comunicou a garota, folgando o abraço.

— Entendo. — Byakuya passou uma das mãos pelo cabelo, começando a andar em direção a cozinha.

— Byakuya, espere! — exclamou Ichigo, estranhamente nervoso.

O Kuchiki parou, olhando pra trás.

— O que houve, Kurosaki Ichigo?

O ruivo corou. Ele respirou rapidamente, como estivesse prestes a fazer a algo que lhe exigisse muito esforço ou coragem.

— Eu... Eu quero falar com você.

— Isso já está acontecendo, mas, prossiga.

— Byakuya! Eu quero pedir a mão da sua irmã em namoro! — gritou, com os membros rígidos, quase uma estatueta.

O moreno arregalou os olhos. Não pelo pedido e sim pelo berro inesperado.

Ele ficou em silêncio, analisando-o. Rukia, por sua vez, tinha sido petrificada. Provavelmente alguém tinha cortado suas cordas vocais.

— Desde que você seja alguém silencioso, acho o seu pedido viável. — falou em um murmúrio.

— Sério?! — Ichigo abriu um sorriso trêmulo, inseguro, mas que desejava surgir. — Byakuya, eu...

— Mas se caso você a machuque de alguma forma, esteja ciente que eu me certificarei de lhe causar todas as dores possíveis para um ser humano. — complementou o Kuchiki, caminhando até a cozinha.

— E-Eu consegui. — as palavras de Ichigo saíram em um fluído de pensamentos confusos, mas em maioria, aliviados. — Foi tão simples que nem parece que aconteceu...

— Ichi... — Rukia o olhou, cética.

Ele a envolveu em seus braços, erguendo-a e girando como se esta fosse uma bonequinha.

— Chega, Ichigo... Vou vomitar...! — ela agarrou-se as costas do ruivo, com a ânsia a borbulhar em seu estômago.

Ele obedeceu, descendo-a com cuidado.

— Parece que estamos namorando. Oficialmente. — ela sorriu um pouco sem graça, coçando a cabeça.

— Sim, é o que parece. Fico feliz com isso. — ele retribuiu o sorriso, entrelaçando os dedos aos dela em um encaixe perfeito.

— Os pombinhos já estão namorando? — aplaudiu Matsumoto, descendo as escadas com Hisagi e Renji.

— Kaien ainda não chegou, Rukia? — perguntou Renji, coçando a orelha com a ponta do mindinho.

— Não. Espero que chegue antes da comida acabar. — disse a pequena, ainda de mãos dadas a Ichigo.

— Eu já liguei pra ele. Logo estarão aqui. Grimmjow e Ulquiorra também. — informou Hisagi, bocejando.

— Já está com sono? — perguntou Matsumoto.

— Está brincando? Eu acabei de acordar. — riu o baterista, bagunçando os cabelos.

— Que hábitos interessantes... — murmurou Ichigo, olhando-os.

— Por que não vamos todos para a cozinha? — propôs Rukia, guiando Ichigo até a mesma.

Todos concordaram, caminhando até o local.

Isshin não parava de falar. A sua vítima era, convenientemente, Byakuya.

Ele introduzia assuntos aleatórios que não faziam o mínimo interesse do Kuchiki.

Yoruichi conversava com Yuzu sobre o seu ensopado, elogiando-a, enquanto Karin só observava as conversas, sem muita empolgação para participar.

— Olha só! Quanta comida! — observou Matsumoto, puxando uma das cadeiras.

— Procure comer usando as mãos, pelo menos. — sugeriu Byakuya, praticamente colando os talheres nas mãos de Matsumoto.

— Você é tão gentil e atencioso. Obrigada pela comida! — riu, com os talheres em mãos.

A porta batera mais uma vez, atraindo a atenção de Byakuya. Ninguém, além dele se iria se dispor a abrir a porta. Na verdade, o barulho das conversas paralelas era tanto que ele mal podia ouvir seus próprios pensamentos.

O Kuchiki avançou até a sala, girando a maçaneta.

— Como é que está, Byakuya? — perguntou o único azulado residente em suas memórias.

— Já me senti melhor. — retrucou com aspereza.

Ele rolou os olhos para o lado, vendo Ulquiorra e duas garotas. Uma era morena e parecia ligeiramente com um garoto e a outra, por sua vez, era ruiva e mantinha-se extremamente feminina.

— Que problemático, cara. — murmurou, entrando com a morena que foi rapidamente barrada pelo braço de Byakuya.

— Espere. — pediu ele.

— Qual o problema? — perguntou Grimmjow.

— Quem é essa garota?

— Que espécie de interrogatório é esse? Me sinto um adolescente com a namoradinha. — soprou o ar, entediado.

— Minha casa. Minhas regras. Pessoas desconhecidas, naturalmente, têm de ser apresentadas. — articulou tudo lentamente, como se Grimmjow fosse alguma espécie de bicho burro ou de inteligência limitada.

— Grimmjow. — Tatsuki fez um sinal pra que ele não insistisse. — Desculpe, Kuchiki-dono. Grimmjow falou bastante de você. Eu me chamo Arisawa Tatsuki e sou amiga de Grimmjow e ex-colega da Rukia-san. — se apresentou Tatsuki, curvando-se rapidamente em sinal de respeito. — Obrigada por nos convidar.

Byakuya se perguntou porque todos os seus convidados indesejáveis usavam a mesma frase...

— Ah, eu sou Inoue Orihime. Também estou aqui como amiga. É um prazer participar da sua ceia, Kuchiki-dono. — acrescentou Orihime, exibindo um largo sorriso.

Claro que seria um prazer... É a comida feita por ele... Todos teriam prazer em comer...

Ulquiorra se limitou a cumprimentá-lo com os olhos, não fazia o tipo de interações sociais e amigáveis e, curiosamente nem Byakuya queria que ele fizesse o tipo.

— Entrem. Tenham uma boa ceia. — enfatizou a última parte em um tom duro, forçado. 

Sua comemoração, para o seu desencanto, tinha se tornado o oposto do que imaginara em fazer.

Ele voltou a cozinha. Alguém havia derrubado suco de cereja bem em cima da toalha de mesa nova.

Seus talheres estavam espalhados. Os farelos e migalhas eram arremessados por todos os lados como pedras de lavas sendo expelidas por um vulcão furioso.

Byakuya quase teve a certeza de que estava tendo a visão do inferno.

Como aquelas pessoas podiam ser tão malévolas?

— Olhem quem chegou, é o Papai Noel. — apontou Renji, não contendo uma gargalhada.

Byakuya olhou para a entrada da cozinha e por pouco não sofreu de um ataque cardíaco.

— Que criatura medonha. — comentou.

Até mesmo o Papai Noel invadira a sua ceia.

— Feliz Natal, feliz Natal! — ele coçou a barriga, muito provavelmente sintética ou feita de bexiga.

Hitsugaya apareceu ao fundo, trazendo Hinamori consigo.

— Que ideia mais sem cabeça é essa? — perguntou Grimmjow, puxando a barba do Papai Noel.

— Desse jeito você vai arrancar a barba do Papai Noel, meu jovem. Não é porque a barba custou 1,99 que você pode arrancá-la. — falou ele, jogando um saco vermelho em meio a cozinha. — Olhem, crianças! Trouxe presente pra todos vocês. — soltou uma risada semelhante ao do bom e velho Papai Noel, embora estivesse longe de representá-lo tão bem.

— Quem é aquele? É o Kaien? — perguntou Ichigo, desconfiado.

— Sim. Os olhos são inconfundíveis. — sorriu Rukia, feliz que Kaien e Toushirou estivessem mais alegres do que de manhã. 

— Sinceramente... Por que temos de embarcar nessas loucuras? — murmurou Hitsugaya, sem emoção. — Você não deveria ter emprestado a fantasia de Papai Noel.

— A fantasia caiu bem nele, Shiro-chan. E não há problema em emprestar. A fantasia é da loja onde trabalho e hoje não está aberta. Apenas sorria e se divirta. — ela puxou as extremidades dos lábios de Hitsugaya, forçando-o um sorriso engraçado.

— Não faça isso. É frustrante. — retrucou o grisalho, ainda com a careta nos lábios.

— Que tipo de presente podemos esperar vindo de você? — perguntou Hisagi, se aproximando de Kaien.

— Bem, já que você é o mais curioso, vou dar primeiramente o seu presente. — Kaien arqueou as sobrancelhas, sarcástico. Enfiou a mão dentro do saco e puxou uma embalagem de plástico.

— O que é isso?! — indagou, espantado.

— Uma boneca inflável. Você deve saber, primeiro têm que encher... Depois, parta para a ação. — entregou-lhe erguendo o polegar.

Hisagi corou, dando um tapa na cabeça do Papai Noel.

— Ei, você não pode bater na cabeça do Papai Noel! — rezingou o moreno, irritado.

— E ele não pode dar brinquedos que não queremos! Eu queria outra coisa. Por que não trouxe a Megan Fox?

— Eu sou o Papai Noel, não um Santo Padroeiro! Não faço milagres. — bufou Kaien, ajustando o seu gorro.

Byakuya escutara a porta bater mais uma vez e para seu desalento, ninguém mais escutou.

Andou mais uma vez em rumo a porta, respirando profundamente antes de abri-la.

— SURPRESA! Obrigada por nos convidar, Kuchiki-dono! — escandalizou uma garota de cabelos rosados, com cachos que espiralavam as pontas. — Kaien falou do seu imenso coração, mas não imaginava que ele transbordava generosidade!

Byakuya ficara surpreso. Até mesmo os rostos das revistas teens tinham resolvido migrara para a sua casa. 

— Eu não convidei vocês. — falou secamente, passando os olhos por seus novos “convidados.”

— Do que está falando? Eu até trouxe panetone. — proferiu Riruka, jogando a caixa de panetone nas mãos do Kuchiki, como se aquilo fosse condição primordial para ser aceita na residência.  

— Espero que não estejamos incomodando, Byakuya-san. — se intrometeu um homem alto, magro, de traços delicados.

O Kuchiki focou os olhos no homem em questão.

Ele parecia ser o mais apresentável do grupo, possuía uma postura altiva, com fagulhas de elegância e compostura. Os cabelos eram lisos, negros e mediais. Caiam delicadamente no pescoço, com alguns fios a ficarem em frente a um dos olhos castanhos.

Uma pequena cicatriz cortava uma parte de sua testa. Era uma marca rasa, fina, não muito severa.

Se pudesse arriscar um palpite de que profissão ele exercia, possivelmente o indicaria como um pianista ou peça determinante em negócios empresariais. 

Era um homem esperto. Isso resplandecia em sua feição.

— Eu me chamo Tsukishima. Somos amigos dos Thunders. É um prazer conhecê-lo, Byakuya-san. Estamos em uma visita desapropriada? — indagou o rapaz. A voz saiu aveludada e cordial.

Ele estendeu a mão que logo foi apertada pelo Kuchiki, que o sondava.

— Não seja bobo, Tsukishima! Como estamos fazendo uma visita desapropriada? Vamos só entrar! — determinou Riruka, ignorando qualquer resposta que fosse dada por Byakuya.  

— Espere Riruka, não podemos entrar assim na casa dos outros. — Tsukishima a conteve, segurando-a por um dos braços.

— Isso não é necessário. Entrem. Vocês não estão fazendo nada do que já não fizeram... — murmurou o moreno, dando passagem pra que a banda adentrasse.

— O quê? Como assim? — perguntou Riruka.  

— O que você queria não era entrar? Então, faça isso. Vamos, vamos. — Tsukishima a guiou para o interior da casa, tratando de impulsioná-la para adiante.

— Droga, Tsukishima. Odeio quando você me trata como criança! — resmungou ela, com um bico infantil nos lábios.

Os outros seguiram os passos de ambos, não sem antes cumprimentar Byakuya.

— Pãozinho doce. — ofereceu Yumichika, com uma embalagem de pão estranho.

Byakuya ficou a encará-lo, sem pegar o pacote.

— É um presente. — acrescentou o rapaz, franzindo o cenho.

Byakuya permaneceu no mesmo lugar e com a mesma cara.

— Ora, é bom, você devia experimentar! — concluiu com embaraço na voz, enquanto enfiava o pacote entre os braços do Kuchiki.

Ele revirou os olhos, seguindo os integrantes da banda.

— KAIEN! — Riruka saltou em cima do Papai Noel, fazendo-o cair no chão. Ela levou uma das mãos até o bigode do Papai Noel, puxando-o.

Os demais integrantes encarregaram-se de puxar conversa com os Thunders, compartilhando cervejas e champanhes.

— AIII! — gritou Kaien, com a pele avermelhada. — Riruka...? O que está fazendo aqui? — perguntou ele, surpreso com a presença pouco afável da princesa infernal.

— Vim passar Natal com você. Não faça perguntas tão estúpidas. — estalou a língua, olhando o resto dos convidados.

— Gente! Autógrafos só mais tarde, ok? — avisou Riruka de antemão, pensando em prevenir qualquer assédio.

— Quem pediria o autógrafo dessa louca? — perguntou Ichigo em um murmúrio.

— Outro louco? — deduziu Rukia, ao seu lado.

— Ninguém está tão desesperado assim, Riruka. — falou Shinji, batendo a mão na testa. — Pare de ser tão retardada.

— Não me chame de retardada! Não tenho culpa por ser tão famosa. — ela se ergueu, deixando o Papai Noel no chão.

— Que jovem encantadora! Eu gostaria de um autografo seu. — comentou Isshin, desabotoando a camisa. — Quero que coloque: PARA O PAI MAIS SEXY DO MUNDO. — ele salientou o peitoral cabeludo, provocando ânsias de vômitos na garota.

— Alguém segure esse maluco... — Riruka empalideceu, tentando se afastar dele.

— Francamente...! — Karin o acertou com uma espátula, tirando-o do alcance dos “normais.”

Byakuya piscou algumas vezes. A cozinha mal tinha espaço pra tanta gente. Logo teriam que arruinar o resto da casa também.

— Riruka, por que não vai comer alguns salgados? — sugeriu Tsukishima, apontando para a mesa.

— Não posso. Estou de regime. — contrapôs ela, colocando as mãos na cintura.

— Por que não tenta fazer algo que dê resultado? Você é uma vara. — Kaien levantou-se, limpando parte de sua roupa.

— Vara?! Ora, seu...

Tsukishima pousou as mãos em seus ombros, massageando-os.

— Acalme-se. — pediu em um sussurro.

— Ah, então o Tsukishima apareceu hein. — notou Kaien, fitando-o.

— Quanto tempo, Kaien. Como anda a banda? — indagou o rapaz.

— Anda bem, estamos com novos projetos... Sabe como é. — sorriu o moreno, percebendo uma aproximação além do normal entre Tsukishima e Riruka. — Da última vez que nos vimos, vocês não eram tão próximos.

— É que agora estamos namorando, seu bocó. — revelou Riruka, corando.

— Ah é?! — ele piscou com velocidade, sem crer realmente. — Bom... Isso é inesperado.

— Por quê? Achou que eu nunca fosse arranjar um namorado? — ela cruzou os braços, indignada com a possível especulação. — Empenhei esses meus últimos meses na base da conquista. Há-há!

— Eu não o culpo. Eu pensei isso. — admitiu Shinji, olhando para o teto.

— Shinji, seu imbecil! — rosnou a rosada, trincando os dentes.

— Ah... Eu fico feliz por você. — murmurou Kaien, exibindo o mais doce dos seus sorrisos. — E triste pelo Tsukishima que terá que te aguentar 24 horas por dia.          

 — O que você disse?! — berrou Riruka, avançando no semi Papai Noel.

Ela agarrou alguns objetos, arremessando-os enquanto carregava a sua munição com os restos de comida. Alguns tentavam segurar Riruka, outros, tentavam empurrar Kaien pra que ela o matasse de vez. A gritaria e algazarra fora inevitável. Quando Byakuya menos imaginou, até Yoruichi e Rukia estavam envolvidas em toda aquela bagunça. 

Ele as olhou com ar deprimido, como se não quisesse acreditar no fracasso de sua tão elaborada ceia.

Uma massa ambulante voou no ar, aterrissando bem na cabeça de Byakuya, sujando-o. As tiras viscosas desceram pela face, alcançando os lábios.

— Falta sal nesse estrogonofe. — criticou seriamente. — Não há dúvidas. Essa foi a pior ceia da minha vida. 


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Notas finais do capítulo

Eu gostaria de ressaltar que não faço revisões nos capítulos, então, desde já, peço desculpas quanto qualquer erro ortográfico ou de digitação. Obrigada. ♥