Kokoro No Koe escrita por P r i s c a


Capítulo 2
O Concurso


Notas iniciais do capítulo

Músicas do CAP:
- Fate - Maaya Sakamoto/Rayheart
- Joyful Smile - BoA
- Hanawa Sakura Kimiwa Utsukushi - Ikimono Gakari
- Time's Scar - Chrono Cross



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Ao término do estridente som de trombetas, os portões se abriram, dando passagem para várias e diversas carruagens.

E dentre as mais humildes delas...

"Vocês deram sorte de eu ter aparecido." disse o cocheiro por baixo de sua máscara. "Os condutores das carruagens com cantores jamais dariam carona para concorrentes."

Sai sorria ao conversar com o bom Hatake no banco da frente da carroça. Ino e Sakura bufavam ao se ajeitarem em meio a partituras e caixotes com instrumentos.

Ao capotarem em uma das dunas e destruírem as próprias conduções, foram enxotadas pelos seus cocheiros e obrigadas a seguir à pé, discutindo. Até que encontraram Hatake Kakashi. Um dos guardas do castelo, entregador de instrumentos musicais e condutor nas horas vagas. Ele mesmo oferecera a carona. Houve alguma discussão a respeito de quem aceitaria a carona, Yamanaka ou Harunos, mas como Kakashi não aceitaria fazer duas viagens (e sabia que, se aceitasse, haveria briga pra saber quem iria primeiro), era pegar ou largar...

Após um opressivo silêncio, o Hatake tenta, novamente, quebrar aquele clima de "morte ao concorrente" antes que a sua carroça obtivesse o mesmo fim das outras duas.

"Então... Já se inscreveram?" o mascarado os fitava curioso com seu olhar de peixe morto.

"Como?" perguntaram os três.

Turistas... Kakashi se perguntava porque ainda se surpreendia com a falta de informação dos mais novos... Ele deveria cobrar um bônus aos seus superiores só para responder essa pergunta a cada novato que lhe aparecia.

"Se quiserem participar da competição em si" explicava com certa má vontade. "têm de se inscrever." Parou para observá-los um pouco. Os jovens, lerdos talvez pelo sol em suas cabeças, pareciam não entender o que ele queria dizer. Reduziu a velocidade de seus cavalos e prosseguiu com a explicação. "Todos os cantores que estão aqui querem cantar. Mas vieram para Suna atrás de proteção, para poderem fazer isso sem perigo. Cantar no concurso... isso é outra história."

Ele apontou para as pessoas na rua.

Nas movimentadas, porém quietas, ruas de terra os jovens podiam ver folhetos sendo distribuídos, palcos e tablados sendo montados e musicistas com seus instrumentos andando atarefadamente de um lado para o outro. Haveria em Suna intermináveis apresentações artisticas de todos os tipos, mas...

"O que é aquilo mais à frente? No muro!" pergunta a Yamanaka.

Ela apontava para uma esquecida e isolada bancada montada bem na frente dos muros do castelo. Lá, sentado e entedidado, apenas dois homens e um pergaminho aberto, mas praticamente em branco.

"Ali..." responde Kakashi, quase querendo rir de desgosto. "é justamente onde vocês tem que ir... para se inscreverem para o concurso"

E o silêncio voltou por mais alguns metros. Todos tinham a mesma dúvida. Apenas Sakura a verbalizou.

"É por causa da oferenda... não é?" perguntava quase distraída, sem levantar os olhos de suas mãos.

E finalmente uma pergunta mais perspicaz lhe surgia.

"Sim."

Ino franziu o cenho. Não entendia o que ela queria dizer, afinal, que relação teria a inscrição do concurso com o fato de haver a tal oferenda de voz?

A Haruno hesitou um pouco com o olhar intrigado e muito invasivo da Yamanaka. Talvez fosse bobeira dela fazer uma pergunta assim sendo que a outra competidora à sua frente parecia não suspeitar de coisa alguma. Mas prosseguiu com suas dúvidas. Seu irmão já sabia o que estava por vir.

"Essa oferenda de voz..." vacilou por um instante. "É um sacrifício?"

Uma corrente fria percorrera a espinha de Ino naquela hora. Essa idéia não passara por sua mente.

"Ninguém sabe. Pode ser que a tal deusa lhe peça para cantar, pode ser que peça pra morrer, talvez os dois, ou até nenhum... Por isso é um concurso e não uma convocação... Ninguém é obrigado a arriscar a vida. Na verdade é até melhor assim. Torna mais fácil encontrar uma voz decente."

"Mas..." Sai juntou-se à discussão "...não há chance de um bom cantor estar entre os que não se inscreveram?" tirou as palavras da boca de sua irmã.

Ela ainda não dissera isso a Sai, mas, desde que decidira participar tinha em mente a possibilidade de servir de sacrifício, mas, por algum motivo, se obrigou a seguir em frente mesmo assim.

Ela basicamente se deixara levar pela emoção.

'Que atitude mais estúpida...' repreendia-se.

Kakashi sorriu por baixo de sua máscara.

"Um cantor de verdade jamais se abateria por uma 'chance' de perder a vida se fosse em nome de sua música, principalmente se pelo bem de muitos. Os que não se inscreveram, que tiveram medo e receio, não são cantores. São lixo."

Sakura piscou adimirada. Nunca imaginou que tamanha convicção pudesse vir de um cocheiro! Quisera ela ter tanta certeza do que fazia...

"Puxa..." e vira-se para sua irmã. "Se suas chances de vencer não fossem tão nula, imouto... eu francamente não te deixaria participar..."

"Nii-san!"

Amava Sai. Realmente amava muito, mas as vezes ele era tão...

Ino via a criaturinha rosa à sua frente se encolher mais e mais no próprio abraço, parecendo ter vergonha de encarar qualquer coisa mais viva que a madeira daquela carroça. Seus pais chamariam aquilo de humildade, mas honestamente, ela achava que Sakura fazia doce demais. Alguém frágil assim não tem a mínima chance... pra nada!

E, lentamente, um sorriso travesso se abriu em sua belo rosto.

"Já está com medo, Haruno? Não quer se arriscar? Ah, não, espera, seu irmão está certo! Você não corre risco... não tem como ganhar..."

A de cabelos róseos a encarou por alguns instantes, mas depois de abrir a boca uma ou duas vezes sem de fato protestar, ela voltara a mirar a carroça, deixando Ino ainda mais irritada.

Era fato que se sentia insegura mas cantaria de qualquer jeito! Só não sabia como colocar isso em palavras para sua rival. Como poderia dzer à Ino que sentir medo nunca a impediu de se arriscar?

"Ei, Loira Porca" chamou Sai. "Eu esmago os sonhos da minha irmã. Você. Calada."

"COMO É?"

E, sem qualquer convite ou motivação aparente, o Hatake interviu, impedindo outra infame discussão.

"Sabe, Yamanaka-san... Arriscar a vida é algo realmente medonho. E de todos aqui, acho que a Haruno-san foi a única a cogitar a possibilidade de morrer." mirando o cocheiro, e sentindo que ele sorria, ainda que estivesse de costas para elas, Ino perguntava-se onde ele queria chegar. "E, curioso, não...?" Hatake agora encarava Sakura com seu único olho à mostra. "Ela veio do mesmo jeito..."

Em meio a um inexpressivo rosto, ocoração de Sai bateu mais forte. Orgulhoso.

Mas não daria esperanças para Sakura, mesmo assim.

Ino se aquietou. encarou Sakura mais um pouco, seu sangue fervendo cada vez que a ruiva desviava o olhar. Mas seu sorriso não vacilou, afinal... rival é rival.

"Então a questão..." disse Ino incliando-se para frente, desafiando-a "É se sua voz vale alguma coisa. Afinal, também vou arriscar minha vida e se quiser me vencer... terá de ser muito boa... Testuda!"

Então algo aconteceu. Sakura franziu o cenho e, ainda que não levantasse os olhos, sua voz se ergueu para a loira.

'É o que veremos, Porca!'

Ambas se encaravam desafiadoramente. Mas no lugar dos dentes trincando e da raiva de quando destruíram suas carruagens, elas sorriam. Decididas a levar sua rivalidade até o fim. Havia algo de saudável naquilo.

Sai agradeceu ao cocheiro com a cabeça. Kakashi também se permitiu sorrir aliviado: Sua carroça estava a salvo agora...

Ainda não sabia disso, mas agora a Haruno tinha mais do que uma rival e esse era outro sentimento recentemente recuperado após a repressão. O que será que significava?

Finalmente no castelo.

E que castelo!

Estavam presentes várias cantoras. Só mulheres, nada de homens.

"Talvez porque concorram ao título de 'Sereia'." chutara Sai.

Ino decidiu dividir com os Harunos o que sabia. Mais por uma questão de força da situação do que de real vontade, mas enfim, a loira contou que havia uma lenda que diz que a deusa da Voz não gosta de homens, por isso faz com que suas harpias e sereias cantem, arrastando as almas destes para as trevas.

"Dizem que ela só tem ouvidos para as vozes belas e femininas... Como a minha! Ohohohoho...!"

Enquanto Ino e Sai voltavam a discutir, Sakura se mantinha com seus pensamentos "Mas isso é só uma lenda, certo?" E olhando a sua volta ela soube.

Era só uma lenda... Que a maioria levava muito a sério.

Quando chegaram ao Salão no qual ocorreria a audição, Sai abriu a porta e lhes deu passagem. A entrada só era permitida para as competidoras conforme alertara Kakashi, portanto ele aguardaria do lado de fora da sala, conversando com o Hatake.

Mas quando a jovem de cabelos róseos ia adentrar, seu irmão a segura pelo braço.

"Ei Sakura... Sobre o que eu disse na carruagem-" mas fora interrompido.

"Senhor, já vamos fechar as portas, a moça vai entrar ou não?"

Sakura olhou para o Haruno uma última vez antes do início do concurso. Ele lhe dera um sorriso calmo... Um sorriso que só ela, sua irmã saberia diferenciar dos outros: Incentivo. E as portas se fecharam.

Droga, agora ela nunca saberia se ele ia lhe pedir desculpas ou não...

Mas a Haruno achava que não. O mais velho tinha o costume pegar esses momentos familiares e transformá-los em piada.

Seguiu adiante. Dois passos, só dois passos e esbarra nas costas da Yamanaka.

Quando achou que a Loira Porca ia insultá-la ou desfazer dela, Sakura percebe os graves olhares de todos ali. Bastou alguns segundos dentro da competição... para Ino abaixar a crista e começar, sem querer, a chegar mais perto da de cabelos róseos, quase segurando-a pelo braço.

Se havia uma hora para Sakura implicar, se desfazer e insultar a Yamanaka... essa hora era agora.

Pena que ela própria estava amedrontada demais para dizer qualquer coisa.

Sob os olhares amedrontadores da maioria das garotas, Sakura e Ino entraram em uma trégua silenciosa, espremendo-se cada vez mais para perto uma da outra conforme procuravam lugares para se assentarem, completamente intimidadas.

A repressão fizera muito mal para a maior parte das competidoras. Mais para umas do que para outras... Marcas... queimaduras... membros amputados... tudo isso apontando para quantas vezes elas haviam se arriscado para prosseguir cantando, sobrevivendo mais por sorte que por capacidade. Em algumas era possível, inclusive, observar certas cicatrizes no pescoço, revelando um pouco pelo qual elas haviam passado. A trajetória delas próprias, seus dias e suas dores não tardaram a atingi-las.

Aquilo fora como uma facada no peito da Haruno. Afinal... o que ela havia sacrificado em nome de seu canto?

Sakura fugira de casa assim que soube que seus pais, simpatizantes com as idéias do rei, a entregariam. Tinha 9 anos.

Fora adotada pelos pais de Haruno Sai, e perdera a voz quando, em uma invasão dos perseguidores, quase mataram seu novo irmão no lugar dela. Afim de manter os pais de Sai em segurança, fugiram para uma vila mais isolada. Tinha 11 anos, Sai tinha 14.

Se algum dia ela quase perdera algo por causa do canto... esse algo seria seu irmão.

E ele nunca e repreendera por aquilo.

Não se sabe por que sua voz voltara depois de cinco anos sem ela. Mas foi pouco depois de anunciarem a chegada de Gaara ao trono. E sobre Temari.

Algo como...

-

Dois dias atrás Sai estava colhendo batatas com Sakura a seu lado, ouvindo as notícias ditas pelo mensageiro.

Este, narrava a fuga de Sabaku no Temari com o regente e a vaga para Sereia.

Sakura sempre fora fan de Temari.

"SHANAROOOOOO! ELA FUGIU!" Tapou a boca com ambas as mãos em seguida, olhando para Sai apavorada.

O Haruno quase desmaiara naquela hora tamanho o susto. Conseguiu apenas abraçar sua irmã quase chorando de felicidade.

No dia seguinte já estavam a caminho de Suna.

-

Sakura desejava trazer felicidade para as pessoas que a haviam perdido. Queria que elas também sentissem o que ela sentiu ao ter sua voz de volta.

Sim... Sim! Ela agora lembrava! Era por isso que estava ali! Para...

O som das trombetas então preencheu o salão. O Rei chegou. Andava a largos passos, rápido, pelo comprido e rubro tapete que separava a porta de seu magnifico trono. Na verdade andava tão rápido que os músicos tinham de acelerar a música para acompanhar os passos do rei, que tão logo chegara ao trono, se esparramara nele, pouco se importando com a confusão que causara.

Suspiros encantados se fizeram ouvir por parte das cantoras: Era mais jovem e bonito do que se podia esperar.

Todos se assentaram.

Neji respirou fundo com a chegada da hora.

Sem mais cerimônias, o rei ordenou que começassem.

Seu conselheiro dava agora as demais orientações. Seriam chamadas uma a uma pelo nome então levantariam-se e diriam a música que cantariam. Simples assim.

"Não acha isso um pouco... frio demais... Ino?" sussurrava-lhe.

A Yamanaka parecia distraída. Não desfizera seu olhar triste e amedrontado desde que entraram, mas, tão logo percebeu a Haruno falando consigo, o que por si só era um milagre, se recompôs e retomou seu jeito Loiro Porco de ser.

"Olha bem pra cara do rei... Parece ser alguém que lhe daria uma recepção calorosa?"

Olhando melhor, era realmente impossível imaginá-lo abraçando-a como a uma irmã depois de uma longa viagem. Na verdade, era impossível imaginá-lo fazendo qualquer coisa mais amigável que não mandá-la pra cadeia por encará-lo por muito tempo. Era jovem, mas suas expressões encontravam-se fixas na face como uma carranca se fixa em um velho. Até umas rugas sutis entre as ausentes sobrancelhas ele tinha! Uma profunda preocupação era mais do que evidente em seus olhos verde-água. Os cabelos vermelho-fogo encontravam-se ajeitados por baixo de uma vistosa coroa.

Quando se achou que dariam início às apresentações, o Sua Majestade levanta a mão e declara sem se levantar.

"Não sou a favor deste concurso." o burbúrio de dúvidas e confusão pairou pelo salão por alguns segundos. Kankurou faz menção de interrômpelo, mas desiste antes mesmo de tentar. Talvez também achasse que algumas coisas precisavam ser ditas. "Este reino me foi herdade após a vitória de meu pai sobre o antigo soberano. Era de sua suprema intenção manter a salvo os filhos e filhas de seu amado povo. Assim como seus filhos e filha. Independente do que anunciem pelo reino, isto não é ideia minha e só vim pela oportunidade de deixar claro, ainda que para poucos, que eu nunca pediria para minha irmã, Sereia ou não, sacrificar mais do que já lhe fora tirado. E agora que ela fugiu e está à mercê da Boa Vontade divina, a ideia de substitui-la por qualquer uma de vocês só tem me embrulhado o estômago." ele então suspira. Retira a coroa e, por alguns segundos, deixa o jovem, não o jovem Rei, apenas o inexperiente e assustado rapaz transparecer diante daquele Salão. "Não há lei alguma lhes impedindo de ficar ou de sair. Prefiro que saiam e que deixem com o tempo a tarefa de curá-los de suas cicatrizes, pois assim era a vontade de minha irmã. Mas as que decidirem ficar, bom... Que os céus tenham piedade de seus destinos". E recolocou a coroa. Estavam prontos para começar.

Animador.

Segurando um pergaminho não muito grande com os nomes das inscritas, Kankurou, irmão e conselheiro do rei, pôs-se a chamá-las.

E para a não surpresa de Neji, qual não foi a primeira a se apresentar senão sua prima: Hyuuga Hinata. Tenten deu seus últimos preparos no negro violino, se fazendo mais atenta para a moça que levantara e agora se dirigia para a frente do Rei.

Uma jovem bonita trajando um vestido branco, simples, de pele alva e olhos como pérolas se dirigiu ao palco. Cabelos preto-azulados caindo por suas costas.

Era uma Hyuuga...

Parecia meiga. Bem diferente do outro a seu lado.

A jovem fez uma simples, porém impecável, reverência, dizendo em seguida:

"Cantarei... Fate."

Fate - (teclem fate rayheart)

E dito isso, tão logo começou a música, a Hyuuga pôs-se a cantar docemente.

A princípio, fora necessário depositar um pouco mais de atenção ao que ela dizia para de fato escutá-la, mas, bem aos poucos, palavra por palavra, conforme o avançar da música, a própria Hinata se fazia ouvir claramente, com um canto sereno e suave.

Sussurros doces ecoavam pelo salão.

Ela logo embalava a todos com sua melodia, tal como uma mãe faz com seu bebê. Maternalmente

Não demorou e chegou a deixa de seu primo Neji e dos demais instrumentos de corda. O curioso era que, de todos, o que mais se sobressaia era o violino de Tenten, mostrando a todos um outro nível musical..

A verdade é que não havia como tocar para Hinata do jeito que tocaria para outras, sentia que não havia... A voz de Hinata era tão linda, tão... esperançosa.

Ao ouvi-la, com sua voz melodiosa e aparência delicada, era fácil imaginá-la cantando com as mãos juntas sobre o peito, como se fosse um anjo fazendo uma oração. No entanto, Hinata permitia seu corpo balançar suavemente, mãos regendo as próprias palavras, erguendo-os suavemente nas notas mais agudas e abaixando-os nas mais graves, como se seus braços fossem ondas em uma cálida praia... ou como asas de uma ave em seu regozijante e majestoso vôo... A garota de coques se levantou e fez aquilo que estava designada a fazer: Deixou-se levar pela voz, um estranho ânimo dominando seu corpo, fazendo com que seu violino cantasse junto de Hinata.

Neji ouvia a tudo atentamente. Talvez não fosse tanta besteira o que a morena dissera antes... Diante de si,da orquestra, das cantoras e do próprio rei, a violinista não acompanhava sua prima, mas de fato cantava com ela, através das cordas de seu violino.

De todos os sons que ouvira naquele dia, Neji achou aquele o mais maravilhoso.

Houve espaços para solos de Tenten, e depois de satisfeita suas necessidades de se sobressair, a música voltou ao seu rítimo normal. Então, um fim rápido para uma melodia que ficaria por muito tempo no pensamento dos ali presentes.

Gaara se ajeitou, sentando-se direito em seu trono. Surpresa brilhando nos olhos, ainda que seu rosto não movese um músculo de expressão. Aquela sim fora uma canção de significado. Tanto por parte da Hyuuga quanto da violinista.

Ainda não concordava com o concurso, mas... pelo menos... eles haviam começado bem..

Ao findar da melodia, Hinata se sentou. Tenten também.

Ouviam-se comentários e sussurros vindos das moças, mas o mais incrível era que não eram críticas e comentários maldosos. Estavam todas adimiradas.

Os múrmúrios cessaram ao falar de Kankurou.

As próximas competidoras se apresentaram. E cantavam muito bem! Maravilhosamente bem na verdade, provando que Kakashi estava certo. Mas, depois de ouvirem a música da Hyuuga... ficava aparente que havia algo... faltando nas outras...

No fundo, elas não estavam mais libertas do medo que as que não haviam se inscrito. Apenas... "menos presas",

Até o rei voltou a se recostar em seu trono, uqase voltando ao desânimo. Era de cortar o coração saber que a liberdade havia sido privada até mesmo dos corações mais valentes.

Já pelo 9° nome. Kankurou voltou-se para a lista.

"Apresente-se..." mas esta foi tomada pelo mal-humorado rei.

"Se eu não fizer nada vou adormecer." foi tudo o que disse, friamente. Sutilmente decepcionado com o concurso como um todo.

Kankurou não se abalou. Sabia que era a preocupação com sua irmã que o deixava assim. Não gostava da sensação de... subistituí-la.

"Apresente-se," disse o soberano de Suna "Yamanaka Ino."

Ino respirou fundo. Aproveitando o clima de não muita competitividade, Sakura virou-se para a loira.

"Boa Sorte..." era o que sussurrava.

Ino parou. Parecia tentar disfarçar o choque. Fez que sim com a cabeça, confusa demais para implicar, seguindo depois para o lugar no palco onde antes estivera a Hyuuga e todas as outras cantoras. Cantaria Joyful Smile.

Joyful Smile - Boa

Tenten fez bico. Não tocaria dessa vez. Até mesmo as harpas tocariam e ela ficaria ali, parada! O Hyuuga apenas sorriu para ela, achando graça na fome de tocar da morena.

A música era absolutamente mais animada, causando um sentimento nostáugico em todos os ali presentes, que a muito não ouviam nada assim. Algo... alegre.

Palmas. Ino parecia ter chutado o medo para longe, ao começar a cantar e bater palmas, olhando para as outras e fazendo gestos com a cabeça para incentivá-las a fazerem o mesmo. A loira não só cantava como também dançava, e muito bem, ao rítmo de sua canção.

Mais palmas ao ritmo da música. Os guardas e até Kankurou. Todos começavam a se mexer conforme as batidas. Como aquilo era bom! A única coisa que se comparava com aquela sensação era a de festa... Uma muito bem-vinda e aguardada festa que se desabrochava, pouco a pouco, batida a batida, no interior de todos ali.

O próprio Rei Gaara não conseguia se manter apenas sentado. Mas era, óbviamente, ponderado, movendo apenas os pés reais ao ritmo da canção.

Já Kankurou, que era discreto coisa nenhuma, começara logo a dançar desengonçadamente, mas não era o único. Algumas cantoras também faziam menção de se mexer além das palmas... Ainda que não saíssem de sus assentos, a maioria das competidoras balançavam os ombros, cantavam junto e as vezes... até riam!

Ino não se limitou ao palco. Desceu as escadas do tablado em saltitantes passos, passando por cada uma delas, levantando-as fazendo-as dançar também. Quando cantava, nada a intimidava e nada intimidaria quem quer que a estivesse ouvindo.

Com certeza quando retornasse, a Yamanaka já não estaria mais com aquele medo das outras garotas, o que era uma pena, porque significava que ela voltaria na totalidade ao jeito Porca de ser.

Na parte instrumental, Ino fitou Sakura e piscou. Aquilo dizia tudo: "Eu te disse que era boa..."

Sim. Aquele jeito Porco de ser.

No entanto, não ouve cara feia, nem retorno de implicância. Apenas um singelo sorriso da Haruno que se alargava cada vez mais em adimiração pela talentosa cantora que conhecera, sentindo uma vontade enorme de que chegasse sua vez.

Esperava com todas as suas forças que pudesse se sair tão bem quanto a Yamanaka.

E já era sua hora de tentar, pois a música cessara.

"Apresente-se, Haruno Sakura."

Seria a última a se apresentar naquele dia, havendo ainda outros dois para terminarem as audições e se iniciarem as eliminatórias. Por isso respiraram bem fundo Sakura, Ino, Tenten, Neji, Sai e até Kakashi. Os dois últimos ouvindo uma boa parte pelo lado de fora até então.

"Vou ca-c-cantar..." e respirou fundo, segurando suas batidas. "O-o que vou cantar... é para todas aqui. Para todas as cantoras que têm se arriscado... e que chegaram onde chegaram hoje." ponderou um instante... não decidira antes o que cantar... DECIDIRA PRA QUEM, MAS NÃO PENSARA NO QUÊ! COMO PUDERA SE ESQUECER DE UMA COISA DESSAS?  "Hana wa Sakura!"

Gaara ergueu o lugar onde devia haver uma sombrancelha. Essa música fora composta por Ikimono Gakari. Era bem pertinente para alguém cuja voz não era, em nada, firme. Frágil ao ponto de gaguejar ao falar... como ela esperava cantar?

E ao que parecia pelos olhares e sussurros dos instrumentalistas, ninguém sabia tocar aquela música. Era uma melodia realmente linda, mas já enterrada pelo passado.

Grande dedicatória... Sakura abaixou a cabeça, imaginando que não poderia se sentir ainda pior.

Então bem devagar, ainda com um certo receio, Hinata se levantou timidamente.

"P-posso tocar? N-n-no piano!" O rei olhou para a jovem Hyuuga e ela imediatamente se encolheu. quer dizer que quem canta bem também gagueja?

Tenten não sabia direito o por quê, mas no momento que a Hyuuga se ofereceu para tocar, Neji fizera uma cara muito estranha. Franzia o cenho como alguém que se pergunta algo, mas apertava o braço do violoncelo com a mão como se sentisse raiva...

Algo havia lhe cutucado uma cicatriz.

Sakura lançou-lhe um aberto sorriso. Uma das cantoras se oferecendo para ajudar? Essa era sua melhor oportunidade de absorver alguma confiança. Ainda mais tratando-se de uma das muito boas.

"Muito obrigada!"

Hinata apenas se encolheu com os ombros sorrindo timidamente, bochechas levemente rosadas, para depois se acomodar no piano do centro do palco.

E assim... começaram.

Hana wa Sakura Kimi wa Utsukushi - Ikimono Gakari

Primeiro uma introdução de Hinata no piano. Depois Sakura.

E que voz ela tinha! Absurdamente diferente daquela que usava para falar. Dizia muito mais coisas com essa. O começo era singelo como na canção de Hinata, mas havia algo... muito diferente. Algo muito mais forte, muito mais... profundo.

E poucas palavras depois a violinista sentiu um formigar em suas mãos... um acelerar de seu coração, aquela estranha "fome de tocar" preenchendo mais uma vez o seu ser...

Não dava para resistir. Não precisava resistir.

Tenten estava novamente de pé, assustando Sakura. Não sabia tocar, mas se fosse com a voz da Haruno, tocaria nem que tivesse que inventar ou reinventar as notas para aquela canção.

E o que inicialmente era para ser acompanhado apenas por piano, agora tinha não só um violino, como toda a frota de instrumentos de corda tocando, cantando, com ela.

Pois assim como a vontade de se emocionar da música de Hinata, a vontade de dançar e celebrar da música de Ino, a fome de tocar contagiava a todos os instrumentalitas, sendo Neji o primeiro a se guiar no que Tenten tocava para assim, participar também.

Sakura percebeu o que Tenten e Neji haviam feito. Agora todos os instrumentos de corda seguiam as notas dadas pelos hábeis músicos.

Prometeu a si msma que não os decepcionaria.

Sem planejar... sem perceber... sem hesitar, a Haruno abriu os braços, fechou os olhos, sorriu e se entregou àquele momento, aproveitando ao máximo aquela canção.

Não dançava como Ino, mas também não regia como Hinata. Seus movimentos seguiam as palavras da canção. O que antes pareciam belas frases soltas tomavam forma através dos gestos da Haruno. Com seus cabelos róseos a balançar, com seus braços a desenhar, Sakura era a cerejeira e era as flores, mas também era a neve a derreter e a chuva a cair. Ela era a narradora e era a própria história. Cantava, se mexia e aquilo que parecia sem sentido... criava vida.

Suas palmas se estendiam para as cantoras e elas sentiam a dor sumir. A neve derreter.

Elas se sentiam lindas, fortes, como flores de cerejeira. Era o fim do Inverno, era hora da Primavera.

Ao longo da canção, notaram algo muito lindo por trás de cada palavra cantada pela Haruno. Algo muito além do que o termo amor poderia descrever.

Tenten pareceu ter plena consciência do que podia fazer com seu violino, de como se destacava cada vez que tocava ao lado de uma bela voz. Era por essa habilidade que estava ali agora, mas... com Sakura cantando... Diferente do que houvera com a Hyuuga, o que se destacava ali era a voz da ruiva e todo seu sentimento enquanto cantava. Nada mais.não importava o quanto tocasse... ela sumia. Mais que isso, com tanta emoção, a Haruno cantava que as flores eram lindas, e a cada vez que esse verso se repetia, ela própria parecia ficar mais bela.

Kankurou dançava, as cantoras dançavam e até alguns instrumentalistas! Como podia ela resistir? Ino abriu os braços, soltando seu corpo para sentir a música por completo, tal como a Haruno.

Logo outas cantoras aprendiam a música, cantando com Sakura, formando um coro, ajudando com melodia...

Aquilo não era mais um concurso... Era uma comemoração!

***

Não longe do castelo, em seu navio, o capitão preparava-se para buscar uma de suas tripulantes de maior valor quando chegasse a hora.

Foi quando ouviu, ainda ao longe, uma canção. A primeira realmente boa em muito tempo.

Não era como as outras, e o que o surpreendeu ainda mais foi que precisava esforçar-se para reconhecer o violino de Tenten em meio àquela embriagante voz.

Mudara de idéia. Decididamente... chegara a hora.

Time's Scar

Aquela voz... o chamava.

"Marujos..." disse com uma inabitual calma. "temos de buscar Tenten... nesse exato momento..."

"Mas e quanto às outras candidatas?" perguntou-lhe um loiro.

"Precisaremos dessa candidata. Tanto faz as outras. Tenho uma estranha certeza de que isso bastará."

Não havia como descrever a expressão no rosto de seu capitão... Uma vez vira algo parecido nele enquanto enfrentavam sereias, mas não era a mesma coisa. Quando se é encantado por uma sereia, apesar dos sorrisos, seus olhos se apagam e sua vida se esvai.

Mas os olhos de seu superior brilhavam mais do que nunca. Eram duas jóias negras de pura determinação... Havia mais vida neles agora do que durante todo o período do fim da repressão.

"Se está dizendo... Mas... como iremos lá pra dentro bem agora?"

O capitão sorriu de lado, iniciando seu monólogo.

"Enquanto a madeira de nosso navio... for mais forte do que vidro..." e não precisou continuar.

"Ah, não... de novo não..." disse um moreno de feições caninas.

Sakura cantara maravilhosamente, encantando a todos.

Tanto os que estavam presentes... quanto os que estariam...

"Oh, não... de novo não..." Disse Tenten ao olhar pela vasta janela da sala em que se encontravam.

Todos os que viram o mesmo que Tenten saíam correndo e gritando. Antes que se pudesse fazer qualquer coisa, um navio adentrara o recinto pela mesma janela, quebrando-a completamente.

O nome Uchiha se fazia vivo em vermelho-sangue na madeira escura da nau.

"SASUKE!" gritava o Rei.

"Yo! caros porcos e ricos. Não se preocupem, não viemos pilhar... Ao menos não o de sempre..."

"O que quer aqui, Uchiha?" disse Neji levantando-se e afastando-se dos muitos cacos de vidro que, se não fosse pela distância entra a janela e o palco e trono, teria feito várias vítimas.

"Apenas o que me pertence..." foi a resposta vinda do dono dos orbes ônix, estendendo sua mão para aquela que estava ao lado do Hyuuga.

Tenten apoiou seu negro violino no ombro.

"Chegou meio cedo, não acha?"

"Só improvisando, Tenten... Só improvisando."

"Você está com eles!" A sensação de ter tido sua confiança traída dominava seu pálido olhar do Hyuuga.

Não encarou o gênio de imediato, mas quando o fez utilizou poucas palavras.

"Sinto muito." então deu de ombros sorrindo-lhe meio sem-graça e sem arrependimento.

Sasuke pulou de seu barco e aterriçou hábilmente no chão entre Neji e Tenten com uma corda amarrada em sua cintura, segurando a violinista pela dela.

Foram içados pelo marujo Kiba e seu fiel Akamaru.

E antes que pudesse se pudesse dizer que iriam embora.

"A loira, a de olhos pérola e a de cabelos rosa." disse-lhe a de coques.

"Muito bem, Tenten" cumprimentava o capitão. "Agora conto com você."

E tendo ouvido isso, a morena se posicionou mais uma vez com seu violino, pondo-se a tocar, conforme esperava, a última melodia daquele dia.

Naruto lançou a rede.

As três foram levadas a bordo.

A tempos que Gaara chamara os guardas, mas tristemente percebera tarde demais que estes estavam trancados no lado de fora assim como Sai e Kakashi, tanto quanto eles o estavam pelo lado de dentro.

"Mas o que-" nada pôde ser feito, assim como o rei não pôde terminar sua frase.

Pouco a pouco, todos caíam no sono com a melodia tocada por Tenten.

O grito assustado de uma certa Haruno foi a última coisa que se pôde ouvir

Então, em meio aos destroços da sala e corpos dormentes no chão, o navio zarpou.

"...imouto..." foi a última coisa que Sai pôde dizer antes de entrar em um sono forçado.



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Notas finais do capítulo

Acho legal avisar que o Sasuke aqui tah OOC... Ele tá [como diz minha amiga Podane] com a personalidade do Capitão Scars de Wanted xDDD
espero que estejam gostando!



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