Desencontros escrita por map-chan, Kuri-Chan, Koneko-chan


Capítulo 4
Duras decisões


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo foi muito gostoso de escrever, tentamos ao máximo nos colocarmos no lugar das personagens, o que foi algo muito cômico, afinal, a cada chilique no word era um chilique na frente do computador...
Decidimos todas as cenas antes e escrevemos tudo em seis horas seguidas, sem falar da base que já havíamos começado há muito tempo!
Sem mais delongas, aqui está o tal aclamado final
(Até terça saí um capítulo extra...
se não sair leia novamente na quarta)



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Capítulo 4

~ Henry POV ~

Consultava meu relógio a cada minuto, preocupado com o horario, em pouco tempo Kuri estaria em casa, meu dia foi bem corrido, um grande numero de pacientes haviam sido transferidos para o St. Mungus o que fez com que mal tivessemos  tempo de almoçar ou descançar.

Brooke entrou na sala, olhou para mim e disse:

– Voce parece preocupado, aconteceu algo hoje?

– Estou com uma sensação estranha... – Falei enquanto separava algumas poções que Miyuki havia trazido mais cedo.

– Deixa que termino de confirir o estoque. – Brooke se aproximou, pegando as poções e me ajudando a ajeita-las.

Envergonhado agradeci e despedi-me dela, aparatei em frente a casa de Miyuki, que já me esperava, entramos para sala e não demorou muito ouvimos um estalo na lareira, Kuri havia chegado.

Ajude-ia a sair da lareira e roubei um beijo, ela corrou, assim que vi seu olhar notei que algo estava errado, ouvi a porta se fechando, Miyuki havia saído da sala.

– Esta tudo bem? Como foi seu dia hoje?– Perguntei calmamente

– Está sim, meu dia foi normal – ela respondeu automaticamente – e o seu?

– Cansativo. – disse sorrindo.

Ela começou a mexer na bolsa, como se procurasse algo estava claro que havia acontecido alguma coisa e que ela não queria compartilhar.

– Bom, então acho que já vou indo... – disse por fim sem graça

– Me desculpe, jante conosco antes de ir – ela largou a bolsa de qualquer jeito no sofá – por favor.

Não tinha certeza, se ela realmente gostaria da minha companhia por isso disse:

– Eu não quero atrapalhar...

– Você é meu namorado há três anos e melhor amigo da minha irmã há muito mais tempo ainda, você acha que vamos nos importar com isso? – Ela disse fazendo bico.

Surpreso com a resposta, não evitei um sorriso que se formou em meu rosto.

– Está bem, eu fico, mas só para jantar.

– Certo, vou tomar um banho e já volto.

Acompanhei com o olhar escada a cima até sair do meu campo de visão, me dirigi a cozinha, onde Miyuki e Érika conversavam animadamente.

Assim que entrei o olhar de Miyuki mudou, Érika foi para sala ver desenho.

Miyuki caminhou seriamente até mim e disse:

– Apesar de saber a resposta me diga, estava certa ou errada? Aconteceu algo? – Ela estava estranha.

Respirei fundo, enquanto pensava em que palavras usaria, por fim disse.

– Você a conhece melhor do que eu... – Antes que precisasse completar a frase, ela me interrompeu.

– Infelizmente, às vezes, não é tão bom conhecer alguém tão bem...

Ficamos um tempo num silêncio constrangedor, tinha certeza, que Kuri estava estranha por causa de Draco e isso me apavorava, sabia que não tinha como competir com ele.

Soltei um breve suspiro, ato que não passou despercebido por Miyuki.

– O que te faz suspirar tão pesadamente?

– Acredito que Kuri, já não esteja tão segura de seus sentimentos. –Admiti mais para mim mesmo do que para a colega de casa.

– Você realmente esta com medo de Draco? – Seu tom era ameaçador.

– Estou apavorado, você sabe muito bem dos sentimentos de sua irmã. – Respirei fundo antes de continuar – Vaisey também sabe disso e ele nunca foi com minha cara...

Comecei a falar, mas fui cortado por Miyuki

– Ele até pode não ir com sua cara, mas ele não faria uma coisas dessas... – Estava claro que ela não havia gostado do comentário.

– Então porque entre tantas pessoas, ele foi por ela justo com o Malfoy? – Eu agora me esforçava para segurar as lágrimas.

– Eu sei Henry, eu não fiquei feliz com o Ryan, você sabe que estamos até brigados...

– Ela vai me largar, eu sei que vai e eu não posso fazer nada! Ninguém pode criar amor e ela ainda o ama você também percebeu isso! Mas por mais que eu a ame, eu não poderia dar poção do amor para ela, nem obrigá-la a ficar comigo se não for isso que ela quer. – Desabafei, agora sem conseguir segurar as lagrimas.

– Eu já falei pra você ir lá enfiar a mão na cara do Draco! – Miyuki respondeu quase aos gritos, enquanto agitava a varinha fazendo a panela bater com estrepito na mesa.

– Eu não posso fazer isso, seria preso... – respirei fundo analisando bem minhas palavras, isso era mentira não importaria em ser preso, mas não suportaria que Kuri me odiasse, por isso continuei – e ela nunca me perdoaria, eu não poderia nem ser amigo dela.

Miyuki ia responder, mas foi interrompida por uma voz :

– Mamãe, terminei! Vem me limpar?

Ela me olhou preocupada, eu acenei indicando pra ela subir, respirei fundo enquanto tentava me acalmar, não podia deixar Kuri me ver assim ela ficaria ainda mais confusa.

A cozinha estava uma bagunça, tentei sem sucesso dar um jeito naquilo, afinal era o velho elfo que sempre fazia as coisas lá em casa.

Não demorou muito e Érika apareceu correndo olhou a situação e gritou:

– Mamãe, mamãe vem logo, o tio ta destruindo nossa cozinha... – ela disse me deixando completamente sem graça.

Miyuki, apareceu, reaprendendo a filha, mas assim que viu a cena e tentou em vão segurar a risada.

– Henry, deixa que eu arrumo isso. –Fez um movimento estranho com a varinha, e logo tudo estava quase pronto.

Não demorou muito e Kuri desceu, tentei agir normalmente, não queria pressioná-la, comi o mais rapidamente que consegui e engasguei quando Erika comentou:

– Nossa o tio ta mesmo com fome hoje.

Kuri e Miyuki observaram preocupadas eu sorri e disse:

– Desculpe é que está tudo tão bom... Mas acho melhor eu ir indo, preciso organizar algumas coisas para amanhã cedo – Menti.

Dei um beijo em Kuri e despedi-me de Miyuki e Érika e fui para casa, pedi ao elfo que avisasse meus pais que não queria ser incomodado e fui para meu quarto onde passei a noite em claro.

Mesmo assim continuei a visitando todos os dias, me esforçava para não deixar transparecer meus medos.

Duas semanas haviam se passado, como sempre a esperava ao lado de Miyuki, mas assim que ela saiu da lareira percebemos que havia algo errado, estava claro que ela segurava-se para conter as lagrimas que se formavam em seus olhos.

Miyuki foi logo saindo deixando-me as sós com Kuri, eu me aproximei cautelosamente e a abracei, senti algumas lagrimas caírem em meu ombro, não disse uma única palavra apenas afaguei seu rosto.

Ficamos nesse silêncio, eu esperava que ela tomasse a iniciativa para contar o que tinha acontecido, não queria obrigá-la a contar, porém aquela espera doía como facas atravessando meu coração, apertei o abraço fazendo que seu rosto ficasse na curva do pescoço e disse:

– Está tudo bem, eu não sei o que aconteceu, mas eu estou aqui com você.

Eu não tinha certeza se era sensato dizer tal coisa, apenas falei o que me veio a mente, também não tinha certeza se queria saber o que tinha ocorrido para que ela chegasse nesse estado, a única coisa que sabia era que se fosse culpa de Malfoy, ele pagaria e muito caro.

– Me desculpe – ela suspirou profundamente para conter o choro e continuou: não foi nada de mais, você sabe que sou sensível, tive uma discussão com o primeiro-ministro.

– Como assim? O que ele te falou? – uma raiva ia crescendo dentro de mim, não importa quem seja, eu não poderia permitir que fizesse Kuri chorar.

– Não foi nada demais, ele só disse que eu tinha que prestar mais atenção e ser menos ansiosa, você sabe que não posso dizer nada sobre o trabalho... – ela abaixou o rosto e disse baixo: eu nem devia estar chorando, é que eu to sensível...

A vi fazer uma careta e não pude deixar de sorrir da cena, beijei lhe a bochecha e me despedi, entrei na lareira vislumbrando seu doce sorriso.

Conforme os meses se passaram começamos a organizar nosso casamento, todos os finais de semana Kuri e Miyuki apareciam lá em casa para discutir com minha mãe que opinava em tudo, às vezes parecia que ela que iria casar.

Não aguentava mais minha mãe pedindo opinião de tudo, sempre que conseguia dava um jeitinho de fugir dessas pequenas reuniões,  conforme a data se aproximava sentia a dor e desespero tomarem conta de mim, tinha certeza que a qualquer momento Kuri me deixaria.

Era sábado, eu precisava resolver algumas coisas pendentes em meu serviço, caminhei em direção a lareira, quando minha mãe me chamou:

– Hoje faremos a lista de convidados para seu casamento.

– Mãe, tenho que conferir todo estoque de poço... – Comecei a falar e fui cortado

– Não importa, você pode fazer isso mais tarde, seu casamento é mais importante, dentro de alguns minutos, Kuri e Miyuki estarão aqui. – Sua voz saiu enérgica, o que deixava claro que não poderia escapar dessa vez.

Estávamos naquela lista há horas e parecia não estar nem na metade, estava desanimado, mal prestava atenção quando ouvi um sobrenome que me dava mais arrepios que o nome daquele-que-não-deve-ser-nomeado.

– É claro que chamaremos a família Malfoy! – mamãe escreveu entusiasmada na grande lista.

Todos os olhares se voltaram pra Kuri que ficou muito sem graça, e num coro dissemos juntos:

– Não!

Mamãe ficou confusa com a reação, observou todos nós atentamente, por fim perguntou mais para Kuri que para qualquer outra pessoa:

– O menino Malfoy não é seu superior no ministério? Nada mais natural que ele seja convidado.

– Mas eles não vão vir – Miyuki replicou – Draco nunca gostou do Henry ou de mim e acima de tudo, não suporta ninguém que seja da grifinória ou da lufa-lufa, principalmente lufa-lufa.

Ela fez questão de frisar a casa da Kuri.

– Oras! Quanta besteira! Tem que convidar mesmo que seja por educação! Vocês todos estão sendo infantis! – ela se exaltou e um elfo correu em sua direção com um copo de água que ela bebeu avidamente.

Sua atenção ainda estava na minha noiva, tentando captar algum sinal que explicasse o motivo de sua recusa.

– Essa não é a questão, simplesmente não faz sentido reservar cadeiras e gastar convites com alguém que sabemos que não virá.

Ela se virou para mim com o mesmo olhar severo da professora McGonagall o que me fez engolir em seco.

– Vocês vão convidar a família Malfoy sim e eu não vou repetir, agora, a família Padma também estará na lista, lembro da gêmea que era da corvinal, uma boa menina...

Ela continuou fazendo sua lista em ordem alfabética, quando finalmente decidimos chamas os Weasley tudo que queria era deitar e não pensar em mais nada, infelizmente tive que aparatar para o hospital.

Desculpei-me com Brooke, tentando justificar meu atraso, ela parecia não ligar. 

Estava preocupado, não conseguia esquecer o olhar de Kuri. Peguei na prateleira alguns antídotos, mas acabei quebrando fazendo a maior bagunça na sala, com auxilio da varinha comecei a limpar, quando Brooke entrou, perguntou se havia algum problema se queria conversar, eu disse que ela não se preocupasse.

Devia estar estampado em meu rosto meu desespero, pois logo ela propôs um tempo de folga para que eu pudesse ajudar nos preparativos de meu casamento, mas eu recusei.

Iria tirar um mês de ferias em breve para minha lua de mel, não seria justo a deixar trabalhando sozinha, ainda mais esse mês que o St. estava lotado.

A semana se passou voando, devido a grande demanda de pacientes, mal conseguia tempo para visitar Kuri.

Era sexta feira, dia 22 de agosto, fazia algumas horas que havia chegado a meu serviço, levei uma pequena bronca de minha chefe dizendo que não precisava ter vindo hoje afinal amanha era o grande dia.

O dia passou rapidamente, enquanto cuidávamos de algumas mordidas, picadas e azarações, depois do almoço visitei o casal Longbottom e com uma insistência da minha chefe sai mais cedo.

Cheguei em casa, tomei  um banho demorado, troquei de roupa, comi alguma coisa. Ainda era cedo, mas iria aproveitar e conversar com Miyuki, fazia dias que não conversávamos.

Assim que cheguei, avistei Miyuki, Vaisey e Érika que estavam todos arrumados, um pouco envergonhado caminhei em direção a eles, recebendo um olhar torto de Vaisey.

– Henry, esqueci de avisar, hoje vamos a um jantar de amigos.- Miyuki me cumprimentou animadamente.

Ela me analisou de cima baixo e antes que eu pudesse pensar ou falar qualquer coisa, me deu a chave da casa dizendo:

– Entre e fique a vontade, Kuri já está para chegar...

Evitei olhar para Vaisey, e entrei, aguardava silenciosamente na sala, consultava o relógio a cada segundo aguardando minha amada que estava bem atrasada...

Já era tarde, quando ouvi o barulho na lareira me levantei rapidamente, mas antes que pudesse caminhar ouvi uma voz que não conhecia:

– Aqui é um lugar mais tranqüilo para conversarmos, a família Vaisey é muito amiga dos Daves provavelmente ele e sua irmã não voltaram tão cedo. Agora me conte porque você esta tão aflita?

Olhei para dona da voz e a reconheci sendo Anne,

– Anne, eu me caso amanhã, mas estou tão confusa – Ela suspirou ficou um tempo muda como se avaliasse suas palavras. – Eu realmente não consigo esquecer Draco... – ela começou a falar muito rapidamente sua voz era chorosa, não conseguia entender o que ela falava.

– Kuri, por favor, respira fundo e me conta o que houve com calma... – Pelo visto não era o único confuso, pensei em ir embora e deixar as duas conversarem mais a curiosidade falou alto e não conseguia me mover.

Um silêncio se formou e só era quebrado por soluços de Kuri, Anne a abraçava calmamente.

Depois de um tempo finalmente a voz de Kuri soou novamente:

– Draco tem razão, já não sei mais se devo me casar com Henry.

Estava abalado com tal afirmação, não sabia exatamente o que ele havia dito para a deixar tão confusa, senti algumas lagrimas caírem em meu rosto respirei fundo enquanto tentava prestar atenção na conversa.

– Draco me beijou de surpresa.... – meu coração parou uma batida e prendi a respiração com o susto da descoberta.

– E... – Ane a incentivou

– Eu, retribui o beijo

Um ódio como nunca havia sentido tomou conta de mim, como ele pode ter feito isso, um dia antes do casamento, seu nível era tão baixo, minha vontade era procurá-lo para termos uma conversinha a la Miyuki.

Fique um tempo parado, sem realmente conseguir prestar atenção em nada e só voltei a realidade ao ouvir meu nome:

– Não vou conversar com Henry agora, não quero magoá-lo. – Lagrimas caiam de seu rosto, e Anne a abraçava fortemente.

– Sei que não quer magoá-lo, mas uma hora terá que conversar, isso não envolve apenas vocês. – Sua voz soou estranha, e pude ver seu rosto corar totalmente, como se ela soubesse de algo que ninguém mais sabia.

Kuri pareceu não reparar, apenas abraçou Anne mais forte ficando assim por um bom tempo.

– Já esta ficando tarde, acho melhor você ir, sua mãe vai brigar se você chegar muito tarde –Kuri, largou o abraço.

– Tem certeza que você irá ficar bem? – Anne perguntou preocupada.

– Claro – Podia ver nos seus olhos que isso era mentira, Anne também percebeu, pois logo disse:

– Acredito que mamãe pode abrir algumas exceções, vem vamos na cozinha vou preparar uma bebida que ela mesma me ensinou. –Ela arrastou Kuri para a cozinha.

Senti meus pés e mãos voltarem, o mais silenciosamente que consegui subi até o quarto do casal e fechei a porta, rabisquei um bilhete para Miyuki, o prendi em sua própria coruja, Totoro, que parecia cada dia maior, sentei e fiquei esperando por um tempo que eu não soube definir.

Totoro apareceu na janela novamente e piou baixinho, fui até ele peguei a resposta de Miyuki no verso, era tão curta quanto a minha: Agora não dá, depois nos falamos.

Voltei para casa, mal entrei no quarto e ouvi batidas na porta seguida da voz preocupada de minha mãe

– Filho? Esta tudo bem?

Respirei fundo e disse o mais convincente que consegui:

– Claro, estou apenas cansado, será que podemos conversar amanha?

Ouvi um leve murmúrio vindo da porta:

– Não esqueça de avisar sua noiva que preciso dela aqui bem cedo.

Andava para lá e para cá, esperava a qualquer momento que Kuri aparecesse dizendo que não queria mais se casar, que cometera um erro, que Draco era seu verdadeiro amor.

Olhei o relógio eram quase dez horas, estava exausto, sem esperanças deite-me na cama onde fique esperando um sinal de vida de Miyuki, para minha surpresa a cabeça de Oliver apareceu na lareira do meu quarto.

– Miyuki me pediu para avisar que vai conversar com você assim que terminar a festa, ele me analisou atentamente.

Estava simplesmente desesperado, não conseguia acreditar que Miyuki realmente ia me deixar sozinho no momento que mais precisava...

– Tudo bem – Disse após um longo suspiro, jogue-me na cama e fiquei em silencio havia esquecido a presença de Oliver ate sua voz soar:

– Não fica bravo com ela, o meu irmão ficou uma fera com a coruja que você mandou, ele está se corroendo de ciúmes.

– O problema não é com ela – me virei ficando de costas para Oliver que com um ruído de deslocamento de ar desapareceu.

Meia hora se passou quando outro ruído encheu o quarto, me sentei rapidamente o que fez minha cabeça rodar, meus olhos estava inchados, não havia parado de chorar.

– O que aconteceu? Sai na primeira oportunidade que consegui, Anne está com Érika...

– Amanhã não terá nenhum casamento – a cortei secamente.

– Henry, isso não tem graça – suas feições ficaram ainda mais sérias – você não vai perder pro babaca do Malfoy!

– Ela não quer mais ficar comigo, ela tem medo de me magoar, mas ela só está me magoando mais fazendo isso! – tinha que me controlar pra não dizer nada sobre o beijo.

Só de lembrar que aquela doninha fedorenta tinha feito eu tinha vontade de transfigurá-lo em galinha e assá-lo pro jantar.

– De onde você tirou essa idéia absurda? – ela forçou um sorriso para tentar me acalmar.

– Eu a ouvi falando isso! – comecei a andar em círculos, não parava de mexer as mãos.

– Não adianta nada conversar com você enquanto estiver essa pilha de nervos, vem cá!

Parei de andar e olhei para a lareira, ela não estava lá, rodei em meu eixo e a encontrei procurando alguma coisa na bolsa sentada em minha cama, ela me sorriu, dessa vez carinhosa e disse calmamente:

– Pelo que Oliver me descreveu, achei que fosse precisar disso – me entregou um frasco com um liquido azul cintilante, lembrava uma pedra de água marinha liquida – metade agora e metade quando acordar.

Ela se levantou e desapareceu no fogo verde me deixando completamente sozinho e sem falar mais nada, indignado com sua atitude larguei a poção em cima do meu criado mudo e fui tomar um banho.

Mais calmo me deitei apenas de toalha na cama e vi o frasco transparente, voltei a sentar e o peguei, girei na mão avaliando seu conteúdo, provavelmente algum calmante, destampei e o tomei de uma vez, senti o vidro deslizar de minha mão e espatifar no piso, meu corpo pesou para o lado e tudo se apagou.

Acordei com o velho elfo me balançando vigorosamente e quase chorando enquanto dizia:

– O menino Adams tem que acordar para o grande dia, a nobre srª Adams vai ficar muito triste se ele não acordar para um dia tão especial!

Levantei zonzo, procurei os cacos de vidro em vão, já havia sido limpo, com dificuldade fui até o banheiro lavar o rosto, o que me deixou mais ativo, me sentia um idiota, mesmo com as lembranças de ontem eu simplesmente não conseguia esboçar qualquer reação, fosse boa ou ruim.

Assim que desci para o café minha mãe já me aguardava:

– Mãe, por favor não comente nada com Kuri, afinal são problemas no serviço isso não tem nada ver ..... – antes que pudesse terminar a frase fui interrompido.

– Você acha que me engana? Eu e seu pai estamos preocupados com você, vai me contar o que realmente aconteceu ontem?

Eu fiquei muito sem graça e sem palavras, porém consegui pensar em algo antes que o silêncio opressor me condenasse:

– Eu não tenho certeza se quero casar com Kuri, por isso não quero que comente com ela – a reação dela foi a prevista, completamente atônita com a revelação, por isso continuei: me desculpe, eu sei o quanto esse dia é especial para vocês, mas talvez ele não aconteça...

Sem dizer mais nada me sentei e comi torradas com geléia, não havia percebido o quanto estava com fome, fazia mais de doze horas que não comia.

Nem ao menos vi o horário que Kuri chegou, me enfurnei no quarto a manhã toda com a desculpa de que estava pensando, o que realmente estava fazendo, fui interrompido por Miyuki que trazia uma bandeja cheia de sanduíches e salgados trouxas, uma exigência das duas.

– Está melhor agora?

– Sim, aquela poção é milagrosa...

– Eu estou pensando em contar aquele nosso “segredo” pra ela, o que você acha?

– Nem pensar! Aí sim que ela casaria comigo apenas por piedade e você sabe muito bem que eu não quero isso, alem do mais, você já prometeu que nunca contaria!

– Foi só uma idéia. – ela disse emburrada – estou preocupada com você, não posso evitar.

Antes que pudéssemos fazer qualquer coisa Érika entrou  no quarto com minha mãe que começou a passar um longo sermão sobre o atraso delas e da equipe de maquiadores e cabeleireiros, ao sair  Miyuki me lançou um olhar penetrante, ela voltaria para conversar melhor.

Passou muito tempo quanto ouvi gritos muito familiares ecoarem pelos corredores, Dafne havia atrasado ainda mais que minha cunhada, e parecia nem estar se importando muito pela elevação da voz de mamãe.

Comecei a sentir uns sentimentos ruins quererem tomar forma, respirei fundo e fui para a varanda que dava vista para o jardim, recordei me do primeiro natal que passei com Kuri, o quarto que ela havia pousado era do mesmo lado que o meu, o que nos proporcionava a mesma vista, o que era algo sutilmente romântico, idéia que surgiu de Miyuki.

Fui tirado dos devaneios quando ouvi a voz de Érika me chamando, abri a porta para que ela entrasse e para surpresa encontrei Dafne com outra bandeja dos mesmos petiscos.

– Como eu não sei se você saiu do quarto ainda eu trouxe algo pra você comer, ninguém quer que o noivo desmaie no altar... – ri com o comentário.

– Não foi a única a pensar assim – apontei para o tabuleiro intocado.

– Ainda bem, se não teria que voltar pra cozinha e pegar pra sua noiva.

Nós três não trocamos nenhuma palavra, podia sentir os olhares de ambas sobre mim, por fim Dafne disse:

– Você podia tentar rir um pouco, essa não é a melhor maneira de mantê-la apaixonada por você – ela estava seria, algo pouco comum para ela.

– Faz tempo que não vejo o titio ‘sorri’, eu só fico assim quando to dodói – choramingou a garota.

– Não faz nada! – retruquei sem ter certeza.

Parei tentando lembrar quantos meses não sorria verdadeiramente, e a resposta pairou sobre minha cabeça mais clara e reluzente do que eu gostaria de admitir, desde que Kuri começou trabalhar com aquela maldita doninha albina.

– Titio! Essa aqui é minha mamãe e meu papai? Eu já tava aqui? – ela segurava um porta-retratos antigo com uma foto do baile.

Peguei de suas mãos e o observei, Miyuki e Vaisey discutiam com sorrisos idiotamente apaixonados nos lábios, eu e Dafne incentivávamos a suposta primeira briga do casal, me peguei relembrando aquela noite, uma das melhores que tivemos em Hogwarts.

– Posso levar pra mamãe ver? – ela estava com a mão gordinha estendida.

– É claro, ela vai adorar lembrar desse dia, vou te contar uma coisa – nessa parte eu abaixei para olhar aquelas orbes verdes – foi quando ela começou a namorar o seu papai, por isso você ainda não estava aqui com a gente, foi há muitos anos atrás...

Ela apertou a fotografia contra o corpo radiante, correu para Dafne e pediu insistentemente para voltar pro quarto, eu apenas respondi que não tinha problema, preferia ficar sozinho.

Passei horas sozinho remoendo os meus sentimentos, mamãe bateu varias vezes na porta, coisa que ignorei completamente, foi numa das milhares de idas até a sacada que vi que estava tudo pronto, abri o guarda roupa e tirei meu smoking e o avaliei pensando se valeria a pena colocá-lo.

Ouvi calmas batidas na porta, que se diferenciavam drasticamente da histeria de minha mãe, a abri ficando impressionado com a beleza das madrinhas.

Dafne usava um vestido degrade preto para verde de um ombro só, uma flor ornava a única alça, no pescoço um colar prata de uma cobra mordendo o próprio rabo, presente da mãe, o salto alto era preto fino, a maquiagem era um pouco pesada, mas combinou perfeitamente com ela, o cabelo estava solto em cascata com lindos cachos e um lindo grampo ornamentado era o destaque.

Érika estava com um vestido bufante branco com detalhes em amarelo combinando com a decoração, ela não usava maquiagem, os cabelos lisos tinha mechas sobrepostas a outras presos por uma linda presilha em formato de flores de cerejeiras.

Por fim Miyuki entrou usando um vestido vinho que ia até os  joelhos, tomara que caia, o que o tornava tão peculiar era o saiote um tom mais escuro aparecendo, ele era  propositalmente mais longo que o próprio vestido, os olhos estava delineados com uma maquiagem também vinhos e os cabelos que normalmente eram tão  lisos estavam cacheados, a parte de baixo estava solta a outra parte fazia um coque elegante que terminava caindo, formando camadas.

O trio parou me olhando incrédulas, eu nem havia começado a me arrumar, estava muito nervoso, precisava conversar com Miyuki as sós, o mais gentil que consegui pedi para Dafne sair com Érika.

Quando fechei a porta ela me olhava estranho, não me importei com isso e voltei a caminhar pelo quarto com a impressão que logo teria um buraco de tanto que havia feito isso nas ultimas vinte e quatro horas.

– Aconteceu algo?

– Não, só queria ficar a sós com você! – respondi irônico.

Ela cruzou os braços demonstrando que também estava impaciente.

– Se você ficar assim, eu não vou conseguir fazer nada pra te ajudar, eu não sou adivinha, fala logo o que você quer!

– Eu não vou casar, não vou subir naquele altar só pra ser abandonado! – eu me segurava para não gritar.

– Ela vai casar com você! Ela acabou de terminar os votos dela, ela não faria isso se fosse te abandonar!

– Ela só fez os votos dela agora? – cerrei a mão em punho – ela deve meses pra fazer isso!

– Eu entendo que isso não é algo tão bom, mas na at...

– NÃO TEM COMO VOCÊ ENTENDER – Quando percebi havia me alterado totalmente e estava gritando com Miyuki, que parecia chocada com a situação.

Um sentimento de culpa me invadiu, não sabia o que estava acontecendo comigo, nunca havia gritado com ninguém e a última pessoa que merecia ouvir isso era Miyuki, a vi abrir e fechar a boca, seu rosto ficou vermelho, provavelmente raiva, mas antes que eu conseguisse me recompor e pedir desculpas, a porta se abriu subitamente.

– Dá para se controlar e parar de gritar com quem está tentando ajudar voce? Por que voce não vai gritar com sua mae? Vai ver ela não sabe de nada que esta acontendo – Vaisey entrou furioso no quarto, onde estavamos.

– Cala a boca isso é  tudo é sua culpa – estava nervoso e me esforçava para não elevar minha voz novamente.

Ele me observou de cima a baixo, caminhou até Miyuki que ainda estava em choque, a abraçando carrinhosamente e me respondeu sádico.

– Minha culpa? Estou desapontado, voce costuma se mais esperto e pensar antes de agir, realmente está apavorado Adams, agora raciocina comigo: que culpa eu tenho se você não consegue se garantir com Kuri? Se ela vai te largar a culpa também não é minha Malfoy não deu nenhuma poção do amor para ela se apaixonar por ele e voce sabe muito bem disso.

Agora  conseguia entender quando Dafne dizia que as minhas palavras machuvam,  cada palavra que saia da boca de Vaisey atingiam meu coraçao como flechas.

            Todos se calaram por alguns segundos quando Miyuki perguntou pensativa:

– Você tomou a poção direito?

– Tomei ontem a noite – respondi voltando a andar pelo quarto.

– Você tomou TODA de uma vez?

– Não era?

– NÃO! Como você acordou hoje de manhã?

– Nem eu faço ideia.

Vaisey acompanhou a conversa com cara de poucos amigos.

– Essa poção demora um dia inteiro pra ser feita, eu peguei da St. Mungus escondida, não tenho outra pra te dar – Miyuki começou a andar de um lado para outro na frente da porta.

– Eu não acredito que você arriscou seu ótimo emprego por causa dele – a última palavra saiu com desprezo – não importa o que ele vai fazer agora, tem que decidir sozinho, sem a sua ajuda ou a de uma poção!

Antes que ele pudesse arrastar Miyuki para fora a porta se abrio novamente, revelando minha mãe , ela olhou para Vaisei, em seguida para Miyuki e por ultimo parou seu olhar sobre mim, eu o evitei, pelo visto ainda estava chatiada comigo.

– Esta quase na hora do casamento... - e virando-se para Miyuki disse: -Querida poderia ir la em cima ver se sua irma prescisa de ajuda ?

Imediatamente olhei para Miyuki, que  me tranquilizou com o olhar, ela conversaria com Kuri.

– Vaisey, avise a Srt Greengrass para esperar um pouco enquanto converso com meu filho e informe Erika, que acompanhe Kuri.

Assim que a porta bateu ouvi minha mae resmungar:

– Pedi tanto para deixar meu marido acompanha-la no altar, mas ela prefere ir sozinha...

            Enquanto ouvia os murmúrios de minha mãe peguei minha roupa e fui me trocar no banheiro, eu não desistiria de Kuri, se fosse ficar sem ela, seria decisão dela, eu a esperaria, não importando o quão humilhante fosse ser largado no altar.

~ Kuri POV ~

Miyuki havia sido sincera e direta sobre o casamento, sentada olhando minha própria face no grande espelho da penteadeira, eu podia ver a duvida estampada em meu rosto, mas estava na hora de tomar um decisão, respirei fundo e disse alto para que absorvesse as palavras e reforçasse minha certeza.

– Eu já sei o que vou fazer! Minha decisão está tomada... Só espero não me arrepender...

Minhas palavras saíram mais firmes do que eu podia imaginar, sorri para o espelho e caminhei para fora do quarto, parei com a mão na maçaneta, fechei os olhos e suspirei, não poderia voltar atrás, a abri e Miyuki veio até mim, sem conseguir disfarçar sua preocupação, eu apenas sorri para ela.

– A Dafne foi na frente para acalmar Henry – ela disse notando que eu a procurava.

– Ele está tão ansioso assim?

– Só o suficiente para gritar com todos...

Parei refletindo suas palavras.

– Você vai pro casamento ou quer uma Vomitilha? – ela perguntou risonha.

E então percebi que para minha irmã não importava minha decisão, ela não ficaria brava comigo, tudo que ela queria era a minha felicidade independente com quem estivesse.

– Vou para o casamento, estou decidida...

Estava descendo as escadas quando sua mão me segurou com firmeza e seu sorriso havia desaparecido.

– Você está dizendo isso agora, mas se ele aparecer você vai continuar tendo a mesma certeza?

– Acho que sim – seus olhos se estreitaram – Melhor, sim, claro que sim Miyuki.

Virei-me novamente para descer, dessa vez Miyuki me acompanhou com sua filha, Vaisey nos aguardava no pé da escada um pouco impaciente e meio emburrado, eles se olharam seriamente, pelo visto a briga deles ainda não tinha terminado.

– Papai!! – Erika correu para o colo do pai.

Quando Miyuki o alcançou ele deu um beijo em sua testa e ela finalmente sorriu, falaram alguma coisa que eu não pude escutar, Erika desceu do colo do pai concordando com algo e veio até mim segurando minha mão.

– Titia, o papai mandou eu ficar com você, eu queria entrar com a mamãe e o papai... – ela disse chorosa

Eu a peguei no colo e fiz carinho nos cabelos pretos.

– Você vai entrar comigo, só você pode ficar comigo e sabe por quê?

– Não.

– Porque a titia ama você e não tem ninguém mais especial pra me acompanhar...

Ela finalmente sorriu e acenou para os pais que saiam, provavelmente não faltava mais ninguém, espiei pela janela e vi Dafne dando palmadas nas costas de Henry rindo enquanto ele apenas olhava apreensivo, ele pareceu se acalmar ao ver Miyuki se aproximando conversando animadamente com o marido.

Eles trocaram algumas palavras e se posicionaram, caminhei para a porta e coloquei Erika no chão lhe entregando um cesto com pétalas de sakura e expliquei que ela tinha que ir alguns passos na frente jogando delicadamente as pétalas no chão e depois que chegasse ao altar ficar na frente dos pais.

Quando terminei de explicar o que ela tinha que fazer ouvi a marcha nupcial e junto de minha sobrinha saí da grande sala em direção ao jardim, ela fez exatamente como pedi, ela certamente era filha da minha irmã, eu estava radiante, sorrindo para todos, meus pensamentos finalmente estavam direcionados apenas em Henry e meu sorriso aumentou quando o vi parado me esperando.

Todos olhavam para mim, senti minha face corar, mas continuei andando, assim que meu olhar cruzou com o Henry, vi um lindo sorriso em seu rosto ele parecia aliviado.

– Senhoras e senhores – disse uma voz levemente musical, era o mesmo senhor que havia feito o discurso no enterro do diretor Dumbledore.

Não adiantava por mais que tentasse não conseguia prestar a minima atençao no que o juiz falava, depois de um tempo senti uma mão segurar firmimente na minha e em seguida olhando no fundo dos meus olhos Herry disse:

– Eu ainda não sabia, mas desde que te vi, aos onze anos dentro de uma loja no beco diagonal, eu já estava apaixonado. – Sua voz saio com bastante dificuldade, o que demonstrava o quanto ele estava nervoso...

– Uma semente foi plantada dentro de meu peito, o sentimento esperou que eu pudesse entendê-lo. Aos treze anos ele brotou, mas com o passar dos anos ele foi crescendo, seu caule e raiz, antes tão pequenos e fracos ficaram fortes e bonitos, os galhos cresceram e neles suas folhas, com um sentimento tão grande quanto o salgueiro lutador.

Eu segurei as lagrimas, tinha muita sorte em ter uma pessoa como ele ao meu lado estava simplesmente encantada com aquelas palavras.

– Eu me declarei e a pedi em namoro, nesse dia, minha árvore floresceu, e assim foi, a cada gesto, a cada palavra, meu sentimento crescia dentro de mim e floresceu incontáveis vezes, hoje eu sinto que meu sentimento pode transbordar de tão grande, por isso eu quero compartilhá-lo com você, afinal meu sentimento só pode dar frutos se for você quem estiver ao meu lado.

Antes que pudesse responder qualquer coisa, senti a mao dele tremer e em seguida afroxou o aperto até soltar-se, olhei intrigada, vi um olhar desesperador em seguida lagrimas que escoriam de sua face.

Segui o seu olhar, ao longe no ceu, uma vassoura voava cada vez mais baixo e parou exatamente na frente do altar e montado nela estava Draco Malfoy que desceu da vassoura ofegante e foi logo dizendo

– Kuri, por favor, não comenta o maior erro da sua vida.

Ouvi varios murmurios, imediantamente senti tudo rodar, segurei-me em Miyuki que parecia irritadissima, recuperei –me do choque e caminhei letamente em direçao a Draco, evitando olhar  Henry ou para qualquer outro.

Alguem gritou para socorrer a Sra Adms que havia desmaido, mas eu ignorei, meu coraçao parecia que ia sair pela boca.

Um raro sorriso, se formou em seus labios e em seguida disse:

– Eu sabia que você não estava tão decidida quanto dizia, ainda há tempo. – Ele estendeu a mão para mim como se me convidasse para uma dança.

Parei a seu lado, ergui minha mão em sua direção.

~ Draco POV ~

Esperei meus pais sairem, pedi para que o elfo domestico separasse minhas roupas, afinal, estava preocupado com outras coisas, fui até o quarto das vassouras e peguei minha antiga ninbus 2001, a vassoura que usava quando estava em Hogwarts, não havia escolha melhor, a poli rapidamente para ficar apresentavel.

Consultei o relógio, tinha meia hora para o início da cerimonia, subi correndo e encontrei um terno e uma camisa pretas, impecavelmente passadas e dobradas, a gravata verde, a roupa que havia usado na noite de minha fulga, tudo calculado para deixá-la indecisa e se lembrar de nossos encontros no quarto andar.

Vesti me rapidamente, não poderia perder mais tempo, arrumei o nó da gravata e os cabelos diantes do espelho antes de parar em frente a grande janela do meu quarto e alçar vôo.

Fiz minha vassoura atingir a velocidade máxima, sentia o vento contra minha pele, não estava frio, mas ele estava cortante, mesmo assim pude ver ao longe uma armação branca com detalhes amarelos, não havia duvida que era o casamento dela, sempre resaltando a sua casa, Lufa-lufa, a qual tinha muito orgulho de ter sido selecionada.

Dei uma volta sobre a armação e me abaixei um pouco, meu olhar cruzou com o do maldito Adams, ele ficou branco, soltou a mão de Kuri, dei um sorriso de lado, ele era mesmo um bunda-mole.

Pousei no corredor central que tinha um tapete vermelho aveludado, desmontei ofegante e disse a única coisa que tinha em mente

– Kuri, por favor, não cometa o maior erro de sua vida.

Automaticamente as pessoas começaram a murmurar, Miyuki correu para seu lado a segurando, ela me olhou com raiva, o que ignorei, não era algo incomum.

Quando ela se desvencilhou da irmã abri um sorriso e reparei o quanto ela estava bonita, realmente, no dia do casamento é o dia que a mulher fica mais radiante.

Ouvi algumas pessoas gritando, entre elas a minha própria mãe e meu pai, porém os ignorei, tudo que eu queria estava vindo em minha direção, então disse:

– Eu sabia que você não estava tão decidida quanto dizia, ainda há tempo. – estendi a mão para ela a convidando a fugir comigo.

Ela parou ao meu lado, ergueu a mão disposta a aceitar minha proposta, levantou os olhos castanhos, eles estavam marejados, não desviei o olhar e ficamos imóveis por alguns que segundos que para mim pareceram uma eternidade, mais uma vez estava perdidos naqueles orbes, era como se todos tivessem sumidos, estávamos de volta ao meu sexto ano, estávamos matando mais uma aula, eu podia até ouvir os passos dos poucos alunos pelos corredores ao redor.

Foi com surpresa que vi sua mão afastar e lágrimas descendo pelo seu belo rosto, pisquei tentando entender a situação, pelo silêncio que se seguiu não fui o único a achar aquela atitude inesperada.

Com firmeza ela disse:

– Eu amo você, eu sempre amei, muito antes de nos encontrarmos naquele corredor, muito antes de entrar em Hogwarts, você sabe disso...

– Eu sei, por isso você deve fugir comigo! – segurei sua mão.

– Eu não posso fazer isso, nesses últimos anos... – ela parou de falar e finalmente desviou o olhar, o segui, encontrando Henry – ele quem esteve comigo, ele quem me ajudou a superar as perdas da guerra e diferente de você, que não teve que aprender a se amar, ele sempre se amou... ele nunca escondeu segredos de mim... eu aprendi a amá-lo Draco...

– Mas você me ama a muito mais tempo! Eu sei que eu não sabia me amar pelo que eu era, mas eu aprendi por você! – eu estava a ponto de implorar, que explodisse a honra do nome Malfoy ou qualquer outra coisa, eu simplesmente não poderia perdê-la, principalmente para o idiota do Adams.

– Essa não é a questão Draco, tempo nunca esteve em jogo aqui, afinal, Henry me ama a tanto tempo quanto eu te amo.

Não soube o que responder, minha mãe estava aos berros, todos murmuravam, minha mente aos poucos ia ficando embaçada e era difícil pensar em um bom argumento para convencê-la a ir embora comigo.

Antes que pudesse fazer qualquer coisa, Henry se aproximou, lágrimas quase escaparam quando Kuri foi até ele soltando minha mão, para pegar a dele com carinho e dirigir lhe aqueles sorrisos doces que costumavam ser meus.

Estava no auge do desespero, quando gritei:

– É TUDO CULPA SUA! SUA E DE SEUS AMIGUINHOS!!

Todos me olharam assustados, todos os barulhos cessaram.

– Do que você está falando? – sua voz estava firme e penetrante.

– Não finja que não sabe, você, a Miyuki, a Dafne e aquela idiota da Brooke interceptaram a minha carta, a carta que eu pedia pra ela voltar pra mim! E ainda responderam que era pra eu me afastar se a amasse e como um completo estúpido apaixonado foi exatamente o que eu fiz!

Senti minhas bochechas se avermelharem pela súbita explosão de raiva, todos pareciam estar confusos, a não ser Kuri, ela estava como eu e foi a primeira a se recuperar do choque.

– Eu já disse! Eles não fizeram isso!

– Claro que não fizemos, eu não uso truques sujos como você Malfoy! – Adams retrucou – ela está comigo simplesmente porque me ama.

A sua confiança parecia ter alcançado o nível máximo, porém a pessoa começou a falar foi uma completa surpresa.

– Sempre foi muito fácil pra você apontar os erros das outras pessoas, mas nunca os seus próprios, que não são poucos.

– O que você quer dizer com isso? – retorqui com meu típico desprezo.

– O problema pode estar mais perto de você do que de Kuri, gênio!

Diante meu silêncio ela continuou:

– Inteligência rara, o problema pode estar dentro de seu próprio lar!

– Não acuse os meus pais! – gritei novamente.

– Certo, então que tal perguntarmos agora o que seus pais pensam de ter uma nora mestiça E lufana... vamos ver... Srª Malfoy, poderia se prontificar?

Todos os olhares se dirigiram para minha mãe que estava mais pálida que o normal, parecia prestes a desmaiar, dei dois passos em sua direção e perguntei:

– Você faria isso comigo? Tiraria a felicidade do seu único filho por causa de um orgulho besta?

Ela não disse nada, não era necessário, seu olhar transbordava culpa, eu não podia acreditar que minha mãe me negara a felicidade!

Não tive tempo para digerir a traição quando tive a linha de pensamento cortada:

– Agora que você já sabe a verdade sobre os sentimentos de Kuri e dessa carta que só você tinha conhecimento, que tal ir embora e deixar os noivos se casarem em paz?

– Kuri, você realmente não quer vir comigo? Eu voltei como prometi...

– Me desculpe, mas você me fez entender que ela era tão falsa quanto os seus “eu to bem...”

Não tinha o que replicar, montei em minha ninbus e ganhei altitude, quando já estava alto o suficiente me permiti chorar lembrando de uma entre muitas discussões com o Adams.

~ Flashback on ~

– Meu pai vai ficar sabendo disso e vai me mandar um caldeirão de cobre, eu não vou precisar ficar tanto tempo esperando essa droga cozinhar!

– Quer parar de falar no seu pai? – Miyuki revidou impaciente consultando o livro de poções – ele está em Azkaban!

– Um dia Draco, você vai querer muito uma coisa, tanto que vai fazer qualquer coisa pra conseguir e seus pais não vão pode comprá-la, ou, não vão querer te dar...


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Notas finais do capítulo

Eu tenho certeza que muitas leitoras vão querer nos matar, olha, a Koneko não tem nada a ver, então polpem a vida dela...
Quanto a nós duas, já havíamos decidido antes mesmo de começar a escrever.
Tentamos mudar a ideia das leitoras de que a Kuri tinha que ficar com o Draco.
Perguntávamos frequente com quem Kuri deveria ficar e só duas começaram a responder Henry...
O que me deixou um pouco preocupada, até tentei convencer a Kuri a ficar com o Draco mesmo (é a Map que tá digitando)
Mas não teve argumento que a fizesse mudar de ideia, apesar de conseguir deixá-la bem confusa, foi engraçado, parecia a própria da fic.
Agora o que me deixou triste foi ninguém suspeitar dos pais do Draco, MUITAS pessoas acusaram a minha personagem! Gente, a Miyuki só quer o bem da irmã, ok?
Por enquanto é só isso, ficaremos felizes em ouvir a opinião de vocês, seja por review, face, twitter, msn, até sinal de fumaça!!
quem quiser add: kuri_tfb@hotmail.com



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