Bonds escrita por frozenWings


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

OLÁ, MEUS QUERIDOS. q
Desculpem por eu ter sumido, dando a entender que fui sequestrada (brinks).. É que eu estava ocupada com algumas coisas pessoais.
Mas pois é. Eu sou uma autora que costuma postar de madrugada ou no fim da noite como tá acontecendo agora. weee
Quero ressaltar algumas coisas antes de postar. Espero que leiam esse comentário antes de pularem pro capítulo. e__é q
NÃO VOU ESCREVER MAIS PENSAMENTOS!
Sim, sim.. Mas eu tenho uma explicação pra isso.
Isso se deve pelo fato desses serem os últimos capítulos até que chegue o momento atual.
Fora esse capítulo aí que eu vou postar, pela frente, existirão só mais três.
O baile > Natal > Show dos Thunders
Depois disso, a fanfic entra em um capítulo fora do fluxo da história que vai falar sobre o passado do Kaien.
Terminado esse capítulo.. Chegaremos aos dias atuais.
Peço paciência a vocês e farei de tudo pra completar essa sequência que falei antes do ano acabar. Então é isso, agora vocês podem ler. u_u



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Desde a noite anterior, o tempo continuou a mostrar baixos indícios de que o sol pudesse brilhar.

O vento uivou com alguns picos de agressividade, movimentando as grandes porções de nuvens com alta precisão onde as moldou de forma que acumulasse os pontos carregados, criando uma única massa fortemente densa e cinzenta. 

— Saco. Esse tempo anda muito louco. Odeio dias chuvosos! — resmungou Tatsuki, jogando a maleta escolar por cima do ombro. 

— Dessa vez eu trouxe o guarda-chuva, Tatsuki-chan. — comentou Orihime que caminhava ao seu lado.

— Bom trabalho, Orihime! — ela ergueu o polegar em sinal de aprovação, lembrando-se de um momento parcialmente conectado ao guarda-chuva. — Espero que as horas passem rápido... Não estou com paciência para estudar.  

— Aconteceu algo, Tatsuki-chan? — indagou a ruiva, um tanto preocupada.

A morena juntou as sobrancelhas, bagunçando os cabelos de corte ligeiramente masculino.

— Não é nada para se preocupar. Só não consegui dormir direito. Aquele pateta me tira do sério... Queria ter socado a cara dele. — murmurou com um bico desdenhoso nos lábios.

— Pateta? De quem está falando? Do Grimmjow-san? — Inoue piscou rapidamente.

— Você já sabe o nome dele? — perguntou ela, mostrando-se indiferente.

— Bem, com todos gritando pra que ele se acalmasse, não foi difícil de decorar o nome... — retrucou, esboçando um curto sorriso.

— Ah, é verdade. Ele é um completo idiota, não? Espero nunca mais vê-lo. — suspirou com desânimo, enquanto dobrava uma rua.

— Ele tem uma personalidade explosiva parecida com a da Tatsuki-chan. Apesar das suas cotoveladas, aquela noite foi realmente divertida. — a garota delineou um sorriso divertido nos lábios, irritando Tatsuki.

— Você está louca, Orihime?! Eu não tenho nada em comum com aquele imbecil! — rebateu, intolerante a aquele tipo de comentário.

— Tudo bem... — sibilou a ruiva, achando mais viável acabar com o assunto. — Espero que esse estresse não atrapalhe você na hora da prova, Tatsuki-chan.

— P-Prova?! Droga! Eu esqueci! — exclamou ela, batendo a mão contra a própria testa. — Orihime, me espere naquela parada de ônibus. Eu vou em casa buscar o meu livro pra dar uma revisada. Não demoro! — proferiu.

Antes que Inoue pudesse dar qualquer resposta, a morena correu, deixando-a sozinha.

Ela suspirou, caminhando até o local indicado.

Não se passara nem cinco minutos quando mais alguém apareceu, parando ao seu lado.

A ruiva moveu os olhos distraidamente para o lado, notando que aquela pessoa não era tão desconhecida.

Orihime permitiu que o seu espanto ficasse aparente, atraindo a atenção da pessoa em questão.

Coincidentemente, era Ulquiorra Schiffer.

Ele retribuiu o olhar, embora parecesse bem mais discreto que a garota.

Inoue virou o rosto para a esquerda, apertando as alças da maleta.

“O que será que ele está fazendo aqui?” refletiu ela, fitando a placa ao lado. “É claro, Orihime idiota! Naturalmente, ele deve estar esperando um ônibus.” concluiu, batendo a mão contra a testa freneticamente.

Ulquiorra a fitou com maior amplitude, não compreendendo aquele comportamento fora do comum.

— O que está fazendo, mulher? — indagou em um murmúrio seco, quase monossilábico.  

Ao ter ouvido a voz do rapaz, a ruiva parou imediatamente, corou e esticou um sorriso abobalhado, balançando as mãos em um gesto confuso.

— Hahaha! N-Não é nada! É que acabei de lembrar que esqueci o meu pudim que ia servir de lanche! — deu uma desculpa qualquer, torcendo pra que fosse convincente o bastante.

— Pudim? — repetiu, interessado por algum motivo.

— Sim, sim. Eu mesma preparo. Gosto de fazer combinações excêntricas. Calda de mel, canela e quem sabe passas... e... — ela gesticulou, parando ao ver que ele a sondava de modo estranho. — Então... Err.

 O rapaz girou a cabeça, voltando a olhar para a calçada em frente.

— Você só tem que buscá-lo. — retrucou, sentindo-se um pouco estranho em manter aquele diálogo sem sentido.  

— Bem, eu não posso... Estou esperando uma amiga... — prosseguiu ela, baixando a cabeça.

— Ah, entendo. — falou, dessa vez mais baixo.

Orihime presumiu que ele não quisesse continuar com aquele assunto, decidiu então, não prolongá-lo. Pese

O silêncio se propagou por minutos longos e arrastados.

O tecladista decidiu rompê-lo parcialmente, levou a mão até a mochila que carregava e dela tirou um recipiente de plástico.

— Tome. — murmurou subitamente, estendendo-o para Orihime.

Logo que a garota pousou os olhos no recipiente, não pôde evitar de ficar boquiaberta.

Uma calda de mel escorria vagarosamente de um pudim cor de creme...

Por um segundo, um traço de saliva ameaçou descer pelo canto da boca de Inoue, porém, ela rapidamente se recompôs, piscando algumas vezes.

— Um pudim? — indagou em um sussurro confuso. — Pra mim?

— Como eu moro sozinho, também costumo cozinhar e fazer algumas combinações. — falou, percebendo que estava comentando detalhes desnecessários sobre sua vida pessoal. — Se não quiser, tudo bem.

— Ah... Mas provavelmente você o estava levando para comer quando estivesse com fome, não é? Obrigada, mas não posso aceitar. — contrapôs a ruiva, sentindo-se um pouco mal por ter criado aquela falsa justificativa de outrora.

Ulquiorra a fitou de esguelha, expirando lenta e firmemente.

— Bem, é falta de educação não aceitar algo que uma pessoa te oferece de tão bom grado. — murmurou, tentando parecer o mais animador possível. — Em todo caso, é sempre bom termos alguém que experimente as nossas comidas, o que acha? — acrescentou, conseguindo soar um tom até afável. 

 Por alguma razão desconhecida, a garota corou, sentindo-se um pouco sem graça.

— Então eu aceitarei... — assentiu, guiando as mãos até o pequeno recipiente.

Naquele instante, houve uma fração de segundos que mais pareceu um pedaço da eternidade, ambos os olhares se cruzaram em uma linha única e particular, como se estivessem partilhando algo inconscientemente.

Um ruído irrompeu aquela dimensão paradoxal, fazendo com que Ulquiorra desviasse os olhos.

— Parece que é o meu ônibus. — suspirou, voltando a mesma inexpressividade de sempre. — Até mais, mulher. — acenou, subindo as escadas metálicas do transporte que parara bem em frente dos dois.

“Mulher?” pensou, franzindo o cenho.

— Meu nome é Inoue Orihime, foi um prazer. Até a próxima! — falou em alto tom, esperando que ele a escutasse.

— Entendo. Eu me chamo Ulquiorra. — respondeu antes que as portas automáticas se fechassem. — Não acho que haverá uma próxima. — complementou com a voz baixa, fora do alcance auditivo da garota.

O ônibus acelerou lentamente, criando velocidade pouco a pouco.

Inoue suspirou, não entendendo a insistência em chamá-la de mulher... Tudo a levava crer que talvez ele não tivesse interesse em criar qualquer relação consigo.

Ela baixou o olhar, avistando o pudim de consistência cremosa.

— Ele parece ser uma boa pessoa.

Distante dali, na casa dos Kurosaki, alguém disparara escada a baixo, quase que passando despercebidamente.

Kaien queria sair dali o mais rápido possível, precisava pensar e expelir toda essa confusão de sua mente.

O moreno parou no meio da sala, olhou para o lado e viu algumas roupas penduradas na área de serviço.

Ele se aproximou. Não podia sair sem roupas, desse jeito seria até preso... O que não seria um pesadelo maior nas circunstâncias atuais.

O rapaz examinou as roupas. Elas eram um pouco menores que o seu corpo e decididamente não faziam o seu estilo, mas isso era um mero detalhe já que não se interessava em usá-las durante os próximos dias.

Decidiu arriscar. Trajou a camisa que se ajustou nas suas curvas, praticamente colando em todo e qualquer poro da sua pele.

Ele não se demorou. Pegou um jeans surrados e o subiu com alguma dificuldade, até, enfim, sair daquela residência.

            Rukia desceu os degraus, vasculhando a sala com cuidado. Ela não compreendera muito bem o que até então tinha “quase” acontecido, mas pensou em achar Kaien para que ele ao menos esclarecesse.

Não teve sucesso. Ele não estava na sala, só lhe restando ir até a cozinha onde estavam Riruka, Ichigo e Shinji.

A vocal reclamara dos ombros tensos, pedindo a Ichigo para que lhe fizesse uma massagem nas costas, o que foi recusado no início, porém, a insistência de Riruka fez com que o ruivo acabasse por ceder.

— O que significa isso? — indagou Rukia em um tom indiferente ao tê-los vistos em uma proximidade um pouco íntima.

— Err...  Rukia, não é nada... Isso é só... — balbuciou Ichigo com embaraço, tirando as mãos dos ombros de Riruka, como se tivesse levado um choque. Ele gesticulou com as mãos, sentindo dificuldades em escolher uma palavra apropriada.

— Esqueça, eu não tenho tempo pra essas idiotices. — proferiu em um tom grosseiro, enquanto fitava os outros dois. — Vocês não viram o Kaien-dono?

— Como assim? Ele não estava com você? — perguntou Riruka, mostrando-se um pouco hostil.

 — Sim, estava... Mas... Em um determinado momento ele simplesmente saiu. — explicou a pequena, um pouco séria.

— Ele deve ter voltado pra sua casa, Rukia. — falou Ichigo, expirando o ar.

— Impossível. A casa ainda deve estar cheia daquelas fãs e paparazzi. — retorquiu Shinji.

— Por que essa preocupação? Ele já é bem grandinho. — suspirou o ruivo, levando uma das mãos até os cabelos e bagunçando-os. — Eu vou me arrumar. Você deveria fazer o mesmo, Rukia. Já estamos atrasados pra primeira aula. — acrescentou.

— Ah sim. Hoje temos prova... Eu não posso faltar. — murmurou a pequena, ligeiramente preocupada com o sumiço de Kaien. — Espero que o Kaien-dono não faça nada imprudente.

— Por que isso de repente? Aconteceu algo? — indagou o rapaz, sem entender.

Rukia balançou a cabeça, estalando a língua.

— Não aconteceu nada. Vamos, Ichigo. — mandou, com a voz grave.

Os dois saíram da cozinha, esquecendo completamente de seus ilustres convidados que só tiveram alguns copos de limonada como companhia adicional.

— Que tipo de relação Kaien tem com essa garota? — perguntou Riruka em um murmúrio desconfiado.

— Eu não sei. — respondeu Shinji, olhando-a de relance.

Ele reconheceu um olhar familiar na garota. Olhos de fogo que frequentemente queimavam quando Riruka decidia fazer algo que julgava importante. 

— Vai começar a chover, mesmo assim vai querer fazer isso? — questionou, como se soubesse o que estava por vir.

— Você não precisa perguntar algo quando já sabe a resposta. — rebateu ela, começando a caminhar pra fora da cozinha.

O loiro exibiu um sorriso de canto, pondo as mãos no bolso enquanto a seguia.

— Leve um guarda-chuva. Aquele Tsukishima não ficaria feliz se você ficasse resfriada.

No hospital onde Byakuya trabalhava, ele concluíra todas as horas de seu plantão, arranjando algum tempo para ainda sim assistir a uma palestra de urologia que seria dada com o intuito de comunicar alguns avanços relacionados a câncer de próstata e afins.

— O que é isso, Kuchiki? Já está livre. Por que diabos continua no hospital? Eu não entendo esses jovens. — suspirou Kyouraku, num tom desaprovador.

 — Eu ainda estou com disposição para ver essa palestra, pode ser construtiva. — respondeu Byakuya em um sopro levemente cansado.

— Você está certo, Kuchiki-dono. Isso mostra o quanto é dedicado, fazia tempo que não víamos um estagiário com tanta determinação. Os estudos são bastante produtivos, eu também irei a palestra. — comentou Ukitake, andando ao lado de Kyouraku em direção à sala onde acontecia a palestra.

— De fato, são bastante produtivos. Disseram-me que a doutora que apresentará é bastante formosa. — cochichou Kyouraku, levemente ruborizado com o comentário.

— E isso tem alguma importância? — interrogou o Kuchiki, revirando os olhos e empurrando a porta que dava acesso a um grande palco feito para esses fins.

Logo que entrara, ele parou num súbito estado de choque. Os dois médicos veteranos não compreenderam aquela estranha reação, chamando-o algumas vezes embora fosse em vão.

Ele tinha petrificado com a imagem posta a seus olhos.

— Chegamos cedo. — falou Ukitake ao ter passado os olhos por todo o local.

— Shihouin Yoruichi... — murmurou, quase sem contrair os lábios. — O que ela está fazendo aqui? — finalmente conseguira organizar os pensamentos, mesmo que parcialmente.

Ele apontou um dedo trêmulo em direção a doutora acima do palco que dava os últimos ajustes no aparelho de retro projeção. 

— Do que está falando? — indagou Kyouraku, desviando os olhos para onde ele apontava. — Ela é a Dra. Yoruichi... A nova urologista transferida, e se quer saber uma das mais competentes, apesar da idade. Bem, ela é o que chamamos de prodígio. — respondeu ele, cruzando os braços.

O que estava acontecendo? Não podia ser uma alucinação já que Kyouraku a estava vendo. Talvez um sonho? Como aquela mulher poderia ser a ladra que outro dia tentara lhe roubar? Não fazia sentido.

Sem dizer nada, ele ignorou os médicos, enxergando a morena como único foco.

O Kuchiki caminhou até o palco, não sem antes inspirar o ar demoradamente para que um pouco de oxigênio alcançasse o seu cérebro.

Não utilizando de qualquer aviso prévio, ele a puxou pelo braço, arrastando-a até a parte de trás do grande palco.

— O que está f... — rosnou ela, reconhecendo o homem que a tinha arrastado. — Ora, se não é o Byakuya.

— O que uma ladra faz num hospital tão importante como esse? Se isso fizer parte de algum golpe... Eu irei desmascará-la imediatamente. — falou em um tom seco, não menos ameaçador.

Eles trocaram alguns olhares que fizeram Yoruichi gargalhar de excitação.

— Você tem um lado engraçado que deveria mostrar mais vezes, sabia? — zombou ela, tendo o cuidado de não rir muito alto. — Eu não sou ladra. — delineou um sorriso malicioso nos lábios.

Byakuya juntou as sobrancelhas, impaciente.

Ele notara que os olhos da morena não eram mais amarelos como antes, ganhando uma cor mais atenuada, um cor de mel.

— Eu sabia que você trabalhava aqui, mas não imaginei que viria na minha palestra. Sempre me surpreendendo, não é?

— O que significa tudo isso?

— Eu não sou ladra. Na verdade, sou tão médica quanto você. Por que eu te ataquei? Já o conhecia antes de fazer isso, pelo menos de vista... Bem, eu só quis tornar as coisas mais interessantes, Bya-kun, você deve entender. — ela falou tudo muito tranquilamente, quase com um cinismo aparente.

— Você tem uma mente doentia, Shihouin Yoruichi. — ele lhe dera as costas, sem mais perguntas.

— Então você me arrasta até aqui e tudo o que tem a me dizer é isso? Eu esperava mais. — o provocou.

— Sinto em desapontá-la. — começara a caminhar, decidindo encerrar aquele assunto.

— Ei, Byakuya! — exclamou ela.

Por impulso, ele se virou, sendo atingido pelo mesmo golpe que o derrotou na primeira vez.

Yoruichi era tão rápida quanto um relâmpago... 

Ela ousou mais uma vez pressionar os lábios contra os de Byakuya, levando um pequeno empurrou que a separou do moreno.

— Pare com essas palhaçadas! — rosnou ele, prendendo o corpo da mulher contra a parede pra que ela não tentasse nada a mais.

— Você está irritado, Byakuya? — perguntou ela em um murmúrio sarcástico. — Quer descontar essa raiva em mim?

O moreno limpou a garganta, determinado a não deixá-la fugir.

— Não fale bobagens. Eu não bateria em uma mulher mesmo que ela merecesse ser espancada até perder a consciência. — soltou uma indireta mais que direta, fitando-a nos olhos.

— Que malvado. Estou com medo. — ironizou, fazendo uma careta.

— Não me provoque.

Yoruichi repuxou um sorriso malicioso, percebeu que ele não usava de toda a força para prendê-la na parede e forçou-se contra ele, revirando o jogo.

“Que tipo de mulher é essa?” pensou Byakuya, surpreso com a sua força fora do comum.

— Parece que você acabou me subestimando, Byakuya... — sibilou, agora sendo ela a pressioná-lo contra a parede. — Você quer brincar?

O rapaz a ignorou, empurrando-a e entrando em uma espécie de disputa sobre quem tinha mais força corporal.

A morena enroscou uma perna na outra, tropeçando e levando o Kuchiki consigo.

Ambos caíram em uma posição pouco favorável, onde os deixara com um espaço muito estreito entre os dois corpos.

  Yoruichi sentiu a respiração quente e descompassada de Byakuya, aquilo fez o seu coração galopar.

A mulher se deslumbrou com o brilho dos olhos do moreno... Pensou que até então não tinha se dado conta sobre o que uma mera atração podia lhe trazer ou se transformar.

Eles ficaram sem voz, trocando alguns olhares confusos até a mulher falar algo:

— Tudo bem, vamos parar com isso... Eu peço desculpas...  — murmurou, mastigando as palavras com vagarosidade.

Byakuya assentiu, puxando-a enquanto voltava a se inclinar.

Ele não a puxara com a força necessária... Pelo contrário, fez isso com muita força, fazendo-a colidir com o seu corpo, batendo os lábios rapidamente nos dela.

Ambos pararam mais uma vez, quietos.

Yoruichi esticou o pescoço, mas quem lhe tomara os lábios, surpreendentemente foi Byakuya.

Ele os sugou avidamente, a envolvendo em um beijo repleto de luxúria e até uma pitada de loucura.

A morena o retribuiu com um entusiasmo maior do que imaginara, encaixando as mãos ao redor do corpo do Kuchiki, mordiscando-o enquanto ele descia até seu pescoço, apertando-lhe nas costas, como se procurasse algum ponto onde pudesse despejar aquela onde de desejo... Não queria perder o controle.

— Byakuya... — ela tomou ar, quase entregue ao moreno. — Droga... Você sempre consegue me surpreender, não é?   

Ichigo e Rukia se apressaram, correram contra o tempo, atravessando um quarteirão inteiro até alcançarem o colégio antes que este fechasse.

A morena não tivera problemas em vestir seu uniforme, já que sempre quando ia ao trabalho, o guardava dentro de uma mochila que ficava na cesta metálica da bicicleta.

— Essa foi por pouco... — falou a pequena, apoiando-se nos joelhos cansados.

— Cara, que cansaço. Vamos indo... A professora logo vai aplicar aquela maldita prova. — Ichigo a puxou pela mão, correndo em direção ao interior da instituição.

             Chegando na sala, ficaram um pouco surpresos em não verem a professora em nenhum canto do local.

Os alunos, por outro lado, se aglomeravam em várias balburdias, copiando trechos e mais trechos dos livros em pedaços de papéis.

— Que alvoroço. O que está acontecendo aqui? — Rukia não compreendeu o que se decorria, apesar de parecer bastante óbvio.

— Não vê? Esses idiotas estão preparando colas. — respondeu o ruivo, já habituado com aquele tipo de situação.

— Ah é? Que patético. — a pequena murmurou, seguiu até sua carteira e sentou-se.

Ichigo fez o mesmo, olhando os demais alunos com tédio.

— Onde será que a sensei se meteu? — suspirou, apoiando o queixo na palma da mão.

— ICHIGOOOOOO! VOCÊ FINALMENTE CHEGOU! — agonizou Keigo de súbito, saltitando como um coelho. — Qual vai querer? Eu tenho diversos tipos de colas. Desde as que se colocam dentro de meias até as que ficam por de baixo de pulseiras. — o rapaz abriu uma parte de seu uniforme, exibindo todo o seu acervo de papéis.  

— Eu não preciso dessas coisas. — Ichigo continuou inerte, sem lhe dar tanta atenção.

Keigo recuou em um salto, contorcendo o rosto.

— Verdade, verdade! Você é um dos nerds...! É por isso que sentarei ao seu lado!

— Quem você está chamando de nerd? Pare de ser idiota e tente estudar.

— NUNCA! — berrou às lamúrias. — Ah, é mesmo! E o baile? Ele já é daqui a três meses. Está animado para levar a Orihime-chan? — ele deu alguns tapinhas amistosos no ombro do ruivo, rapidamente mudando de expressão ao lembrar algo. — Droga! E-E-u ainda não achei nenhuma garota legal. NÃO PODE SER!!! — tagarelou, prestes a arrancar os cabelos.

Baile... Ichigo fitou a pequena, pensativo.

Ele lembrara a última conversa que tiveram.

Mesmo estando juntos, Rukia insistiu em reafirmar que iria ao baile com Kaien e pedira para que Ichigo estendesse o momento em que ambos namorariam oficialmente pra depois do baile. Ela justificou, dizendo que não podia voltar atrás com o convite que já fizera ao moreno e que seria melhor se fosse dessa forma. Evitaria especulações maldosas.  

Apesar de não gostar muito da idéia, teria de confiar na garota... Embora o seu maior problema fosse confiar em Kaien...

Rukia, por sua vez, mal parecia estar naquela sala. Ela ficou somente a contemplar da janela a paisagem que pouco a pouco se tornava cada vez mais saturada pela chuva que finalmente resolvera cair.

A pequena encontrava-se imersa em pensamentos distantes, não percebendo sequer o tumulto entre os alunos.

“Ainda me pergunto se aquilo foi uma alucinação... Será que Kaien-dono quis mesmo me beijar?”

             As gotas alcançaram o chão, tornando-se cada vez mais forte.

Kaien tinha chegado ao seu destino. Ele estava sentado em um banco de praça, pouco se importando com o corpo completamente encharcado.

Manteve-se cabisbaixo, como se nem mesmo a chuva conseguisse fazer com que ele tomasse qualquer atitude, até mesmo básica de se refugiar em baixo de uma estiada.  

Seu fluxo de pensamentos se encontrava nulo, nada passava por sua cabeça.

Não sabia que direção tomar ou que fazer. Fazia muito tempo que não se sentia desse jeito...

As gotas que atingiam a sua pele, de repente pararam de gotejar.

Kaien franziu o cenho, erguendo a face.

Uma grande tela negra e embaçada se colocara acima de sua cabeça, protegendo-o da chuva.

O rapaz piscou rapidamente, tendo dificuldades em entender do que se tratava aquilo.

— Você está todo acabado. — sibilou uma voz feminil.

Kaien arregalou os olhos. Naquele instante, a imagem tomara contornos nítidos, podendo assim, ser reconhecida pelo mesmo.

Era um guarda-chuva.

Ele moveu as orbes para a direita, enxergando Riruka. A garota o fitou com olhos apaziguadores.

— Riruka... Como você me...

— Você sempre gostou de praças, não? Eu não esqueci. — sorriu carinhosamente, de fato um momento raro.

— Ah, é verdade...

Para a sua surpresa, uma das mãos de Riruka fechou-se, desferindo-lhe um soco que atingiu logo abaixo do queixo, levantando sua cabeça até finalmente derrubá-lo do banco.

— Mas que diabos...?! Por que fez isso, sua idiota? — resmungou ele, já pensando na possibilidade de talvez fazer um transplante de bochecha.  

— Idiota! Deu trabalho te achar! No que estava pensando? Me fez ir a um monte de praças inúteis! Minhas botas estão sujas por sua causa! — explodiu de súbito, voltando a ser a mesma agressiva.

— Pra começar, eu não mandei você vir atrás de mim! Como sempre, uma intrometida, não é?! — rosnou ele, indignado.

— Ei Kaien... — iniciou num timbre seco, com os olhos ocultos pela franja. O moreno percebera a oscilação, ficando em silêncio. — Eu não sei o que aconteceu e também posso estar sendo inconveniente, mas, o Kaien que eu conheci, aquele com a força pra que todos o respeitassem e o amassem... Ele não está aqui. Não permita que ele vá embora. Prenda-o! Não seja esse ser vergonhoso que está caído na minha frente. Você é um líder, droga! O pilar que sustenta todos os outros. Se você cair, a queda dos demais será inevitável... — ela erguera os olhos ligeiramente marejados, delineando um sorriso enquanto erguia a mão, ainda fechada em frente ao queixo. — Desculpe, mas eu não sou o tipo de amiga que empresta o ombro pra você chorar. Eu sou do tipo que vai te socar quantas vezes precisar pra que nunca mais baixe a cabeça... Sabe, você não está só.  

 O rapaz continuou a admirá-la, como se tivesse sido surpreendido por uma atitude que jamais esperaria prover dela.

Ela tinha razão... Não podia se dar ao luxo de sofrer por amor.

Kaien esgueirou um sorriso no canto da boca, achando muito deprimente ter de ouvir aquilo de Riruka. A que ponto chegara...

Rukia que o desculpe, mas, Riruka o fez lembrar o motivo de ter se esforçado tanto pra chegar até onde estava... Algo mais importante que Rukia, mais importante até que ele mesmo.

Chegara a hora de parar com aqueles momentos de lamúrias intermináveis...

— Desculpe, Riruka... Por fazer você passar por isso. — murmurou, levantando. — Vamos embora. Eu não posso desperdiçar o meu tempo aqui. — aproximou-se da garota, fitando-a com carinho. — E obrigado.

Ele tocou na barra metálica do guarda-chuva, olhando-o com mais atenção.

— E-ei! Esse guarda-chuva é meu! — exclamou, arqueando as sobrancelhas.

— Opa! Isso é apenas um detalhe. Vamos logo para a sua casa! — Riruka começara a correr, deixando-o para trás.

— Espere, Riruka, sua idiota! Esse guarda-chuva estava no meu quarto! Você andou invadindo minha privacidade?! — berrou, correndo atrás da garota.

— Idiotaaaaa! Como se eu já não fizesse isso. — ela mostrou a língua, puxando a pálpebra inferior.

E ambos chapinharam em algumas poças d’água, correndo como duas crianças no meio da rua.

Kuchiki Byakuya finalmente retornara a sua casa após mais um longo dia exaustivo de trabalho. Mal podia acreditar na situação alucinante que havia passado horas atrás. Uma pequena parcela de si encontrava-se ligeiramente envergonhada. Ela debatia-se, dizendo o quanto ele tinha sido indigno ao beijar Shihouin Yoruichi. Outra fração, essa bem maior que a primeira, havia gostado... Revelando-se como uma parte que Byakuya até então não conhecia.

Ele abriu a porta, soltando um longo suspiro.

Muitos desejavam ouro, outros o poder... Mas, Byakuya, naquele momento, só desejava uma cama onde pudesse deitar o seu corpo cansado.

O Kuchiki se admirou com o silêncio fora do normal naquela casa. Ergueu os olhos e se deparou com seus móveis fora do lugar, papéis desorganizados e cortinas rasgadas.

Byakuya juntou as sobrancelhas, deixou o molho de chaves cair no assoalho, seu corpo tinha sido instantaneamente petrificado.  

O escancarar de uma porta entorpeceu parcialmente o seu estado de fúria, levando seus olhos a encarar o motivo do ruído.

— Ah cara... Que ressaca... Nunca mais vou beber... — bocejou Hisagi, saindo do quarto enquanto coçava os cabelos. — Pelo menos não tanto quanto aquela noite...

— Você. — murmurou Byakuya. — O QUE DIABOS FEZ COM A MINHA CASA???????

Em toda a vizinhança, durante horas, só se ouviu os berros desesperados de Hisagi ecoarem pela casa...  


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Notas finais do capítulo

Comentem, comentem e comentem. ♥