As corujas latem, os cães cantam e os pássaros gemem e um bastardo maldito aparece no meu quarto para me acordar. Uma pessoa hoje em dia mal pode tomar um porre de noite sozinha e já parece alguém para incomodar? Sério isso Zeus?

– Vá se vestir, Nico! – Gritava milhões de vezes o filho de Poseidon até ele resolver puxar a minha coberta. As pessoas trabalhadoras não podem mais dormir nessa merda? Talvez eu não seja tão trabalhador assim...mas dane-se. Por Hades, cadê o respeito?

– Eu estou pelado e com sono. Me de meus cobertores, sua peste! – É complicado explicar o que está acontecendo porque mal eu sei o que está acontecendo. Só sei que tive maus sonhos nessa noite passada, e bom... Quando se é um deus, quando não se pode morrer e quando não se pode esquecer o que mais quer esquecer a solução é beber! Sempre é beber. Não que eu seja alcoólatra... mas é um dos melhores remédios para esquecimento temporário, pergunte a Dionísio ele confirmará e ainda dará um cartão do AA.

E Perseus ainda estava aqui, me perturbando.

– Acampamento Meio Sangue, Lembra? – Ele disse batendo o travesseiro em mim – Fodemos uma Deusa casta, estamos sendo castigados... Acorda Porra! – Ele disse batendo no meu pé e eu o puxei.

Esse maldito filhote de peixe já estava me irritando. Até que ele fez o que não deveria. Inacreditável a audácia da criança de jogar um jarro de agua em mim. De onde ele tirou um jarro de agua? Malditos poderes dessas sereias do mar chamadas de malditos filhos de Poseidon. Eles só deveriam aprender que nunca se deve irritar um filho de Hades, nunca. Mesmo que esse seja você que está me irritando, Perseus.

Só digamos que no meu ataque de fúria o jovem filhote de Sereia ficou com o meu braço sobre sua garganta na parede do meu quarto. Aquilo poderia ser até excitante, toda aquela proximidade... O cheiro de mar dele... Ahh, enfim. No que estava pensando mesmo? Ahh...lembrei, matar o filho de Poseidon.

– Nós fizemos uma promessa – Ele disse com dificuldade e sem ar – Se importaria de se vestir antes de me matar? Seria menos vergonhoso – Ele sorriu amarelo e eu o larguei.

– Me Desculpe – Disse, e logo uma roupa apareceu no meu corpo e senti minhas bochechas corarem rapidamente.

– Pelo visto Ártemis é bem carismática – Ele disse analisando o meu quarto e vendo algumas garrafas pela mesa – Conseguiu te convencer a ir para o acampamento. Me pergunto como... – Ele disse mordendo os lábios. Seria aquilo alguma espécie de ciúmes? Uma pequena chama de raiva queimava dentro de mim. Será que afinal ele sentia algo pela deusa da caça? Até ela? Explicar o porquê estou indo para o maldito acampamento é complicado...Ártemis falou que ele também iria e é por isso que eu vou, se você não entendeu. Eu sei, eu sei. Desculpe-me, por mais ridículo que parece...É, um deus do submundo gostando de um deus do mar. Um homem, e o mais idiota de todos eles. E eu pergunto, como isso foi acontecer?

Quando eu o conheci ele era um legítimo cavalheiro inglês. Era até muito diferente do que é hoje. Percy, como eu o chamava, mudou muito quando a filha de Oceano foi condenada a viver naquela ilha. Calypso.

Parece simples, ele não a tem mais, porém, seu coração pertence a ela e não precisa ser um filho de Afrodite para descobrir isso. E é aí que eu me fodo. Percy nunca olharia para mim. Nunca veria nada mais que um deus estranho do submundo, ele nunca compreenderia o porquê que aquela noite significou tanto para mim, mesmo que Ártemis também tenha estado lá para atrapalhar o meu momento com ele. Eu amo Perseus, e Ártemis percebeu isso. Malditas sejam as mulheres com seus sextos sentidos... E é aí que o acampamento meio sangue entra, eu poderia me aproximar de Percy... Nem que seja por um mísero mês e eu estaria completamente feliz. ( - Sim, eu sei que isso foi gay...)

Olhei para Percy e vi como ele estava atraente. Tinha uma mochila em suas costas, sua barba estava feita e ele parecia um adolescente de 17 anos e seus olhos brilhavam mais que esmeraldas. Talvez a pequena serei estava animado para o acampamento...

– Vamos? – Ele disse.

– Vamos – Eu concordei, e mentalizei o acampamento meio sangue.

III

Eu me sentia num show do One Direction, e eu odeio shows do One Direction. Por que tinha campistas nos aguardando? Eu não sei. Por que uma festa estava rolando? Eu não sei. Agora por que a maldita da festa tinha o tema “ Bem Vindos Idiotas com amor Dionísio” ahh isso eu sabia, meu Welcome do inferno, estou no inferno por causa do Percy... E lá começava a minha estadia no campo de concentração.

Percy estava gostando. Ele dançava e já estava mandando olhares sugestivos para algumas campistas. Dionísio vinha ao fundo, com uma roupa casual e um pouco mais jovem.

– Bom dia minhas flores do dia – Ele nos deu um abraço apertado e eu pode sentir seu cheiro de álcool. Talvez algum certo deus estava muito feliz porque seu castigo acabaria...e o meu só começaria. Ele seguiu reto cambaleando e comemorando com mais outros campistas que estavam tão felizes quanto ele por se livrar desse antigo diretor.

Um velho homem centauro veio até nós sorridente para nos dar as boas-vindas. Quíron é claro, eu o conhecia e Percy também. Todo deus é treinado por Quíron, obviamente. Ele é um dos melhores.

– Senhores – Disse Quíron fazendo uma reverencia e Percy o puxou para um abraço espontâneo e típico dele.

– Sem formalidades comigo, velho homem-cavalo – E o soltou depois de arrancar alguns risos.

– Temos muito que conversar – Disse Quíron me cumprimentando, nada tão caloroso como com Percy.

Parece que seria algum tipo de conversa particular e o que me fez chegar nessa conclusão foi quando os dois foram sozinhos para casa grande, e bem, eu não.

Sozinho no SpringBreak de semideuses com hormônios a flor da pele.