A herdeira do Lorde II escrita por letter


Capítulo 18
Capítulo 16 - Veritaserum


Notas iniciais do capítulo

HEY LEITORES, DUAS COISAS: a primeira delas é que houve sortudas que conseguiram incorporar a Trewlaney e adivinharam parte do que iria acontecer nesse capítulo, os sortudos já receberam o capítulo por MP ;) Obrigada a todas que se arriscaram.
A SEGUNDA COISA é que há uma prévia, feita por uma designer treinanda, quanto a fic, então vou deixar o link nas notas finais e anexar no capítulo para vocês verem. Sem mais, boa leitura.



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O que me despertou naquela manhã foi o sol que vinha da janela. Sem abrir os olhos me aconcheguei ao travesseiro e nas cobertas, tão confortável quanto jamais estive em tempos. Enquanto a consciência voltava acompanhada de lembranças, pedi secretamente para que tudo não tivesse passado de um pesadelo muito turbulento.

Então lembrei que nas masmorras não havia como o sol passar pelas janelas, pois as masmorras ficavam logo abaixo do lago, fazendo uma luz verde penetrar nas vidraças do dormitório e do Salão Comunal da Sonserina, o sol nunca nos acordava. Imaginei que talvez eu estivesse em meu quarto, na mansão do tio Draco. Talvez Astoria estivesse mandando os elfos prepararem torradas no andar de baixo, e Scorpius estivesse animado para me contar como estava planejando seu primeiro ano em Hogwarts. Logo eu encontraria Teddy no Largo Grimmauld, número 12, para o reformamos a nossa maneira, pois foi o presente de noivado que seu padrinho Harry nos deu.

Uma mão tirou uma mecha de cabelo de meu rosto, e eu me vi obrigada a abrir os olhos, abandonar minhas esperanças. Porém assim que eu os abri, queria fechar novamente. Grandes olhos azuis me fitavam preocupados, e esses olhos não faziam parte do meu presente.

– Se sente melhor? – perguntou Minerva McGonagall.

Sentei na cama e olhei em volta. Estava em um quarto redondo, com três camas. O quarto era bastante arrumado, no ar pesava com o cheiro de lavanda, e uma decoração em dourado e vermelho tomava conta de todo o recinto. Eu estava no dormitório da Grifinória.

– Eu... Eu... – olhei direto para Minerva. – Eu não sei o que dizer. – falei por fim. – O que aconteceu?

– Você chegou há poucas horas, estava acabada, com hematomas e sangue nas roupas, chorou até desabar. Te trouxe para o dormitório, por que se alguém a encontrasse naquelas condições você estaria um tanto encrencada. – disse ela séria enquanto sentava na beira da cama. – Se sente melhor? – perguntou novamente.

– Sim. – balbuciei tentando esconder a vergonha. Como pude baixar tanto a guarda com ela? Tudo bem que no futuro ela viria a ser uma grande tutora, mas agora ela era apenas Minnie. Talvez eu a fizesse esquecer daquilo. Não. De forma desajeitada me levantei da cama antes que eu deixasse meus desejos tomarem conta de mim. – Obrigada Minnie, mas eu tenho que ir.

– Belly... – começou ela.

– Muito obrigada. – repeti dando as costas para ela.

– Você sabia que fala dormindo? – parei no lugar, e olhei desconfiada para trás.

– O que eu falei? – perguntei baixo demais, quase num sussurro com receio do que ela poderia ter escutado.

– O suficiente para eu ter perguntas. – respondeu ela, indicando novamente a cama. Decidi que não iria enfeitiçar Minnie, e me vi obrigada a voltar para cama. Quando sentei notei que eu não usava minhas roupas usuais, e sim uma camisola longa de linho branco, os arranhões em meus braços adquiriram uma tonalidade rosa, já cicatrizados. Minnie havia cuidado de mim. – Eu peguei para você. – Minnie se inclinou e pegou uma bandeja sobre o criado mudo ao lado da cama. Eu não havia notado que estava com fome, até ver as panquecas amontoadas em um canto, uma maçã, e uma taça de suco de abóbora. Meu estômago roncou, e Minnie abriu um sorriso.

– Não era preciso se incomodar. – falei tomando um longo gole do suco. – O que eu disse Minnie?

– Palavras aleatórias, sem nexo. Mas você voltava a repeti-las e eu fiz a ligação.

– São apenas sonhos. – falei dando de ombros. – Não te como fazer qualquer ligação. Não tem o que ligar.

– Annabelly eu não sou burra, e eu lhe limpei, vi seu vira-tempo e essa marca em seu braço.

Involuntariamente levei a mão ao pescoço para ter certeza que o vira-tempo continuava ali. Ele estava.

– Você contou a alguém? – perguntei. Minnie negou.

– O que é essa tatuagem? – perguntou ela, suas feições estavam variando entre pena, raiva, dor, medo. Não dava para dizer o que Minnie estava pensando. Eu poderia usar Legiminência, mas por um momento achei que não era o certo a se fazer com ela.

– É o símbolo de Voldemort. – Minnie semicerrou os olhos, ela não sabia quem era Voldemort. Ninguém sabia. – Tom Riddle criou uma seita, já tem dezenas de seguidores dentro da escola, todos seus seguidores são marcados com a Marca Negra, e são denominados Comensais da Morte.

– Mas você não o deixou marcar e mesmo assim tem a tatuagem. – disse ela. Arqueei as sobrancelhas me perguntando como ela sabia disso, Minnie viu a dúvida em meu rosto e foi direto ao ponto. – Enquanto eu te observava, você disse alguns nomes repetidas vezes, Tom, Voldemort, Teddy, Alice, Ric, Cory, Bellatriz. – eu poderia discordar de Minerva, nunca passaria em minha cabeça falar de Bellatriz, eu nunca pensava em minha mãe, muito menos sonhava com ela. Mas como Minerva poderia fazer saber que eu conhecia esse nome? Ela não estava inventado. – O que faz essa seita?

– O principal objetivo se baseia em purificar a raça bruxa, eliminando todos os nascidos trouxas e traidores do sangue. Também corre uma aversão contra os trouxas por termos de nos esconder deles, e não ao contrário.

Minnie me olhava pensativa, e eu senti um arrepio correr por minha espinha e uma leve tremedeira, me ajeitei melhor na cama, tentando fazer com que as cobertas em baixo de mim emanasse calor para meu corpo, embora não estivesse tão frio quanto parecia estar. Enquanto Minnie não falava nada tomei outro gole de suco e me permiti comer uma das panquecas, estavam mornas e caíram como pano em meu estômago.

– Você é uma Comensal. – murmurou ela por fim.

– Tecnicamente sou marcada como uma, mas... – eu não deveria estar contando isso para Minerva, se alguém no passado deveria saber dessas coisas talvez era o Dumbledore, ou Dorea, afinal eu mal conversava com Minerva, apenas diálogos simples e básicos de colegas de classe e amigas em comum de Dorea. Porém, era como se eu precisasse contar tudo para ela, e antes que eu conseguisse me segurar continuei. – Mas eu não o apóio, admito que as forças das trevas são bem atrativas para mim, e admito que já fiz coisas das quais eu realmente me recrimino por ter feito, mas eu te garanto que não valorizo minha marca, não tive escolha ao recebê-la, e pretendo parar Riddle antes que isso se dissemine mais.

Minerva pareceu um tanto curiosa, e prometi a mim mesma que pensaria no fato de estar dizendo tudo que eu não deveria dizer a ela apenas mais tarde, minha prioridade agora era matar minha fome.

– O que mais eu disse enquanto dormia? – perguntei um tanto curiosa.

– Eu tenho medo do tempo, do que ele leva e de quem ele apaga.

Tirei os olhos das panquecas em meu colo e os levantei vagarosamente para Minerva. Ela me fitava com um brilho no olhar, como uma criança ao descobrir um segredo.

– Eu disse isso? – sussurrei perguntando, ela assentiu.

– Annabelly, quem é você de verdade? Não é uma trouxa que estava fugindo da guerra. Eu lembro de quando você conversou com uma cobra. De onde você veio? Por que chegou no último ano? O que pretende?

Eram perguntas, perguntas demais, e eu não podia respondê-las. Fechei minhas mãos em punho, me segurando, mas as palavras vieram sem permissão e jorraram por minha boca.

– Sou Annabelly Marvolo Lestrange, filha de Lorde Voldemort e Bellatriz Lestrange, nasci em 1998, no dia da batalha de Hogwarts. Sou a herdeira do Lorde. – apertei as pálpebras com toda força uma contra a outra e mordi o lábio com tanta força que senti o gosto de sangue na língua, meu corpo todo chacoalhava como se eu estivesse entrando em um ataque epilético. – Vim do futuro, e pretendo destruir meu pai e todas as horcruxes que ele criou, para que não haja uma guerra, para que ele não rompa o equilíbrio.

Quando abri os olhos vi que Minnie havia se afastado, estava em pé a vários passos de distância, os olhos tão esbugalhados que pareciam que iriam saltar da órbita.

– O que você fez comigo? – perguntei quase num berro, sentindo meu maxilar e têmporas inflamarem, eu não conseguia controlar meu corpo.

– Quem mais sabe disso? – perguntou ela cuidadosamente.

– O que você fez comigo? – repeti, tateando meu bolso em busca de minha varinha, quando me dei conta de que eu estava com a camisola de Minerva, e não fazia ideia de onde ela estava.

– Quem mais sabe Annabelly? – repetiu ela, ambas estávamos testando quem gritava mais alta.

– Apenas você! – exclamei levantando, Minerva levantou ambas as mãos a boca, assustada demais, me aproximei dela. – O que você fez comigo?

Minerva deu mais alguns passos vacilantes para trás. Eu a assustava.

– Eu... Eu... – ela balançou a cabeça. – Eu não consigo acreditar que isso é verdade.

De repente todas as peças se encaixaram. Os arrepios, a tremedeira, a vontade incontrolável de falar, a garganta seca me forçando a cada vez beber mais e mais suco de abóbora.

Veritasserum. – eu disse. – Você me envenenou com a poção da verdade. – conclui incrédula.

Vasculhei o quarto e vi minhas roupas surradas e sujas amontoados em um canto, me apressei em direção até elas, e sem me importar com Minerva que estava petrificada em estado de choque me fitando, me despi da camisola e me vesti com a roupa que ainda trazia o cheiro da vila trouxa destruída e minha varinha no bolso da capa.

– Você não vai ser mais um empecilho em meus planos. – avisei tirando a varinha da minha capa e apontando para ela. – Cansei de empecilhos, cansei de esperar e ver tudo dar errado.

– Vai me matar Lestrange? – perguntou ela recuperando-se do choque.

– Não me chame por esse nome. – respondi, apurando o que poderia fazer com Minerva.

– Eu não vou contar. – disse ela, e suas palavras me pegaram completamente desprevenida e de surpresa. – Juro que não, posso até lhe ajudar.

Eu queria dizer que não confiava nela, e que não precisava de sua ajuda, mas a Veritasserum ainda corria por minhas veias e eu não conseguia mentir, muito menos manter a boca fechada.

– Por que fez isso comigo? – consegui perguntar, sendo forçada a sentar na cama, minha visão embaçava e um novo acesso de tremedeira me atingia.

– Desde o dia que eu a vi usando Ofidioglossia, e as maldições que usou na aula de Defesa Contra as Artes das Trevas eu cheguei à conclusão que não poderia dormir no mesmo castelo que você. E depois de ver você naquele estado de ontem a noite eu vi que estava certa, e resolvi descobrir por conta própria com quem eu estava lidando, pois se fosse o caso...

– Você me entregaria. – concluí e ela assentiu.

– Você não pode sair do quarto enquanto estiver sobre o efeito da poção, é perigoso demais. – Minerva estava certa, e contra a vontade tive de ficar ali.

– Apenas não me pergunte mais nada. – pedi sem olhá-la.

– Annabelly...

– Você poderia, por favor, não falar comigo? – pedi virando o rosto.

Minerva não disse mais nada, e eu ouvi a porta do quarto bater. Soltei um pesado suspiro quando me vi sozinha, tentando adivinhar se aquilo seria bom ou ruim. Mas as palavras de Minerva voltaram a minha cabeça, se fixaram, e de lá não saíram. E não era preciso de Veritasserum alguma para me mostrar que eu alguma vez disse palavras tão verdadeiras, seja dormindo ou acordada.

“Eu tenho medo do tempo, do que ele leva e de quem ele apaga.”


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Notas finais do capítulo

Aqui o link, para quem não consegui se redirecionar.
http://www.youtube.com/watch?v=7-9qasc7VCw&feature=player_embedded
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Eu espero que tenham gostado do capítulo e por favor, não deixem de comentar *-* AAH, o que acharam da prévia?