A herdeira do Lorde II escrita por letter


Capítulo 21
Capítulo 19 - Gaunt's ring


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores, desculpem a demora, último bimestre, último ano letivo, vestibulares, enem (...) Em suma, vida corrida por agora, mas aqui está o capítulo.
Daqui pra frente começamos a contagem regressiva pro fim da fic o// Bom, o capítulo está sem grandes emoções, porém ele é m-u-i-t-o importante pro final.
Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/163119/chapter/21

O dia amanheceu e eu ainda não havia nem ao menos fechado os olhos para descansar.        Algo dentro de mim se agitava de modo estranho, eu estava frenética e inquieta e tinha certeza de que todo meu plano e todo o auxílio que Minerva me oferecera nos últimos dias seria colocado à prova agora, mostrando resultado, ou mostrando que tudo fora em vão.

        Em todos os anos nessa mesma data eu sempre acordava no mínimo animada, tendo a certeza de que teria um dia cheio de fartura e presentes, e por mais que eu nutrisse aversão por eventos sociais eu adorava o Natal. A única data em que por incrível que pareça eu me sentia de alguma maneira bem comigo mesma, como se eu tivesse a certeza de que cada pequeno problema ficaria de alguma forma bem.

        Mas não esse ano.

        Quando decidi que já havia ficado na cama amontoada com os cobertores tempo o suficiente me levantei e fiz minha higiene matinal, escolhi um pesado par de vestes para me proteger da nevasca que havia assolado toda a região e desci para o Salão Comunal.

        Como um todo, Hogwarts estava extremamente sozinha. Todos os alunos saíram para as férias de Natal com uma euforia que eu já não conhecia há muito tempo, mesmo os alunos que nunca antes haviam passado um Natal longe de Hogwarts esse ano decidiram passar com a família, tanto nascidos trouxas para comemorem o fim de um regime nazista que assolava toda a Europa, como bruxos de puro sangue para comemorarem a queda de Grindelwald, ou como na maioria dos casos, para comemorar a vinda de uma época que prometia ser pacífica.

Bom, mal imaginavam que essa pacificidade tão esperada logo poderia ser quebrada por Tom Marvolo Riddle.

        Poderia, porque eu não permitirei.

        - Feliz Natal. – cumprimentou um Tom Riddle sereno, com um sorriso no rosto sentado no tapete de veludo negro ao lado da lareira enquanto eu adentrava o deserto Salão Comunal, os únicos dois órfãos que não tinham família para poderem ir passar o Natal, e ironicamente éramos uma família.

        - Pensei que não gostava de comemorações universais. – falei caminhando para seu lado e me sentando no chão de frente para ele.

        - Normalmente pessoas que não têm família não gostam dessas datas. – ele deu de ombros. – Porém esse ano é diferente.

        De alguma forma aquilo poderia ter soado com um duplo sentido, mas apenas sorri e assenti respondendo:

        - Feliz Natal.

        - Precisamos resolver nossos sentimentos minha Lady. – murmurou Tom Riddle colocando a palma de sua mão em meu rosto. A atitude me pegou totalmente desprevenida, e por um momento a voz me abandonou. – Estão confusos demais em minha cabeça. – confessou ele.

        - Estão? – perguntei engolindo em seco.

        - Estão. – ele assentiu. – Sinto uma grande vontade de protegê-la e instruí-la, deixá-la ao meu lado a todo momento, isso parece certo, mas também sinto desejo Annabelly, sou homem e como tal tenho minhas necessidades, porém um sentimento de culpa me consome ao olhar para você e te desejar com tamanha intensidade.

        Outro golpe vindo na cara sem aviso prévio.

        - Tom... – murmurei baixando a cabeça. O que eu poderia dizer? Responder que sinto repugnância a ele, mas ao mesmo tempo sinto vontade de satisfazê-lo de uma forma com a qual ele vá se contentar e se orgulhar de mim? Eu não poderia dizer isso. – Mestre, acho que você apenas está confundindo as coisas.

        - É uma forma gentil de dizer que não sente o mesmo? – perguntou ele levantando minha cabeça com o polegar em meu maxilar.

        Na verdade era uma forma de dizer que ele era meu pai, e como meu pai era natural sentir que deveria me proteger e se recriminar por me desejar, mas ainda não estava na hora de ele saber disso. Ainda.

        - Eu não sei. – balancei a cabeça.

        - Tudo bem minha lady, tenho pendências a resolver no  dia de hoje, vou deixar que fique pensando durante a tarde em solidão, voltaremos a conversar e colocaremos todos os sentimentos em ordem.

        - Pendências? Em pleno Natal?

        - Você não quer saber detalhes. – me garantiu ele.

        Assenti.

        - Porém não deixaria minha lady sem um presente, e quem sabe ele não a ajuda pensar?

        - Tom, não precisava... Digo, eu não comprei nada para você. – desculpei-me.

        - Também não comprei minha lady. Na verdade passei a noite em claro imaginando o que seria bom o suficiente para te dar e cheguei a conclusão que seria algo que não tem preço.

        - Tipo o que?

        - Tipo um pedaço de minha alma.

        Pisquei algumas vezes até entender o que Riddle queria dizer, mas antes que meu cérebro conseguisse raciocinar de forma coerente, Tom puxou minha mão direita e no dedo anelar colocou o anel. O anel era trabalhado em ouro, com uma pedra negra o enfeitando que mostrava o desenho de um triângulo, um risco e um círculo. O símbolo das Relíquias da Morte.

        Prendi a respiração quando me dei conta das palavras de Tom e do anel em meu dedo.

        Aquilo não estava acontecendo. N-Ã-O.

        - Mas esse anel... – balbuciei.

        - Encontrei ele na casa de minha mãe. – contou Tom.

        - Imaginei que você não a conhecia. – murmurei absorta no anel.

        - Não a conheci, ela morreu quando nasci. Porém consegui descobrir mais sobre meu passado utilizando o nome Marvolo, uma vez que nada constava sobre o nome Riddle, e com isso descobri a tal casa onde minha mãe morava... Estava abandonada, não totalmente, apenas aparentemente, havia alguém lá.

        - Havia? – dessa parte da história eu não sabia, e me vi muito mais interessada nela do que poderia imaginar.

        Tom suspirou e olhou para as chamas que crepitavam na lareira.

        - Há um ano quando eu descobri a casa imaginei que ela seria de meu pai, imaginei que meu pai era um bruxo... Mas quando cheguei lá havia sim um homem, porém quando ele me viu começou a praguejar em uma língua diferente, ele era ofidioglota, perguntou o que eu havia feito a sua irmã, Mérope, e perguntou como eu não havia envelhecido, mas quando respondi na mesma língua ele se assustou e percebeu quem eu era. O filho de sua irmã.

        Tom continuou com os olhos fixos nas chamas e elas se refletiam em seu olhar, como se ele estivesse realmente mergulhado na lembrança.

        - Disse que eu era a cara do trouxa do meu pai, e isso me pegou de surpresa. Ele era meu parente, não queria ter de fazer nada contra ele, veja bem, era o primeiro familiar vivo, talvez o único, que eu tive a chance de encontrar durante toda a vida, mas ele disse que meu pai morava ali perto, e nisso eu não acreditei. Digo, se meu pai estava vivo, por que não me procurou? Por que me deixou crescer em um orfanato? Só vendo eu acreditaria e da casa do meu tio fui para a do meu pai. Um jardineiro me convidou a entrar com um pouco de persuasão e magia e quando vi como era a casa de meu pai e como era sua vida uma raiva cresceu dentro de mim. Ele tinha condições de me criar, não havia desculpas pelo o que fez.        Dentro estavam ele e meus avôs, e quando eu o vi eu pensei que estava olhando no espelho...        Seu rosto era meu rosto. E a raiva só cresceu. Quando ele me viu praguejou contra minha mãe e perguntou como o havia encontrado, ele iria falar mais, porém o matei antes que pudesse dizer mais e logo meus avós. Voltei para casa do meu tio, pensando em oferecer a ele o mesmo destino, mas eu não iria derramar o sangue puro de um bruxo, apenas peguei o anel, como uma lembrança, mas eu não deixaria meu tio impune. Garanti que ele fosse incriminado pelo assassinato de meu pai e sua família trouxa. No outro dia ele foi levado para Azkaban e está lá até hoje.

        Tom Riddle piscou algumas vezes, como se voltasse à realidade e se virou para mim.

        - Foi assim que consegui o anel. – disse simplesmente, como se tivesse acabado de contar uma historia bonita e romântica.

        - Você matou seu próprio pai. – falei olhando para o anel.

        - Você faria o mesmo se ele fosse seu pai também. – afirmou Tom Riddle sem saber o quanto ele estava certo sobre isso.

        - Eu... Eu não tenho nada para dar em troca. – respondi por fim, pensaria nessa história mais tarde.

        - Apenas cuide dele como se cuidasse de uma vida, ele é... Especial. – com certeza era, mas não por sua história e pelo modo como o conseguiu. O anel era sua Horcrux, a primeira da qual ele tinha certeza que realmente criara.

        - Vou cuidar. – prometi.

        Tom assentiu e se levantou, selou meus lábios rapidamente com os seus.

        - Tenha um bom Natal. – e assim ele saiu do salão comunal, me abandonando com o calor da lareira e uma parte de sua alma nas minhas mãos.

        Reprimi a vontade de vomitar com o sentimento de que havia conseguido realizar a parte mais difícil de meu plano sem grandes esforços. Era inacreditável, realmente era. Saltei e corri para fora do Salão Comunal, subi todas as escadas numa velocidade incrível até o Salão         Comunal da Grifinória, do qual eu estava ciente da senha ao entrar.

        Sentados próximos à uma árvore de Natal estavam Minnie, Otto Wood, Augusta         Longbottom, Muriel e Septimus Weasley, até mesmo Dorea que fingira para toda Sonserina que fora para casa nas férias de Natal, mas que se mudara temporariamente para a torre da         Grifinória, onde Minnie e seus amigos se mantinham escondidos da presença de Riddle. Ele realmente pensava que apenas os dois pobres órfãos estavam no castelo.

        - O que foi Belly? – perguntou Minnie assustada ao me ver entrar ofegante no Salão.

        - Eu consegui. – ela fez uma careta, assim como todos os outros, então levantei a mão e mostrei o anel negro em meu dedo anelar. – Eu consegui a Horcrux.

        Os sete se levantaram num pulo, largando todos os presentes que seguravam no chão.

        - Como? – perguntou Dorea.

        Minnie havia me passado seu plano e eu havia aceitado logo que Teddy partira, mas precisávamos de ajuda e ela colocara todas as pessoas de sua confiança a par sobre minha real situação e sobre quem era Tom Riddle.

        - Ele me deu como presente de natal, e deixou implícito que era realmente a sua intenção que eu cuidasse de sua Horcrux. – contei.

        - Isso é inacreditável! – Charlus exclamou. – Fácil demais, talvez ele esteja desconfiando e...

        - Que seja. – interrompi. – Não sei quanto tempo ainda tenho, quanto mais fácil melhor.

        - Ela está certa. – Minnie disse se aproximando. – Agora é como iremos destruir.

        - Eu sei como. – falei. – Mas o porém mesmo é que, provavelmente, ele saberá de tudo quando eu destruir, saberá que fui eu e que vocês estão envolvidos. Já não há outra além de um diário para ser destruída, apenas as que ele ainda irá fazer, e não será possível que eu destrua elas.

        Todos me olharam confusos, até que Dorea suspirou.

        - Acho que sei o que você quer dizer.

        - Seremos incumbidos de destruir todas as outras quando você se for. – supôs Minerva, assenti com ressentimento, não queria jogar essa responsabilidade em suas costas.

        - Posso apenas dizer a vocês o que são e como se destroem, mas não posso dizer aonde estão, pois a única pessoa que sabia morreu antes mesmo de eu nascer, e sobrou apenas um outro bruxo... Seu neto Charlus. – Charlus corou e estreitou seus olhos para Dorea, eu tinha certeza que ambos queriam saber se ficariam juntos.

        - Que era esse bruxo? O que morreu? – perguntou Septimus passando a mão pelos cabelos ruivos bagunçados.

        - Dumbledore. – murmurei.

        Todos se entreolharam e logo voltaram os olhos para mim.

        - Falaremos com ele? – perguntou Augusta.

        - Vocês devem. – respondi. – Dumbledore é o único que Riddle realmente teme, depois que Tom descobrir tudo, apenas ele poderá proteger vocês e manter Voldemort longe.

        - Voldemort. – cuspiu Minnie. – Que raio de nome é isso? Riddle para mim já é repugnante o suficiente e ele vai e me arruma esse Voldemort.

        - Bom, acho que temos planos a fazer, horcruxes a destruir, vai ser um belo Natal. – brincou Charlus.

        - E literalmente não temos tempo. – completou Dorea.

        E pela primeira vez presa no passado, eu me senti entre amigos, onde eu tinha o apoio e a ajuda deles. Finalmente tudo ia dar certo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então o que acharam? Quero sugestões de finais, bom eu já planejei um final, mas nada que não possa ser mudado, afinal, vocês vivem me dando ideias maravilhosas *o* Espero que tenha gostado e até o próximo.