O Diário De Shiori escrita por AnkhPamy


Capítulo 6
Capitulo 6: “Fogo.”




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Tudo estava muito claro, quando abri meus olhos. Aquela claridade me irritava. Depois de ter um pesadelo horrível e esquisito, senti-me perfeitamente bem. Era como se estivesse mais forte ou algo do tipo. Quando olhei em volta, tudo estava bagunçado, vários livros no chão – ate o livro que eu lia estava distante alguns passos de mim–. Parecia que um furacão tinha passado ali.

–..Hm é melhor eu  levantar e arrumar essa bagunça logo, antes que aquele velho chato chegue. – murmurei para mim mesma.

Enquanto arrumava decidi que tomaria posse daquele livro antigo. Ele era meu, e algo gritava dentro de mim que ele era uma parte importante de mim.  Sem perder tempo o peguei e joguei-o dentro da minha mochila. Para que o senhor Parker chegasse e não sentisse falta dele, coloquei um livro do mesmo porte em seu lugar. Não houve demora, até que o velho chegou, assim que ele chegou fui para a casa. E lá bem, era o ultimo lugar que eu queria estar.

– Saori que demora foi essa? Onde você estava garota estúpida?! Esqueceu de suas tarefas?! Devia ter passado minhas roupas e limpado a droga do porão, idiota! – gritou Susi wu, ou a minha mãe adotiva. Que como sempre jazia bêbada no sofá da sala.

– Não devo explicações!  E não vou fazer droga de tarefa para você ou qualquer outro dessa família. Não sou uma escrava, façam vocês que têm pernas e braços para isso! – atirei de volta enquanto entrava na casa.

– É assim que você trata sua mãe, sua ingrata! Eu te criei! – atacou.

– Você não é a minha mãe! Você é só uma porca gorda e bêbada! – contra-ataquei. Eu não ia ficar quieta, hoje estava com os nervos à flor da pele.

– É o quê garota?! – gritou a velha estúpida levantando-se.

– É o que você ouviu! Não está surda, ou está? – provoquei.

– Ora, sua vadia de quinta! Você vai ter o que merece agora! – gritou enquanto vinha até mim cambaleando.

– Você não vai fazer nada! Está bêbada, não consegue nem andar direito! – gritei mais uma vez.

– Sua desgraçada! – xingou-me, enquanto tentava me estapear. É claro que sem nenhum sucesso.

– Morra sua idiota! Você não merece viver! – gritei e lhe dei um empurrão. A estúpida mãe caiu no chão batendo a cabeça. Não me importei em verificar se estava morta mesmo. .     Desde criança sempre sofri maus tratos por parte deles, além de ser a empregada da casa. Tapas, socos e chutes faziam parte do variado tratamento. Um empurrão não era muita coisa perto daquilo. Subi para meu quarto, antes que mais parente idiota chegasse.

– Pessoas idiotas, família idiota, mundo idiota! Quem eles acham que são? – murmurei para mim mesma.

O que era isso? Por que eu me sentia com tanta raiva? Mas quer saber? Eu não me importava mesmo.  Não ficaria em casa por muito tempo, então tratei de tomar um banho e vestir-me para sair. Quem sabe se eu fosse para algum lugar a raiva passasse? Coloquei meu vestido preto de lantejoulas curto, ele era perfeito para provocar. Eu hoje queria atenções para mim e tudo mais um pouco.

– Ahh...adoro um bom banho. – sussurrei para mim mesma, quando sai do banheiro me sentindo aliviada. Eu estava terminando de me vestir quando alguém abriu a porta num solavanco.

– O que você fez com Susi, garota? – perguntou o homem bruto, ou meu pai adotivo Evan Wu.

Não respondi, não havia feito nada mesmo só apenas um empurrão. Mas nem foi com toda a força que eu queria que fosse realmente.

Responda! Ela esta desmaiada e não acorda de jeito nenhum! – gritou ele. Eu arregalei um pouco os olhos.  Bem, pelo menos eu achava que não foi com toda a força que eu queria. Continuei calada.

– Sua estúpida! O que fez?! – gritou ele mais uma vez enquanto se aproximava de mim com alguns passos.

– Não fiz nada. – falei pela primeira vez.

– Nada?! – gritou ele com sarcasmo me agarrando pelos braços. – Venha!

– Me larga! Um empurrão não é nada comparado ao que fazem comigo! – gritei, enquanto ele me arrastava pelos braços com toda força

– HA! Então é isso? Você se aproveitou dela para uma vingança, não é mesmo sua vadia? – gritou ele para mim. Suas mãos me apertavam com tanta força que meu braço doía intensamente.

Meus olhos transbordaram de lagrimas, eu estava furiosa. A raiva me deixou cega e me senti fora de meu corpo.

– Seu idiota! O que pensa que está fazendo comigo? – gritou a minha voz, meu corpo parando com uma força anormal na beirada da escada. Não era mais eu naquele corpo.

– Vai resistir agora? – gritou Evan, levantando a mão para me socar na barriga. Porém minha mão foi mais rápida e o segurou com uma força incrível.

– Ora, ora! – murmurou Evan tentando forçar a mão, mas não conseguia, depois tentou se soltar, porém sua tentativa fracassou novamente. Era como se ele não estivesse fazendo movimento algum, sua mão era como a mão de um bebê. Tão fácil de ser controlada. Então a torci completamente quebrando-a, fazendo com que ele gritasse de dor. O som foi terrível, mas eu estava satisfeita com o que tinha feito.

– Sua maldita! – gemeu ele, enquanto contorcia-se de dor. Vi que meu tio abominável, assistia a tudo na porta de entrada da casa com os olhos arregalados.

– Hmm.. Mais um para brincar. – falou a minha voz, num tom infantil.

– Não pense em se aproximar seu demônio! Não sou o fraco de seu pai! – ameaçou meu tio com a voz meio tremula.

– Bem vamos ver, se você está dizendo mesmo a verdade. – murmurou a minha voz, enquanto dava um chute na barriga de Evan, fazendo com que ele caísse escada abaixo. Meu corpo desceu devagar as escadas, com os olhos fixos no homem baixinho na entrada da casa.

– Você é o próximo. Por que não tenta ficar vivo? – ameaçou a voz, enquanto descia.

– Afaste-se de mim sua louca! – gritava o homem histérico. Quando cheguei perto dele.

Com uma de minhas mãos o segurei para que não fugisse, e com a outra apertei seu pescoço. Eu sabia que não era eu que estava fazendo aquilo com eles mais fiquei bastante satisfeita.  O homem em minhas mãos era o pior. Ele ficava roxo cada vez mais com o mínimo toque que eu fazia no seu pescoço. Vi que estava sufocado o bastante e então o larguei, jogando contra a parede da sala. Seu baque fez um enorme estrondo.

– E agora? Vão se meter comigo outra vez humanos idiotas? – perguntou minha voz.

Meu corpo andou lentamente escada acima. Quando chegou a porta de meu quarto, eu voltei novamente para ele.

– Ah. – arquejei.

Eu me sentia tonta, mas estava novamente no controle. Voltei a me arrumar, mas dessa vez fiz uma mochila com roupas, um pouco de comida e todo o dinheiro que eu tinha encontrado na casa. Eu iria embora dali, sentia uma grande necessidade. Meu lugar não era ali, estava distante. Ao passar na frente do espelho, resolvi retocar um pouco da maquiagem.

– Garota. – murmurou a minha imagem no espelho, mas o reflexo era diferente, meu corpo era de certo normal, mas nele havia asas negras e grandes. Não fiquei assustada. Era como se já esperasse por isso.

– Ainda acha que é um sonho?Aceite nasceu para isso. – disse a minha imagem.

– Hm.. Então você realmente está ai. Dentro de mim. – sussurrei para mim mesma.

– Eu já disse, sou você e você sou eu. Não tomarei o corpo novamente, ele é seu.  – murmurou.

– Certo. Mas por que você fez isso? – perguntei calmamente.

– Não temos tempo para tolices humanas, resolvi interferir apenas, não o farei mais. Pois minha força é sua força e caberá a você isto fazer. – murmurou o meu reflexo no espelho. – Mas eu estarei aqui, para qualquer coisa é claro. Pois você é muito tola. – falou minha imagem por final.

– Humpft!  Ora essa. – resmunguei baixinho

– Aposto, como o homem iria lhe dar uma surra das grandes. Se não fosse eu estaria perdida, querida. – disse-me o reflexo com tom de ironia.

– Não espere um obrigado. – respondi

Dei as costas para o espelho e continuei a arrumar as coisas, quando olhei novamente a minha imagem no espelho voltara ao normal. Continuei a arrumar a mochila. O demônio agora era eu, e eu era ele. Sorri secretamente. Mas eu ainda precisava saber seu nome...

Sari. Respondeu a voz em minha cabeça, que logo sumiu. Um nome interessante. Logo após isso uma imagem de lugar surgiu em minha mente.

Japão? Perguntei. Uma confirmação silenciosa respondeu. Então esse seria o lugar que ela queria que eu fosse. Mas é muito longe, como chegarei lá? Perguntei novamente.    Não houve resposta, mas senti que ela queria que eu fizesse qualquer coisa para chegar lá.

Quando tudo estava pronto, tomei uma decisão. Aquelas pessoas na casa não mereciam continuar a viver.  Procurei minhas luvas e fui até a cozinha. Lá peguei garrafas de óleo, uma faca, e o isqueiro, depois fui à garagem e peguei gasolina. Derramei em todos os lugares que consegui, até mesmo nos corpos caídos da minha ingrata família.

– Bem, este é o fim para vocês... E o começo para mim. – sorri.

Caminhei lentamente olhando aquele lugar. Uma pequena casa no lado mais obscuro de New Jersey, que abrigava uma “família normal” para qualquer outra pessoa.  As luvas em minhas mãos ajudariam a não identificar a causa daquilo tudo. Coloquei uma das garrafas de gasolina na mão de meu tio, e o fiz segurar com bastante força. Fiz o máximo que pude, para não deixar vestígios. .  Rasguei minha roupa e assanhei meus cabelos, causei também um machucado com a faca. Doeu, mais agüentei o máximo que pude. Logo depois peguei o isqueiro prata em meu bolso, acendi e lancei. Eu esperaria na porta de saída até a casa está mesmo em chamas para fugir O fogo queimou depressa, as chamas já estavam quase se aproximando de mim, então corri para fora.

– Socorro! – gritei engasgada, as lagrimas falsas surgiam com facilidade.

As chamas aumentaram, queimando a casa rapidamente. Os vizinhos correram para rua assustados e preocupados.

– Socorro! Ajudem, por favor! Meus pais! Lá dentro! Já! – gritei desesperada. As lagrimas jorravam nos meus olhos, me joguei na grama fingindo que tinha desmaiado.

– Saori! Você está bem criança? – gritou uma mulher que se encontrava próximo a mim. Era a vizinha do lado, a senhora Mark. Ela correu em minha direção apavorada.

Enquanto ela se aproximava, tirei minhas luvas rapidamente e as coloquei dentro de minha blusa de algodão, depois fechei os olhos. A mulher se abaixou e me segurou em seu colo.

– Menina! Você está bem? Por favor, responda! – gritou a mulher.

– Senhora Mark... Sim estou... bem – falei debilmente.

–Graças a Deus. – respondeu aliviada a mulher, tirando fios de cabelo de meu rosto.

–Meus pais... eles..por favor, me diga estão ..bem? – perguntei o pânico surgindo em minha voz.

– Não sei querida... – respondeu. –Devem estar lá dentro. Mas não é necessário preocupasse o corpo de bombeiros já está chegando e eles ficarão bem... Espero. – acrescentou por final. Lagrimas escorreram pelos meus olhos.

– Não chore querida... – murmurou a mulher enxugando minhas lágrimas.

O fingimento deu certo. O corpo de bombeiros chegou e apagou todo o fogo, só restavam cinzas da casa. A polícia também estava lá, fazendo um interrogatório a mim e a pessoas próximas. Expliquei tudo o que tinha ocorrido, culpando é claro o meu tio, Jim Wu. Era perfeito e eles acreditaram. Não restaram muitas pistas para a polícia por causa do fogo. Fui examinada por médicos, fizeram curativos onde estava cortado. Depois da confusão fui liberada, a senhora Mark cuidaria de mim por um tempo. Isso era bom eu precisava de mais grana, e a senhora Mark era uma daquelas pessoas avarentas que guardam dinheiro em casa com medo até de o banco roubar.  A velha seria fácil de enganar.


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