O Diário De Shiori escrita por AnkhPamy


Capítulo 1
Capítulo 1 : "Estranho."


Notas iniciais do capítulo

Tenha uma boa leitura! ^.^



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Acredito que todos nós nascemos por uma razão e temos uma missão neste mundo. Não creio que existam pessoas totalmente puras por aqui, pois estamos aqui para conseguir tal proeza impossível.

Mas a humanidade é fraca. Principalmente o coração dos humanos, que é muito vulnerável. O ódio surge com facilidade. Depois de muitos anos aprendi a controlar esta minha fraqueza. O ódio é a pior de todas as emoções que podemos sentir. Entretanto, existe uma exceção, podemos ser criaturas vulneráveis, mas graças a essa fraqueza conseguimos compreender a dor dos outros e podemos dar carinho e ternura aos que precisam.

Sei que sou mais uma mera mortal entre milhares, que nunca alcançará a perfeição, mas esperança ainda existe.

Meu nome? Shiori, significa “favorito, guia” em japonês. Ele não é de tamanha importância para você, mas mesmo assim o digo.

Agora vamos a minha vida. Certo que, não a chamo bem de vida, e sim de uma “provação”. Para agüentar tudo isto, para me agüentar... tão difícil. Eu tento ser feliz, pelo menos é isso que acho. Tenho tantas dúvidas sobre a vida, sobre o que sou, sobre qual a razão de minha vida, mas são perguntas que só eu mesma posso descobrir. Bem... sou uma estudante do ensino médio, de 15 anos, que mora em Tokyo. Uma garota sempre envolvida com seus pensamentos e que passa a impressão de solitária. Séria, não aceita intimidades ou brincadeiras inoportunas. Bastante reservada, torna-se difícil ter sua confiança, e guarda seus segredos sempre para si.

Sempre fui uma criança estranha e incompreendida. Nunca tive a mesma mentalidade que as outras crianças, eu pensava além. Até hoje sou diferente, continuo confusa e diferente da sociedade. Eu nunca tive alguém para compartilhar minhas idéias e frustrações, sempre estive só.

Hoje em dia percebo que fui feita para a solidão. Mas a solidão não é tão ruim quanto se pensa. Aprendi muito com o silêncio, o meu próprio silêncio. Aprendi a avaliar todos ao meu redor de um modo diferente.

Eu sempre acreditei em outra vida após esta. Tudo o que vive, um dia morre e renasce. E nesse ciclo aprendemos mais. Aprimoramos nossas qualidades e tentamos corrigir nossos defeitos. Mas não é fácil, para isso é necessário viver muito, viver muitas vidas.

Para uma garota da mesma idade que eu, isto é só o começo, mas não para mim. Isto é o próximo de mais um fim.

É difícil ser compreendida atualmente. As pessoas não possuem aquele mesmo coração de antes, se é que esse antes existiu...

A bondade, vista no olhar de algumas pessoas, está sumindo. A alma sincera trocada por um pouco de falsidade e egoísmo. Não se vêem mais por aí sorrisos verdadeiros, de felicidade. Apenas a máscara usada para encarar mais um longo dia de sofrimento.

Mas quem eu sou para julgar estas pessoas, se me comporto desse mesmo jeito?

Decidi encerrar, eu passei tempo de mais escrevendo e questionando a vida...

– Engraçado. Agora sou uma filósofa? haha. – gargalhei e soltei o ar pesarosamente. De repente algo me despertou de meus devaneios. Meu celular tocava furiosamente em meu bolso. Já era a terceira vez, mas eu havia ignorado. Seria melhor atender e não deixar quem ligava esperando por mais tempo. – Alô?

– Onde você está Shiori? Estamos esperando você há muito tempo. É melhor que venha logo ou... – A voz suave ameaçava. Revirei os olhos.

– Está bem, Kimi! Já estou indo para aí, não se preocupem não me atrasarei mais. – Me desculpei. – Daqui a dez minutos estarei aí, prometo! –Arrumei-me depressa, jogando todos meus pertences na bolsa de uma vez. Corri antes que Kimi ligasse mais uma vez.

Kimi, uma de minhas melhores amigas. Eu a conheço desde meus sete anos, e ela sempre foi impaciente. Minhas outras melhores amigas: Yura, que conheci um ano após conhecer Kimi, sempre maluca... Ayumi, Sakura, Lee, Mizumi conheci anos mais tarde, quando tinha onze ou doze anos. E havia Ryo, meu único melhor amigo garoto. Ele era um bobo ás vezes, mas eu sempre gostei de conversar com ele.

Apressei mais ainda meu passo, antes que eu perdesse o ônibus. Conseguindo chegar a tempo, a viagem foi curta. Agora só mais algumas passadas até o lado mais distante da praça, onde estariam todos meus amigos.

– Hey! Até que enfim, Shiori. Pensei que você não vinha mais! – gritou Kimi, sentada na grama.

– Er... eu disse que viria. Não acreditou mesmo, não é? – eu ri. Aproximei-me mais deles. Todos conversavam sem parar enquanto eu os fitava.

– Certo! Ordem, ordem! Precisamos resolver isso aqui. – Reclamou Mizumi. – Isso não é uma festa gente, é uma reunião para estudarmos!

– Verdade! Calem a boca logo! Eu não quero reprovar, e a Shiori já chegou para nos ensinar. Não é mesmo, Shiori? – exclamou Ayumi com uma risadinha.

– Quê? Agora sou a professora? Ha.Ha.Ha. – resmunguei.

– Sim! Precisa nos ensinar, você é a única que sabe toda a matéria. – respondeu Lee.

– Hm... Então, quero meu salário. Olha que eu cobro muito caro, hein. – comentei com sarcasmo.

– Ha.Ha.Ha. Então prefiro ter aulas particulares de reforço com uma professora de verdade, disse Sakura revirando os olhos.

– Está bem. Vamos lá, pessoal! – exclamei.

Começamos nossos estudos, a parte principal sempre voltada para as matérias de física e matemática. Foi difícil, mas conseguimos bons resultados e nos divertimos bastante. Já estava quase de noite, quando acabamos nossa reunião. Quase todos se foram. Os últimos a ir foram Kimi, Ryo, Yura e eu. Conversamos por um bom tempo.

– E aí Ryo? Como está sua lista de garotas loucamente apaixonadas por você? – gargalhei e olhei na direção dele. Ele estava encostado em uma árvore, com a cabeça de Yura encostada em seu ombro direito e a cabeça de Kimi em seu ombro esquerdo.

– Muito engraçadinha. – resmungou ele.

– É verdade. Mas mudando de assunto... - interrompeu Yura. Eu desviei minha atenção do resto da conversa para ver as folhas das árvores que caiam no lago da praça. Como o tempo passava rápido. O rápido o bastante para me fazer sentir quase morta, havia muita coisa que eu queria fazer ainda. Não queria ficar parada. Peguei minhas coisas e me levantei.

– Você já vai? – perguntou Ryo com um olhar curioso que eu não soube descrever.

– Er... vou. Está ficando tarde, vocês também deveriam ir para casa. – respondi, fitando o lago.

– Concordo. Minha mãe vai me matar, se eu chegar muito tarde para o jantar. – murmurou Kimi, pensativa.

– Eu vou com vocês! Esperem! – exclamou Ryo, enquanto me fitava.

– Eu também vou! – respondeu Yura de pronto. – Não quero ir só.

– Ok. Até amanhã pessoal! – me despedi.

Fomos cada um para um lado. Já era tarde da noite, e eu não gostava de andar só pelas ruas. Por incrível que pareça tive a sensação de ser seguida, mas não tinha ninguém. Tão estranho. Lembrei que precisava comprar algumas coisas e fui até uma lojinha no meio do caminho. Comprei tudo o que precisava e algumas balas e revistas. Eu tinha a vida normal de uma adolescente comum de 15 anos, mas eu não me sentia normal. Eu tinha certeza que era diferente de algum modo.

– Mãe? Estou em casa! – gritei ao entrar em casa cheia de sacolas.

– Oi! Como foi a reunião? – minha mãe perguntou, enquanto descia as escadas para me encontrar.

– Bem. Hmm..Vou para meu quarto, ok? Estou um pouco cansada. – respondi entre um bocejo. Ela não respondeu, apenas assinalou com a cabeça. Subi as escadas e entrei em meu quarto. – Ahh... paz! – Joguei as compras em cima da minha cama e liguei o computador. Chequei meus e-mails, bati um papo com Yura e Ryo que já estavam onlines. Era um tanto espantoso, que mesmo quando eu estava em meu quarto, sentada em frente de meu computador ainda sentia que alguém me olhava, resolvi desligar e ir tomar um banho quente. Depois do banho quente coloquei meu pijama e me joguei na cama.

– Ah... tão bom.. – sussurrei fechando meus olhos. Amanhã seria um novo dia, precisava descansar. Concentrei-me no vazio, tentando encontrar as profundezas do sono.


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