A herdeira do Lorde II escrita por letter


Capítulo 14
Capítulo 12 - Stupid dream




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– Inadmissível! - exclamou diretor Dippet pelo que me pareceu ser sétima ou oitava vez, e a cada vez que pronunciava a palavra parecia que o diretor Dippet assumia um tom mais avermelhado do que o normal. - Isso é realmente inadmissível! Se chegar aos ouvidos do Ministério que uma aluna nossa porta um vira-tempo... - ele balançou a cabeça de um lado para o outro. - Nem posso imaginar o que fariam. Você é uma migrante, uma novata nesse mundo, não faz ideia de como são as coisas...

– Armando... - Dumbledore chamou o diretor, mas Dippet o ignorou.

– É ilegal, é errado, é inadmissível! Há uma enorme burocracia para que bruxos formados e com total competência tenham o direito de portar um, leva-se anos para que seja lhe dado a permissão, e você simplesmente está andando com um por aí!

– Armando... - Dumbledore que estava em pé ao lado da mesa do diretor o chamou novamente, e por uma segunda vez foi ignorado enquanto as bochechas de Dippet passavam do vermelho para o roxo.

– O que você anda aprontando com o tempo, senhorita Tonks? Todo um processo cairá sobre você! Como o arrumou e para quê? E a cima de tudo você perderia sua vaga em Hogwarts, uma das escolas de bruxaria de maior prestigio que já se ergueu sobre a crosta terrestre! Logo você, que entrou ao final do curso. Um aluno em cada século consegue isso, é um prestigio cedido a poucos, uma honra...

– Armando. - Dumbledore agora chamara mais alto e firme, e Dippet foi obrigado a encará-lo. - Me permita discordar, Annabelly Tonks ingressou em Hogwarts não por prestigio ou por sua benevolência, ela fez por si própria e merece todo o mérito por isso. E pelas bermudas de Merlin, pare de falar ao menos por um minuto e respire, você está prestes a explodir, enquanto recupere o fôlego deixe-a se pronunciar.

Dippet fuzilou Dumbledore com os olhos. É claro que o diretor não gostava que falassem com ele nesse tom, deveria ser algo “inadmissível” para o diretor, mas não disse mais nada, se sentou em sua poltrona, e desviou seus olhos para mim, esperando que então eu falasse.

Me remexi na poltrona, que não poderia ser mais desconfortável, fosse passado ou fosse futuro, e comecei a ditar toda a ladainha que eu vinha treinando a frente do espelho durante todo o dia:

– Perdões senhor, mas eu apenas descobri o que era um “vira-tempo”, quando minha companheira de quarto disse que o meu fora confiscado. Eu o usava como pingente da sorte, ganhei de minha avó.

Dippet se remexeu na poltrona e olhou para Dumbledore, como se esperasse que ele respondesse a tudo que eu disse.

– Bom, isso explicaria muita coisa. - murmurou Dumbledore pensativo, mexendo em sua barba que começara a crescer. - Digo... A senhorita diz ser filhas de trouxas, porem foi designada a uma casa onde apenas mestiços e sangues puros pisaram até hoje, e se você diz herdar essa peça rara de sua avó pode ser que em algum ponto de sua árvore genealógica houve alguém que nascera bruxo.

Tudo bem, sem perceber eu acabara de matar dois diabretes com um feitiço. Dippet não poderia me acusar de nada, enquanto Dumbledore encontrara a explicação perfeita para ser aluna da Sonserina.

– Vendo por esse lado... - murmurou Dippet contra gosto.

– E quanto a meu vira-tempo? - ele era simplesmente a chave para eu voltar para casa, do que adiantaria completar minha missão e continuar presa no passado? Eu precisava do meu vira-tempo.

– Sinto muito senhorita Tonks, mas é um objeto mágico de demissões imensas, e mesmo que eu queria devolvê-lo para a senhorita não vou poder enquanto for aluna dessa instituição.

Dippet não parecia sentir muito ao dizer isso, desesperada olhei para Dumbledore, tentando dizer que eu precisava daquilo, eu simplesmente P-R-E-C-I-S-A-V-A.

– Desculpe minha cara. - respondeu Dumbledore como se tivesse lido minha mente. - Mas assim que se formar podemos devolvê-lo sem peso de consciência. Por hora... - Dumbledore o tirou do bolso. Por algum motivo eu não pensara no lugar onde ele estava. - Isso fica aqui. - E como se fosse propositalmente Dumbledore abriu a gaveta de Dippet e vagarosamente o colocou lá dentro.

– Certo, fico feliz por finalizarmos esse assunto. - pigarreou Dippet. - Agora, se me der licença senhorita Tonks.

Levantei e com um aceno de cabeça fui seguindo até a gárgula de saída.

– Eu lhe acompanho. - se ofereceu Dumbledore. - Preciso visitar um vilarejo que foi aterrorizado por Grindelwald.

– Se nem o Ministério o encontra, você não vai encontrá-lo Albus. - murmurou Dippet mais para si mesmo do que para Dumbledore, porém Dumbledore não respondeu.

– Gellert Grindelwald. - murmurei para mim mesma, me lembrando da antiga história de que em 1945 Dumbledore o derrotou e o jogou prisão construída pelo próprio. Ele era considerado um dos maiores bruxos das trevas de seu tempo, ou do tempo de agora, ou que seja...

– Sim, o próprio. - respondeu Dumbledore. - Enquanto Adolf Hilary amedronta os trouxas, Gellert Grindelwald amedronta os bruxos.

– Hitler. - o corrigi baixo demais para que ouvisse. A gárgula se abriu para nós nos mostrando um corredor deserto, já era tarde da noite. Olhei por um segundo para Dumbledore e vi que suas feições estavam duras, mais duras do que eu já vira, pois nas aulas ele sempre era mais brincalhão até mais do que Potter e companhia. - O senhor vai derrotá-lo em breve. - falei, sem motivo aparente, apenas não queria ver Dumbledore daquele jeito, afinal eu devia uma a ele, pois ele me ajudara mais do que sabia.

– Espero que sim minha criança. - respondeu ele.

– Não, eu sei que o senhor vai. - rebati novamente, e Dumbledore parou para me olhar, mas nesse momento eu já virara para descer as escadarias e seguir para as masmorras.



O salão comunal estava abarrotado quando entrei. Pelo que entendi Sonserina havia ganhado uma partida de quadribol contra lufa-lufa. Aperitivos e cervejas amanteigada contrabandeada de Hogsmeade circulavam a vontade entre os alunos, uma vitrola amplificada fazia ressoar uma música animada por todo o salão. Me esquivei com alguma dificuldade de todos dali e segui direto para meu quarto.

Cassiopeia não se encontrava, o que não era novidade, pois vivia ao lado de Lestrange. Porém, Dorea estava prendendo os negros e curtos cabelos em um pequeno rabo em frente a um espelho, enquanto fitava-se de todos os ângulos para observar sua maquiagem e roupa. Eu duvidava que ela estava se arrumando para a comemoração da Sonserina.

– A onde vai? - perguntei amigavelmente me jogando em minha cama.

Dorea se virou para mim e com um irônico sorriso respondeu:

“Tem coisa que é melhor você não saber”.

Um gosto amargo surgiu em minha boca e todo bem estar que senti por alguns segundos atrás desapareceu.

– Dorea...

– Não Annabelly, nem vem, por favor, não estrague minha noite.

Desde que Dorea me ajudara com a carta de Alice e com as investidas de Riddle para pedir respostas, ela fizera suas próprias perguntas, pois Dorea também queria algumas explicações, e a contra gosto fui obrigada a responder que havia coisas que era melhor ela não saber. Desde então Dorea vinha ignorando qualquer pergunta que eu fazia. Mesmo que eu perguntasse “quantas horas?” ela respondia ironicamente “tem coisas que é melhor você não saber”.

Não discuti. Não faria diferença, e afinal, eu não precisava de Dorea, na verdade eu não precisava de ninguém. Não estava no passado para fazer amizades, e sim para destruir Riddle, suas horcruxes e afins. Na verdade ela estava facilitando as coisas para mim.

Dorea saiu e eu continuei jogada na cama, tentando ao menos por uma noite não pensar em nada. Mas como sempre, a sorte não estava jogando em meu time e eu caí no sono.



Tive um sonho conturbado e sem nexo. Eu via Alice sentada no parapeito de uma enorme janela, que eu sabia ser de seu quarto, fitando uma fina chuva que caía incessantemente do lado de fora.

“Volte, volte, volte”– ela murmurava para si mesma. - “Volte, volte, volte”.

“Alice”– chamou alguém e Alice se virou, a voz era conhecida. Era Richard, ele trajava um sobretudo negro e os cabelos pingavam, devido a chuva que caía lá fora, Richard segurava a porta entre aberta e suas feições estavam sérias - “Já estamos indo.”

Alice não respondeu, se virou novamente para a janela.

“Alice.”– chamou Ric novamente, com um tom alterado. - “Sem dramas agora, por favor!”

“Não vou vê-lo... Ele não nos quis no hospital, não quis nos ver, não nos deixou explicar nada e agora nos quer. Ele nos culpa por razão, nós a deixamos ir, e agora... Agora as lembranças que temos dela estão sumindo, cada dia mais, ela está desaparecendo... Volte, volte, volte.”– ela falou amargamente.

“Se ele nos chamou, é algo sério Alice.”– Ric a repreendeu.

“Volte, volte, volte...”– ela voltou a murmurar, ignorando Richard.



Por algum motivo acordei sobressaltada, como se algo me tirasse do sono. O quarto estava escuro e me coloquei sentada imediatamente, enquanto sentia o suor brotar em minha testa e minha nuca.

– Sonho estúpido. - murmurei para mim mesma.

– Muito difícil um sonho ser estúpido. - murmurou uma voz conhecida, perto demais e um arrepio correu por minha espinha. - Estudiosos da área dizem que sonhos mostra o que não conseguimos enxergar, ou muitas vezes, o que não queremos enxergar. Por incrível que pareça, alguns trouxas pensam racionalmente. - finalizou Tom Riddle.

– O que faz aqui? - indaguei às cegas, tateando meus bolsos a procura de minha varinha.

– Estou em missão de paz, Annabelly. - Riddle ascendeu os candelabros e me senti agradecida por poder enxergar novamente. - Eu tinha de encontrar uma maneira de falar contigo, já que você anda fugindo de mim. - não respondi e no silêncio pude ouvir que a música ainda ressoava do lado de fora, a festa continuava.

Riddle me fitava com um sorriso, e por incrível que pareça não era um sorriso irônico ou suspeito, era apenas um sorriso, e sobressaltei ao ver sua mão vindo em minha direção, mas ele apenas tirou uma mecha de cabelo de minha testa que se grudava ao suor.

– O que você... - comecei a perguntar, mas as palavras se entalaram em algum lugar de minha garganta, quando meus olhos encontraram um anel com uma pedra negra com um símbolo místico em seu dedo anelar.

Riddle provavelmente percebeu, pois pigarreou e puxou sua mão imediatamente de volta colocando seus olhos no próprio anel:

– Herança de família. - explicou ele. - Muito antigo, e pessoalmente, muito valioso.

Claro que era. Era sua segunda horcrux.

– Muito, é... - engoli em seco. - Bonito.

Riddle levantou seus olhos para mim e soltou um pesado suspiro:

– Perdoe minhas atitudes, não quero lhe pressionar. Eu realmente quero você como uma Comensal, mas fico bastante intrigado, por que... Para mim você é um enigma Annabelly, um do qual eu não sei como resolver, isso me frustra.

Tentei desviar a atenção de seu anel e afastar da mente um ponto importante do qual eu havia esquecido, e me amaldiçoava mentalmente por isso.

– Er... Claro, tudo bem. - respondi forçando um sorriso. Como me esqueci das horcruxes? Um dos meus principais objetivos em vir para o passado era destruir todas as que ele já fizera até o presente momento, e deixar nas mãos de alguém as instruções para destruir as próximas, caso eu não conseguisse matá-lo. E eu, simplesmente havia me prendido em outros acontecimentos e deixado isso de lado.

– Quero me redimir. - contou ele, o olhei curiosa esperando que prosseguisse, deveria ser um fato único Riddle pedir desculpas para alguém, porque em meu vocabulário alguém dizer que quer se redimir, para mim, é o mesmo que pedir desculpas. Riddle colocou a mão dentro do bolso e vagarosamente puxou um medalhão de dentro dele, meus olhos se arregalaram ao perceber que era meu vira-tempo confiscado. - Soube que Dippet o pegou e imagino que como é uma de suas únicas lembranças sobre sua família deve ser algo muito importante para você. - Riddle olhou de soslaio para seu anel, como se o que dissesse fosse por experiência própria.

– Isso trará problemas para você. - murmurei estendendo a mão para pegá-lo.

– Não vão perceber que usei um feitiço de duplicação. - disse ele, puxando o vira-tempo para trás, impedindo que eu o pegasse, o olhei sem entender a atitude. - Porém, quero algo em troca.

– Redimir não é pedir algo em troca. - rebati. - Isso se chama acordo.

– Veja como quiser, a questão é, me dê o que eu quero, e eu lhe dou seu vira-tempo e nos redimimos, ou... Bom, você quem sabe Annabelly.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo (: Por favor, não deixem de comentar. Beijos.