O Diário De Shiori escrita por AnkhPamy


Capítulo 11
Capitulo 11: “Como eu sou burro.”




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Depois de tanto reclamar em cima do prédio, fui à procura do espírito da garota Izayoi. Após andar mais de duas horas sem saber onde estava avistei a rua da casa da humana que salvei. Pulei o muro da casa e entrei sorrateiramente até o templo, lá contei a Izayoi um pedaço do ocorrido, mas logo fomos interrompidos, com o surgimento inesperado de Shiori dentro do templo.

– Er... Hm... Oi... – falou ela timidamente, ajoelhada no chão.

– Co... Co... Como você chegou aqui dentro? – gaguejei. Eu não tinha visto-a entrar.

– Bem, acho que eu é que deveria fazer as perguntas por aqui. – pronunciou Shiori me encarando.

– Ok. Pode perguntar. – falei.

– Primeiro. Quem são vocês? – perguntou ela – E o que são?

– Sou Izayoi Hamasaki, minha querida. Uma ancestral sua. – respondeu delicadamente o espírito.

– Izayoi. – sussurrou Shiori arregalando os olhos.

– Hm.. Agora acho que é minha vez, não é mesmo? –supus. – Meu nome é Seth e bem agora sou humano. – respondi.  

– Bem, eu já sabia que seu nome era esse, mas eu pensava que você era um guardião. Por que virou humano? – indagou.

– Por sua causa. – murmurei.

–Ah.. – foi sua única resposta.

– Agora eu faço as perguntas. Primeiramente, como você entrou aqui? – interroguei.

– Eu não sei só repeti as palavras que você disse... – falou ela.

Palavras que eu disse? , Repeti mentalmente a conversa e depois lancei um olhar para Izayoi.

– Que palavras foram essas? – indaguei.

– Foi algo como: “o que é esse teles...” Hm... Não lembro o resto. E apareci aqui, só isso. – articulou ela.

– Teles transportum... – sussurrei de olhos arregalados.

– Sim, foi essa a palavra... – respondeu ela timidamente.

Ela se tele transportou!, Gritei mentalmente, Em nome dos céus, como essa maluca conseguiu? A não ser que... Não, não pode ser.

– Você falou com o senhor Oyakata ou com outra pessoa? Eles disseram alguma coisa? – perguntei.

– O Sota Oyakata foi o único a falar comigo. Ele me disse que minha vida ia mudar e que iria gostar. – respondeu Shiori.

Eu não queria acreditar. Os “superiores” tiraram meus poderes e deram para a garota humana que eu tinha salvado e depois me arrependido.

– Como eu fui burro! Argh... Eu devia ter notado quando Miyet disse que você ficaria feliz! –exclamei com apreensão– Que ódio!

– O que você quer dizer com isso? – perguntou ela.

– Quer dizer que eles tomaram meus poderes e os deram a você, só para poder me sacanear, entendeu? – murmurei rispidamente.

Ela meneou a cabeça e depois sacudiu com raiva e tornou a falar.

– Nossa! Como você é idiota hein? – resmungou ela.

Eu a olhei amargamente e não respondi.

Quem ela pensa que é pra falar assim comigo? , falei mentalmente

– Sério você é bem infantil. Por causa de alguns poderes bobos, você fica se matando? Cara vê se cresce! Você tem pernas, braços um corpo bastante saudável pelo visto, pode muito bem se virar aqui na terra. – repreendeu-me Shiori.

Suspirei. Ela tinha razão fui infantil, precisava me concentrar e voltar a ser o mesmo de antes.

– Ah... E bem quanto aos seus poderes, quer dizer meus poderes agora, eles vão ficar bem. – continuou ela e logo após deu uma risadinha.

– Sim, os poderes estarão muito bem. Mas onde você vai ficar Seth? – perguntou Izayoi dando uma olhada na sua parenta.

– Não sei. Não conheço o mundo humano, apenas esse bairro aqui... Não sei o que fazer e nem pra onde ir.... –murmurei em resposta

– Você pode ficar aqui se quiser, é claro. – disse Shiori e eu meneei a cabeça aceitando a oferta. –Mas antes tenho uma pergunta, que queria fazer faz tempo. – pronunciou.

–Pode fazer. – falamos eu e Izayoi em uníssono.

– O meu diário é um livro mágico? – perguntou ela curiosa.

– Hã? Como assim? Não sei do que você está falando.... – respondi confuso. Então percebi algo que devia ter descoberto faz tempo.

–Epa! Espera aí! Como eu pude ser tão lento! – gritei. – É claro. O diário dela é realmente um livro mágico. Seu livro mágico Izayoi! Onde você o achou Shiori?

– Eu o achei durante uma reforma... Mas nunca pensei que... Ai minha nossa meu diário é mágico! – disse ela com um sorriso enorme

–Sim, meu livro... –sussurrou Izayoi. – Eu queria poder dizer a você, alertar para que largasse isso e fugisse. Mas parece que você possui um tipo de barreira nessa sua mente. Então percebi que não tinha solução depois daquele acontecimento inoportuno aqui no templo, eu precisava lhe dar o bilhete, a palavra...

De repente a fantasma desapareceu.

– Onde ela foi? – perguntou Shiori confusa.

– Não sei... – murmurei. Mas antes de acabar de falar uma fumaça branca surgiu ao lado de Shiori.

–AAH! O que é isso?! – gritou ela tremendo.

– Calma menina! Para uma Hamasaki você é muito medrosa. – falou à voz que vinha da fumaça. A voz de Izayoi. – Pronto aqui está! – exclamou Izayoi voltando ao seu estado “normal” segurando um livro e um papel muito antigo e rasgado.

–Meu diário e... O que é esse papel velho ai? – perguntou Shiori.

– Sua palavra, seu portal e mais nada. Guarde ou queime, – murmurou Izayoi e depois olhou para mim enquanto entregava o diário e o papel a Shiori e falava. – ninguém pode saber o que nele há só você minha querida.

Ah era o que faltava! O quê eu tinha feito?

– Tudo bem. – murmurou Shiori enquanto pegava o diário e o papel das mãos da menina fantasma.

Fiquei fitando as duas, até que as mãos humanas e as fantasmagóricas entraram em contato, Shiori entrou num tipo de transe e começou a falar numa língua estranha. Quando ela abriu o papel, começou a murmurar tão rápido que era impossível saber o que ela falava. Seus lábios se moviam com uma velocidade sobrenatural, até que ela disse uma palavra não muito agradável. A única que entendi:

– Morte... – sussurrou a garota e depois desmaiou.

Eu encarei Izayoi que estava assustada tanto quanto eu, e depois corri para ajudar. Shiori estava como uma pedra de gelo, não havia sinal nenhum de vida em seu corpo. Tentei verificar a respiração, mas nada. Tentei ver o pulso, puxei a manga da sua camisa de moletom laranja, mas não tinha nada só o silêncio...

– Meu Deus... Ela..Ela morreu... – sussurrei chocado.

– Não, ela não morreu. Veja com atenção. – murmurou Izayoi apontando para a garota

Tentei ver o que acontecia, mas não vi nada. Apenas um corpo gelado de uma garota humana morto em meu colo...

– Não vejo nada! Eu disse que ela... – falei sem coragem de terminar a frase.

– Eu falei que olhasse com atenção! – exclamou a fantasma.

Eu não queria dirigir meus olhos novamente pro cadáver, mas mesmo assim o fiz. Ela respirava! Mas tão fracamente que foi quase impossível notar. Toquei seu pulso novamente e agora havia uma leve palpitação. 

– Mas como? Não entendo. Como ela está viva? – murmurei confuso.

– Ela apenas teve visões. Viu coisas do futuro, passado e presente. Foram coisas demais, que ela quase morreu. – respondeu Izayoi para mim. – Uma vez aconteceu comigo, quando eu estava perto de desencarnar...

– Argh! – resmungou a garota que estava morta há meio minuto para mim.

– E aí você está bem zumbi? – brinquei.

Ela me encarou com raiva e depois sorriu.

– Acho que estou quase bem. Só preciso sentar e levar um pouco de vento. – sussurrou Shiori.

Ajudei-a sentar-se perto da janela para que se refrescasse com a brisa.  Mas ela nunca ficaria totalmente bem com aquele moletom enorme laranja, aquela calça jeans folgada e aquelas botas coturnos. Nada nela combinava.

–Bem... Agora você pode explicar o que aconteceu agora pouco? Aquela língua estranha que você falava e aquilo tudo? – perguntei. – E como você agüenta usar essas botas e esse moletom horroroso agora no verão?

– Eu... Eu não me lembro de nada. Minha cabeça ficou um branco total, só me lembro quando peguei o papel e depois ficou tudo escuro e... – murmurou Shiori que depois deu um meio sorriso fitando seu moletom e disse– Hm... Você tem razão isso aqui é horrível e não sei como agüento. Acho que já é o costume. Vou trocar de... – murmurou ela se levantando e quase caindo no chão novamente.

– Por favor. Será que dá pra você ficar quieta? Você não para nunca garota! – repreendi enquanto impedia que ela caísse no chão.

– Eu só ia trocar de roupa. Nada demais. – retrucou fraca.

– O.k. Se não é nada demais eu levo você. – anunciei tirando-a do chão sem esforço. Era bom saber, que ainda me restava à força nessas horas. Para mim ela era super, super leve mesmo. Podia-se dizer que era um verdadeiro peso pena.

– Ele tem razão, não faça esforços descanse amanhã conversaremos. E isto serve para os dois. – impôs Izayoi desaparecendo enquanto saíamos.

Caminhei preguiçosamente para a porta da cozinha quando algo me veio na mente.

– Espera. Onde sua mãe está? – perguntei. A mãe dela não me conhecia e teria um mega susto quando visse sua filha parecendo uma boneca de pano sem qualquer tipo de cor presente sendo carregada por um cara maltrapilho e descalço.

– Não se preocupe. Fique apenas calado. – sussurrou ela. E depois começou a gritar meio rouca. – MÃE! VOCÊ TÁ AÍ?OI?

– Sem sinal certo? – especulei.

 Ela meneou a cabeça afirmando.

Transferi seu peso para o braço esquerdo a fim de ter a outra mão livre para abrir a porta. Quando entramos fomos recebidos pela gata de estimação de Shiori. Uma gatinha tão cinza quanto uma tempestade e de olhos negros espertos e curiosos.

– Essa aí é a Sue. – apresentando sua gata.

A gata miou em resposta ao escutar seu nome.

 Tive vontade de chutá-la o mais longe que pudesse, pois nunca gostei de gatos, sempre me disseram que eram animais maquiavélicos e traiçoeiros, entretanto aquela coisa mínima parecia-me tão frágil e tão meiga que tive pena.

– Olá bichano! Desculpe-me, mas preciso levar sua teimosa dona aos seus aposentos. – falei brincando.

O bichano me encarou e depois correu para algum lugar, quando fitei o rosto de Shiori vi que algo gritava furiosamente em seus olhos: “Quem é teimosa aqui, hein? Diga!

Virei meu rosto para outro lado para fugir de seus olhos que me fuzilavam e continuei a andar até seu quarto no andar superior da pequena casa.


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