O Diário De Shiori escrita por AnkhPamy


Capítulo 4
Capítulo 4: “Anjo.”




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Depois de um dia cheio ontem, eu havia acordado com disposição. Tive uma noite bastante sossegada e um sonho tão esquisito. Sonhei com um anjo deitado ao meu lado, cobrindo-me com sua gigantesca asa. Ele era lindo. Senti-me tão bem com sua presença que tentava me encostar um pouco mais a seu corpo luminoso.

– Ahh.. Pena que foi um sonho. – sussurrei para mim mesma lamentando, até ouvir minha barriga roncar com fome. – Hm...hora da comida.

Peguei meu roupão e corri escada abaixo até a cozinha. Estranho, minha mãe não estava lá como sempre. Isso queria dizer então, que ela já estava no trabalho e eu atrasada para a escola.

– Droga. Estou mesmo atrasada! Já perdi uma aula, agora vou perder outra! Olha à hora, já são 07:40 , só tenho alguns minutos para me arrumar! AAAHH... – choraminguei. A única coisa boa era que minha mãe tinha deixado meu café da manhã pronto. Corri até a geladeira para olhar os recados, e bem tinha um lá.

“Shiori,

Hoje vou passar o dia fora. Por favor, não se esqueça de alimentar a Sue – sue era a gatinha que criávamos. – A comida esta pronta na geladeira, é só esquentar, ok. Ah, quase esqueci a Kimi ligou ontem de noite, enquanto você dormia e a chamou para assistir um filme na casa dela. Eu disse que poderia ir.

Beijos,de sua Mãe”.

– Certo! Mais um dia cheio Sue..ahh – soltei o ar pesarosamente. Enquanto olhava para a bancada onde Sue estava deitada. – Vamos lá, você precisa me ajudar. – Sue olhava em minha direção.

– Está bem, se não quiser ajudar, não ajude! – murmurei para a gata e depois revirei os olhos. – Estou falando com gatos, não acredito.

Depois de tanto tempo perdido, peguei minha comida e enfiei o mais rápido que pude na boca. Tomei meu banho e coloquei meu uniforme escolar. Corri mais uma vez para jogar todos os livros e a carteira, na mochila e ir embora.

Quando estava trancando a porta da casa, lembrei- me do meu diário. Eu não podia esquecer. Além de ser meu diário, ele era um artefato antigo, fora escondido por um ancestral muito antigo da minha família. Ninguém sabia que eu tinha encontrado algo como ele. Quando faziam uma reforma no santuário, eu o achei e escondi. Nele havia um bilhete de um papel muito antigo, com uma frase escrita.

“Não existe volta para algo, que já aconteceu. Que seja infinito enquanto durar.”

Foi estranho. O que aquilo queria dizer? Deixei meus devaneios de lado, peguei o diário e corri para a porta. Quando cheguei perto da escola, os portões estavam quase se fechando. Corri mais uma vez.

– Ufa. Muito obrigado por manter a porta aberta pra mim, Shima. – Agradeci. Shima era a faxineira da escola, era uma pessoa boa.

– Não a de quê. É melhor você ir logo, sua aula já deve ter começado. - Shima falou para mim.

Dirigi-me ate a sala de aula. Lá a professora de biologia, já havia começado a aula. Procurei uma cadeira e sentei-me ao lado de Yura e a Ayumi, que estavam relaxadas numa conversa maluca.

– Bom dia, preguiçosa! – exclamou Ayumi.

– Hmm. Bom dia. – respondi preguiçosamente.

– O que é isso? Você ainda está dormindo! – zombou Yura. – Acorda!

– Está bem, vou acordar... – bocejei. – O que teve na aula anterior?

– Nada de importante. – comentou Ayumi.

O restante das aulas foi normal, como sempre. Na hora do intervalo fomos encontrar Kimi, que como sempre estava grudada em Ryo, quando ele não estava conversando com Tani ou Hitomi – Duas garotas que bem, eu não tinha nada contra, já Kimi e Ayumi não gostavam nenhum um pouco delas. – Conversamos um bom tempo. Falando sobre as loucuras que fazíamos ou que iríamos fazer até o intervalo acabar. Depois da escola e todo o tédio, fui para a minha praça preferida passar o tempo refletindo.

O caminho da escola para a praça era um pouco longe, mas eu gostava de caminhar. Quando cheguei à minha praça, esqueci do mundo e de todos. Era sempre assim quando eu estava naquele lugar, o mundo não era nada comparado com aquilo. As cerejeiras, o lago, os pássaros, deixavam tudo muito mais especial. Caminhei até a minha arvore, que ficava no lado leste da praça perto de uma pedra ao lado do lago. Sentei-me, tirei meu diário e me desconectei mais ainda do mundo.

Anteriormente, comentei sobre a vida, a humanidade, e seu coração. Hoje estou apta a escrever mais uma vez sobre aquilo que chamam de humanidade.

Incrivelmente, os humanos possuem a capacidade admirável de estragar a felicidade dos outros e deles próprios. Acho que é um tipo de hobbie. As pessoas procuram a desgraça. Procuram coisas onde não existem. A insegurança faz com que elas ajam deste modo.

O amor é felicidade, mas se no amor tem insegurança, o amor é desgraça. Se você se sente inseguro diante da pessoa amada, quer dizer que você é fraco o bastante. Que qualquer motivo será algo para uma briga, um fim. Se você desconfia, isso quer dizer que você não ama de verdade. Pois quem ama confia e é fiel. Isto serve para ambos.

Agora vamos analisar a mentira, quem nunca mentiu? Acho que não existem pessoas, que nunca mentiram neste mundo.

As mentiras, vão do “ Eu estou bem” até “ Eu sou inocente, eu não matei ele” . As pessoas mentem. Mentem para o mundo e mentem para si próprias. Elas criam ilusões, coisas que elas queriam que acontecessem, ou não. Criam mundos, ou refúgios para se isolar. Mentindo que tudo está bem, e não está.

Às vezes temos que aceitar os fatos. Enfrentar mesmo que doa. Sabe a dor faz parte da vida, precisamos suportar ela, para aprendermos a ser fortes. A verdade às vezes ajuda.

Mesmo que quebre a cara, quando declare seu amor para alguém, e ela simplesmente diga que não se importa. Você foi verdadeiro com você, expôs tudo o que sentia. Para aqueles que são verdadeiros com os outros e consigo, não existe impossível. Existem outras pessoas melhores, existem outros mundos. É só esperar...

Eu me sentia confusa. As coisas se embaralhavam de um jeito estranho na minha cabeça. Até que não agüentei mais e dormi. Enquanto dormia, eu sonhava. Acho que não deveria de chamar de sonho, e sim de um pesadelo.

Sonhar com um tipo de espectro negro tentando te matar, não é algo muito agradável. Mas tudo mudou de repente, o espectro não estava mais atrás de mim, ele agora fugia se esquivava de ataques luminosos. E novamente eu o vi. O anjo! Fiquei maravilhada, o encantador anjo empunhava uma espada luminosa e afiada, mas ele era tão rápido na luta que ficava difícil ver a espada. Então o espectro foi atingido, um corte que dissipou metade de seu corpo. Essa foi a ultima imagem que vi então tudo ficou claro, e eu despertei.

– Nossa, eu ando tendo sonhos esquisitos. – comentei para mim mesma, e depois me arrepiei. – É melhor, eu ir para casa. Sue deve estar faminta.

Quando cheguei em casa, Sue estava sentada em uma poltrona no lado de uma janela. Eu a chamei, e depois fui até a cozinha pegar sua comida.

– Aqui está Sue. Perdoe-me a demora. Eu dormi na praça, e acabei sonhando. E você sabe que meus sonhos são bem demorados e confusos. Bem deixa isso pra lá. – falei para a gata, que miou para mim, enquanto se esfregava nas minhas pernas.

– Agora vou tomar um banho, por favor, não apronte nada. – alertei-a, mas ela estava concentrada em sua comida.

Tomava meu banho, enquanto o silêncio reinava na casa. Era bom, estar em casa só, mas também ruim. Arrumei-me rapidamente, não iria passar meu tempo olhando para as paredes, e minha mãe já havia dito a Kimi que eu poderia ir a casa dela. Eu não sabia quem estaria lá, mas pra mim não importava.

E lá estava eu novamente, sentada numa cadeira próximo a porta cochilando como uma idiota sem entender nada, enquanto Yura ,Kimi e a prima dela, Ryo e mais dois garotos amigos dele ,que eu não lembrava o nome, assistiam um filme de terror e se divertiam.

– Olhem a Shiori, está dormindo. – sussurrou uma voz.

– Shiori? Você está viva? Alôo ? Acorda ai, Shiori! – exclamou outra voz. Acho que a de Ryo.

– Hã? Quê? O que querem? – perguntei meio grogue.

– Você estava dormindo mesmo então. – Kimi falou entre uma risadinha. – A noite foi boa, né?

– Não sei de nada ...É só esse filme de terror. Se é que se pode chamar de terror, é muita mentira para pouco filme. Prefiro dormir. – murmurei entre um bocejo.

– Ah está... – uma batida na porta interrompeu que a prima de Kimi terminasse de falar.

– KIMII! SOMOS NÓS, CORY, MIZUMI E LEE! – gritaram em uníssono.

– Shiori, vai lá,por favor. Diz que eu não estou, inventa qualquer coisa.. – sussurrou Kimi para mim.

– Ok, eu vou. – bocejei de novo. Fui até a porta onde estavam Mizumi, e o irmão dela Cory e Lee.

– Oi. – cumprimentei.

– Oi, Shii ! Estavamos na casa da Mizumi e decidimos passar aqui. Cadê a Kimi? – perguntou Lee.

– Hm, está..vendo o filme, o final..já. – gaguejei um pouco.

– Ahh, você está com cara de sono... – apontou Mizumi.

– Eer, eu tava cochilando. O filme é muito chato. – expliquei.

– Certo, então...era só isso mesmo.Vamos indo, tchau Shii! – disse Mizumi finalizando a conversa.

– Tchau! – falei, acenando enquanto desciam a rua.

Depois da conversa curta, com Mizumi e Lee, voltei para me juntar aos outros que assistiam o filme. Então vi à hora.

– Nossa, o tempo passou rápido. Preciso ir! – exclamei.

– É verdade! Eu também preciso. – concordou Yura comigo.

– Não vão agora não! Está cedo, fiquem mais um pouco. – insistiu Kimi.

– Não posso, preciso realmente ir. – respondi.

– Ok, então. A gente se vê na escola. – falou Kimi, se levantando para me levar ate à saída da casa dela. Eu acenei positivamente com a cabeça.

Era noite quando cheguei a minha casa. As luzes estavam todas acesas, minha mãe devia ter chegado. Realmente, eu havia acertado. Cumprimentei-a enquanto ia para meu quarto. Lá passei um bom tempo no computador, e depois fui dormir. Desta vez não sonhei, foi bom.


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