Desencontros escrita por map-chan, Kuri-Chan, Koneko-chan


Capítulo 3
Memories


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente gostaria de pedir desculpas pela demora desse capítulo, mas realmente vocês não vão querer me matar quando chegarem nas notas finais do capítulo xD
Kuri está aqui do meu lado segurando o choro, ela ficou super emocionada com a fanfic.
ela está berrando do meu lado que ficou encantanda... mas enfim...
também fiquei bem feliz com o resultado, estava muito ansiosa para postar.
espero que gostem
boa leitura:



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Capítulo 3

– Kuri, acorda... – Miyuki me chacoalhava – Nossa! Mas que cara inchada, o que aconteceu ontem? – ela estava preocupada.

– Nada. – disse evasiva.

– Claro! Nada! Isso sempre me faz chorar o suficiente pra acordar inchada na manhã seguinte.

– Eu vou me casar hoje, por que algo estaria errado? – tentei parecer inocente e mudei de assunto – Como foi a festa ontem?

– Foi muito divertido! A Erika foi o cen... Não, não mude de assunto! – ela disse ríspida.

Fiquei em silêncio, por alguns segundos pensando no que responderia para ela, será que deveria disser que beijei Draco? Que ele se declarou para mim? Que eu ainda o amo? Fui tirada dos meus pensamentos pela voz de Miyuki

– Kuri, vai me responder ou está difícil?

– Nada que precise de atenção, vamos Miyuki, temos muitas coisas pra ajeitarmos, afinal, hoje é o grande dia! – me levantei fingindo estar animada.

– A senhora Adams pediu que você fosse para lá assim que acordasse para ajudar na decoração e todos esses detalhes...

Assim que Miyuki saiu do quarto me joguei na cama olhando o teto, estava mais do que confusa, realmente gostava do Henry, mas meus sentimentos pelo Draco nunca sumiram, me virei para a janela que agora estava aberta e lembrei da noite que ele havia fugido as pressas de Hogwarts.


~ Flashback on ~

Estava no salão comunal da corvinal, Luna havia me colocado para dentro, Miyuki me dava mais um dos sermões sobre se aproximar de Draco, cansada do seu falatório olhei pela janela e vi com clareza a marca negra se formando no céu e sem pensar sai correndo pelo castelo, só pude ouvir Miyuki gritando para que eu não fosse.

Desci as escadas pulando vários degraus, então era esse o motivo de sua despedida, os comensais vieram buscá-lo, só podia ser isso, apesar de Miyuki pedir insistentemente que eu parasse de falar com Draco porque ele era um comensal, eu me recusava a acreditar, era tudo influencia do pai, ele queria um filho comensal, seguindo os seus passos, não era o que Draco realmente queria, enfim descobri o motivo de seus olhares confusos.

Parei na frente do salão principal, respirei com certa dificuldade me apoiando nos joelhos, olhei ao redor, estava sozinha, não sabia o que fazer, iam me tirar o Draco, logo agora que estava me aproximando dele, depois de tantos anos o observando, eu não poderia deixar que partisse, mas eu não conseguiria lutar contra os comensais, pois eu o colocaria numa situação pior, afinal, eu era uma lufana.

Se ele fosse mesmo partir, não o deixaria partir sozinho, mesmo que só um objeto, ele levaria algo para me representar, era isso que eu faria, corri mais uma vez pelo castelo e entrei no salão comunal de minha própria casa e logo no quarto que dividia com as quintanistas, vasculhei meu malão na procura de um precioso broche que havia ganho de papai ainda pequena.

Na mesma pressa que entrei sai, trombando com Miyuki que cheirava a vinagre, pelo visto ela havia tentado entrar, aproveitando a brecha, ela segurou meu braço e entrou de volta pro salão.

– VOCÊ ESTÁ LOUCA SE ACHA QUE EU VOU DEIXAR VOCÊ IR ATRÁS DE DRACO DEPOIS DA CONJURAÇÃO DA MARCA NEGRA! – ela gritou comigo, estava furiosa.

– Eu vou Miyuki, não me atrapalhe, eu só quero conversar com ele – abaixei o olhar e apertei mais forte o broche na mão, ato que não passou despercebido por ela.

– ME DÊ ISSO KURI! – agora ela estava mais descontrolada que antes.

– NÃO! O BROCHE É MEU, EU VOU DÁ-LO PARA QUEM QUISER – sai correndo porta afora quase em lágrimas.

Ouvi os alunos murmurando algo pela gritaria e a voz de Miyuki ao fundo gritando com eles, logo seus passos começaram atrás de mim que corria o mais rápido que podia.

Infelizmente Miyuki era mais rápida que eu e me puxou novamente pelo braço, forçando-me a parar de súbito.

– Não acredito que vai dar o broche do nosso pai pra ele... – ela estava chorando – ele que é um comensal da morte, como os que mataram tantas pessoas por aí, como os que mataram a nossa mãe que nos criou sozinhas desde o falecimento do nosso pai! VOCÊ VAI MESMO DESONRÁ-LOS KURI? – as lágrimas rolavam pela sua bochecha.

Não consegui encará-la depois disso, soltei meu braço sem dificuldade e tornei a correr atrás de Draco, fui onde ouvia alguns gritos femininos e de longe a voz de Harry e Snape.

Não demorou para que o visse ao lado da famosa comensal Belatriz Lestrange, estava tão abalada quanto Miyuki e tenho certeza que ele percebeu, ele veio até mim e conversamos, Belatriz o procurava como louca para fugirem do castelo e antes de partir ele me deu um beijo.

Lembro que ao voltar encontrei Miyuki chorando no corredor sendo consolada por dois garotos, ela me olhou triste, mas não sustentou o olhar, logo voltou a baixar o rosto e chorar sentida, naquela noite tínhamos perdido pessoas importantes para nós, mas mesmo assim não nos falamos por dias.


~ Flashback off ~

Mais uma vez estava deixando minha irmã longe das minhas decisões, mas tinha quase certeza que ela faria minha cabeça falando que Draco não prestava, entre outras coisas, e essa decisão cabia unicamente a mim.

Sentei na cama e olhei ao redor, meu quarto estava todo encaixotado, após o casamento viajaríamos para o Japão em lua de mel e na volta estaríamos muito bem aconchegados na nossa nova casa, duas ruas acima da casa de Miyuki, ela faria o favor de organizar a casa durante a viagem de duas semanas.

Calmamente troquei de roupa e me dirigi ao banheiro, onde passei muito tempo fazendo a higiene pessoal, não estava nem um pouco afim de encarar minha irmã, pior ainda era ter que encarar minha sogra com o rosto inchado.

Quando senti que estava mais apresentável desci e comi rapidamente, logo indo até a lareira e em questões de segundos já estava na casa do meu noivo.

– Finalmente! Achei que não vinha mais, estava quase indo te buscar! – minha sogra estava desesperada.

Sorri para ela e pedi desculpas, logo meu dia ficou tão corrido que eu não sabia o que fazer primeiro, era dar opinião para tudo, para decoração, para o cardápio, para os convidados, tudo isso, novamente, afinal, eu estava junto e escolhi todas essas coisas.

Já havia almoçado quando mandaram que eu descansasse em um dos quartos de hospedes, sentei perto da janela e olhei o jardim que estava sendo arrumado para a cerimônia, o silencio que se apoderou do quarto vazio era quebrado apenas pelo som de minha respiração, mas não impediu que minha mente vagasse entre minhas lembranças.


~ Flashback on ~

Era de noite e estávamos deitados sobre a grama olhando os poucos flocos de neve que caiam calmamente, apesar das broncas de Miyuki não consegui disfarçar que havia ficado impressionada com o tamanho da mansão de Henry, ele parecia se divertir com nossas crises de irmãs.

– Sabe, estou muito feliz que vocês estejam aqui...

– Eu também, apesar de ficar preocupada pensando se não estamos incomodando – corei um pouco.

– Não teria como incomodarem, eu já convidei Miyuki várias vezes, sempre lembrando que era pra te trazer junto, imaginava que seria mais fácil vencer a timidez em um ambiente que estava completamente acostumado. – ele revelou.

Fiquei quieta uns instantes remoendo aquela frase e então perguntei:

– Desde quando sabe que somos irmãs?

Lembrava que Draco nunca havia associado uma coisa com a outra, apesar de conhecer Miyuki porque ela sempre implicava com o menino, ele nunca nem havia percebido minha existência até seu sexto ano.

– Eu sempre soube, apenas tinha vergonha demais para me apresentar, no primeiro ano fui na mesma cabine que Miyuki porque era a mais vazia e tinha visto vocês duas na floreios e borrões... fiquei um tempo lutando comigo mesmo para entrar, foi engraçado...

– Eu sei como é, eu também sou assim... – parei de sorrir ao lembrar de Draco.

Aos poucos a neve foi caindo com mais intensidade, e uma camada branca começou a se formar ao nosso redor, como estávamos bem agasalhados continuamos ali apreciando a beleza da natureza e a pureza da neve.

Junto com a neve a noite chegou, pude ver Miyuki debruçada na janela olhando o céu, a imitei e pude ver algumas estrelas brilhando, mentalmente tentei fazer uma previsão astrológica, Cassiopea estava diferente, provavelmente aquele tempo de calmaria não demoraria a acabar, Triangulum era outra que parecia brilhar de forma estranha, mas não me lembrava e nem conseguia imaginar o que poderia ser.

Assustei ao ver Henry levantar e me sentei para ver o que ele iria fazer, ele começou a andar pela neve arrastando os pés e fazendo uma trilha verde em meio ao branco que se acumulara consideravelmente, sentada não consegui ver o que ele estava desenhando, então me levantei.

– O que é? – perguntei após constatar que só conseguiria ver da janela do quarto.

– Antes de dormir você verá – ele sorriu tímido.

– Assim você me vai me fazer parecer ainda mais mal educada, quero subir agora mesmo pra descobri – ri alto.

– Se essa for sua vontade... o bom de nos deitarmos agora é que vai dar a sensação de esperar menos para ter neve suficiente para um enorme boneco.

Ao ouvir isso subimos o mais depressa que conseguimos apostando corrida, claro que perdi, mas isso não importava eu estava rindo como a meses não ria e isso era maravilhoso, subi para o quarto me segurando para não correr novamente, ao entrar fui direto à janela e pude ver um grande e torto coração que tinha sido desenhado com muito carinho.


~ Flashback off ~

Ao lembrar daquela noite penso como fui boba em pensar que era tanto para mim quanto para Miyuki, sempre que ela dizia não ser a única a se preocupar comigo não era de Daisy ou Anna que ela falava, era de Henry, ele sempre tentou me ajudar e me defender, mesmo às escondidas, mesmo sem ser reconhecido ou retribuído.

Balancei a cabeça de um lado para outro voltando a atenção para o presente, tinha que me concentrar no que estava para acontecer, olhei no relógio e já passava de meio dia e meia, ansiosa comecei a andar pelo quarto, não demoraria até que a equipe contratada para minha produção chegassem acompanhados pela minha irmã que ficou completamente responsável por essa parte.

Por fim decidi deitar, estava quase cochilando quando ouvi batidas na porta e a voz de minha sobrinha conversando animadamente.

– Pode entrar – disse calmamente.

A porta se abriu revelando nada menos que cinco bruxas e meia, duas cabeleireiras, duas maquiadoras, minha irmã e sua filha.

– Desculpe o atraso, estava conversando com seu futuro marido – ela estava estranha.

– Por mim tudo bem, mas a senhora Adams deve ter ficado uma fera, não é? – sorri para ela.

– Com certeza! Mamãe ficou apertando beeem forte a minha mão enquanto conversavam! Minha mãozinha ficou até dodói – dedurou a criança.

– Fiquei segurando porque você queria imitar sua tia e mexer em tudo! Enfim, terei que pedir para que vocês esperem lá fora por alguns minutos, coisa rápida.

Ela simplesmente enxotou todos para fora do quarto, recuei um pouco quando ela se virou para mim com um falso sorriso.

– Nós podemos conversar?

Era uma pergunta retórica, na atual situação eu não tinha como fugir e nem como me negar, só tinha uma chance de escapatória.

– Odeio quando você age que nem a Umbridge.

– Que coisa, eu odeio quando você me obriga a agir assim...

Agora estava ferrada, alem de não conseguir fazê-la mudar de idéia ainda tinha despertado sua fúria, ela me olhou profundamente, eu sabia o que ela estava tentando fazer, por isso virei de costas.

– Ta legal, o que você quer conversar?

– Você está abalada, por causa do Draco não é?

– Um pouco, quase nada – revelei.

Por alguns instantes o silencio foi absoluto, eu nem respirava com medo de sua reação, esperava qualquer coisa, menos o que ela fez.

– Então eu tenho duas coisas para te contar, você quer ouvir primeiro sobre o Draco ou sobre o Henry?

Pensei um pouco, por fim decidi não irritá-la mais e respondi:

– Primeiro do Henry, claro – disse como se fosse óbvio.

– Lembra que durante a guerra eu entrei em crise e comecei a chorar e a gritar histericamente?

– Lembro, Vaisey teve que te esconder na cozinha até você se acalmar, mas não foi por causa do Snape?

– Só tive a visão de sua morte quando já estava na cozinha, o motivo daquela reação foi quase VER a morte de duas pessoas que amo muito...


~ Flashback on - Miyuki POV ~

Era uma correria sem fim pelos corredores de Hogwarts, rajadas de luzes coloridas eram lançadas a todos os instantes, algumas eram rebatidas, outras simplesmente erravam seus alvos, aqui e ali estudantes mais jovens choravam, enquanto outros mais velhos chamavam desesperadamente por amigos ou irmãos, como era o meu caso.

Quando me distrai lançando o feitiço de corpo preso em um comensal que corria na direção dos gêmeos Weasley, o grupo se dispersou tão rápido que quando virei para acompanhá-los haviam sumido.

Procurei por um muito tempo apenas me defendendo dos feitiços lançados gritei de susto quando um homem de capa pulou na minha frente me empurrando tão repentinamente que a queda foi inevitável, quando ele apontou a varinha para meu rosto foi atingido por Expelliarmus e sua varinha saiu voando, Vaisey a agarrou e com a própria varinha em punho bradou:

– Muito covarde da sua parte atacar uma dama com força bruta! Ainda mais sendo a minha namorada! Estupefaça!

O comensal caiu inerte no chão, Vaisey se virou e sorriu para mim, me abraçando, abalada o abracei forte e o beijei, apoiei a cabeça em seu peito e expliquei que estava sozinha, que não fazia idéia de onde meus amigos e irmã estavam e muito menos como estavam.

– Eu vi Kuri com Sprout, eles estavam carregando mandrágoras – me acalmou Vaisey – ela parecia muito bem, na verdade melhor que você...

Ele me levou para a torre de astronomia estava proporcionalmente cheia, olhei com atenção procurando por Kuri, ouvi os gritos estridentes das mandrágoras Sprout e companhia estavam atordoando os comensais com ajuda de uma simples plantinha, mas não fui a única a ver o que acontecia, um dos comensais lançou Avada Kedavra em direção ao grupo e bem na periferia da roda de alunos estava minha irmã.

Protego – gritei apontando a varinha para Kuri, porem ela estava muito longe e o feitiço não surtiu efeito.

Lagrimas escorriam pelas minhas bochechas quando vi Henry se jogar entre Kuri e o raio verde, rebatendo-o, fiquei tão desesperada que gritei, mal consegui me manter em pé, estava apoiada em Vaisey, avaliei a situação, eles estavam bem, Kuri ainda com o abafador nem reparara no que acontecerá, Henry tremia dos pés à cabeça, apontei minha varinha pra o autor da maldição e a usei contra ele mesmo.

Estava histérica, qualquer coisa que dizia saia aos gritos, com isso chamei a atenção de Henry, que depois de conseguir puxar Kuri vieram ver como eu estava, não conseguia dizer coisa com coisa, e por fim Vaisey achou melhor me tirar da confusão.

Desci com Vaisey que me escondeu na cozinha, os elfos estavam assustados, mas prontos para lutarem, um elfo mais velho e muito feio andava em cima de uma mesa de um lado para o outro pelo que pude perceber comandando o futuro ataque, alguns vieram em nossa direção e ofereceram água, puxando uma cadeira que sentei prontamente, não demorou muito quando os barulhos e tremores se intensificaram.

Sequei os olhos e levantei decidida a continuar na guerra, com firmeza me dirigi ao pé da escada, quando ia subir o primeiro degrau senti uma tontura e antes que fosse envolvida por uma escuridão vi um garoto correndo em minha direção acompanhado de uma menina.

A escuridão não durou muito, logo estava vendo Snape ser atacado pela cobra de Voldermot e o lorde insensível a toda cena, dizendo palavras vazias, fechei os olhos e abri aterrorizada, não sabia se isso estava acontecendo ou aconteceria, mas ainda estava na cozinha com meus fieis amigos ao meu redor.

Olhei para Henry carinhosamente e disse:

– Obrigada por salvar minha irmã... Eu não tenho palavras para agradecer.

– Não tem por que agradecer, eu faria isso quantas vezes fossem necessárias, eu seria capaz de morrer por ela, não é segredo para você... – ele corou – mas o que aconteceu? Você está parecendo o Malfoy – disse tentando me acalmar.

Então contei a eles o que tinha acontecido.


~ Flashback off – Kuri POV ~

Sentei na cama atônita, não sabia o que dizer diante de tal revelação, ela nunca quis me dizer o motivo de tanto desespero, e eu nunca teria imaginado que estava prestes a morrer e fui salva por Henry.

Miyuki estava pálida e se sentou também respirou algumas vezes olhando o vazio, por um instante pensei que ela teria outra visão, mas ela apenas disse:

– Hoje eu menti para Henry, eu prometi não te contar isso, ele não quer que isso atrapalhe sua decisão, mas como eu ia contar sobre Draco, achei injusto ajudar só ele, sem falar que... você sabe... ele nunca foi alguém que eu gostasse de ajudar...

Ela voltou a se calar parecendo escolher as melhores palavras, aos poucos as cores foram voltando para seu rosto e de repente ela estava corada, abria e fechava a boca sem coragem.

– Miyuki, acho que nenhuma de nós quer levar outra bronca da senhora Adams...

– Eu sabia do Draco... sabia que ele só queria te proteger no nosso sétimo ano – ela disse rápido e corando ainda mais.

– Como assim? Por que não me contou antes? – estava raivosa.

– Porque uma única vez a minha vontade era igual o daquela doninha horrorosa! Nós dois queríamos te proteger e se você soubesse a verdade correria pra falar com ele e ficaria em perigo da mesma forma...

– E depois? – perguntei sem disfarçar a irritação.

– Você tinha o Henry... mas deixe eu te explicar como foi...


~ Flashback on – Miyuki POV ~

– Eu não acredito que ele fez isso com você, eu simplesmente não posso acreditar – murmurei com raiva.

Pensei que Draco nunca me faria chorar, e ele o fez da pior maneira possível, diante de mim estava o meu ponto fraco, meu calcanhar de Aquiles, me soltei do abraço e corri desnorteada, parei quando cheguei na estatua de gárgula, me escondi e esperei que os comensais saíssem de sua reunião (eu havia visto eles saírem todos juntos do salão principal).

Não se passou muito tempo e os vi, esperei que Draco passasse por mim e o agarrei tampando sua boca para que não gritasse.

– Vamos ter uma conversinha... – disse ameaçadoramente.

Sem nem mesmo ouvir a resposta o arrastei para uma sala que conhecia bem, a sala precisa, desejei um lugar que pudesse ter uma conversa séria sem ser interrompida e que não tivesse como ele sair se não fosse comigo, com esse pensamento entrei numa sala circular com pufes e poltronas, sem janela ou portas.

Quando o joguei com violência contra os pufes ele estava ainda mais branco que o normal, mas não parecia muito surpreso.

– Então? – ele perguntou fingindo coragem.

– Vamos ser sinceros, você sabe porque está aqui!

– Claro que sei! Pelo que disse pra sua irmã hoje à tarde!

Antes que ele pudesse ver foi atingido pelo meu punho fechado, há anos era batedora da corvinal e por isso tinha muita força, o que fez com que ele caísse do pufe e me olhasse espantado.

– Isso é por todos esses anos! – o agarrei pela gola pronta para socá-lo mais uma vez, toda a raiva que tinha dele estava transbordando.

– Posso pelo menos explicar? – ele disse segurando meu pulso.

– Você tem um minuto. – o larguei com descaso e sentei numa poltrona.

– Eu realmente gosto da sua irmã, mas como você mesma pôde ver, eu estou com os comensais, você sabe o que isso significa, afinal burra é algo que você nunca foi.

Ponderei aquelas palavras, elas faziam sentido até certo ponto.

– Isso eu entendo, porém, para mim duas coisas estão obscuras, por que permitiu que ela se aproximasse e os seus meios Sr Malfoy.

Seus olhos se arregalaram, ele sabia que chamá-lo daquela forma significava o fim da minha paciência.

– Não foi algo que eu planejei, quando eu percebi já estava desejando que ela aparecesse, quando dei por mim já estava apaixonado, sentindo algo que nunca tinha sentido antes, eu estava desesperado por não conseguir cumprir minha missão e ser punido por Você-Sabe-Quem e quando ela falou comigo a primeira vez eu fiquei realmente arrependido das minhas escolhas.

Amenizei o olhar sobre ele, pela primeira vez em sete anos ele parecia sincero e humilde ao conversar comigo.

– Você sabendo das suas escolhas e futuro não fez nada para que ela se afastasse de você, deu a ela esperanças e agora diz coisas que a machucam, tem algum coração batendo dentro de você? – me levantei exaltada.

– É claro que tem! – ele se levantou também – foi ele que me impediu de afastar Kuri, eu sentia que poderia morrer se não a visse, e se eu estou fazendo isso agora é por amor, eu não quero que ela sofra! Eu não quero que Amico ou Aleto a usem como “brinquedo”, você sabe que a diversão deles é atacar os alunos, se eles descobrirem isso Kuri seria o alvo de suas atrocidades!

Olhei em seus olhos, ele parecia abalado, fiz como Snape me ensinara no ano anterior e vasculhei suas memórias, entrei em sua mente, ele não parecia estar mentindo, voltei a sentar com as mãos na cabeça absorvendo as informações.

– Agora você consegue se distanciar dela? Por que não fez isso no começo então?

– Eu errei, tudo bem? Era isso que você queria ouvir de mim? Eu errei, pensei que conseguiria acabar com Dumbledore, se pelo menos tivesse um pouco mais de prestigio eles talvez não fizessem nada com ela...

– Ainda bem que você não tem! “Talvez não fizessem nada com ela” – repeti suas palavras – você a colocaria em perigo da mesma forma seu idiota!

Ele ficou quieto com a resposta.

– Tudo bem, eu entendo você apesar de tudo, eu não vou contar pra Kuri o que está acontecendo, no fim isso é apenas entre os dois, eu não deveria me intrometer.

– Ainda bem que você sabe!

Mais uma vez o atingi, dessa vez com um tapa.

– Eu sei de muitas coisas, como você, mas da mesma forma que você não fez ou faz o que precisa ser feito eu não faço, então não me diga isso como se tivesse razão! Eu não quero ouvir que estou errada de uma doninha.

Apareceu uma porta atrás de mim que foi por onde sai puxando Draco, uma vez que estava fora o soltei e o deixei sozinho parado no corredor.


~ Flashback off – Kuri POV ~

Agradeci por estar sentada, pois estava pasma, com certeza teria caído se estivesse em pé, levei as mãos à boca e olhava Miyuki como se nunca a tivesse visto em toda minha vida.

– Você bateu nele?

– Bem... Acho que não é esse o ponto que eu queria chegar te contando isso, mas sim, eu bati nele e com muito gosto...

Fiquei quieta pensando, aquelas confissões não me ajudavam nem um pouco, apenas embaralhavam minha mente, saí do meu transe ao ouvir Erika do outro lado da porta:

– Mamãe, titia! A Erika quer entrar também – ela bateu na porta algumas vezes – pofavô!

Miyuki abriu a porta e a pegou no colo, ela começou a brincar com os cabelos da mãe conversando com ela rapidamente, eu ainda estava chocada com a conversa.

– Podemos começar? – perguntou uma das bruxas e eu apenas acenei que sim

Com um leve toque de varinha um grande livro voou de sua bolsa e se abriu em meu colo mostrando muitas fotos de maquiagens, Miyuki logo se posicionou atrás de mim para que pudesse opinar.

Nem olhava direito as fotos, as garotas faziam pedidos para que as escolhessem, mas eu não dava importância, respondia mecanicamente, fiquei assim por alguns minutos, quando de repente minha irmã soltou um gritinho e começou a me cutucar freneticamente perguntando o que eu achava da maquiagem, como tinha que responder analisei a foto com atenção, realmente era muito bonita, os olhos delineados e a sombra rosa com o côncavo num tom mais escuro, muito simples, mas muito marcante, nos lábios um tom rosa dava um ar de inocência, harmonizando com o restante, a garota apenas sorria para mim.

– Quero essa, é linda.

A bruxa então citou alguns feitiços fazendo surgir no quarto uma cadeira profissional, semelhante a dos trouxas, mas havia uma bola de luz flutuante que iluminava uniformemente quem se sentava nela, dando a maquiadora uma melhor visão do rosto.

Ela sacudiu a varinha de novo e ela se transformou em um longo pincel, ela foi pincelando meu rosto, provavelmente não precisavam de pó ou blush, deveria sair naturalmente das cerdas, com um movimento de mão, como quem tenta afastar uma mosca a varinha se transformou em outro tipo de pincel e assim foi por algum tempo.

Estava de olhos fechados esperando pacientemente passarem o delineador quando ouvi baterem na porta.

– Não abra os olhos – alertou a bruxa à minha frente.

– Entre – disse Miyuki.

– Que demora! Vocês ainda estão se arrumando? Faltam apenas cinco horas pro casamento – Dafne entrou imitando minha futura sogra.

– Nem brinca, parece que é a senhora Adams que vai casar de tão nervosa que ela está – minha irmã a alertou.

– Eu sei, assim que cheguei ela me mandou vir apressá-la e também me arrumar. Ah! Kuri, a sua sogra perguntou se já tinha feito os votos de casamentos...

Nesse instante abri os olhos desesperada, havia esquecido completamente.

– Essa reação significa “nem fazia idéia de que ainda tinha isso pra fazer” – Miyuki caçoou.

– Eu disse para não abrir!

– Me desculpe – fechei os olhos novamente para que ela arrumasse a maquiagem.

Fiquei mais uns vinte minutos de olhos fechados pensando no que Dafne dissera, tinha que pensar em algo bonito e chocante, mas principalmente, deveria ser rápida.

Quando finalmente a bruxa me permitiu abrir os olhos corri para minha irmã.

– Preciso de ajuda – pedi.

– Dafne, vou abusar da sua boa vontade, você poderia descer, pegar alguma coisa pra comermos e avisar a Sra. Adams que não precisa se preocupar?

– Claro! Erika você quer descer comigo?

A criança olhou da tia para a mãe pedindo permissão mudamente, que foi consentida com um sorriso, ela pulou da cama e agarrou firme na mão de Dafne e saíram do quarto, Miyuki que não podia se mexer muito por estarem arrumando o cabelo dela simplesmente saiu mandando em mim:

– Kuri, pega na bolsa da Erika um pergaminho e pena.

Sem esperar mandar outra vez corri até a bolsa rosa e no meio de outras trocas de roupa, mamadeira e higiene infantil encontrei alguns pergaminhos, pena e um tinteiro, ela tinha realmente pensado em tudo.

– Não posso te ajudar muito mais do que isso, pois o voto tem que ser sincero e vindo do coração de quem vai casar, posso te dar algumas idéias, só isso...

Peguei a pena e o pergaminho e sentei novamente e deixei que meus pensamentos fluíssem, Miyuki estava certa, os votos tinham que ser sinceros. Porem eu ainda estava confusa, mas precisa  terminar os votos antes que a Sra. Adams aparecesse.

Estava distraída, quando Miyuki finalmente falou:

           – Não precisa ser algo muito elaborado

           Tomei coragem e com o pergaminho na mão, comecei: “Em primeiro lugar, eu amo você. Amo mesmo”.

           Apesar de minha constante duvida isso não era mentira eu realmente amava Henry, porem não sabia dizer quem eu amava mais, novamente meus pensamentos estavam em Draco e corei ao lembrar do beijo na tarde anterior, provavelmente Miyuki percebeu, mas não comentou nada.

           Olhei para o jardim enquanto tentava me concentrar, não demorou muito a porta foi aberta repentinamente, me distraindo, um pouco assustada encarei a porta, pronta para levar mais uma bronca de minha sogra, mas para minha alegria quem estava lá era Dafne ela exibia um sorriso enorme e antes que eu ou Miyuki pudéssemos perguntar o motivo daquele sorriso Érika falou:

           – Mamãe, Mamãe, olha o que eu achei, lá em baixo. É a mamãe, o papai, o tio e a titia. – Disse trazendo uma foto antiga e apontando cada um respectivamente.

           Eu nem um pouco curiosa me aproximei, pegando a foto á analisando. Pela roupa de Miyuki e dos outros, só poderia ser do no meu terceiro ano, durante o baile de inverno.

Dafne havia trazido alguns pratos de comida, porém eu estava sem fome.

           Voltei a sentar com o retrato na mão e enquanto refletia sobre meus anos na escola e como apesar de não saber Henry sempre estava comigo.

           “E você ficou do meu lado durante as dificuldades, mesmo que eu não soubesse, todos esse tempo que você timidamente me protegia sem esperar nada em troca.”

           Coloquei a foto, na mesinha ao lado, o tempo realmente passava rápido, mal conseguia acreditar que já fazia quatro anos desde ele me pediu em namoro, mesmo que nem tudo tenha sido perfeito, durante esses anos, superamos muitas coisas juntos e ele sempre me ouvia pacientemente e mesmo que não concordasse ele respeitava minha opinião.


~ Flashback on ~


           Estava chocada, não sabia muito bem como agir, por isso tentava evitar Draco. Já era de tarde quando finalmente acabamos, caminhei até lareira, pensativa e atônita, tinha certeza que Miyuki e Henry estariam me aguardando em casa, mas ainda assim não conseguia pensar em nada.

           Sai da lareira, eles vieram na minha direção, para minha surpresa o olhar de ambos estava preocupado, o que me deixou ainda mais branca se é que era possível.

           – Esta tudo bem? – Perguntou Miyuki, antes mesmo que eu pudesse terminar de espanar as cinzas

           Eu mal tive tempo de responder e ela emendou:

           – Como foi seu dia hoje?

           – Estou bem, foi tranquilo. – Disse pouco confiante, para minha surpresa Miyuki inventou uma desculpa qualquer e subiu, deixando-me sozinha com Henry que me analisava atentamente.

           Eu tentei sorrir, mas não consegui ainda estava em choque, ficamos um tempo em silencio ate Henry perguntar:

           – Aconteceu algo? – Disse preocupado

           Eu caminhei para cozinha, sendo acompanhada por ele, silenciosamente sentei-me, tomei coragem, senti minha voz voltar e finalmente disse:

           – O Vaisey comentou com vocês?

           Ele pareceu muito supresso com minha pergunta, e disse:

           – Não, pelo menos não para mim. Ele tinha algo pra comentar?

           Eu raciocinei um pouco, provavelmente eles deixaram para que eu desse essa notícia. Henry aguardava em silencio minha resposta, sorri sem graça e depois de longo tempo disse:

           – De ultima hora, mudaram o departamento que eu ia ficar, sou uma “Inominavel”, um dos principais desafios é que não posso falar sobre o que fazemos lá.

           – E tem mais alguma coisa que queira me contar? Miyuki parecia tão preocupada quando cheguei. – Ele disse por fim

           – Bem... – Tomei coragem pra continuar – Onde eu trabalho é apenas eu e meu chefe.

           – E... – Henry me encorajou, enquanto tentava disfarçar a preocupação.

           – Meu chefe é Draco Malfoy. – Disse muito rápido e vi o olhar dele mudar.

           – Então é isso que esta preocupando todo mundo. – Disse por fim.

           – Pelo que entendi sim – Ri sem graça.

           – E você acha que eu tenho algum motivo pra me preocupar? – Nunca tinha o visto com um olhar tão sério.

           – Não! – gritei – Você sabe que não tem motivo pra se preocupar. – diminui o tom de voz olhando para o chão envergonhada.

           – Eu confio plenamente em você – Ele disse num tom que deixava claro o quanto ele estava seguro.

           Pela primeira vez no dia consegui abrir um sorriso sincero.

           Alguns dias se passaram e eu me reaproximava cada vez mais de Draco, fui aprendendo sobre as salas e seus segredos, até que chegamos na última, que me encantou imensamente e onde ocorreram coisas que eu não conseguia classificar se eram boas ou ruins, estava confusa, mesmo não estando perto dele nem há uma semana, meus sentimentos se apoderavam de mim.

           Suspirei pesadamente antes de sair da lareira naquela noite, sabia que meu noivo e minha irmã estariam me esperando, engatinhei para fora e fui ajudada por Henry, sacudi as cinzas e ele me roubou um beijo, corei, ainda ficava envergonhada com essas coisas.

           Ouvi a porta se fechando, Miyuki havia saído da sala, antes que pudesse pensar a voz calma de Henry chegou aos meus ouvidos:

           – Está tudo bem? Como foi seu dia hoje?

           – Está sim, meu dia foi normal – respondi automaticamente – e o seu?

           – Cansativo. – ele sorriu para mim.

           Aquele sorriso sereno que me prendera na viagem à Hogwarts em meu sexto ano, me senti mal por estar confusa, por isso fingi procurar algo em minha bolsa, nem sabia o que, mas a revirei completamente.

           – Bom, então acho que já vou indo... – ele disse sem graça.

           Era evidente que ele percebeu meu desconforto diante dele.

           – Me desculpe, jante conosco antes de ir – larguei minha bolsa no sofá – por favor.

           – Eu não quero atrapalhar...

           – Você é meu namorado há quatro anos e melhor amigo da minha irmã há mais tempo ainda, você acha que vamos nos importar com isso? – disse fingindo estar emburrada.

           – Está bem, eu fico, mas só para jantar.

           – Certo, vou tomar um banho e já volto.

           Subi correndo e tomei uma ducha muito relaxante, quase tinha esquecido do jantar quando minha sobrinha bateu na porta.

           – Titia, eu quero fazer pipi!! Se não entrar agora eu vou fazer caquinha... – choramingou a garota.

           Rapidamente me enrolei na toalha e deixei que ela entrasse, enquanto ela fazia as suas necessidades eu me troquei rapidamente e sai do banheiro, parei na escada ao ouvir a voz de Henry pastosa, como se estivesse se segurando para não chorar.

           – Eu sei Henry, eu não fiquei feliz com o Ryan, você sabe que estamos até brigados...

           – Ela vai me largar, eu sei que vai e eu não posso fazer nada! Ninguém pode criar amor e ela ainda ama ele, você também percebeu isso! Mas por mais que eu a ame, eu não poderia dar poção do amor para ela, nem obrigá-la a ficar comigo se não for isso que ela quer.

           – Eu já falei pra você ir lá enfiar a mão na cara do Draco!

           Pude ver a sombra de Miyuki agitando a varinha e a panela batendo com estrepito na mesa.

           – Eu não posso fazer isso, seria preso... – ele ficou quieto um pouco e continuou – e ela nunca me perdoaria, eu não poderia nem ser amigo dela.

           Miyuki ia responder, mas Erika gritou antes:

           – Mamãe, terminei! Vem me limpar?!

           Subi correndo o mais silenciosamente possível e me fechei no quarto até Miyuki descer novamente.


~ Flashback off ~


Voltei a realidade quando ouvi uma voz infantil dizendo:

– O titio tava muito sério quando a gente foi lá conversar com ele mamãe, acho que ele tá dodói.

Dafne parecia totalmente sem graça e Miyuki repreendia a filha eu não prestava a menor atenção no que ambas falavam. Então Henry estava novamente aflito.

Olhei para o chão, envergonhada, não disse uma única palavra, não demorou muito, Miyuki caminhou ate mim com a bandeja de salgados e tentou me forçar a comer.

– É melhor você comer, daqui a pouco vão começar a mexer no seu cabelo e você não comeu nada desde almoço.

– Só vou terminar meus votos e já como – Murmurei pegando a pena e escrevendo:

“Esses quatro anos que você ficou comigo suportando minha impaciência, minha indecisão e todas as coisas que eu fazia, mesmo sem saber, que te irritavam. Por todas essas coisas, eu não sei como agradecer, mas eu prometo fazer o possível para te recompensar a partir de hoje até o dia que a morte nos separar.”

Finalmente, meus votos estavam prontos, passei pra Miyuki e Dafne lerem, enquanto comia lentamente, sem vontade, um pedaço de pão.

Aproveitei a pequena pausa caminhei até aquela mesma sacada que havia observado o coração de neve, apesar de não ser tão tarde consegui avistar a lua no céu, olhei para baixo quando vi uma cabeleira loira, meu coração simplesmente acelerou, então ele realmente tinha vindo pra meu casamento?

Levou algum tempo até perceber que não poderia ser ele, afinal ainda faltava três horas para o casamento, isso não me impediu de viajar em meus pensamentos.


~ Flashback On ~

Estávamos parados em frente a uma grande porta preta, muito parecida com todas as outras no saguão redondo, após passar por todas as outras salas, estava receosa do que encontraria nessa última, piorou quando Draco comentou que nunca conseguiu trabalhar nela.

Lentamente ele abriu a porta, mas nenhuma luz se acendeu, o que me deixou ainda mais apavorada, ele deu passagem para que eu entrasse primeiro, tremendo um pouco me adiantei porta adentro, a sensação foi maravilhosa, como se flutuasse, a escuridão da sala realçava o brilho das constelações e dos planetas que assim como eu, flutuavam calmamente.

Observei que Plutão, apesar de estar no lugar certo estava rachado, e algo em meu cérebro clareou, era disso que Luna estava falando no nosso quarto ano, sobre ter brigado com os comensais no espaço e ter quebrado alguns planetas, sem conseguir me conter deixei que uma gargalhada saísse espontaneamente.

Olhei para trás quando a porta se fechou e eu parecia estar em outra dimensão, não conseguia e nem queria esconder meu sorriso por estar em um lugar tão maravilhoso, me virei procurando uma estrela especifica, demorei um pouco quando a encontrei brilhando um pouco mais forte do que as mais próximas, fui até ela como os homens na lua, aos pulos leves e um pouco desajeitada.

– Olha Draco, você! – sorri apontando a estrela.

Mesmo no escuro pude ver sua pele tão branca ganhando um tom róseo de vergonha.

– Você gosta de astronomia?

– Foi uma das poucas matérias que ganhei Ótimo nos NOMs e NIEMs – respondi distraída.

– Me desculpe.

– Pelo quê?

– Por minha culpa suas notas não foram tão boas...

– Não ligue para isso, eu passei em todos os anos e estou trabalhando aqui, parece um sonho que eu possa entrar nessa sala quando tiver tempo...

Voltei a analisar as constelações, coisas boas aconteceriam em breves, apesar de uma leve tormenta, não dei importância, continuei procurando mais e mais estrelas.

– Olha! Scorpius! Isso não pode ser possível, não tem como se ver essa constelação do nosso hemisfério!

Ele apenas me observou, por isso expliquei:

– Ela é inconfundível, o escorpião disposto no céu, parece caminhar lentamente pela noite, superando o fato de ser uma mera constelação, como se estivesse se movendo furtivamente com suas pinças e ferrão, é incrível que dê para vê-la nessa sala, a professora Sinistra sempre comentou dela em suas aulas...

– Mas como você sabe que é essa se nunca viu?

Apesar da leve indignação respondi:

– A estrela Antares – apontei uma bolinha que brilhava fortemente – é o coração do escorpião, uma estrela super gigante, que é setecentas vezes maior que o próprio sol e dez mil vezes mais brilhante.

Ele parece estupefato com as informações, o que o deixou com a expressão seria, mas não de forma ruim, eu também parei de sorri, e o observei de verdade pela primeira vez depois que adentrei o local, os brilhos emitidos pelos astros o tornavam mais branco, o cabelo mais platinado, seus olhos ficaram ainda mais cinzas enquanto me encaravam, ele estava completamente diferente.

Com firmeza caminhou até mim e eu pude ver vários brilhos refletidos em seu olhar, ele tocou meus cabelos e os colocou atrás de minha orelha, porém não recuei com o toque, permitindo que ele continuasse.

Sua mão acariciou minha bochecha e segurou meu queixo fazendo com que o encarasse, ambos os rostos corados, estava tão quieto que tive medo que ele escutasse as batidas descompassadas do meu coração.

Ele se aproximou devagar inclinando o rosto e me puxando mais para perto, a colônia que ele usava era simplesmente embriagante, como a que ele estava usando na noite que fugiu de Hogwarts, senti seu hálito quando estava a centímetros de meus lábios, ele segurou minha cintura.

O toque me trouxe a realidade, dei um passo para trás, ato que o assustou, fazendo abrir os olhos e me olhar confuso.

– A-a-acho melhor n-nós irmos, já ta t-t-tarde... – gaguejei enquanto me recompunha de costas para ele.

– Ah! Certo, você tem razão.

Ele caminhou um pouco e abriu a porta, sai primeiro, quase correndo, quando cheguei em casa soltei um suspiro pesado, Henry e Miyuki estariam me esperando.


~ Flashback off ~


Estava tão distraída que só recuperei meus sentidos quando uma bruxa, apareceu tão silenciosamente que poderia jurar que havia aparatado, tocando meu braço e me dando uma bronca mandou que eu entrasse.

Assim que entrei vi Miyuki pronta e Dafne sendo maquiada, mal me sentei na cadeira, a cabeleira começou a mexer em meu cabelo, ela parecia muito nervosa e murmurava coisas que não entendia.

Fiquei pensando em ambos, não conseguia me decidir e estava começando a ficar ansiosa, pra não dizer apavorada, um deles seria magoado, não tinha como evitar isso, qualquer que fosse a decisão, afinal, não posso escolher os dois.

Passei o resto da tarde anormalmente quieta, ninguém mais conversou comigo a minha reflexão era quebrada as vezes por uma pergunta ou outra da cabeleireira ou de minha sobrinha que era logo repreendida por Miyuki.

Quando terminaram me deixaram sozinha no quarto, fiquei sentada um tempo olhando o vestido que tirei do grande armário e pensava se devia vesti-lo, havia escolhido um modelo muito bonito com babados e rendas no corpete e um laço no tom champanhe.

Ouvi batidas na porta, na mesma hora tirei o vestido do cabide e fingi vesti-lo quando disse que podia entrar, foi com alivio que vi minha irmã entrando sozinha usando seu vestido semi rodado vinho que ia até os joelhos e displicentemente deixava a mostra um pouco do saiote.

– Precisa de ajuda? – ela perguntou já vindo em minha dirção.

– Eu agradeceria...

Em silencio ela me ajudou a por o vestido e com um breve movimento de varinha um lindo laço se formou no lugar da coisa disforme que acabei fazendo na tentativa de fazê-lo por mim mesma.

– Kuri, você já tomou sua decisão?

Essa pergunta finalmente foi feita, sabia que uma hora ou outra teria que responder, me virei para fitá-la e a vi de ombros encolhidos e sem graça, ela realmente não queria me pressionar, mas também se preocupava com o melhor amigo.

– Sabe... se você não quiser mais se casar, podemos falar que você está passando mal, adiar, e ai vocês podem fingir que terminam antes do casamento acontecer... seria menos vergonhoso para ele do que largá-lo no altar...

Seus olhos estavam brilhantes, ela segurava o choro como o fez no funeral de nossa mãe, os amigos eram realmente muito importantes para ela.

Respirei fundo fechando os olhos e todas as imagens passaram como se tivessem sido empresas em minhas pálpebras, lagrimas subiram aos meus olhos e me virei de costas olhando o céu que escurecia.

Diante do silencio prolongado ouvi um suspiro e a porta sendo aberta e fechada em seguida, estava novamente sozinha, corri para a penteadeira e me sentei de frente ao espelho, olhei dentro de meus próprios olhos e disse para mim mesma com firmeza.

– Eu já sei o que vou fazer! Minha decisão está tomada... Só espero não me arrepender...


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Notas finais do capítulo

Bom, espero que com isso ninguém queira me matar xDD
nós gostaríamos de ler as opiniões e principalmente o palpite sobre a decisão que nossa protagonista tomou...
nós tentamos deixar o mais indefinível possível para dar aquele suspense básico que tem que ter em toda boa novela e anime, ou no caso, fanfic xDD
por favor deixem seus comentários!!
Arigato!



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