Visitas Inesperadas escrita por Janus


Capítulo 6
Capítulo 6




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O guarda florestal olhou novamente com os seus binóculos em direção a luz que iluminava aquela parte da floresta. Nunca tinha visto um clarão como aquele. Parecia mais com um tipo de holofote aceso horizontalmente no meio da mata.

Abaixou os binóculos preocupado. Aquela era a parte de preservação florestal para os pandas. Já estavam praticamente e extinção na China. Aquilo podia ser talvez a iluminação de algum caçador procurando caça-los. Fosse o que fosse, ele teria de investigar. Pegou o seu rifle e começou a correr desesperadamente em direção ao local. Era bom conhecer aquela parte da floresta. Evitava de ficar perdido, bem como bater de frente com uma árvore. Uma pena que tinha de manter a sua lanterna acesa, mas mesmo que houvesse luar, este não podia ajuda-lo por debaixo das copas das árvores.

Sohar observou o túnel que tinha aberto. Era circular, e, como esperado, o calor fundiu a rocha lhe garantindo sustentação. Abriu a mão direita e um globo brilhante surgiu, iluminando a escuridão da floresta. Sem perder tempo, seguiu adiante pelo túnel recém criado. No fim deste, estava uma câmara. Na verdade, era um remanescente do acesso lunar do reino da Terra. Com o passar dos séculos, um desabamento na montanha o tinha escondido completamente.

Dentro da câmara ele olhou ao redor e sofreu silenciosamente ao ver as rachaduras nas paredes e os vários pontos de desabamento que já ocorreram ali. Aquilo tinha sido escavado dentro da rocha da própria montanha, sendo que, do lado de fora, apenas um portal artisticamente decorado – hoje soterrado - era visível.

Mas a idéia original da construção ainda provava ser eficiente. O portal estava intacto. No topo da maciça porta, estavam três desenhos: Um circulo com um ponto no centro, outro circulo com uma cruz e uma lua crescente. Sol, Terra() e Lua, representando a união simbólica dos três mais antigos poderes do Sistema Solar.

Hoje, apenas o poder da Lua ainda era utilizado. Por Serena. Fechou os olhos e, respirando fundo, começou a tocar em partes daquela porta feita com algo parecido com pedra. Ninguém veria nada de especial nos locais em que ele tocava, mas, a cada toque, um som era audível. Ele fez o último toque e aguardou. Um circulo brilhante surgiu no meio da porta. Ele tocou sua mão espalmada neste e, após alguns instantes, a porta desapareceu, revelando, atrás de si, uma paisagem desolada e vazia. As ruínas do Milênio de Prata na Lua.

Hesitou um pouco antes de atravessar o portal. Mesmo no futuro, não tinha tido coragem de ver como ficaram as ruínas. Mas foi só por um instante. Voltou-se para ver o túnel que tinha criado e, erguendo sua mão esquerda na direção deste, uma bola luminosa foi emitida, explodindo no centro do túnel. Isso fez as paredes desabarem, lacrando novamente o acesso àquela câmara.

Ele respirou fundo, e atravessou o portal, deixando a Terra e surgindo na Lua. Atrás de si, a porta, que era na verdade uma fenda dimensional, se fechou, deixando apenas o vazio.

Era estranho haver ar ali e nenhuma brisa. Nada para alterar a posição dos grãos de poeira. Tudo devia estar exatamente como quando o ataque tinha terminado. Olhou ao redor das ruínas e, surpreso, percebeu que não podia divisar a forma antiga da cidade. Nenhum sinal da forma de pentagrama era perceptível, nenhum sinal de construções, com exceção de tocos de pilares e tijolos de pedra espalhados, podia ser visualizado. Mas foi só no começo.

Logo, ele estava vendo as paredes reluzentes do palácio, as fontes de águas cristalinas que se espalhavam por toda parte, os belos jardins dos quais ele mesmo gostava de cuidar as vezes, naquela época. O ilusão logo se desfez e ele via, novamente, apenas destroços e poeira em vários tons de cinza.

Apesar de ser angustiante, a visão lhe mostrou aonde ir. O que ele procurava ficava em uma das câmaras ocultas no subsolo do palácio. Assim, esperando não ter outro ataque de memórias, seguiu adiante, com cuidado, pelas ruínas do primeiro lar feliz que tinha conhecido.

Na Terra, o guarda florestal apenas encontraria sinais de um desabamento, nem ao menos relatando o fato em seu relatório periódico.

- Ai meus pés – disse Amy se sentando no banco ao lado de Ray, que também estava descansando. Não esperavam que houvessem tantos rapazes desacompanhados ali – de forma que já tinham sido convidadas, cada uma, no mínimo, duas vezes para dançar. Apenas Serena ficara o tempo todo com Darien, e o próprio Darien era culpado disto.

- Até que foi uma festa proveitosa – comentou Ray para ela – Já experimentou um espetinho? Está uma delícia!

- Ainda estou bem cheia do almoço de hoje – respondeu ela – mas ainda vou experimentar um antes da sairmos. Apenas para não fazer uma desfeita.

- Não vai se arrepender – Ray cruzou as pernas no sentido inverso e relaxou um pouco o corpo – pena que Nicholas não pôde vir.

- Sei o que quer dizer. Aquelas duas estão me fazendo sentir uma solitária e tímida boba. Como elas arrumam um par de dança fácil!

- Assanhadas – ruminou Ray destilando seu veneno – agora sei porque não querem que eu saiba que estão namorando os meus filhos. Pobrezinhos...

- Ray – Amy disse divertida – você nem sabe como eles são... como pode chama-los de pobrezinhos? Como sabe que elas não estão assim devido a influência deles?

- NUNCA!!!! – gritou – MEUS FILHOS NUNCA SERÃO ASSANHADOS ASSIM! IREI GARANTIR ISSO!!!!

- Calma – Amy sorriu um tanto sem graça para ela – olha a sua pressão...

- Tem razão! Vou fazer melhor...

Ray abriu sua bolsa, e, pegando um papel e uma caneta, fez algumas anotações.

- O que está fazendo?

- Um lembrete – disse ela – para cuidar que meus filhos nunca sejam atirados como estas duas. Assim, se por um acaso nós nos esquecermos deste incidente, isso irá me lembrar.

- E porque nos esqueceríamos? – perguntou Amy curiosa.

- Tudo o que elas nos disseram já tem poder de mudar o futuro – explicou Ray – isso quer dizer que, quando voltarem ao seu próprio tempo, podem anular tudo o que fizeram aqui.

- Acha mesmo?

- Na verdade, não! Mas não quero arriscar a sublime educação de meus filhos com isso.

Amy achou prudente parar de conversar sobre aquele assunto. Olhou para as pessoas da festa e pôde ver que já haviam muitas pessoas com trajes de banho, apesar da piscina ainda ter pouca gente. Ela podia pegar um também, mas ficou meio sem graça ao ver como os trajes do seu tamanho eram reduzidos, e achou melhor não ir. Claro que aquelas duas provavelmente não se incomodariam nem um pouco em usa-los.

Desviou o olhar para a “pista” de dança e logo descobriu Serena e Darien. Serena era, sem dúvida, a garota vestida de forma mais sexy de toda a festa. Fato este percebido por todos os rapazes, mesmo os acompanhados, que recebiam alguns puxões de orelha ao torcerem o pescoço para ela.

- O Darien não desgrudou da Serena, não é mesmo?

- Ele não é louco – respondeu Ray, já guardando o papel com o lembrete na bolsa – Embora esteja... err.. muito ousada, ela realmente está linda. E aposto que, assim que ele virar as costas, outra pessoa já irá cair em cima dela. Sabe... confesso mesmo que senti inveja.

- Sério?

- Sim. Da coragem da Serena em aceitar vir assim. Acho que a única vez que ela usou este shortinho foi na praia, certo?

- É... não me lembro dela ter usado em outra ocasião – concordou.

- Ai ai... – Ray suspirou – e Lita?

- Eu a vi agora há pouco, dançando com a quarta pessoa diferente. Ela também está chamando a atenção. Acho até que alguém já deixou o telefone com ela.

- Espero que sim – riu Ray – só ela e a Mina é que estão se sentindo solitárias quando vêem Serena e Darien juntos. E a Mina já conseguiu sair com o homenageado da festa – Ray deu uma risada – Antes daquelas duas! Bem feito para elas.

- Por falar nisto... olha quem está chegando.

- Hum! – Ray fechou a cara ao ver Rini e Joynah indo na direção do mesmo banco em que elas estavam.

- Ora Ray – tentou acalma-la – você sabe que elas estão apenas se divertindo.

- Eu sei. Mas não preciso gostar disto.

Rini e Joynah sentaram-se no mesmo banco que elas. Rini parecia um pouco cansada, assim como a Amy, mas Joynah demonstrava ainda ter grande vigor.

- Divertiram-se? – perguntou Amy para elas.

- Sim – respondeu Joynah – bastante.

- Já conseguiram ser "caçadas"? – perguntou Ray tentando soltar uma alfinetada.

- Até que foi rápido desta vez – disse Rini – recebemos a primeira cantada em quarenta segundos.

- É... – disse Joynah sem muita alegria.

- Porque parece que estão chateadas?

- Olha Amy.. vamos deixar isso para lá, tá bom? A gente dançou, brincou, fingiu não ter namorado, arrumamos uma noite inesquecível para Serena, enfim, fizemos quase tudo o que queríamos.

- Quase? E o que não conseguiram?

- Não é da sua conta Ray!

Ray ficou um pouco pensativa. Súbito, começou a ouvir alguém cantarolando. Olhou em direção a voz e viu Mina, usando um maiô, se aproximar delas.

- Não acredito que ela vai fazer isso – comentou Joynah com os olhos arregalados.

- Pode acreditar – disse Rini.

Assim que ela chegou mais perto, Ray pôde entender o que ela estava cantando...

- Eu fui a primeira, fui a primeira....

Mina ficou dançando com os braços para cima diante das duas, depois foi em direção a piscina, ainda cantarolando...

- Ela foi a primeira no que? – perguntou Amy para as duas.

- Nada – responderam elas com uma frieza que a assustou.

Ray olhou para Amy e não pode evitar de comentar sarcasticamente.

- No que quer que Mina tenha sido a primeira, pode ter certeza de que essas duas foram as segundas....

As duas mostraram a língua para ela, antes de ficarem de cara fechada novamente.

- Não acredito que ela conseguiu participar de gaiata na nossa brincadeira – comentou Joynah para Rini.

- Humpft! Se bobear, foi ela quem inventou isso de ser a primeira a conseguir algo em uma festa.

- Como?!

- Há Amy. A gente tem mania de disputar coisas bobas. Tipo assim, o primeiro olhar, quem consegue primeiro dançar com alguém, essas coisas.

- E, desta vez, já tínhamos concordado de manhã que a vencedora seria o primeira que fosse tirada para dançar.

- Por isso que vieram vestidas tão assanhadas assim – comentou Ray.

- É.. foi. E aproveitamos para dar algum brinde as nossas mães também – confessou Rini.

- E o que aconteceu? Porque a Mina veio aqui e ficou repetindo que tinha sido a primeira?

- Bem... é que a vencedora tem  o direito de humilhar as perdedoras...

- Parece que a Mina já andou brincando disto... – disse Amy pensativa.

- É...

- E pior foi que não era para ela participar! BUAAAA!!! – disseram as duas ao mesmo tempo.

Ray levantou-se lentamente e ficou diante das duas. Pegando nas mãos das delas, ela as olhou com ternura e disse.

- Olha meninas – disse em tom amável – agora que eu sei disso, eu... gostaria de dizer uma coisa para vocês...

- O que?

Ray olhou para baixo por alguns momentos com um leve sorriso.

- BEM FEITO!!!!! – gritou ela com uma expressão de escárnio – ai! Vou dar os parabéns para a Mina – e saiu saltitante de lá em direção a piscina. Amy fez de tudo para não rir.

As duas acompanharam Ray com os olhos por alguns momentos, os rostos demonstrando incredulidade.

- Eu vou matar ela! – disse Rini

- Pegue uma ficha e espere a sua vez – tornou Joynah.

- Ora, ora... se não são as rainhas da festa!

- Amy olhou em direção a voz e viu Haruka e Michiro. Ambas estavam vestidas para a festa, mas sem nenhuma extravagância.

- Olá – disse Rini sorrindo para elas – eu não vi vocês em parte alguma. Chegaram agora?

- Na verdade – respondeu Michiro – chegamos no começo da festa. Estávamos conversando com o senhor Yutsama.

- Mas agora eu me arrependo de não te-las visto antes... estão realmente espetaculares. Lindas mesmo.

- Haruka.... – chamou Michiro em voz baixa para ela.

Rini e Joynah deram uma rápida trocada de olhares.

- Ha – disse Rini – esse elogio merece recompensa.

Sem nenhuma cerimônia, puxou Haruka e começou a dançar com ela. Michiro não sabia se ficava enciumada ou se ria da cara de surpresa de Haruka.

- Cuidado Michiro – disse Amy – Rini está destruindo corações hoje...

Michiro a ignorou. Percebeu que Haruka estava sem o controle da situação. Mas não precisava também dar tanta corda para aquela menina.

Depois de quinze minutos, Rini trouxe Haruka – ainda dançando – para perto de Michiro. Ela fez um movimento como o de passar o par para outra pessoa e, para a surpresa de todas ali, Joynah entrou na frente de Michiro e novamente levou Haruka para dançar.

- EI!!!!! – reclamou ela.

- Ela dança divinamente – disse Rini para Michiro.

Amy achou curioso Rini e Joynah estarem fazendo isso com aquelas duas. Era quase como se... já as conhecessem, e soubessem como irrita-las.

Meio contrariada com a provável brincadeira, Haruka resolveu aproveitar e intimar aquela chata que a tinha pego.

- Você dança bem... sailor Terra, não é?

- Você quem me ensinou – disse ela com um sorriso amável e a encarando nos olhos – Urano.

Ela não esperava por aquilo. Além de não ter se perturbado com a sua pergunta, ela conseguira inverter a situação. Resolveu tentar novamente para ver se podia perturba-la, e assim arrancar alguma informação útil.

- Serena é sailor Moon, não é?

- Sim, as duas Serenas...

- Duas?

Olhou para ela e sorriu novamente do mesmo jeito amável.

- Aquela que todos chamam de Rini, na verdade também tem o nome de Serena, e é a sailor Moon do futuro, nossa princesa. Acha mesmo que nós acreditamos que vocês seriam burras para não pegar aquela história boba da Serena de sermos colegas de uma mesma escola e juntar com o fato de Anne ser filha de Michiro? Não pense que herdamos a inocência de nossas mães não... Bom, só um pouquinho.

- O que estão fazendo aqui?

- Como Anne deve ter dito, fomos pegas em uma fenda dimensional e aterrissamos aqui. Sohar esta apressando nossa volta. E nós não iremos interferir nem com vocês, nem com as outras. Portanto, pare de tentar pegar informações que ainda não possuem. Ou vou fazer Michiro ficar te enchendo a paciência.

Que atrevida! Quem aquela criancinha pensava que era para falar assim daquele jeito?

- Gostaria de ver você fazer isso.

- Foi você quem pediu – disse ela com um sorriso malicioso.

Sübito, Joynah a abraçou com força e pousou a sua cabeça em seu peito, como se tivesse recebido um elogio muito encantador dela. Haruka, assustada, tentou afasta-la de si, mas não conseguia. Ela não podia mover os braços daquela menina que a abraçava. Não tinha forças para tanto!!!

Do ponto de vista de Michiro, aquilo era um abraço apaixonado. As tentativas de tentar desvencilhar-se de Joynah, davam a impressão de que Haruka estava correspondendo ao abraço. Mesmo Amy imaginava isso.

Joynah calculou meticulosamente o tempo. Sabendo que Haruka iria gritar com ela para que a soltasse, ela, espertamente, parou com o abraço e a conduziu dançando para perto de Michiro, que olhava para ambas com olhos cheios de tempestades.

- Michiro – disse ela soltando Haruka – eu invejo você.

Michiro apenas grunhiu algo e saiu de perto delas. Dando passadas com força.

Haruka olhou impressionada para a jovem Joynah. Ainda não acreditava que aquela menina tinha tanta força.

- Eu avisei – disse ela sorrindo.

Ela abriu a boca para falar algo, mas logo mudou de idéia e correu atrás de Michiro.

- Michiro! Espere! Essas duas nos aprontaram uma brincadeira...

- E parece que você gostou – puderam ouvir a resposta dela.

Joynah e Rini olharam uma para a cara da outra e caíram na gargalhada. Finalmente, se vingaram da humilhação que aquelas duas fizeram para elas no futuro. Embora, não tenham sido assim, muito justas na vingança...

- Vocês gostaram disto, não e? – disse Amy olhando para elas.

- Desculpa...  – disse Joynah ainda rindo – a gente não pôde evitar.

- E nem me convidaram para participar – disse ela de forma tristonha.

As duas pararam de rir e olharam impressionadas para ela.

- Deviam ver suas caras – disse ela sorrindo.

Primeiro, foi a Mina, depois a Ray. Agora até a Amy conseguiu brincar com elas? Deviam estar perdendo o tato.


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