O Diário De Shiori escrita por AnkhPamy


Capítulo 2
Capítulo 2: “ Liberdade.”




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Estava claro no cume da montanha. Olhei em direção ao sol e sorri. Havia muita neve ao meu redor, mas eu não sentia frio. Naquele momento me senti tão livre.

– Ah...liberdade. Tão bom! – comentei para mim mesmo maravilhado. Mas a liberdade foi curta. De repente senti algo segurando meus ombros, e começou a sacudir-me com mais e mais força. Havia uma voz ao longe, tentei escutar. Acho que me chamava e tentei escutar novamente, mas agora com bem mais precisão.

– Seth?Seth! Acorda! – gritava a voz irritante. – Cara, você está atrasado!

– Me larga! – gritei abrindo os olhos assustado. A luz que vinha de trás de Yao, a voz que me chamava, me cegava.

– Você sabe que horas são? Aposto que não deve saber, é claro! – Repreendeu-me Yao.

– Ah, cara! Desculpa, eu prometo cumprir a hora!Juro! – Desculpei-me.

– Ok...agora se apresse! Antes que o Senhor Oyakata chegue ao posto, falou Yao.

– Valeu! – Estiquei minhas asas e me preparei para o vôo. A corrida não foi tão longa para eu conseguir velocidade e alçar vôo. Eu era um guardião do lado inferior do limbo, a parte que guardava apenas as criaturas malignas, a outra parte do limbo guardava as boas, mas era situada em um lugar bem diferente. Ser um guardião do limbo, era de certo modo, uma tarefa incrível para mim, mas eu ainda estava em fase de treinamento.

Proteger o mundo de todas as perversas criaturas que existiam no limbo e de todas as outras que estavam soltas no mundo humano, esse era meu dever. Fui até meu posto, que ficava na parte mais distante da porta do limbo, para começar meu turno. A minha tarefa era vigiar, para que nada se aproximasse do portão. Era muito chato ficar só naquele lugar, nunca acontecia nada. As verdadeiras batalhas ocorriam nos postos colados ao portão. Lá havia centenas de guardiões para proteger, pois sempre criaturas tentavam fugir. Eu odiava perder tudo isso, queria lutar.

– Argh...que vidinha. – resmunguei baixinho.

A única coisa que me fazia gostar do meu posto era que eu podia assistir ao mundo humano sempre. Pois todo o território do limbo ficava acima do mundo humano, ele era flutuante e invisível.

Passei um bom tempo olhando os humanos, era legal. Eu sabia que não tinha perigo por perto. Até que algo naquele mundo me intrigou. Uma humana, bem diferente de todas as outras que eu já havia observado. Ela tinha uma áurea especial em seu redor. Tão linda, a garota possuía um toque misterioso e estonteante.

Resolvi que agora ela seria um tipo de passa tempo meu, eu a assistiria. O rosto pálido da garota com beleza de anjo era indecifrável. Tão misteriosa...tão interessante. Um par de asas se aproximando interrompeu meus devaneios.

– Pronto! Pode ir agora, Seth. Sei que você deve estar morrendo de vontade de tirar uma soneca novamente. – gritou Yao e depois deu uma risadinha.

– Na verdade tenho algo há mais em mente. – respondi.

– Tipo o quê? – perguntou Yao curioso, sentando-se ao meu lado na torre e recolhendo as asas.

– Visitar o mundo humano...curtir um pouquinho por lá, sabe. – Quando fitei Yao ele olhava incrédulo para mim.

– O que você? No mundo humano? Que mudança é essa? Não é você que diz que nunca iria lá? – acusou Yao.

– Mudei de opinião. Agora vou indo. Fui! – respondi e alcei vôo logo, antes que ele dissesse mais alguma coisa.

Rapidamente cheguei ao mundo humano. A garota tinha um imã, eu queria poder entrar na mente dela para saber o que tanto ela pensava. Eu a segui por todos os lados. Mas ninguém me via claro. Os guardiões do limbo eram invisíveis para os humanos. Nós nunca podíamos nos revelar a eles.

Eu a segui por diversos lugares, primeiro há um parque cheio de cerejeiras. Lá ela passou horas escrevendo em um pequeno caderno preto com um símbolo do infinito na frente, que era de um vermelho bem delicado. Depois de horas encostada a uma cerejeira escrevendo a garota se levantou e partiu. Eu a segui novamente. Ela parecia está com pressa. Até que chegou a uma praça. Lá havia vários humanos. Eu deduzi pelo caminho que ela tomou, pela parte mais escura do parque, que o grupo mais afastado, seria de amigos dela.

– Hey! Até que enfim Shiori! Pensei que você não vinha mais. – gritou uma garota, alta e bem mais forte que ela, sentada na grama com mais cinco garotas e um garoto humano.

Hm... Então o nome dela era Shiori. Interessante nome. Deixei meus devaneios de lado mais uma vez, e voltei a minha atenção para o grupo de amigos humanos.

Depois de uma longa reunião com o grupo, ela se arrumou para partir novamente. Estiquei minhas asas para alçar o vôo para segui-la mais uma vez. As vezes tive a ligeira sensação que ela percebia que era seguida o tempo todo...

Já era muito tarde da noite no mundo humano quando ela finalmente chegou à uma casa. Uma casa pequena, distante do mundo que a cercava. Combinava de certo modo, com a garota. Pequena e delicada, frágil e tão forte ao mesmo tempo, e tão diferente de tudo que se encontrava por perto. Eu estava encantado com tudo aquilo. Eu a observei cumprimentar a mãe e depois subir para um quarto. Depois procurei um lugar para descansar, repousei por um tempo na cama dela, enquanto ela ficava sentada em frente a uma maquina esquisita. Estava cochilando quando algo me despertou. Ela havia deitado na cama também, suspirando um sono leve. Aproximei-me mais um pouco dela e abri uma das asas para cobri-la, depois voltei a cochilar.


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