Bonds escrita por frozenWings


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Tenho alguns esclarecimentos a fazer:
Bem pessoal, primeiramente, desculpem a demora.. Acho que nunca demorei tanto pra postar quanto esse capítulo. a_a
Clima de feriadão prolongado, sabe como é, né? q
Tentei recompensar vocês, alongando o tamanho do capítulo.. Espero que tenham gostado.
Mas então.. Quero esclarecer algumas coisas.
A primeira dela é sobre o cabelo do Shinji. Resolvi deixar como grande porque haverá uma passagem de tempo, então, durante essa mesma passagem, eu cortarei e deixarei naquele corte habitual e panz.
E a verdade é que eu não tenho nada mais pra esclarecer, foi só isso mesmo. q UHSAHUSA
Boa leitura. ♥



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Pessoas buscam milhões de coisas o tempo inteiro.

Existem aqueles que buscam o poder. Outros que buscam a felicidade. Outros que buscam o amor. E até mesmo os que buscam o ódio. No fim, acho que todos nós procuramos a mesma coisa, só que com nomes diferentes.

É algo como estar em busca de prazer pessoal, como se desejassem senti-se vivos a todo custo, só que através de meios distintos.

Seres humanos tendem a ter um vazio durante alguma fase de suas vidas, por isso procuram com tanta persistência algo que elimine isso pelo menos parcialmente.

Sabe, Ichigo... Hoje é um dia especialmente vazio para mim e sinto que mesmo que eu procurasse por algo, não existe nada ou ninguém que elimine isso.

Você deve sabe, não importa quantos anos se passem, esse dia continua a ser chuvoso.

O cenário era um tanto difuso, formado por borrões mutáveis que uma vez ou outra tornavam os detalhes nítidos.

Uma pequena multidão de pessoas se reuniu em meio de um salão. Estranhamente, todos usavam máscaras e uma música tocada por uma singela orquestra servia como melodia de fundo, ecoando por todo e qualquer centímetro daquele imenso salão. As pessoas, devidamente trajadas por vestidos e trajes medievais, curvavam-se ligeiramente uns para os outros, como se encenassem uma típica dança proveniente de bailes monarcas.

Kaien caminhou entre a multidão, se perguntando porque estava em um baile como aquele.

Ele parou, focando os olhos em uma garota de baixa estatura. Pelo o que parecia, ela estava a espera de um nobre cavalheiro que a convidasse para dançar.

Os olhos azulados se sobressaíram na máscara branca que usava.

Ela se voltou para Kaien, fitando-o com curiosidade.

O moreno a reconheceu. Aquela era Rukia. Mas o que ela fazia naquele lugar?

Ele não perdeu tempo. Se aproximou timidamente da garota, estendendo a sua mão seguida de um de seus melhores sorrisos.

— A senhorita me daria essa honra? — indagou em um tom repleto de ternura.

Rukia posicionou ambas as mãos às extremidades de seu vestido, erguendo-as ligeiramente em um cumprimento formal.

Ela retribuiu ao sorriso do moreno, pousando a mão acima da palma do mesmo.

— Mais é claro. Seria um prazer. — respondeu com gentileza, sendo embalada por Kaien em uma dança.

Para a sua surpresa, a sinfonia até então formada apenas por instrumentos, em um segundo, se transformara em uma música bastante conhecida por si mesmo.

Vermilion pt.2 de Slipknot acompanhava sua dança com Rukia.

Ele se perguntou de onde vinha aquela música, porém, pra falar a verdade, não desejava perder seu tempo procurando respostas desnecessárias. 

 Rukia estava tão linda que não pôde prestar atenção em mais nada a não ser nela.          

Seu coração acelerou. Kaien limpou a garganta. Como que por algum impulso mais forte que qualquer ação racional, ele esticou o pescoço, guiando os lábios finos até os da garota. Suas mão pressionou levemente os delicados dedos da morena, evidenciando algum grau de tensão.

Ele a girou vagarosamente, enfim, tocando seus lábios nos dela.

Eram tão macios e quentes que o rapaz poderia ficar mergulhado naquela sensação pela eternidade.

Rukia fez mais que apenas permitir o beijo. Ela o retribuiu com tamanha intensidade que fez com que Kaien perdesse o fôlego.

Alguém cutucara o ombro do moreno, fazendo aquilo com alguma insistência até que ele pausasse o beijo.

— Poderia me conceder a próxima dança com essa bela dama? — perguntou um rapaz de voz familiar.

Kaien o examinou com maior amplitude, e apesar do sujeito usar uma boa máscara, ele pôde reconhecê-lo.

Era Ichigo. Vê-lo naquele instante fez com que seu coração desacelerasse e quase parasse de bater por tanto descontentamento.

O moreno não respondeu. Rukia, por outro lado, tratou de dar a resposta em seu lugar, exibindo um sorriso acompanhado do brilho entusiasmado de seus olhos.

— Seria muito agradável, nobre cavalheiro. — retrucou de modo encantador, e sem nenhuma consideração, abandonou Kaien, iniciando uma nova dança com o ruivo.   

Ichigo estreitou o espaço entre ambos, delineando um sorriso maroto nos lábios. Ele afagou os cabelos dela entre seus dedos, beijando-lhe veementemente.

Kaien os observou em estado de choque, incrédulo com a repercussão daquele lamentável capítulo de sua história.

— CARA, ISSO SÓ PODE SER BRINCADEIRA! EU PENSEI QUE VOCÊ GOSTASSE DE MIM, RUKIA! COMO PÔDE GOSTAR DE OUTRA PESSOA ASSIM TÃO FÁCIL? VOCÊ SÓ PODE SER UM SONHO MESMO. NÃO! UM PESADELO! CRETINOS... PAREM DE SE BEIJAR NA MINHA FRENTE! — berrou Kaien, tragicamente cômico. Ele chamou a atenção de todos os convidados do salão, gritando como um louco furioso. — NEM NOS SONHOS EU TENHO PAZ! DROGAAA! — gritou, bagunçando os cabelos espetados.

O rapaz acordou em um salto, inclinando-se acima do colchão. Ele cerrou os dentes, frustrado com o sonho que tivera.

“Droga de sonho!” pensou, olhando ao redor.

Viu Hisagi adormecido no meio do quarto, enquanto que Renji permanecia esparramado na outra cama.

Kaien bocejou, entediado por ter acordado antes do que gostaria. Ele coçou a cabeça, levantando-se e praticando alguns alongamentos matinais. Não conseguiria dormir novamente. O melhor a ser fazer era tomar um banho e aproveitar o tempo extra para praticar algumas notas das quais tinha criado para uma nova música.

O moreno caminhou sem vontade até a porta de seu quarto, se perguntando se o dia seria ao menos um pouco mais emocionante que o resto da semana.

Não muito longe da casa dos Kuchiki, um grupo de pessoas dobrava um último quarteirão, discutindo se iriam ou não incomodar um certo alguém.

— Por que diabos tivemos que acordar cedo e embarcar nessa loucura com a Riruka? — resmungou um loiro de cabelos longos, baixando seus fones de ouvido.

— Porque eu sou a líder e mando em tudo, não é óbvio, idiota?! — retrucou uma garota com uma arrogância aparente.

— Desde quando nomeamos você como líder? Eu não lembro disso. — ele arqueara uma das sobrancelhas, intrigado com a resposta da garota.

— Eu sou a vocalista da banda, não preciso de nomeação. — falou despreocupadamente enquanto enfiava uma rosquinha dentro da boca.

— Fala sério, feliz é o Tsukishima que não foi obrigado a vir com você. — suspirou um careca, entediado com a conversa. — Veja pelo lado bom, Shinji. Será nostálgico rever aqueles sacanas. — acrescentou com um sorriso animado.

— Ah, como Karakura é bonita, não acham? Ela realça ainda mais a minha beleza natural. — murmurou um outro rapaz ao lado do careca, contemplando a bela vista.

— Calem a boca, vocês reclamam demais! — mandou Riruka, lambendo a ponta de seus dedos sujos por açúcar. — A verdade é que eles ficarão muito felizes em me ver. — riu com confiança, percebendo que os demais a fuzilavam com os olhos. — Quero dizer, todos nós... — complementou sem vontade. — Eu estou sendo bastante legal em levar essa caixa de rosquinhas como presente.

— Se é presente, por que você decidiu comê-las, Riruka-san? — questionou Kira, um rapaz de rosto pálido e traços cansados.

— Eu só estou experimentando-as! Seria trágico se estivessem envenenadas. — retrucou com a boca cheia.

— Não, não seria. Elas fariam um favor ao mundo. — bocejou Shinji, se arrependendo de cada passo que dava em frente.   

— Eu sei que você só fala essas coisas porque aí, dentro do seu coração idiota, existe um amor reprimido por mim, a incrível Riruka. — cantarolou a garota, provocativa.

— Nem se você fosse a última mulher do mundo. — grunhiu de mau humor.

— Oh, olhem! Ali está a casa. Até que não é um buraco de rato como eu tinha imaginado. — apontou ela com um sorriso malicioso nos lábios, correndo até a calçada em frente à residência dos Kuchiki.

Os outros trataram de segui-la. Ela bateu algumas vezes na porta, esperando que alguém os atendesse. Não houve resposta.

— Você não deve estar batendo direito. Deixa que eu faço isso. Tem que bater com mais força! — falou Shinji, dando um leve empurrão na garota enquanto desferia alguns socos na porta emadeirada.

O silêncio continuou.

— E o prêmio de maior idiota do dia vai paraaaaa... Hirako Shinji. — sibilou Riruka, irônica. — Mais alguma idéia inovadora, gênio?

Shinji fez uma careta, desgostoso com o resultado frustrante de sua tentativa.

— Talvez devêssemos voltar outra hora. — murmurou o loiro pálido, numa falha tentativa de fazê-los desistir.

— Não fale bobagens, Kira. Vocês dois, saiam da frente. Se a porta não vai abrir por bem, abrirá por mal. — sorriu Ikkaku, achando essa segunda opção bem mais divertida. Ele cerrou os punhos, preparando os músculos.

— Tome cuidado, Ikkaku. — pediu Yumichika, mantendo alguma distância.

— E-Espere seu idiota, o que pensa que vai fazer?! Vai arrombar a porta? — gaguejou Shinji, cético.

— Vá em frente, Ikkaku! — encorajou Riruka, saindo do caminho do careca.

— Pare com isso, Riruka, sua maldita! Vocês por acaso são retardados? Não sabem que não se pode fazer esse tipo de coisa na casa dos outros? — protestou Shinji, já não sabendo que argumentos levantar para impedir Ikkaku de fazer aquela enorme besteira.

Há alguns metros dali, Kaien finalmente saia do banheiro, reclamando por ninguém ter levantado para abrir a porta.

Ele enlaçou uma toalha em torno da cintura, seguindo até a porta.

Chegando próximo a mesma, o moreno escutara alguns ruídos discutirem entre si sobre derrubar ou não a porta.

Ele arregalou os olhos, abrindo-a imediatamente.

— No três eu derrubo. 1, 2... — iniciou Ikkaku, se posicionando.

— E-Espera aí! Não precisa derrubar nada! O que pensam que estão fazendo, e... — Kaien passou os olhos por aquelas pessoas, vendo que não eram loucos desconhecidos, como havia imaginado, e sim loucos conhecidos. — Disc Disorder? O que estão fazendo aqui?

— Qual é cara, quanto tempo! — falou Ikkaku, desistindo de arrombar a porta.

— O-oi. — tartamudeou Shinji, sem graça, passando a mão pela testa úmida.

Riruka olhou o Thunder de baixo para cima, corando rapidamente. Não esperava que o moreno surgisse daquele jeito... Só de toalha.

As suas curvas bem definidas e os músculos torneados nunca estiveram tão aparentes.

— Droga Kaien! Por que diabos você está só de toalha?! Vá colocar uma roupa! — explodiu em um nervosismo evidente.

A garota usou a caixa de rosquinhas como válvula de escape para a sua frustração, jogando-a na cara do rapaz.

Nesse mesmo instante, a toalha cedeu, deslizando até deixar à mostra o que Kaien até então escondia.

A face da garota fumegou de vergonha. Ela ficou boquiaberta, não tão diferente dos demais que permaneceram da mesma forma.  

— Droga! Minha toalha... — rezingou Kaien, erguendo-a.

— Isso é jeito de você receber seus convidados, seu maldito? — sussurrou Riruka, tentando controlar-se. — Vá colocar uma roupa! — esbravejou, avançando em rumo a Kaien.

— Mas o que...?! — ele jogou a caixa de rosquinhas no chão, esquecendo, inclusive de levar a toalha que caiu por cima do assoalho. — Você é louca! Eu não tive culpa! — berrou, correndo desengonçadamente pelo corredor.

— Que barulho infernal é esse a essa hora da manhã? — murmurou Toushirou de mau humor, enquanto abria a porta de seu quarto.

Para a sua infelicidade, ele se deparou com a imagem de Kaien a correr pelado por toda a casa, sendo perseguido por Riruka que o ameaçava sem descanso.

— Eu não devia ter saído da cama. — concluiu, voltando a fechar a porta.    

Minutos depois, Kaien — trajando apenas um samba-canção — e todos os seus “convidados” estavam sentados no sofá da sala. A bochecha do moreno, antes com apenas um inchaço, ganhara uma nova marca avermelhada que formava a mão de Riruka.

— Por que você não veste algo mais apropriado, seu maldito? — murmurou Riruka, virando o rosto pra que ele não percebesse o quão corada estava.

— Ah, qual o problema? Pare de reclamar. Eu quem moro aqui, então decido como vou me vestir ou não. — bufou ele, sem a mínima vergonha. — Então... Vocês vieram nos visitar? — perguntou Kaien, cruzando os braços.

— SIM! Você é retardado ou o quê? Se me fazer repetir mais uma vez... — ameaçou Riruka, fechando o punho.

— Entendi, entendi. — retrucou rapidamente, fazendo um sinal para que ela se acalmasse. — Bem, o que eu posso dizer...? — refletiu o moreno, atraindo os demais olhares. — Como conseguiu nos achar?! — questionou em um espanto.

— Parece que alguém não ficou tão feliz em ver você, Riruka. — comentou Shinji.

— Não seja idiota, Shinji! — rosnou ela, voltando os olhos a Kaien. — É claro que ele está feliz em me ver, não é, Kaien? — enfatizou na pergunta, utilizando de um tom ameaçador.

O moreno estremeceu, sentindo por antecipação a onda de socos da garota. Como a dona de uma beleza tão doce pudesse ser tão agressiva?

Esse era, de longe, um dos principais motivos que levou o rapaz a não mencionar seu novo endereço.

Curiosamente, coisas imprevisíveis e aleatórias aconteciam sempre que Riruka estava presente e, de algum modo, as conseqüências tendiam a cair dolorosamente em cima de Kaien.

— O que traz a princesinha do rock a nossa humilde residência? — indagou Renji, irrompendo na sala, quem sabe, salvando a pele de Kaien.

— Olhem se não é o Renji. Por que você continua a me chamar por esse apelido estúpido? — questionou Riruka, manhosa.

— Só por não ter nada de melhor pra fazer. — ele esboçou um sorriso discreto, até então sendo o único Thunder a demonstrar qualquer entusiasmo.

— Já estava começando a achar que só o Kaien morava nessa pocilga. — exclamou a garota entre alguns resmungos.

— Ei, não ofenda essa casa... Até porque ela nem é minha. — sibilou Kaien, sentindo-se ligeiramente tenso.

— Grande Renji! Cada vez mais tatuado. Logo não restará mais lugar pra tanta tatuagem. — riu Shinji, sondando-o.

— Cuidado pra não se surpreender, Shinji. — respondeu o ruivo, amistoso.

— O Yumichika continua com essas penas de galinha no rosto, que vergonhoso. — zombou Renji. — Reflita, o carnaval já passou.

— Tolo. Como se você pudesse entender a beleza de toda uma estética. — retrucou Yumichika num ar de desdém, enquanto ajustava seu chanel.   

— E você, Kira? Nunca pensou em tomar um sol? Está cada vez mais abatido. — comentou Renji, parecendo mais uma espécie de crítico.

— É verdade, Abarai-kun... O problema é que eu continuo o mesmo, não importa quantas vezes eu tome banho de sol. — murmurou o loiro, coçando a bochecha.

— Qual é, cabeça vermelha! — iniciou Ikkaku, evidenciando alguma simpatia para com o ruivo. Ele ergueu uma das mãos, onde ambos se cumprimentaram através de toques informais. — Já faz algum tempo, não? Desde aquele último show que tocamos juntos.

— É verdade, Ikkaku-san. Nossa, aquele show, em minha opinião foi o melhor que já toquei. Mas, como nos acharam? Não lembro de termos avisado onde iríamos ficar. — retrucou ele, enquanto cumprimentava os demais membros.

— Essa é uma pergunta que ando me fazendo desde o primeiro instante que a Riruka chegou... — murmurou Kaien, torcendo pra que Riruka não tivesse escutado.

— Foi muito fácil. Eu contratei um detetive. — revelou, erguendo o polegar ao alto com um sorriso vitorioso nos lábios.

— Você se deu a esse trabalho? Sua fixação por mim está chegando a um nível crítico... Temos de conversar sobre isso. — ironizou Kaien, achando realmente assustador ela ter feito aquilo.

— Idiota, não é nada disso. Se não quer que eu faça esse tipo de coisa, apenas dê algum sinal de que está bem quando precisar sumir novamente. — rebateu ela, com uma voz rouca.

O silêncio tomou conta da sala.

— E então, onde está aquele empresário estranho de vocês? — indagou Renji, empregando meios de mudar ou até mesmo descontrair o ambiente.  

— Tsukishima está no hotel, trabalhando na nossa agenda do ano que vem. — respondeu Riruka que por sinal era a mais falante do grupo, o que não era estranho já que ela atropelava qualquer um quando estes tentavam falar.

— Que conveniente, hã? — disse Renji, jogando o corpo por cima do sofá menor.   

— Falando em empresários... Vocês deveriam ter arrumado um. É por isso que a banda de vocês foi do sucesso ao esquecimento. Tem que ter alguém de frente, moldando o planejamento e as ações inovadoras da banda. — comentou Shinji, brincando distraidamente com uma das madeixas loiras de seu cabelo, enquanto analisava a expressão de Kaien. — No entanto, acho que não é necessário comentar esse tipo de coisa com vocês, não é?

Kaien desviou os olhos, pensativo.

— Falando desse jeito parece até que você insinua que essas coisas sejam mais importantes que o talento em si. — murmurou ele de cara fechada.

— Não, de maneira alguma. Sem talento, você não vai a lugar algum... A não ser que seja uma piada, o que não é o caso de vocês. O que quero dizer é que vocês precisavam de divulgação, publicidade e etc. — suspirou, olhando para o teto. — Bem, de qualquer forma, esse assunto não me diz respeito. — encerrou.    

Kaien tinha que admitir, Shinji estava certo. Não podia errar dessa vez, pois, a banda não era formada somente por si e sim por seus outros companheiros.

Seria inaceitável fracassar de novo...

— Me digam uma coisa... Já que estão no auge do sucesso, provavelmente devem ter arrecadado uma boa quantidade de fãs e mídia. Como chegaram até aqui sem passar por nenhum assédio? — falou Kaien, mudando drasticamente de assunto.

Os membros do Disc Disorder se entreolharam, perplexos com a pergunta em questão.

— Err... Bem... — gaguejou a garota, meio embaraçada.

Nesse mesmo instante, um ruído se fez presente. Vinha da porta. Era algo semelhante a inúmeras batidas frenéticas.

Renji se candidatou a abrir a porta, andando até em frente desta, onde tocou e girou a maçaneta, abrindo-a vagarosamente.

Houve um estrondo e em um segundo, o que até então todos julgavam como sendo a figura de Renji, fora engolido pela avalanche humana que invadira a residência dos Kuchiki.

— R-Renji! — balbuciou Kaien, horrorizado com a quantidade anormal de pessoas.

— Mas que diabos é isso?! Paparazzi e fãs? — berrou Shinji, completamente assustado.

— Malditos, vocês estão cegando os meus olhos perfeitos. — rezingou Yumichika, pondo a mão em frente aos olhos.

Logo que os invasores pousaram os olhos em cima dos demais, uma pequena multidão gritou loucamente enquanto o restante se encarregava de criar uma chuva de flashs.

Os mais sagazes e quem sabe os mais malucos, avançaram em rumo a sala, esticando alguns gravadores ao tempo em que faziam inúmeras perguntas caóticas e quase incompreensíveis.

— O que você veio fazer na casa em que um dos membros dos Thunders mora? Existiria aí um possível romance que não queira revelar publicamente? — perguntou uma das pessoas, direcionando o gravador para Riruka.

— Que pergunta estúpida! É claro que não tenho nada com o Kaien! Nunca teria qualquer tipo de relacionamento com alguém que só usa samba-canção. — ela apontou para o rapaz, indignada por aquele tipo de especulação sem sentido.

— E-Ei! Qual é a sua?! Me deixa em paz! — protestou Kaien, ficando nervoso com tantos olhares para o seu corpo.

— Shinji, tire a Riruka daqui. Eu segurarei o máximo de pessoas que eu puder. — falou Ikkaku, parecendo sério sobre aquilo.

— I-Ikkaku. — murmurou Riruka, sensibilizada com aquele ato.

— Eu também ficarei e protegerei a Riruka-san, afinal, esses brutamontes destruiriam uma beleza tão delicada quanto a dela. — disse Kira, levantando-se do sofá.

— Kira. — sibilou, com os olhos marejados.

— Eu posso ir pra outro lugar? Não quero que eles desmanchem o meu penteado. — suspirou Yumichika, entediado.

— Onde está a droga da sua honra, Yumichika?! — rosnou Ikkaku.

 — Eu a perco quando alguma coisa desastrosa envolve o meu belo rosto. — retrucou. — Mas tudo bem. Podem seguir, Riruka e Shinji. — acrescentou, como se estivesse a ponto de ir para a quarta guerra mundial.  

Eles formaram uma barreira em frente à vocalista, prontos ao abate.

— P-pessoal... Vocês fariam isso por mim? — indagou a garota com um timbre teatral. — Por favor, agüentem firme... Não morram!

— Ah, parem de palhaçada! — exclamou Shinji, suspendendo Riruka por cima de seu ombro sem qualquer aviso prévio.  

— Ei Shinji! O que pensa que está fazendo?  Minha calcinha! Minha calcinha vai aparecer! — esperneou, preocupada com a sua retaguarda.

— Isso que dá você usar vestidos tão curtos! — resmungou o rapaz, correndo em rumo ao corredor com Riruka em seu ombro.

— Agora eu sei como um saco de cimento se sente. — comentou ela, nauseada com todo aquele galopar.

Kaien, por sua vez, conseguira escapar das mãos que insistiam em agarrá-lo.

As inúmeras câmeras não deixaram de captar cada movimento e ângulo do rapaz, fotografando-o em várias posições e caretas com aquele samba-canção.

— Alguma mão pervertida pegou na minha bunda, eu senti! — berrou ele, saltando logo atrás de Shinji e Riruka. — Droga, por que você só traz problemas, Riruka?! Byakuya vai acabar comigo quando ver o estado em que a casa dele ficou. — complementou, e só de imaginar, sentiu um arrepio percorrer sua espinha.

— Cale a boca! Pra começar, isso tudo não teria acontecido se você não necessitasse tanto em sumir do nada! — rosnou a garota, olhando-o mais do que gostaria já que seu rosto estava às costas de Shinji.

— Como é? Não me culpe! Nós estávamos bem escondidos antes de você aparecer e trazer esses urubus!

— Será que dá pra vocês discutirem outra hora?! Cara, estou me sentindo em um filme de Resident Evil! Tem alguma saída pra esse pesadelo, Kaien? — perguntou Shinji, correndo o máximo que suas pernas podiam.

— Acho que tem a porta dos fundos, e... — ele pausou ao quase bater em uma porta que se abriu subitamente.

— Por que vocês não conseguem ficar quietos por um minuto sequer? Tem gente querendo dormir! — reclamou Toushirou, pondo a cabeça pra fora do quarto.

Kaien passou por ele, apontando para o que vinha logo atrás.

O grisalho girou a cabeça, se deparando com um de seus piores pesadelos: fãs enlouquecidas.

— Olhem só! Um Thunder! É o Hitsugaya-kun! — a miríade escandalizou, saltando por cima do pequeno enquanto as outras faziam o trabalho de tomar posse do quarto, agarrando Grimmjow que minutos atrás dormia.

— AHHHHHHHHH! — o grito de Hitsugaya ecoou por todos os cantos da casa, atraindo ainda mais pessoas.

Kaien e Shinji prosseguiram. A situação tinha ficado muito crítica para pensarem em atos heróicos.

O loiro alcançou a porta dos fundos, girando a chave e saindo às pressas.

Kaien resistiu ao impulso de sair correndo por aí, tratando de fechar a porta com competência, embora tenha sido surpreendido pelo impacto das pessoas contra a mesma.

— Elas têm a força de dez homens...! — ofegou, usando o peso de seu corpo para manter a porta trancada.

— Estamos perdidos. Não há para onde ir. — Shinji olhou ao redor, não enxergando qualquer chance para uma retirada bem-sucedida.

Eles escutaram um assobio que veio do alto, cortando o barulho infernal dos gritos sem fim. Eles o seguiram, olhando para cima onde enxergaram uma garota em cima da sacada vizinha.

Era Rukia.

— Eu preciso que vocês pulem aquela cerca e corram o máximo que suas pernas permitirem até a casa do Ichigo. A porta estará destrancada. Vamos! Não percam tempo! — mandou de modo autoritário, como se soubesse exatamente o que fazia.

Shinji colocou Riruka no chão, encarando aquilo como a sua única alternativa.

— Quem é ela? — indagou Riruka em um murmúrio.

— Façam o que ela mandou! — exclamou Kaien, parecendo sério quanto aquilo. — Eu alcanço vocês quando estiverem do outro lado.  

Riruka o fitou por alguns instantes, relutando em continuar.  

— Mas, Kaien...

— Ande! Milhões de beijos, mordidas e apertões não vão me matar... Só me traumatizar. — terminou com um sorriso apaziguador.

Ela retribuiu o sorriso, balançando a cabeça.

— Esse é o sorriso de alguém confiante. Eu vou acreditar em você, então não me decepcione ainda mais, seu traste! — grunhiu, parecendo ter tomado impulso.

Shinji e Riruka pularam a pequena cerca de metal que separava o quintal dos Kuchikis do quintal dos Kurosaki.

Eles seguiram até a residência de Ichigo, adentrando-a com velocidade.

“Muito bem, é agora!” refletiu, olhando fixamente a porta até finalmente soltá-la.

Do outro lado da casa, Toushirou saltava janela afora do seu quarto, correndo entre alguns tropeços.

Suas roupas estavam rasgadas, sua pele arranhada e o seu cabelo completamente emaranhado.

Grimmjow decidira ficar. Ao contrário do grisalho, para ele, aquilo não era nada mais que o verdadeiro paraíso.

Ele ofegou, arregalando os olhos ao perceber que umas cinco garotas — após revirar o quarto e não encontrá-lo — o seguiam veementemente, soltando alguns gritinhos esfuziantes.

Hitsugaya correu até em frente da casa, tendo acesso a avenida principal, por onde percorreu sem qualquer rumo.  

Sua respiração se encontrava apertada. Mal podia respirar e correr por mais quadras. Tinha gastado toda a sua energia quando escapara das garras assassinas daquelas malucas.

Para o seu desespero, as fãs se aproximaram cada vez mais rápido, aspirando a única esperança de que pudesse despistá-las.

De repente, uma porta se abriu do nada. Como que por instinto, Toushirou girou a cabeça, enxergando uma garota familiar.

— Por aqui, Shiro-chan! Entre rápido antes que elas o alcancem! — exclamou ela, oferecendo a sua casa como abrigo.

Ele não pensou duas vezes. Usou suas últimas forças para chegar àquela casinha, jogando-se adentro da mesma.

Rapidamente, a garota trancara a porta, permanecendo parada por alguns segundos.

O grisalho sentou no chão, arfando. Ele ficou em silêncio, esperando por qualquer comentário que não veio.

Toushirou ergueu os olhos, desviando-os no mesmo instante.

— Você sabia, não é? — indagou em um sussurro, sentindo-se meio estúpido.

Hinamori Momo voltou-se para o pequeno, olhando-o por um momento e em seguida, também desviando a vista.

— Desculpe. Eu imaginei que o Shiro-chan não quisesse que soubessem de sua real identidade pra que não acontecesse como a situação de quase agora... Então, eu fingi não saber quem era você. Não queria ser um incômodo. Bem, deve ser duro levar essa vida cheia de fama e ao mesmo tempo cheia de precipícios... As pessoas acabam idealizando você e começam a fazer uma série de perguntas indelicadas. Eu queria que você conversasse comigo sem qualquer peso ou receio por você ser quem é. — revelou, olhando timidamente para o chão. — Então quando você se sentisse a vontade para contar quem realmente era, eu escutaria. Por isso esperei pacientemente... — acrescentou, sentindo que tinha sido um pouco tagarela.

— Desde quando sabia que era eu? — questionou ele.

— Desde o primeiro momento. — retrucou com um sorriso gentil nos lábios.

Toushirou sentiu suas bochechas corarem com aquela resposta.

Hinamori tomou algum ar de coragem, se aproximando e sentando próximo ao garoto.

— Você é realmente gentil. — sibilou, sem encará-la.

— Obrigada... Sabe, pode até parecer bobo e você provavelmente vai rir de mim, mas eu penso que, hoje em dia, nesse mundo repleto de violência em que vivemos é muito difícil encontrar pessoas que sejam verdadeiramente gentis, por isso temos que tentar ao máximo sermos bons uns com os outros... Quem sabe essa não seja a força que algum dia guiará o mundo? — falou, juntando os joelhos.

Hitsugaya conduziu uma de suas mãos até o rosto da garota, girando-o de encontro ao seu.

— Eu não estou rindo. — sussurrou ele, fitando-a nos olhos.

— Parece que não. — ela retribuiu o olhar, corando intensamente.

O grisalho respirou fundo, não contendo um desejo que gritou do fundo de seu peito.

Seus lábios alcançaram os de Hinamori, beijando-lhes.

A garota arregalou os olhos, fechando-os com o prolongar do beijo.

Não houve resistência, pelo contrário, ela desejava aquele beijo tanto quanto o garoto.

Toushirou passara uma das mãos por trás da nuca dela, transformando aquele beijo terno em algo mais voraz, mais sedento.

Ele a pressionou contra a parede, sentindo seus dedos trêmulos entrelaçarem aos seus, encaixando-os em uma junção perfeita.

            Na casa dos Kurosaki, Kaien subira ao alto do quarto com apenas alguns arranhões causados pelas fãs enfurecidas.

Chegando lá, ele deu de encontro com Riruka e Shinji que estavam acompanhados de seus anfitriões: Ichigo e Rukia.

O rapaz ficara um pouco entorpecido com a imagem deles dois juntos, afinal, por mais que fosse maduro em relação a esse assunto... Não pôde evitar um pequeno abalo que destroçou algumas partes dentro de si.  

— Roupa interessante, Kaien. — zombou Ichigo, parecendo bastante feliz.

— É a nova moda, não sabia? — indagou, impassível àquela provocação.

— Não sabia que você era do tipo que seguia tendências.

— Você não sabe de muitas coisas. — respondeu em um sorriso sarcástico.

— Que bagunça é aquela na casa do meu irmão? Quando ele chegar, ficará muito bravo... Nem quero ver. — suspirou Rukia, achando tudo aquilo bastante problemático.

— Não me culpe. Isso tudo é culpa de uma certa pessoa... — Kaien mirou os olhos para Riruka, fuzilando-a. — Não é, Riruka?

Rukia fez o mesmo, percebendo que não prestara muita atenção nos amigos de Kaien.

Riruka era de um tipo excêntrico. Usava roupas estranhas que quase sempre vinham acompanhadas de botas, chapéus e luvas que nem sempre alcançavam somente o pulso.

Seus cabelos eram longos e ligeiramente rosados num tom quase avermelhado. Eles eram cuidadosamente presos no alto das duas porções laterais.

Seus olhos eram castanhos, bastante ciliados. Ela era quase uma réplica perfeita de uma boneca.

Tinha uma expressão imponente estampada na cara, como se contradissesse a sua aparente delicadeza.

Shinji, por sua vez, era um sujeito de olhos miúdos e que tinha uma expressão mal encarada. Usava e abusava de visuais tipicamente europeus. Junto a Riruka, decerto, eles eram os mais adeptos a estilos da banda.

Ele era alto e bastante magro, talvez, o cabelo longo não tenha sido uma de suas melhores escolhas com aquele aspecto físico.  

— De onde são esses estranhos? — perguntou Rukia sem qualquer cautela.

— Quem você está chamando de estranhos? Não gostei do seu tom. — rebateu Riruka, lançando-lhe um olhar insatisfeito.

— Bem, bem... Que problemático, não? Por que vocês não me acompanham até a cozinha? Tenho suco e vocês podem comer algo... — falou Ichigo, já enxergando uma futura discussão.

— Acho uma idéia esplêndida. — concordou Shinji, empurrando Riruka até a entrada do quarto.

— Ei, Shinji! Não me empurre! — resmungou ela, indo contra sua vontade.

Ichigo realmente parecia diferente. Uma calmaria nunca vista jazia ali.

— Kaien-dono, deixe que eu cuido desses machucados. Ichigo tem alguns curativos nessa maleta. — murmurou Rukia, fazendo um sinal para que ele se sentasse em cima da cama do ruivo.   

Kaien obedeceu, sentando-se.

 Ele conseguia ver. Rukia também tinha mudado e ele podia ver isso claramente.

Não haveria porque lutar em uma batalha perdida, foi isso o que pensou. Não podia ser presunçoso em relação a Rukia, em achar que poderia fazê-la feliz.

Não... Não podia tratá-la como se ela fosse um bichinho, decidindo ou não o que fazer. Ignorando suas vontades. Algo assim só atrairia mais sofrimento.

Até então, o máximo que pôde fazer por ela foi entregá-la de bandeja a Ichigo... E de longe, foi a pior coisa que fizera.

Seu coração agora sangrava. O tempo estava acabado... Seus pensamentos oscilavam, borbulhando de desespero por alguma saída, alguma alternativa que lhe indicassem o melhor caminho para o coração de Rukia, embora soubesse que agora esse mesmo caminho se encontrava bloqueado...

Ichigo tinha se tornado mais importante que ele? Por que e quando isso aconteceu?

Kaien deixou seus pensamentos saltarem de sua mente. Uma de suas mãos agarrou a de Rukia, fitando-a profundamente nos olhos, como se quisesse gritar alguma coisa.

A morena não compreendeu, ficando apenas a sondar aqueles olhos entristecidos.

O rapaz esticou o pescoço, aproximando os lábios. Uma de suas mãos seguira até os cabelos da garota, empurrando-a levemente contra si.

Rukia, embora quisesse, não conseguira se mexer. Na verdade, nunca imaginara que Kaien pudesse tomar um tipo de atitude como aquela, então se limitou a ficar paralisada.  

Ele soprou o ar, sua respiração a sair falha junto aos batimentos cardíacos.

Juntou a sua testa a dela, tendo ali um ponto de apoio.

O moreno estava prestes a beijá-la quando Rukia o afastatara, com um olhar assustado.

Só então ele tinha se dado conta do que quase fizera.

Kaien levantou da cama sem dizer qualquer palavra. Não haveria algo que conseguisse explicar a grandeza da vergonha que tinha se apoderado dele.

— Desculpe. — sussurrou, só tendo aquilo em mente.

O moreno apenas caminhou até a entrada do quarto, olhando-a uma última vez até finalmente desaparecer do campo de visão da garota.

Perder o controle era perigoso... Definitivamente, nunca mais deixaria isso acontecer, nunca mais.

De novo esse silêncio angustiante. Essa casa está vazia há tanto tempo que eu até brinco com meus próprios ecos.

Minha vida, de certo modo, parou.  Não há crescimento ou evolução. Ultimamente ela têm se baseado em uma longa espera já que fracassou na busca.

Eu me certifiquei de não mudar de cidade, nem mesmo de avenida. Dessa forma, quem sabe, enquanto eu caminhasse normalmente para o trabalho... Eu veria a Rukia surgir no meio do nada, como se nada daquilo tivesse acontecido.

É claro que se trata de mais um sonho estúpido, no entanto... Se pudesse acontecer como em um sonho, uma única vez... Eu ficaria realmente feliz.


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Notas finais do capítulo

Sem nota final dessa vez. q