A herdeira do Lorde II escrita por letter


Capítulo 23
Capítulo 21 - Checkmate


Notas iniciais do capítulo

Como prometido pessoal, capítulo no fim de semana. Ganhei o selinho de aprovação da Natália (beta) nesse capítulo, então eu espero que vocês também o aprovem, boa leitura.



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- Ennervate. – no meio ao silêncio, a pronuncia soou como um eco surdo em meus ouvidos, e nos segundos que se seguiram a escuridão que se instalara a minha frente começou a se dissipar, e junto dela o silêncio o qual estava imersa. – Annabelly. – chamou uma voz em um guincho, num sussurro. – Rosa ela não morreu, não é?

- Não sua boba, infelizmente não. – respondeu outra, porém voz sinuosa.

Abri os olhos devagar e aos poucos fui colocando em meu foco onde estava e tentando me lembrar o que estava acontecendo.

Eu estava molhada, isso estava claro. Eu estava deitada em uma poça de água, em um lugar frio e escuro, e havia duas pessoas a minha volta, uma de cada um dos meus lados. Na verdade uma pessoa e um fantasma.

- Minnie. – murmurei sentando rapidamente no chão, e sentindo a cabeça latejar. – A horcrux! – exclamei. – Nós a destruímos!

- Sim. – respondeu Minerva me ajudando a levantar. – Você desabou assim que chegamos aqui em cima. – contou ela. – Você está pálida, como se... Como se estivesse desaparecendo. – Minerva engoliu em seco.

- Que pena que você não morreu. – choramingou Murta se afastando de nós. – Eu queria companhia, mas não, nasci e morri para ser sozinha! – dramatizou ela desaparecendo.

Minerva me olhava com um luto estampado na cara, como se a Murta estivesse errada e eu estivesse morrendo.

- Talvez eu esteja indo embora. – supus, mas por qualquer motivo a perspectiva de isso acontecer não me parecia tão atraente quanto sempre fora.

- Você está sentindo algo? – perguntou Minnie.

Parei um minuto para sentir além de toda umidade que tomara conta de mim. Apesar de eu estar molhada eu não sentia frio, porque havia um calor me aquecendo, e esse calor vinha da marca negra tatuada em meu braço e do vira-tempo pendurado em meu pescoço.

- Riddle sabe. – falei por fim. – Ele sentiu e sabe que fui eu.

- Não é mais seguro para você se irmos encontrar os outros? Se o portal se abrir pra você ir embora temos que garantir que você vá, porque se algo a distrair e...

- E eu não entrar ficarei presa ao passado para sempre. – completei a sentença de Minerva.

Minnie assentiu.

- E se o portal não se abrir Minerva? – perguntei por fim. – Quero dizer, a probabilidade de isso falhar é grande, não posso ignorar isso.

Imaginei por um momento ter de ficar presa ao passado, fugindo de Tom Riddle, que sabia quem eu era agora, e com a perspectiva de que nunca mais veria meus tios, meu namorado, meus amigos. E todos eles se esqueceriam de mim, e tocariam sua vida sem ao menos lembrar de que um dia fiz parte dela.

- Isso não vai acontecer Belly. – prometeu Minerva.

Tentei me apegar a isso e ser otimista, e assim saímos do banheiro feminino interditado do segundo andar.

O castelo continuava estranhamente deserto e quieto, como se todos soubessem que seria melhor se manterem em seus Salões Comunais, como se eu não acabara de falar com o monstro da Câmera Secreta e destruído parte da alma de Tom Riddle.

- Belly espere. – disse Minerva parando ao meio do caminho, esticando seu braço direito para que eu não passasse dali.

- O que foi?

- Está quente aqui. – ela disse simplesmente.

Tentei apurar porque Minerva achava isso estranho e logo compreendi. Estávamos em pleno inverno, em um andar interditado onde o zelador não se preocupava em acender os candelabros, e mesmo com o chão inundado estava estranhamente quente.

- Coincidência estar quente aqui? – perguntei a olhando de soslaio.

- Não existe coincidência. – disse Minerva.

Como se alguém estivesse cronometrando o tempo, assim que Minerva pronunciou suas palavras, uma flamejante bola de fogo surgiu em nossa direção.

Ficamos tão perplexas com o surgimento da tal, que de inicio nem saímos do lugar, apenas quando a enorme bola de fogo estava muito próxima de nós foi que consegui sacar a varinha e bradar:

- Aqua Eructo! – uma barreira de água se materializou em nossa frente, e por poucos milésimos de segundos não fomos assadas.

Por instinto Minerva e eu recuamos novamente para dentro do banheiro, e mesmo sendo um ato de total inutilidade fechamos a porta. A Murta ainda não voltara a aparecer.

- Professora McGonagall o que vamos fazer? – me vi perguntando desesperada, como um criança querendo se encolher ao lado de um pai e ser protegido, mas só notei que havia falado asneira quando Minnie esbugalhou os olhos claros para mim.

- Professora? – perguntou ela em um misto de curiosidade, susto e alívio.

- Eu quero dizer... – Minnie parecia suplicar para que eu respondesse, não era novidade que os alunos do sétimo ano estavam todos sofrendo pressão para escolher a carreira para qual iria seguir, e Minnie fazia parte desse grupo de alunos do qual ainda não havia decido. – Sim, de Transfiguração. – falei por fim, se isso fosse contra as regras dos tempos, que o deus do Tempo viesse me procurar e tirar satisfação pessoalmente.

- Legal. – disse Minerva com seu humor renovado, apontando a varinha para frente e em silêncio conjurando um feitiço.

Logo um pequeno gato negro com olheiras se materializou a nossa frente.

- Avise os outros membros da Ordem da Fênix que estamos no segundo andar, sendo atacadas por bolas de fogo. – o gato miou e passou pela porta.

Aquela sim era minha antiga e poderosa diretora, capaz de conjurar feitiços que pessoas de dezessete anos nem pensariam em tentar.

Mas toda a excitação que tomara conta de nós por um momento desapareceu quando a porta se escancarou dando passagem para outra bola gigantesca de fogo. Dessa vez foi Minnie que nos defendeu, mas enquanto Minnie controlava sua barreira de água o chão embaixo de meus pés se desfez literalmente, e num piscar de olhos eu estava caindo em queda livre, mergulhando em uma escuridão assustadora, como a que eu havia penetrado quando viera para o passado. Será que estava voltando?

Eu podia ouvir Minerva me gritando, mas sua voz ficava cada vez mais distante e cedia lugar para meus próprios gritos.

Porém eu parei, mas não encontrara coragem de abrir os olhos. Imaginei que se eu estivesse caindo já era para eu ter me esborrachado em algum lugar, mas e se eu estivesse viajando para o tempo?

Respirei fundo e abri olhos, pronta para encarar o que quer que fosse que estivesse na minha frente. Mas no momento em que abri os olhos eu queria fechá-los novamente.

- Surpresa? – perguntou a fria voz de Tom Riddle. – Pois de tenho que admitir que eu estou. – Riddle não parecia nada controlado como sempre mostrava ser, não conseguia esconder a raiva e ódio que estavam em seus olhos e feições. Não conseguia esconder o perigo que ele representava nem que ele exalava.

- Um pouco. – falei por fim, e para minha surpresa minha voz estava controlada e então percebi que eu vinha me preparando há muito tempo apenas para esse momento. Agora era a hora. – Meus pêsames, afinal de contas, ouvi dizer que perdeu uma parte da alma. – eu sabia que não deveria brincar, mas agora não era hora para temer Riddle. O que ele era além de um adolescente que sabia demais nesse momento? O monstro dentro dele ainda estava se despertando.

- Você me enganou por tanto tempo. – Riddle estava com a varinha apontada para mim, e então me dei conta de que ele não me deixara esborrachar no chão. Minha varinha ainda estava firme em meus dedos. – Eu estava apenas esperando à hora certa para expor toda a verdade sobre você. Mas agi tarde demais.

Parei por um segundo para apurar o que Riddle acabara de dizer. Ele sabia a verdade?

- Sim Annabelly, eu sabia. – falou ele como se lesse minha mente. – Seu vira-tempo, sua habilidade ofidioglota, o seu conhecimento sobre magia, suas histórias sem nexos, o sentimento que sinto por você, nada disso se encaixava. A reunião que você perdeu antes do natal e foi vista comigo no Salão Comunal da Sonserina? Sim, meus Comensais me colocaram a par disso e logo no natal eu saí para apurar minhas ideias, penetrei no Ministério da Magia e não achei qualquer registro seu, lhe dei meu anel porque desconfiava de seus planos e queria saber se eles tinham fundamento, fui tolo, admito. Beijei-lhe e na hora tive lapsos de sua memória, imagens desconexas de sua vida, de seu futuro, porque apenas lhe beijando de surpresa conseguiria pegar sua mente aberta e desprevenida. E a carta que você recebeu e que Abraxas me alertou? E o dia de sua iniciação que ele e Druella perderam a memória? Agora tudo se encaixa. E quando você tentou controlar o meu monstro, tudo clareou.

Quando Riddle disse “meu monstro” à água que havia a nossa volta oscilou e rapidamente corri os olhos para me situar, me dando conta de que estávamos na Câmera Secreta.

- O que pretende fazer comigo agora? – senti o vira-tempo pesar mais em meu pescoço.

- Quero apenas saber por que você fez isso antes de liquidar você. É uma pena minha lady, mas você é um risco com o qual não posso lidar.

- Por que eu fiz isso? – perguntei tranquilamente, como se não fosse óbvio. – Porque você destruiu tudo, tudo de bom que havia no mundo você destruiu, e mesmo depois de sua maldita morte você continuou destruindo. Quando você decidiu que eu seria um estúpido plano para que continuasse seu legado, você garantiu que as coisas continuassem ruins, eu não devia ser sua herdeira!

Riddle estreitou os olhos por um momento, como se apenas agora estivesse se dando conta de que apesar de todas suas descobertas, ele acabara de descobrir que era meu pai, mas eu não ligava.

- Expelliarmus! – bradei pegando-o de surpresa, Riddle levantou ambos os braços, como se estivesse se rendendo, mas continuava a sorrir como se estivesse um passo a frente, como se sempre fosse o ganhador. – Eu fiz isso porque sua presença sempre continuará viva na mente de todos os bruxos, porque sempre haverá um bruxo disposto a te seguir e sempre haverá uma vida a ser paga por seus atos, seja em presente, passado ou futuro.

Eu perdera a noção do perigo, eu ignorava o peso do vira-tempo, e agora eu deixara o ódio fluir e falar por mim.

- Eu fiz isso por que você estragou minha vida, por que você é meu pai e porque o ódio que sinto por você ultrapassa o tempo, eu faria tudo novamente.

- Você não me odeia - disse Tom soando tranquilo como se fosse apenas uma conversa normal, não se deixando abalar pela varinha que estava apontada direto para seu coração. Se é que ele tinha um.

- Sim, Tom, eu te odeio. Mais do que posso dizer - eu não sabia como, mas assim como a voz de Tom, a minha soou tão tranquila como se aquilo não estivesse acontecendo, como se fosse apenas um sonho.

- Tem certeza minha lady? Não é isso que suas atitudes têm revelado.

Eu o odiava, eu tinha certeza. O garoto de dezessete anos parado a minha frente poderia no futuro ser meu pai, e mesmo assim eu o odiava. Odiava quem ele era e quem ele viria a ser. Odiava seus olhos cinza, seus cabelos sempre arrumado, seu sorriso tão cínico, sua voz suave.

- Adeus Tom.

Eu sabia o maldito feitiço. Já o tinha usado antes. Por que agora eu não conseguia? Eu não tinha mais tempo, eu não teria outra chance como aquela, eu apenas tinha que fazer, eu apenas tinha que matá-lo.

- Se fazer isso... - começou ele, sorrindo ao ver que eu não era tão confiante quanto parecia -... Você não existirá no futuro. Você não voltará.

- Você acha que eu ligo para isso, Tom?

- Tão nobre... - disse ele com um suspiro - Sabe, Annabelly, temos muito mais em comum do que apresentamos - não temos, pensei, você diferente de mim, é um monstro– Você quer me matar, logo eu, que em alguns anos virei a ser seu pai. E eu, matei meu pai. Estará no sangue esse desejo de matar nossos pais? - perguntou ele de forma irônica com aquele seu sorriso sínico no rosto.

Ao longe se ouvia vozes tumultuosas. Eles estavam vindo. Era agora ou nunca. Ou eu fazia, ou toda vida que eu deixei de lado para cumprir essa missão seria em vão.

- Ande Annabelly, faça. Se você tem coragem, faça - como eu o odiava. Odiava com todas as minhas forças.

- É você quem pede Tom.

Apertei com mais força a varinha nas mãos, pronta para lançar a maldição, mas antes que eu a pronunciasse, ele disse:

- Mas não se esqueça. Você fará isso por seu amado Teddy Lupin, que pena. Num mundo onde eu não existo, não haverá caos o suficiente para os pais de seu amado se conhecerem. Assim como eu, e assim como você, Teddy Lupin também não existirá.

Um mundo onde Teddy não existiria? Meu coração bateu apertado contra meu peito, e a calma que eu sentia começou a se esvair de mim. Eu não ficaria em paz sabendo que Teddy não iria existir. Um mundo não seria mundo sem Teddy. E tudo que eu fiz, toda a provação que eu passei foi por ele, somente por ele. Mas... Mas... Do que adiantara? Se fosse para haver um futuro em paz era para Teddy estar no meio. Se fosse para evitar a guerra, era para Teddy ficar com seus pais. Se fosse para eu destruir Tom, era para Teddy continuar vivo.

- Na vida, ao contrário do xadrez, o jogo continua depois do xeque-mate. - disse Riddle com seu sorriso cínico nos lábios. E diferente de todas as vezes que jogávamos juntos, dessa vez, fora ele quem dera o xeque-mate.


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Notas finais do capítulo

Espero que vocês tenham gostado meus lindos, e se vocês comentarem muito eu já posto o próximo. Mas agora estamos no momento crucial da fic, o que vocês esperam do final? Final feliz? Trágico? O capítulo foi como esperavam? Bom, não deixem de comentar, quero muito saber o que acharam, beijinhos.