Descobrir onde a garota que você dormiu na última noite está e algo bem difícil. Imagine fazer isso quando essa garota e uma deusa que vive em constante movimento com as suas caçadoras?

Depois de algum tempo tentando encontrá-la. Eu localizei Ártemis em uma floresta fria e úmida canadense junto com suas caçadoras procurando mais monstros em potencial-perigo. Ela estava tão bonita como na última vez, porém agora estava em uma personificação de uma adolescente ruiva de 16 anos sendo emoldurada pelo seu brilhante diadema prata.

Ela falou algo com uma caçadora mais velha que parecia ser a tenente, e me fez um sinal para segui-la em direção a sua tenda.

Quando entramos notei a decoração simples porem bonita que provavelmente foi escolhida a dedo por ela. Ártemis tinha bom gosto. Uma peculiaridade anormal da tenda era que ao ver de fora, parecia uma barraca normal de camping, e ao entrar parecia um verdadeiro acampamento. Impressionante. Uns dormitórios a esquerda, banheiros a direita e uma fogueira com um animal sendo assado.

– Muito legal suas acomodações – Eu comentei enquanto ela nos dirigia para o seu quarto particular. O seu quarto era ainda mais modesto. Uma escrivaninha, cadeiras, sofá e uma cama grande. Volkswagen dizia que o Fox era pequeno para quem vê e gigante para quem anda. Pobres mortais que acham que entendem e compactabilidade. Apesar de ser modesto, o quarto era grande e tudo era disfarçado por uma barraquinha de camping de no máximo 2x4 m.

– Sente-se por favor – Ela disse apontando para o sofá e indo até a porta do quarto – Você quer beber alguma coisa? Café? Chá?

– Não, não. Obrigado – Eu disse me acomodando no sofá e olhando um exemplar que lá tinha de uma revista de caça da mídia Hefesto. Uma caçadora apareceu na porta quando Ártemis a chamou e a deusa da caça pediu uma xícara de chá para ela mesma. Alguns minutos depois, a menina voltou com uma xícara e Ártemis se sentou na poltrona oposta a minha.

– Suponho que você sabe para o que eu lhe chamei não é? – Ela disse levando a xícara até os lábios. "Acho que minhas esperanças de mais sexo selvagem acabaram de ir agora"- Gostaria de responder mas não me atrevi. Não deixei de corar e me envergonhar por isso.

Até que na minha mente tudo ficou mais claro. Ela estava querendo uma conversa séria, e levando em consideração os acontecimentos da noite passada...só poderia ser casamento. Ele quer que eu me case com ela?!

– Olha Ártemis, se você quer algum tipo de matrimonio, eu já digo com minha sincera opinião que não daria certo...Você sabe? Estávamos bêbados e ...- Ela me interrompeu antes mesmo de me explicar e me enrolar com as palavras.

– Não, claro que não, Percy. Eu entendo o que houve ontem. Foi minha culpa também...- Ela disse revirando os olhos como se já estivesse cansada de pensar ou falar isso e continuou – E claro, foi bom, muito bom- Ela disse corando – Mas não é algo que devemos repetir, estou aqui mesmo para falar das consequências.

– Continue...

– É algo que não entra na cabeça de Zeus, ele acha que você é o culpado. Há cabimento nisso? Te expulsar do Olimpo? Ele está caducando só pode- Ártemis dizia demonstrando preocupação além da ironia- Ele não pode enlouquecer por essas minhas atitudes e ainda culpa meus parceiros por me "desvirtuar" – Ela disse fazendo aspas com os dedos.

– Mas Ártemis, você jurou castidade e abnegação aos homens – Eu disse franzindo o cenho – Você simplesmente não pode transar com qualquer um que escolher, mesmo que isso inclua um cara legal como eu – Percy piscou em sinal de brincadeira – Estou falando sério, você simplesmente não pode.

– A vida é minha Perseus, eu escolho qual juramento fazer – Ela disse segurando mais firmemente e alça da xícara de chá – Eu era nova demais, tinha acabado de perder um amor, eu realmente não queria mais o amor dos homens, eu os odiava.

– O que você está querendo me dizer com isso? – Eu perguntei já sabendo a resposta. Ártemis já não era mais casta...Antes mesmo da nossa noite anterior. Apesar do álcool, eu tinha percebido.

– Quando o seu irmão Orion morreu eu abdiquei de relações com homens, o Olimpo inteiro sabe disso – Ela disse apertando ainda mais forte a xícara e sem olhar para mim – Eu era muito jovem, estava inconsolável. Então, outro deus apareceu. Apolo era bom para mim, e eu boa para ele. Ligue os fatos, Percy. Zeus mataria Apolo se descobrisse o que aconteceu.

– Isso ainda acontece? – Percy perguntou nervoso. Apolo era um cara legal, mas o filho de Poseidon não merecia levar a culpa e castigos por algo que ele não fez. Perfeito, ele poderia dizer a verdade o culpado seria Apolo.

– Não é toda vez...- Ela disse um pouco sem graça. Agora as histórias dos eclipses faziam mais sentido.

– Percy, eu não posso reivindicar pelos meus direitos se Zeus descobrir que na verdade tudo aconteceu com Apolo. Ele o mataria e eu perderia mais um grande amor e eu não sei dizer o que ele seria capaz de fazer comigo- Ela disse pondo uma mão no meu ombro. – Eu sei que você entende de perder grandes amores, você também perdeu um. Mudou muito quando perdeu Calipso para o maldito castigo que Zeus a impôs por ser filha de quem ela é.

Eu respirei calmamente. Isso significava que ela estava me pedindo para assumir um ato que eu não fiz por pura nobreza e compaixão. Mas eu não sou nobre e não ligo para compaixão. Isso é algo difícil de se pensar porque alguma parte minha queria ajudá-la. Eu não quero ser expulso do Olimpo e ter o ódio eterno de Zeus, mas eu entendia do que ela estava falando.

– Eu aceito, faço isso por você- Algo pesava em minha consciência, mas não posso ter arrependimentos. É uma boa decisão a se tomar.

– Você é um grande homem, Percy – Ártemis disse fazendo uma espécie de carinho na minha mão enquanto a segurava por agradecimento – Acima disso, um bom amigo- Ela sorriu para mim, e pois a xícara vazia no braço de sua cadeira.

– Eu prometo conversar com Zeus sobre o seu castigo, abranda-lo o máximo possível – Ela disse dando um sorriso de cumplicidade que eu retribui.

– Me prometa que vai contar a verdade uma dia para Zeus – Eu disse, logo vendo que Ártemis aceitava a condição pensei:

– Você ainda tem que falar com Nico. Por bem ou mal, na mente de Zeus ele também contribuiu.

– Eu prometo – Ela deu um sorriso de lado antes de dizer sua próxima frase – Sim...Nico- Ela dizia pensadoramente – Aposto que será mais fácil convence-lo – Ela deu um sorriso discreto. Essa táctica de convencimento não me cheirava bem.

Quando já estava me levantando para ir embora, uma caçadora bateu na porta para falar com Ártemis. E logo em seguida um alto barulho foi ouvido ao longe.

– Estamos sendo atacados – Ártemis disse enquanto batia em retirada o mais rápido o possível para a saída da tenda me deixando sozinho no quarto. Dei uma pequena corrida para alcança-la. Mas antes de dizer qualquer coisas, ela se virou e disse.

– São tempos difíceis esses. Ataques constantes em qualquer lugar da América do Norte, nossos dias de tranquilidade se foram a muito tempo – Ela invocou sua armadura e arco, e quando já estava saindo da tenda disse:

– Você já me ajudou demais meu amigo, volte para casa, descanse. Qualquer coisa eu mando um aviso – E assim ela se foi, enfrentar seja lá que monstro for. Salvar suas meninas. Ártemis era uma boa mulher.

Veja bem...em casos normais eu não fugiria a uma luta, mas quando se trata de caçadoras, eu achei melhor não me meter, poderiam encarar como insulto ou algo do tipo. Resolvi me teletransportar para o meu quarto, onde já tinha confusão demais para suportar.

II

Dois dias já haviam passado, e nenhum bilhete de Ártemis. No terceiro dia, enquanto treinava esgrima com Tritão, um de meus irmãos, um ciclope mensageiro veio trazer um bilhete para mim. Seu nome era Tyson, esse ciclope era um cara legal. Sendo ciclope, ele era um dos meus milhares de irmãos por parte de pai, mas sinceramente, eu quase o preferia em lugar do Tritão. Não que Tritão não seja legal, mas Tyson era puro, gentil e sempre agradável. Coisa que Tritão nem sempre era.

– Irmão - Tyson vinha rindo com um bilhete na mão olhando para mim com seu único olho em admiração, algo que ele sempre fazia – Deixaram um bilhete para você – Ele estendeu a mão, e quando o bilhete se revelou para mim, eu claramente percebi que era de Ártemis por causa de sua escrita prateada.

– Obrigada Tyson- Disse sorrindo em gratidão – Como vai nas forjas?

– Muito bem sim senhor- Ele disse dando um de seus sorrisos alegres.

Eu o agradeci olhando novamente para o bilhete, logo, ele se despediu e foi embora.

– Deveria cortar laços afetivos com esses bastardos- Tritão disse revirando os olhos enquanto ele apertava a armadura- Você da confiança demais para eles, logo, você perde o respeito de todos.

– Não se atreva a chama-lo de bastardo de novo, ao contrário do que você pensa, se eu der confiança a ele e respeito, Tyson retribuirá e acima de tudo ele é um bom menino – Eu disse me invocando com o sentimento de superioridade que Tritão tinha as vezes.

– Tanto faz- Tritão resmungou e continuou a checar o resto dos seus equipamentos.

Já havíamos terminado o treino. A algum tempo atrás, Poseidon confiou em Tritão que ele seria o filho herdeiro, sendo o mais velho e a partir desse dia, meu pai o obriga a trabalhar com o nosso exército de sereianos para conhecer o próprio reino que um dia ele irá administrar, sendo assim, ele estava se arrumando para o seu trabalho enquanto eu ia ficar no meu quarto lendo alguns livros e visitando o mundo mortal. Ao contrário das seus obrigações, eu era livre.

– Tenho que ir – Tritão disse – Juízo!

Acenei com a mão e assim que ele se foi eu mentalizei estar no meu quarto.

Abri os olhos e lá estava. Tirei as sandálias e sentei em minha cama já tirando o bilhete de Ártemis do bolso.

“ Falei com Zeus, tentei enrolar o máximo que pude. Para ser breve nesse pequeno pedaço de papel venho lhe avisar que você estará de mudança para o acampamento meio-sangue junto com o deus Nico para a diretoria. Desculpe-me, foi o máximo que eu consegui fazer.

Ass: A”