O Diário De Shiori escrita por AnkhPamy


Capítulo 9
Capitulo 9: “Viagem.”




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Na pequena temporada que passei na casa da velha e fofoqueira, senhora Mark,  fui surpreendentemente mimada. A velha era um idiota, mas morria de pena de mim por ter ficado órfã. Fingi entrar numa depressão prolongada e larguei meu emprego idiota para poder passar mais tempo com a ela. Pois pretendia achar logo onde é que senhora Mark guardava a droga do dinheiro, para eu poder viajar o mais rápido possível. O dinheiro da minha casa não foi muito e precisava de um complemento para a hospedagem e outras coisas idiotas. Bem eu já tinha dezoito anos e podia viajar sozinha e mesmo se não tivesse eu teria viajado de qualquer forma. Depois de muitas tentativas e me escondendo o tempo todo quando ela ia sala que guardava um cofre com suas economias consegui a senha. Esperei que ela saísse de casa dando a ela uma desculpa esfarrapada de que estava com dor de cabeça e não tinha mais remédio na casa. Corri para a o escritório e arranquei o quadro da frente do cofre. Senti-me em um filme de ação e dei um risinho. E comecei a digitar a senha que era absurdamente fácil.

– Mas que velha burra! Colocar a data de seu nascimento como senha?Não me surpreenderia se ela tivesse colocado: um, dois, três e quatro. –sussurrei enquanto abria o cofre. Lá dentro havia bastante dinheiro para uma viagem de avião e uma de trem. Bem.. Pensando bem ela não era tão burra em relação a ganhar dinheiro.

Não demorei muito em tirar toda a quantia que pude, pois a velha chegaria logo. A farmácia era na esquina e ela odiava o farmacêutico tanto quanto ele a odiava. Arrumei tudo em seu devido lugar e corri para o quarto que a velha tinha me oferecido. Lá arrumei minha mochila com roupas, o livro, o dinheiro e o cartão de credito ilimitado da velha, ela tinha me dado a senha quando estava doente e pediu que eu fizesse compras para reabastecer a dispensa. Eu sabia que não poderia usá-lo, pois me achariam rapidamente e deixei-o para medidas extremas. Repentinamente a porta bateu lá embaixo. E eu tive que jogar a mochila em baixo da cama de solteiro empoeirada, também me joguei na cama para fingir que estava dormindo.

– Saori minha querida! Aqui está o remédio que pediu! – exclamou a velha enquanto subia as escadas, era fácil saber deste fato, pois ela não andava e sim marchava porque seu passo era barulhento e brusco, podia-se distinguir de longe que era ela.

A senhora Mark bateu suavemente a porta e depois abriu.

– Ah, vejo que dorme. Pobre garota devia estar com muita dor de cabeça mesmo. – murmurou para si mesma.  – Deixarei à pobrezinha dormir e irei à casa de Vivian.

Os passos novamente seguiram para a escada e depois a porta da frente se abriu e logo após se fechou com um ruído.

– Ótimo a velha foi se encontrar com aquela megera da Vivian, pelo menos terei tempo para fugir pacatamente, porque quando aquelas duas começam a conversar quase não acabam mais. – murmurei para mim mesma.

Eu não iria sair pela porta da frente isso me daria cara de suspeita.  Então tive um plano. Um belo plano por sinal. Fingiria um seqüestro. Como o quintal da velha dava na floresta, ninguém nunca suspeitaria que eu tivesse fugido.

Novamente peguei minhas luvas, uma toca, as botas do falecido marido da velha, revistas e papel principais ingredientes para mais uma saída de mestre... Mas ouve uma interrupção. E eu corri para pegar o espelho mais próximo que eu achasse.

– Garota tola. Por que no lugar de fingir que alguém entrou aqui, por que não usa  o livro e faça um feitiço. Faça que a velha veja uma cópia sua e depois faça com que essa cópia depois provoque um suicídio. É perfeito e simples. – murmurou a minha imagem refletida no espelho, que como da primeira vez que a vi tinha asas negras e enormes.

– Grande idéia mesmo... Hum..er... – murmurei tentando forçar a dizer a palavra.

– Obrigado, é o que você quer dizer não me importo. Mas aja rápido. – finalizou minha imagem.

Peguei meu livro na mochila e comecei com o encantamento. Mesmo que algumas palavras estivessem em um japonês tão arcaico quanto matusalém eu as conseguia compreende-las facilmente. Elas fluíam como água. Depois de uns segundos arranquei um fio de cabelo e joguei no ar, e numa explosão rápida o fio foi se transformando e transformando até que se igualou a mim. Ditei as ordens ao clone e fugi rapidamente pelo quintal entrando floresta adentro. Enquanto corria comecei a achar que o clone falharia e aconteceria alguma coisa.

Não vai acontecer nada, pois sua magia é minha magia e eu não sou tão fraca assim sua tola, falou irritada Sari a minha cabeça.

Você é bem nervosinha, hein. Acho que foi por isso que acabou trancada num livro,  provoquei.

De súbito senti minha perna sendo atingida por uma dor tão aguda que dei um grito e cai no chão esperneando como uma criança.

Ai, ai como dói! Por que fez isso sua louca?, Perguntei com indiferença.

Quis provocar agüente as conseqüências sua idiota! , explodiu Sari na minha cabeça e depois se calou na mesma rapidez que explodiu.

A dor foi passando e me levantei, não podia ficar me contorcendo o dia todo, tinha uma viagem longa pela frente. Primeiramente eu iria ao aeroporto pegar o avião, por sorte consegui comprar a passagem antes de sair da casa da senhora Mark. Depois pararia em Portugal um país pequeno na Europa e de lá teria que pegar um trem para a França e arranjar dinheiro para ir para o Japão. Não era fácil, mas também quem disse que era difícil.

Quando cheguei ao aeroporto alguns idiotas quiseram me barrar, mas consegui dobrá-los, não do modo de falar, mas realmente os dobrei. O vôo até Portugal foi bem tranqüilo, mas estava irritada por ter que ficar na classe econômica perto daquela gente fedida e pobre, então fui ao banheiro da classe econômica e recitei um feitiço que tinha decorado na temporada que passei com a senhora Mark. Era um feitiço para mudar de aparência. Escolhi a imagem de uma modelo que vira em uma revista na semana passada e nela me transformei. Uma mulher ruiva de olhos verdes e cheia de sardas.  Fui até a classe A para conseguir mais dinheiro para minhas viagens.  Lá encontrei um velho rico bêbado, tinha cara de poucos amigos e que gostava de mulheres jovens. Sentei-me ao seu lado sem nem um pingo de vergonha.

– Olá.  O senhor me parece familiar. Será que o conheço? – murmurei suavemente.

– Creio que não minha jovem. Mas se quiser me conhecer estarei disposto em me apresentar. – respondeu o velho

– Creio que adoraria o conhecer senhor. – sussurrei aproximando-me de seu ouvido esquerdo. O velho pareceu arrepiar-se e eu ri com isso. A lebre velha estava presa na armadilha da jovem raposa.

– Meu nome é Edgar Jones minha cara e estou a sua disposição. – pronunciou Edgar. – E o seu, bela dama?

– Elizabeth Wayne. – respondi de pronto. Eu não iria dizer meu nome verdadeiro é claro não sou tão tola.

– Gostaria de uma bebida? Posso lhe oferecer tudo o que quiser. – sussurrou em meu ouvido.

– Claro. – respondi com um sorriso malicioso.

Depois de tanto em rolar o velho a beber cada vez mais ele insistiu que queria me mostrar algo e me levou ao banheiro. Era a hora perfeita para um roubo, já estava perto da hora do pouso e o velho estava bêbado e nem sentiria tanta falta do dinheiro que lhe roubaria.  Quando chegamos ao insignificante banheiro, ele me empurrou contra a parede me agarrando. Deixei-o pensar que eu estava gostando e danei a lhe apalpar. Precisava achar uma carteira ou qualquer tipo de coisa com valor. Edgar esmagava sua boca contra a pele de meu pescoço, depois a de meu ombro e descendo mais.

Quando enfiei minha mão por dentro de seu blazer, ele pensou que eu queria tirar lhe às roupas e começou a tirar e depois veio arrancar as minhas.  Ele me agarrou com tanta força que tive de lhe empurrar.  O velho bateu a cabeça na parede e caiu. Ele estava tão bêbado que dormiu ali mesmo. Vasculhei o resto e achei sua carteira, abati o quanto pude de dinheiro, desfiz o feitiço e sai do banheiro, pois já soavam o aviso para todos os passageiros se sentarem e colocarem o cinto para o pouso do avião.

Sentei em minha cadeira e relaxei até o avião pousar. Minha chegada a Portugal foi boa e eu me sentia mais livre que nunca. Portugal era um país encantador e o dia estava lindo. Dirigi-me até um hotel no centro para descansar e depois iria a uma festa qualquer.  Depois de descansar separei a melhor roupa que tinha e fui para as ruas. Já era muito tarde da noite quando saí. Os homens que passavam pelas ruas me olhavam dos pés as cabeças, me lançavam cantadas e piscadas. Eu amava ter atenção quando queria. Passei por um beco para poder chegar à boate, mas algo me tirou a atenção. Um rapaz encostado na parede, ele tinha a pele  branca como papel e seus cabelos eram negros tanto quanto carvão e  brilhavam com a luz da lua.  Ele estava com a cabeça um pouco abaixada e de olhos fechados, usava uma roupa simples, uma calça caqui e uma blusa de gola em v preta. Quando cheguei perto o bastante dele para ver seu rosto ele falou:

– Oi. – murmurou ele.

– Oi. – respondi.

– Seu nome é Saori, certo? – indagou o estranho.

Eu não respondi. Como esse cara sabia o meu nome?

– É sim pelo visto. – respondeu ele a própria pergunta.

– Quem é você?E... E... O que sabe sobre mim?– gaguejei.

– Sou Jim Homes. E eu nada sei de você ao não ser o nome. Sinto que a conheço, pois já vi seu rosto em meus sonhos sem nunca tê-lo visto pessoalmente. Algo me dizia que eu a encontraria aqui e por isso aqui estou eu. – murmurou ele dando um meio sorriso.

–Não sei o que fazer, – respondi com sinceridade. – mas poderíamos nos conhecer melhor. – propus. – Quantos anos você tem?

– Dezenove e aposto que você tem quase isso, não é mesmo? – ponderou.

– Sim quase, tenho dezoito. – respondi – Você não é daqui é?

– Não. Sou de Londres, Inglaterra e você? – disse Jim.

– Sou dos Estados Unidos, New Jersey. – respondi. Por que eu estava sendo tão verdadeira com esse cara? Onde estava Sari para me ajudar num momento desses? Vasculhei minha cabeça a sua procura, mas não a achei.

Depois de um longo minuto de silencio, Jim me chamou para dançar e fomos para a balada. Lá dançamos como loucos, e era incrível que ele gostasse de todas as mesmas coisas que eu. Quando fomos ao bar tomar uma bebida tentei descobrir mais coisas sobre ele.

– Por que resolveu seguir sua intuição para me encontrar? – interroguei.

– Não sei. Mas algo gritava para que eu fosse ao seu encontro. Era como se eu estivesse ligado a você. – respondeu ele fazendo uma pausa depois continuou. – Acho que se nem tivesse sonhado com seu rosto eu a encontraria, pois tenho certeza que a conheço durante anos.

– Também tenho essa sensação. – relatei.


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