Kokoro No Koe escrita por P r i s c a


Capítulo 1
Restauração


Notas iniciais do capítulo

Todos os pares você descobrirá lendo a trama xD
Músicas do CAP:
- The Reel - Secret Garden
- The Unforgiven - Apocalyptica
no momento em que aparecer o nome da música, de preferência, continue lendo enquanto a ouve, ok? xDD



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Num tempo de ditadura, em que se expressar era um crime, o único meio de dizer o que se pensava era pela música.

Décadas de censura e ameaças se passaram sem que as rebeliões acabassem, pois eram motivadas pelas letras cantadas dos artistas. O Rei declarou que cada cantor teria sua garganta cortada para que nunca mais a música viesse de si.

Após anos de perseguição e mortes... a terra se calou. Falar também tornara-se perigoso. Até a chegada de um novo rei. Um com raízes na música! Mas mesmo com a ascensão deste novo rei, o único som que se ouvia era o que vinha de instrumentos e sussurros, pois mesmo com o fim da repressão, o medo de pronunciar-se era forte.

Foi declarado que Sabaku no Temari, a conhecida Sereia, faria uma oferenda para a deusa da Voz, afim de reavivar a liberdade de expressão das pessoas.

Mas o inesperado aconteceu. Recusando seu destino, a Sereia fugiu para casar-se com Nara Shikamaru, o Regente Real.

Agora, para encontrar uma nova sereia, o Rei decidiu juntar todas as mais belas vozes para um concurso, e quem ganhasse, seguiria viagem para Shima Koe, as Ilhas da Voz, fazer a oferenda à deusa.

The Reel - Secret Garden

Em um mundo onde a voz é tão escassa quanto água, e o canto tão valioso quanto ouro, será que os cantores se arriscarão, sob o risco de sequestro e mortes? Tudo pelo direito de expressarem-se?

Era isso mesmo que ela iria descobrir.

"É isso mesmo que você quer, Sakura?"

O jovem era alto e magro, de pele pálida que muito contrastava com as cores do deserto que em nada combinavam com ele. Seu sorriso era sempre presente no quase inexpressivo rosto. Seguia a caravana a pé, hora ou outra reajeitando a incômoda capa cor-de-terra sobre si, usando o capus para cobrir-lhe do sol.

O vidro da porta da cabine abriu-se suavemente. Não houve resposta imediata. Só depois do que parecera ser o tempo de um fôlego é que surgiu o acanhado som:

"Preciso tentar, Sai..." e o silencio retornou.

A voz era fraca, uma apagada tentativa de fala baixa e retraída como se a estivesse usando pela primeira vez. Era exatamente pela fraqueza que seu irmão não se permitia ficar tão esperançoso.

Afinal, que tipo de pessoa entra em um concurso de canto depois de cinco anos sem voz? E se ela sumisse de novo?

A garota dentro da cabine, trajando a mesma incômoda capa cor-de-terra com o capus a ocultar-lhe o rosto, apenas levantou a cabeça para encará-lo, permitindo o leve brilho do verde de seus olhos alcançarem o rapaz. Fosse por conhece-lo bem, fosse por uma óbvia expressão de preocupação vinda dele, a jovem o olhou e sorriu.

E era exatamente pelo sorriso dela que ele nunca admitiria sua descrença.

"Eu ainda... não me reacostumei a te ouvir falar, imouto..."

Sakura lhe deu outro fraco sorriso, respondendo-lhe apenas em seus pensamentos. 'Nem eu, nii-san... nem eu.'

E assim a carruagem seguia seu rumo, em direção a Suna, onde a jovem de longos cabelos róseos e orbes esmeralda participaria do concurso.

A viagem além de longa era cansativa. Ao longe, apesar de muito avançarem, as dunas permaneciam parecer se estender até o infinito, com névoas de pó avermelhado separando o céu azul das areias. Era como se andassem sem rumo, avançando sem sair do lugar. Por mais de uma vez o condutor teve que parar para que Sai se permitisse se jogar no chão e espernear de agonia um pouquinho que fosse. O sol quente sobre suas peles claras não ajudava e ainda assim, o pior não era o estado em que iam, mas a motivação:

Nenhuma.

Pelo menos não uma plausível para o mais velho.

Mas para a Haruno, isso pouco importava. Sakura desejava apenas voltar a cantar, para qualquer pessoa que fosse, sem o perigo de alguém sofrer caso o fizesse. Quando tivesse a oportunidade, cantaria sobre heróis e heroínas, deuses e deusas, dias felizes e nada de dias tristes.

Sakura suspirou e fechou os olhos com paciência. Pela quinta vez em trinta minutos, Sai deu uma crise de "Vamos voltar pra casa!", gritando e olhando para todos os lados, reparando que, pro seu desespero, não sabia pra que lado ficava "casa". Em seguida ele chutaria a areia, o vento a empurraria para seu rosto e ele brigaria com ela por tê-los metido naquela empreitada. Ela faria cara de choro, ele pediria desculpas e voltaria à personalidade padrão. No entanto...

"Sakura... Olhe!"

E ao olhar em volta, ainda que na vastidão desértica, era possível enxergar pequenos pontos escuros avançando sobre as areias, suas figuras tremeluzindo ante o calor do chão: Outras carruagens. Outros cantores.

Muitos cantores...

E todos, provavelmente com o mesmo objetivo:

Ganhar o concurso.

Suspirou. 'Sei que eu não devo ligar para a concorrência, mas...' pensava consigo mesma, 'Tantas pessoas assim indo competir e provar seus potenciais... é um pouco... intimidante'.

"Sakura... Olhe!" repetia Sai com voz alterada, lhe apontando agora o horizonte à frente deles; Torres erguiam-se através das enjoativas dunas de areia.

Uma cidade.

Um reino.

Suna.

Ouviu-se um feroz ricochetear junto do relinche de cavalos. Alguém se apressava.

Eles e mais outras duas carruagens mais à frente observavam atônitos a ferocidade dos que tentavam alcançá-los.

Os Haruno se encararam.

'Corrida pelo primeiro a chegar...? Isso é sério?'

Aos poucos, a maioria das carruagens ganhava velocidade em busca de sua posição. Se estivessem competindo também, já estariam em quinto lugar.

Para Sakura, não parecia fazer sentido uma provação pré-competição, principalmente uma de velocidade para um concurso de talentos. Pedia a Deus com todas as forças que seu... "outro irmão" não se deixasse levar pela disputa, mas ao olhar para o lado de fora, este já não se encontrava caminhando lá e havia agora um certo movimento vindo do teto da carruagem. Quando pensou que ele ficara para trás, a cara pálida de Sai aparece de cabeça para baixo no vidro lhe dizendo qualquer coisa como "Segura firme, Sakura-chan!".

"S-sai? O-o que está-" e foi interrompida..

"À TODA VELOCIDADE, CONDUTOR!"

Mais relinchos. Agora era oficial.

Começara a corrida.

Areia voava para todos os lados à medida que os cavalos se apressavam. Sakura conseguia segurar-se dentro da cabine que não parava de chacoalhar e chacoalhar enquanto corriam, mas não tinha tanta certeza se conseguiria segurar seu almoço...

"Niiii-saan!" dizia, em uma quase inaudível súplica.

Não houve resposta. Passaram um banco de areia um tanto alto e a Haruno fora parar no chão da cabine.

"Saaai! P-pare a carruagem! Por favooor..." voltava a pedir, mas ainda com um tom quieto devido ao enjoo.

A carruagem chacoalhou mais, Sakura enjoou mais, se irritou mais e um solavanco depois a Haruno parecera ter desenvolvido uma segunda personalidade gritando, talvez pela primeira vez depois de cinco anos, a plenos pulmões

"EU VOU TE MATAR, SAAAAAAAAI!"

Era muito bom saber que pelo menos com o movimento sua irmã tomava mais coragem para falar. Aquilo só o incentivava.

"Agora não, Sakura-chan! Estamos quase na frente!"

Pedir ajuda a seu irmão era inútil. O mais velho ficava todo animado na perspectiva de uma competição. Qualquer um que estivesse vendo Sai pela primeira vez afirmaria que ele é um jovem bem animado ao invés do zumbi que costumava ser. Era seu Inner subjugando o Sai padrão.

Sakura apreciaria mais esse entusiamo do irmão se não estivesse preocupada em não vomitar.

Já estavam bem na frente, faltando ultrapassar apenas uma carruagem para atingirem a liderança. Mas essa parecia não desistir tão facilmente...

Lado a lado, podendo quase fitar uns aos outros, Sai não resistiu à mais uma oportunidade de provocar Sakura e, quem sabe, de brinde, incomodar a alguém mais...

"EEEEi!" gritava, batendo freneticamente no teto da outra carruagem. "Apressadinhos vocês, hein? Acham mesmo que tem alguma voz que preste dentro dessa joça?"

Antes que Sakura pudesse repreendê-lo, uma voz feminina e melodiosa... transbordando auto-confiança, surgiu da cabine ao lado.

"Mais que isso meu caro... Jás aqui a própria futura Sereia!" dito isso a jovem mostrou seu alvo e sorridente rosto ao pôr sua cabeça para fora. Uma linda moça loira com olhos azuis celestes se pronunciava.

"Modéstia mandou lembranças, senhorita..." disse-lhe o Haruno, com seu sorriso debochado.

"Yamanaka Ino, e o prazer é todo seu... Shinda-kun."

"P-por favor nii-san..." suplicava a voz novamente dormente de uma Sakura enjoada. "Não... não implique com ela..."

essa garotinha que vai se apresentar?" Aquilo era um brilho de desdém nos olhos da loira?Ofendida, Sakura mal podia crer no que ouvia. "Mal se aguenta sentada! Como espera participar do concurso desse jeito, menininha!"

"Não sou uma menininha!" disse a Haruno, pondo sua cabeça para fora da janela pela primeira vez durante a conversação.

"WOW! QUE TESTA!"

Ainda a uma grande velocidade, ambas as carruagens deram um solavanco ao ultrapassarem uma duna.

Sai quase caiu, tanto da carruagem quanto na gargalhada. Sabia muito bem que haviam muitas coisas que sua irmã não suportava, mas, com o tempo e a maturidade aprendera a aceitar.

E testuda não era uma delas...

"Ora... sua...sua... PORCA!" e pela primeira vez em anos, a voz da Haruno se fez alta, firme e agressiva.

"COMO É?"

Sai ria desajeitadamente de cima da carruagem, ignorando por completo os olhares assustados vindos de seu condutor. Aquele concurso seria ainda muito divertido!

Ah, se ele soubesse o que estava para acontecer.

A figura loira saiu de sua cabine pela janela, dirigindo-se para o assento do cocheiro e tomando-lhe as rédeas.

"M-mas, mas senhorita Yamanaka!"

"ME DÁ ISSO AQUI!"

Sem pensar duas vezes Ino puxou as rédeas para a direita, fazendo sua carruagem empurrar a dos Harunos. Havia ela enlouquecido?

"PIROU DE VEZ, MULHER?"

"VOU ENSINAR-LHES A NUNCA ME CHAMAR DE PORCA DE NOVO!"

"AH, É MESMO? PORCA! PORCA! PORCA! PORCAAA!"

"SAAAAAAAAI CALA ESSA BOC..."

"CALADA VOCÊ, TESTUDA!"

"..." Os olhos de Sakura mudaram completamente. Agora haviam chamas neles "PORCAPORCAPORCAPORCA!"

Cabia somente a Sai remediar aquela situação...

"PORCAPORCAPORCAPORCA!" gritava em socorro à sua irmã.

"TESTATESTATESTATESTATESTA!"

"SAKURA! SOBE AQUI!" disse Sai ajudando sua irmã a chegar ao assento do cocheiro, olhos desesperados àquela altura. "Passa as rédeas pra cá!"

Areia e xingamentos para todo lado. Tanto Yamanaka quanto Harunos esqueceram de tudo e de todos e começaram a jogar as carruagens uma contra a outra, ignorando os pedidos dos cocheiros. O que importava era vencer, vencer, vencer! O resto? O resto era detalhe. O concurso era detalhe... Os cocheiros gritando eram detalhes... A educação era o menor dos detalhes... Olhar para frente era de...

"CUIDAAAAAAADO!" gritaram os cocheiros.

BUM!

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A bordo de um vistoso navio atracado à baía mais próxima de Suna, o principal porto do continente, duas pessoas conversavam sobre o assunto que mais fervilhava entre os sussurros do povo de lá: O concurso.

"Tem certeza de que consegue?" perguntou-lhe a firme voz do Capitão.

"É, acho que dou conta."

"Certo." com um sinal de suas mãos, a tripulação voltou ao trabalho. Zarpariam assim que a jovem seguisse seu caminho. "Boa Sorte. E não se esqueça... viremos até você."

A morena apenas sorriu, esbanjando sua melhor piscadela de "Estarei pronta!". Ajeitou os cabelos presos em dois firmes coques uma última vez, pegou seu precioso instrumento e desceu.

"Te vejo depois!" disse acenando de costas para o capitão.

O moreno deixou escapar um sutil sorriso e, virando em seguida um feroz olhar para seus marujos, pôs-se a comandar.

"MOVAM-SE SEUS IMPRESTÁVEIS! TEMOS DE ESTAR PRONTOS PARA BUSCAR TENTEN QUANDO CHEGAR A HORA!"

E assim que prontos, zarparam.

A jovem seguiu seu caminho para o agora maior centro musical de Suna. O castelo do Rei.

"É hora do show!" disse com seu sorriso confiante e olhar divertido.

No castelo, os preparativos para a chegada dos músicos estavam prontos. O nervosismo era evidente nos rostos de quem já estava presente.

Aquela seria a primeira grande celebração musical desde a repressão e a sensação de que guardas entrariam ali, quebrando portas e janelas, arrastando cantores e cortado-lhes a garganta, quebrando instrumentos... Era simplesmente palpável. Não importava o quão livre eram em papel... agir livremente... e pela primeira vez... não estava sendo fácil.

"Tensão demais..." sussurrava o Hyuuga para si mesmo.

Precisava acalmar-se. Sua prima participaria do concurso em pouco tempo e teria de estar apto a acompanhá-la com seu violoncelo quando chegasse a hora. Não tocava uma única melodia havia quantos anos...?

Fechou os olhos, preparando-se para tocar.

Sentado em um palco reservado para o concurso, afinou seu fiel instrumento e fez dele sair a primeira música que passara pela sua cabeça. Talvez a única que residia em seu coração.

The Unforgiven - Apocalyptica

Apesar de tentar a todo custo distrair-se, um pensamento não saía de sua mente.

Acompanhá-la...

Seria sempre assim. A garota da família principal herdara o dom da voz, enquanto ele, da segunda ramificação, apenas tocava. E amava fazê-lo, mas detestava quando era apenas para que Hyuuga Hinata brilhasse mais aos olhos de sua família e de outros nobres.

Apenas acompanhava.

Preso a esse destino sem jamais ser livre para agir por si só, sentia inveja. Mas também sentia pena.

Não reclamava, nem o faria, pois graças a esse mesmo dom, sua prima quase perdera a vida. E muitas vezes também. Diferente dele, que estava seguro, que estava oculto.

Ele era medíocre demais... até para correr perigo.

"O que eu sentia, o que eu sabia
Nunca transpareceu no que eu mostrava
Nunca ser, nunca ver
Jamais verei o que poderia ser"

Sentiu seus dedos correrem o violoncelo à medida que tocava. Sentiu as notas correndo seus ouvidos à medida que a letra da música vinha desordenadamente à sua memória. Uma das poucas canções que restaram ainda que somente no instrumental, já que muitos haviam esquecido da letra.

"O que eu sentia, o que eu sabia
Nunca transpareceu no que eu mostrava
Nunca livre, nunca eu mesmo
Por isso nomeio-vos de imperdoáveis"

Ele próprio havia esquecido.

Não lembrava...

...Ele vivia aquela música.

A cada lembrança ruim de seu passado, Hyuuga Neji tocava mais firmemente, com mais raiva. Descontando nas cordas de seu instrumento, toda a frustração que guardava para si. Pois se havia algo no mundo com o qual ele poderia contar... era seu violoncelo.

"Sangue novo junta-se a esta terra
E rapidamente ele é conquistado
Pela constante dor e desgraça
O menino aprende as regras deles"

E ao aliviar de toda mágoa: Paz

Era isso que tocar lhe proporcionava. Era isso que o motivava a continuar na compania de sua prima, sem vacilar.

Paz.

Sentindo-se bem melhor, percebeu que não estava sozinho.

Alguém... tocava com ele.

Abriu os olhos e deparou-se com uma jovem de cabelos castanhos, roupas... diferentes. Apesar de já ser meio comum, Neji sempre estranhava ver uma mulher de calças, já que a únicas mulheres com que convivia estavam sempre com longos e singelos vestidos brancos.

Imaculáveis.

A jovem à sua frente, com roupas que lhe acentuavam bem o corpo, como reparara, possuia todo um estilo de ser claramente diferente do que ele imaginava para uma mulher:

Feminilidade... fragilidade.

Faltava fragilidade nela. Ao que parecia ela era alguém acostumada com a vida no mar. Uma jóia bruta.

Ainda sim era uma bela mulher. Os olhos fechados... o sorriso enigmático.

Ela tocava um violino. Não um violino qualquer... um de madeira escura. Um violino negro. Tocava como se conhecesse a música tão bem, que se limitava a apenas brincar com algumas de suas notas, produzindo tanto o som familiar quanto outro, original.

Improvisado.

E quando ela tocava, outra parte da letra lhe vinha à mente.

"Com o passar do tempo a criança cresce
Este pequeno chorão portou-se mal
Privado de todos os seus pensamentos
O jovem luta sem parar e por isso fica conhecido
Um juramento a si mesmo
Que nunca, a partir deste dia,
A sua vontade lhe irão roubar"

Quando tocava, sentia paz. Mas naquele dia em especial, além da costumeira paz. E,por muito tempo, a paz bastou. Agora, no entanto, Neji também sentiu, ainda que só uma pontada, um mero formigar de alegria.

Ela abriu os olhos, revelando um castanho de profunda jovialidade. Havia um brilho de implicância neles...

Encarava o homem à sua frente analizado-o tanto quanto possível. Era um rapaz todo arrumado, vinha provavelmente de uma família nobre, um sobretudo preto sobre sua camisa branca lhe denunciavam a simplicidade e a elegância como fortes características. Usava bandagens para cobrirem sua testa como quem cobre um ferimento.

Haveria uma cicatriz ali?

Pelo modo como tocava, Tenten ousava dizer que havia nele mais cicatrizes emocionais do que qualquer ferimento físico sob a alva pele.

Mas essa era apenas uma suposição...

Os longos cabelos negros caindo sobre o rosto, balançando ao movimento de seus braços no violoncelo ao movimento de seu corpo sincronizado com a música... inclinavam ao mistéio.

E aqueles olhos...

Pérolas.

Agora se encaravam.

"Nunca livre, nunca eu mesmo
Por isso nomeio-vos de imperdoáveis"

Agora se desafiavam.

"Vocês rotulam-me, Eu rotulo vocês
Por isso nomeio-vos de imperdoáveis"

Quem dentre eles conhecia melhor aquela melodia? Ou o próprio instrumento? Quem dentre eles melhor recordava do significado daquela música?

Era o que tentavam descobrir em seu duelo.

"O que eu sentia, o que eu sabia
Nunca transpareceu no que eu mostrava
Nunca ser, nunca ver
Jamais verei o que poderia ser"

Em seu dueto.

"Nunca livre, nunca eu mesmo
Por isso nomeio-vos de imperdoáveis"

Apesar de levar todas as suas batalhas e desafios a sério, aquele em especial... o divertia.

E como divertia tocar com ela! Sentia-se como uma criança que brinca de luta de espadas... essas de madeira que elas próprias fazem.

Ao menos achava que a sensação deveria ser algo assim, pois... nunca de fato brincara de espadas.

"O jovem luta sem parar e por isso fica conhecido
Um juramento a si mesmo
Que nunca, a partir deste dia,
A sua vontade lhe irão roubar"

Ao chegar do fim da música, ela o deixara tocar só novamente, sentando-se ao seu lado, apenas escutando.

Por algum motivo, isso não o incomodou do jeito que achou que incomodaria. Era evidente que ambos amavam desafios, mas a sensação de tocar para ela, como se compreendesse, era demasiada boa.

E com a última nota, um suspiro de satisfação.

Uma risada vindo dela.

"Você toca bem, mas tem algo tão..." a morena parou um instante para escolher as palavras. "...tão... triste." o rapaz o seu lado a encarava com uma sombrancelha erguida. Era sutil, mas ainda assim parecia ser mais expressivo do que o jovem costumava ser. Então ela continuou. "Sua música me diz muito, sabia?"

"Como?" Neji sorriu com desdém "Não há palavras vindas de um instrumento que possam dizer qualquer coisa. Canções falam. Instrumentos não."

Ela riu de novo.

"Você é meio ingênuo, não é?" disse-lhe balançando a cabeça. Então ela volta a encará-lo com profundos olhos de mistério. "O seu instrumento não fala... porque você não deixa."

"Hmph. Quem é você afinal, petulante?" Sutilmente, ele elevara voz. O Hyuuga, que sempre fora tratado como gênio na arte de tocar. "Ingênuo" não era algo considerável como elogio.

"Pode me chamar de Tenten." dito isso fez uma simples reverência com a cabeça. "Prazer em conhecê-lo Hyuuga Arrogante Neji."

Ele parou um instante.

"Se me conhece é porque estava à minha procura aqui no castelo. Veio inscrever-se no instrumental?"

"Isso mesmo."

Já não estavam mais sozinhos no palco. Outros músicos se preparavam e afinavam seus instrumentos. Em breve os convidados de honra chegariam e iniciariam as apresentações. O trabalho de Neji era contratar instrumentalistas para acompanhar, sempre acompanhar, os cantores em suas melodias.

"Certo... Acho que já ouvi um pouco do que você é capaz e como não disponho de muito tempo... não vou lhe pedir nenhum teste."

"Acredite..." Ela sorria. Aquele belo e claro sorriso enigmático. "Você ouviu bem pouco."

"Ora, e quem é a arrogante agora?"

Antes que aquilo se tranformasse em uma discussão, as trombetas tocaram, anunciando a chegada dos cantores.

O Hyuuga fez sinal para os outros músicos. Tenten pôs-se em seu novo lugar no palco.

Prepararam-se.



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Notas finais do capítulo

Tenho mais ou menos dez capítulos prontos e não exijo reviews, mas agradeço se me escrever um UP ou GOSTEI se quiser que eu continue. Dá trabalho tentar escrevver uma boa história e só quero saber se estou fazendo direito.
ADORO CRÍTICAS. CRÍTICAS CONSTRUTIVAS E BEM INTENSIONADAS, MESMO QUE DURAS SERÃO BEM VINDAS
SE VOCÊ É REVIEWER E GOSTA DE ESCREVER MUITO SEU LUGAR É NOS COMENTÁRIOS DESSAS FANFICS!!!!
é isso. Bye bye 8Dv



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