Visitas Inesperadas escrita por Janus


Capítulo 5
Capítulo 5




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Em uma sala escura com uma estranha atmosfera de sombras, um telefone toca. É atendido pela mão de uma bela jovem, que está manuseando um computador.

- Professor? Sim, já tenho o próximo candidato. Ele vai estar em um churrasco esta noite. Sim, eu tenho certeza.  Pode confiar em mim senhor...

- Mãe, chegamos! – disse Serena assim que entrou em casa.

- Boa noite, meninas – disse sua mãe saindo da cozinha – como me avisaram que iriam sair, não preparei nada para o jantar de vocês.

- Tudo bem mãe, obrigada. – disse Serena a beijando na face.

- Cadê a minha... irmã? – perguntou Rini para a mãe de Serena.

- Ela passou mal a tarde e Darien a levou ao médico. Já está tudo bem, ela está descansando na casa dele agora. Seu tio já foi busca-la.

- Passou mal?

- Comeu muita porcaria e teve uma dor de barriga. Crianças, sempre sapecas.  – disse ela enquanto voltava para a cozinha.

- Bom, vou deixar isso no quarto dela.

Rini abriu o saco que tinha pego na casa de Lita – e que não tinham permitido que Serena visse o conteúdo – e tirou um lindo bebê coelho de dentro dele.

- Ai que lindo!!!!

- É para a minha “irmãzinha”! – disse Rini com o nariz empinado enquanto subia as escadas.

- Como você conseguiu isso? – perguntou Serena a seguindo.

- Joynah ganhou vários bichinhos para a gente no fliperama.

- É??? Espera ai!!! Onde vocês conseguiram o dinheiro?

Rini olhou para ela de uma forma sapeca e disse em voz baixa.

- Vovó me deu de manhã...

- E os outros bichinhos? – perguntou Serena a seguindo novamente – eu quero ver! Onde estão?

- Na casa de Lita – respondeu ela.

Rini entrou no quarto de sua versão mais nova e colocou o coelho na cabeceira da cama. Logo depois, foi para o quarto de Serena e abriu o seu armário.

- O que você pensa que está fazendo? – perguntou ela.

- Ora, pegando uma roupa. Não quer que eu vá a festa com esta aqui, não é? Já a usei o dia inteiro.

- Há não! De jeito nenhum! Minhas roupas você não vai usar mesmo!!!

- Não seja egoísta, Serena.

- Mas eu também quero ficar bonita! – bufou ela – e você, com certeza, vai pegar a melhor roupa que eu tenho.

- Então, pegue você primeiro – disse ela – assim não vai me acusar de me aproveitar.

- Hum... – pensou ela – está bem. Mas não me venha a dar palpites!

- Se liga, moça! Fique a vontade que eu vou tomar banho.

- Ótimo – disse Serena.

Serena abriu o seu armário e começou a ver o que iria vestir, quando se tocou e murmurou.

- Ela disse mesmo “se liga, moça”?

- Minha filhota – disse Lita assim que ela saiu do banho – a dispensa está cheia! De onde vocês tiraram toda aquela comida que nos levaram no almoço? Alias, de onde veio toda esta comida que está aqui agora?

Joynah ficou olhando abismada para ela, ainda na porta do banheiro, apenas com a toalha em volta do corpo. As pontas de seus longos cabelos molhados tocavam nas suas costas, na altura da cintura, lembrando-a de como a noite estava começando a ficar fria.

- Joynah? – chamou ela ao perceber o estado em que se encontrava – tudo bem?

- Sim... – respondeu ela formando um sorriso – é que... você acaba de me tratar exatamente como no futuro – seu sorriso então terminou de se formar, muito simpático e inocente.

- Foi? – disse Lita olhando para o vazio – nem percebi.

- Você me chamou de filhota... sua filhota.

- É mesmo... – concordou Lita pensativa – de onde será que eu tirei isto?

- Eu não sei – disse ela se dirigindo ao quarto para secar o cabelo – mas gostei.

- Espere ai mocinha – disse Lita, fingindo cara de brava – ainda não me respondeu.

- Bem... antes de irmos ao templo, nós resolvemos dar uma olhada nas peças que estavam passando, ao lado da casa onde vai ter o churrasco. E acabamos fazendo uns servicinhos lá perto e cobramos em comida.

- Servicinhos?

- É – disse ela divertida – a gente não tinha dinheiro para comprar mais nada, e Anne viu um homem desesperado precisando de ajuda. Nos oferecemos e falamos que iríamos cobrar em mantimentos. Ele adorou.

- Que tipo de serviço?

- Limpamos o jardim, tiramos folhas da piscina dele, e outras coisas. Foi rápido! Terminamos em uma hora.

- Hum... quanta independência – murmurou ela – bom, fico satisfeita de ver que você se vira muito bem sozinha.

- Igualzinho a minha mãe – disse ela, prosseguindo em direção ao quarto.

Lita sorriu e balançou a cabeça de um lado para o outro. Mesmo sabendo que Joynah seria sua filha, ela a considerava mais como uma irmã. Pelo menos agora, nesta época. Era incrível como se parecia consigo mesma, incluindo a simpatia.

- Mã... Lita – disse Joynah de dentro do quarto – posso escolher a roupa para usar na festa?

- Claro que sim, eu já separei o que vou usar. E você já pagou por isso com estes mantimentos... – sorriu antes de terminar - ... filhota!

- Obrigada!

Lita deu mais uma olhada na cozinha para ter certeza de que tudo estava limpo e no lugar – não acreditava que elas tinham feito toda aquela comida e ainda deixado a cozinha impecável. Assim que ficou satisfeita, despiu-se e foi tomar banho também, enquanto Joynah se vestia no quarto.

Ela não queria lavar o cabelo, mas, ao ver como estava ficando oleoso, viu que não tinha escolha. Gastou meia hora a mais do que pretendia para isso. Não queria chegar muito tarde, e Mina e Ray já deviam estar lhe esperando na porta do prédio. Saiu do banheiro apressada com a toalha mal enrolada na cabeça e foi direto para o quarto. O vestido que ela tinha separado ainda estava na cama, e, já sem surpresa alguma, notou que nada no quarto ficou desarrumado enquanto Joynah ficou procurando pela roupa que iria querer usar. Alias, onde ela estava? Será que já tinha descido?

- Joynah? – chamou ela enquanto pegava algumas roupas íntimas na cômoda.

- Estou na cozinha – ouviu sua voz – estou fazendo um lanche.

- Mas já está com fome? – perguntou ela, enquanto pulava em um só pé para vestir a calcinha.

- Como aquelas duas pestes falaram, eu como muito. Na verdade, o equivalente a três pessoas normais. Foi por isso que aproveitei para conseguir toda essa comida. Do contrário, eu iria lhe causar um prejuízo daqueles.

Pelo som da sua voz, ela já devia estar mastigando alguma coisa.

- Tem comida bastante para um mês – disse Lita ajeitando a toalha que se soltou enquanto pulava – não se preocupe.

- Para mim, só vai durar uma semana. Por isso que peguei dez quilos de peixe. Se eu comer só isso, meu consumo é mais próximo do normal.

- É mesmo? – perguntou Lita enquanto olhava para o seu vestido e pensava se iria usar um sutiã ou não – Por que isso?

- Não sei – respondeu ela novamente com a boca cheia – só sei que, quanto mais natural a comida, mais ela me sustenta. Quer dizer, muito mais do que seria de se esperar.

Lita decidiu não usar o sutiã. Iria deixar pregas no vestido e o caimento não seria contínuo. Além disso, ele ficaria visível por trás, devido ao corte deste.  Rapidamente o vestiu e se preparou para secar o cabelo e pentea-lo.

- Filhota – disse ela e então percebeu que já estava se acostumando a chama-la assim – não quer ir ver se Mina e Ray já estão nos esperando?

- Eu já fui – disse ela – aproveitei e levei um tira gosto para elas, há coisa de dez minutos. Quer ajuda com o cabelo?

- Obrigada, mas eu estou tão acostumada a fazer isso que é praticamente automático. Daqui a cinco minutos eu estou pronta.

- Já pensou em mudar o visual?

Lita notou que a voz estava mais próxima, provavelmente já dentro do quarto. Deu uma olhada em direção a ela e soltou o secador de cabelo na mesma hora, ao mesmo tempo em que sua boca bateu em seu peito, de tanto que a abriu.

- Jo-Joynah?

Joynah estava usando uma das suas calças jeans, e esta estava muito apertada no corpo, delineando perfeitamente suas pernas e cintura. Usava um cinto de couro por cima das pregas da calca, com uma corrente pendendo do centro – isso não era dela – a camisa que estava usando era xadrez azul do tipo de dar um nó na frente, deixando sua barriga – e umbigo – a mostra, sem contar a ênfase que dava aos seus seios. Tinha sido um presente do seu antigo namorado. Ela também estava levemente maquiada, apenas o bastante para realçar sua feminilidade. Mas, a maior surpresa era o seu cabelo. Joynah se parecia muito com ela por usar o mesmo tipo de penteado, tanto que Lita pensou que ela sempre se arrumava assim. Mas, agora, ela não estava com o rabo de cavalo. Seus cabelos estavam soltos, mantidos atrás da cabeça apenas por uma tiara – que ela percebeu ser a tiara do uniforme de sailor Terra que estava usando na véspera.

- Estou tão feia assim? – perguntou ela sorrindo.

- Não.. você está...  linda.

- Obrigada! – ela deu uma volta para se exibir – Espero que os rapazes da festa achem o mesmo.

- Ra-rapazes?

- Claro! Até cinco minutos atrás eu era uma garota, e acho que garotas gostam de rapazes – respondeu sorrindo.

- Mas.. mas...

- Há não! – disse ela pulando em cima da cama para ficar ao seu lado – neste tempo, temos praticamente a mesma idade e o mesmo índice de hormônios. Não venha agir como mãe para cima de mim não!

A cama rangeu violentamente em protesto a força pelo qual foi submetida, fazendo a confusa Lita se lembrar, de uma forma um tanto estranha, que devia ser devido ao peso anormal de Joynah.

- E o seu namorado?

- Ele não está aqui... – disse ela – e, além disto, eu, sempre que posso, gosto de deixa-lo com ciúmes. Para ver se ele conta logo para a mãe que estamos namorando.

- Pensei que vocês mantinham isso em segredo para não ficarmos palpitando – disse Lita um pouco confusa.

- É... essa é metade da explicação – disse ela olhando para o outro lado – mas a verdade é que a Ray acha que os filhos dela são muito assanhadinhos, e por isso fica em cima deles para, quando namorarem, não serem muito abusados.

- E eles são? – perguntou ela semi cerrando os olhos.

- Menos do que a gente gostaria – respondeu com um sorriso maroto - Ele ainda não me aplicou nenhuma mão boba.

Lita arregalou os olhos e abriu a boca.

- Estou brincando – disse Joynah rindo – mas deve concordar comigo que só ficar dando beijinho não é lá muito satisfatório.

- Mas você também deve concordar comigo que “mão boba” já seria demais.

- Hum – disse ela com o olhar atrevido – e aquele seu antigo namorado, heim?

Lita ficou corada.

- Err.. – disse ela meio sem jeito – vamos fazer um acordo: Você não me deixa ver nada, e eu não vou falar nada. Mas me conta como soube disto!!!

- Na verdade... foi puro chute!

- Err.. não conte para seu pai quando voltar, tá?

- Tudo bem – disse Joynah sem pestanejar – agora, vamos cuidar deste seu cabelo.

- Não precisa de preocupar... – disse ela – eu prefiro usar do jeito de sempre...

- Não senhora – disse ela séria, já pegando o secador de cabelos ainda ligado do chão e tomando a escova das mãos dela – hoje você vai ficar linda! Para o papai!

- Quem?!??!?!

- Fica quieta – comandou ela – e nem pense em perguntar mais nada.

- Seu pai vai estar nesta festa?

- Quem sabe? – disse ela novamente com a expressão marota – talvez eu tenha dito uma mentira apenas para você me deixar mudar o seu visual. Por um dia, ao menos.

- Talvez?

- Você nunca vai saber – continuou ela – agora, fique quieta e me deixe... – encheu o peito antes de prosseguir com voz magnânima - criar...

Ainda atônita, Lita deixou Joynah pentea-la. Observava o seu trabalho pelo espelho do quarto. Pelo mesmo espelho, olhou melhor como ela estava vestida e uma coisa começou a incomoda-la.

- Joynah?

- Mas você não fica quieta, não é? – sorriu – o que é agora?

- Esta calça que você esta usando...

- Ficou boa, não? Bem coladinha...

- É justamente isso. Nós temos quase que o mesmo tamanho. Esta calça nunca ficou tão justa em mim.

- Há... eu fiz umas pregas para ela assentar melhor.

Lita virou-se para ela e a encarou nos olhos, a boca semi aberta.

- Estou começando a achar que voc é quem é muito assanhadinha...

- Ainda não me viu disputando com Serena, opa! Vocês a chamam de Rini...

Lita pensou se Serena estava passando pela mesma coisa. Se estivesse, não pôde deixar de sentir pena dela. Embora, logo em seguida, tenha tido uma enorme vontade de rir...

Amy tentava ver por cima das pessoas se encontrava as amigas. Não agüentava mais esperar para mostrar a elas. Com certeza, ficariam tão surpresas quanto ela ficou. Pulava um pouco para ajudar na sua busca – nessas horas, é chato ser baixinha – e então as viu. Foi correndo até elas, puxando – quer dizer, arrastando - Rini e Serena pelas mãos.

– Devagar, Amy - Serena lhe dizia desesperada - vai desmanchar meu cabelo.

Mas Amy nem a ouvia, muito menos a Rini, que fazia a mesma reclamação.

- Ray, Mina - chamou assim que chegou mais perto – dêem uma olhada nestas duas. Vocês não vão acreditar...

Ficou de boca aberta ao ver com quem as duas estavam conversando. Uma era, sem dúvida, Joynah – mesmo com o cabelo diferente, podia-se ver que era ela – a outra, devia ser Lita, mas o seu cabelo...

A invés do costumeiro – e porque não dizer, único – penteado com um rabo de cavalo, Lita estava agora com o cabelo preso por duas tranças – na frente, uma de cada lado dos olhos – bem finas, apenas para dar realce e com uma fita prateada que combinava bem com o castanho deles. Atrás, eles estavam soltos e desciam lisos até a sua cintura, e, adicionalmente, - isso ela percebeu quando Lita virou a cabeça para cochichar com Joynah – havia outra trança atrás – com apenas três voltas - também apenas para dar um destaque especial.

Ray e Mina, por sua vez, também estavam boquiabertas com Rini, que também estava com o visual totalmente diferente – só a reconheceram pela cor do cabelo. Ao invés das tranças laterais, ela, assim como Joynah, deixou o cabelo liso. Deixou uma franjinha na testa com os fios de cabelo milimétricamente separados. Atrás, uma fita – sem laço – os prendia, permitindo o caimento contínuo e ordenado pelas suas costas. Suas roupas também estavam ousadas. Usava um vestido vermelho curto – muito curto, aliás – com franjinhas nos ombros – parecia um dos da Ray – e sandálias também vermelhas com tiras que envolviam suas pernas até abaixo dos joelhos.

Amy percebeu que tanto Joynah como Rini estavam se encarando, como se estivessem lançando um mútuo desafio. Uma música começou a ser ouvida, Amy não sabia bem que tipo de música era, mas podia ser dançada abraçada com um par, apesar do ritmo ser rápido.

- A primeira convidada para dançar, ganha – disse Rini em tom muito sério.

- Feito – respondeu Joynah no mesmo tom.

- Primeira convidada? – perguntou Ray não entendo aquilo.

- Coisa nossa – respondeu Joynah sorrindo – não se preocupe.

- Rini, eu já imaginava que você também tinha se produzido – disse Lita a olhando de cima a baixo.

- E parece que Joynah andou lhe dando uma força – comentou Rini em resposta – ficou linda.

- É a minha mãezinha – disse Joynah a abraçando na cintura, deixando-a levemente ruborizada.

- Joynah, assim você me encabula.

- Quem é sua amiga? – perguntou Ray curiosa.

Lita começou a sorrir, já imaginava quem seria a bela dama ao lado de Rini. Mas preferiu ficar quieta e observar a surpresa das outras.

A "desconhecida" estava muito mais ousada que Rini ou Joynah. Usava tênis com meias grossas, um shorts muito pequeno de jeans cinza que praticamente nem alcançavam as coxas – na verdade, era um mero shortinho - um tomara que caia preto e uma jaqueta pequena do tipo aberto com botões apenas de enfeite – nunca poderia ser fechada. Para completar, estava também levemente maquiada, como as outras "estrelas de cinema", seus cabelos, loiros, estavam lindamente penteados, sendo que parte deles desciam pelos seus ombros a frente, e o resto pelas costas. Uma fita também preta mantinha esta parte no lugar, e mais dois lacinhos – um de cada lado do rosto – formavam duas pequenas tranças, parecidas com as que Lita tinha – para permitir que a parte do cabelo que ficava nos ombros, tivesse dificuldade para sair do lugar. Ela estava com uma bolsinha preta na mão esquerda e parecia como que encabulada de ser medida pelas outras. Seus olhos azuis também demonstravam uma certa vergonha.

Observando melhor aquele rosto e olhos, bem como o jeito de sorrir encabulado que ela tinha, Ray percebeu.

- SERENA?!?!?!? - gritou ela impressionada – você.. você está...

- Bonita? – arriscou Rini.

- Abusada! – disse Ray nervosa – Serena, você é uma menina direita, de boa família. Como se atreve a andar assim? Como um convite a qualquer um?

Serena ficou vermelha de vergonha, mas Rini logo pos as mãos nos seus ombros e, com a cara colada na dela disse:

- Não liga não, ela está com inveja!

- Eu? INVEJA?!?

- Claro! – desafiou Rini – inveja de não ter este corpinho lindo para usar estas roupas. Não é qualquer uma que pode se vestir assim não...

- Ora... sua... sua... mal educada! Como se atreve a falar assim comigo? Moças direitas não se vestem assim! O que a mãe dela vai falar quando a vir?

- Na verdade – disse Serena – a idéia do shortinho foi dela.

- O que?????

- É – concordou Rini – ela disse que combinava melhor com a mini jaqueta. E ela tinha razão.

Rini pegou a mão de Serena e a ergueu, fazendo-a dar uma volta.

- Como conseguiu convence-la a se vestir assim? – perguntou Mina com uma ponta de inveja.

- Eu disse que se não me deixasse ajuda-la, eu seria o centro das atenções. Acho que ela acreditou quando me viu.

- Onde esta sua versão mais nova? – perguntou Lita procurando por ela – gostaria de ver como você a vestiu.

- Há... infelizmente eu.. quer dizer, ela andou abusando dos doces de novo. Está com uma diarréia daquelas. Vai ter de ficar em casa tomando líquidos.

- Ela gostou do coelhinho? – perguntou Joynah.

- Adorou – respondeu Rini – Alias, acho que é o mesmo coelhinho que tenho lá no baú do meu quarto...

- Olá meninas  - disse Darien chegando de surpresa – hum.. vocês estão lindas – disse ela observando Rini e Joynah, que estavam lado a lado – e você também – disse com certa surpresa ao ver a Lita – onde está a.... a....

Olhou para a jovem com as roupas que realçavam as curvas de seu corpo e ficou boquiaberto.

- ... S... Serena?! Você.. você... você... – ele não conseguia tirar os olhos dela – você está... quer dizer.. eu...

- Acho que ele esqueceu como se engata a primeira – comentou Joynah para Rini.

Rini apenas sorriu. Seguiu para o lado dele e, vendo que Darien ainda estava engasgado, resolveu dar uma força.

"Linda" – cochichou Rini no seu ouvido direito.

- É... está linda...

"Encantadora" – disse Joynah em seu outro ouvido.

- ...Encantadora...

"Maravilhosa" – disse Rini

- Sim... maravilhosa...

A cada elogio, Serena ficava mais e mais apaixonada. Não importava se eram dicas daquelas duas, seu amor era quem estava falando aquilo...

"Bela como o amanhecer" – sugeriu Joynah

- sim... bela como o amanhecer...

"E gostosa como nunca!" – disse Rini.

- E gost.... – Darien subitamente arregalou os olhos e encarou Rini – como é que é????

- Apenas para ver se você acordava do transe - disse ela rindo – agora, acho melhor você convidar logo minha mãe para dançar. Eu não quero voltar para o futuro e ver que acabei tendo outro pai. Dê uma olhada ao redor.

Darien olhou e viu que a maioria dos rapazes desacompanhados estavam olhando na direção deles. Mas não sabia exatamente qual das beldades eram o alvo. Talvez todas. Subitamente, ele teve um ataque de ciúmes impressionante, talvez, o primeiro de sua vida.

- Serena... não! Minha doce Serena... gostaria de dançar?

- Hoooo claaaaaroooo – disse Serena flutuando em sua direção e o abraçando.

- Quando você era mais jovem – comentou Ray baixinho para Rini – sempre que podia perturbava estes dois, lembra?

- Eu cresci – disse ela de um jeito divertido – e, além disso, minha mãe está uma gata hoje, não é?

- Com uma ajuda da filha...

- Acho que seu interesse em deixar Serena com o Darien é para ficar livre para "caçar", não é? – perguntou Lita olhando de forma inquisidora para ela.

- É.. – respondeu ela um pouco corada.

- Na verdade, é para sermos caçadas – disse Joynah sem nenhum desembaraço – e com ela por perto ia ser difícil repararem na gente.

- Eu não acredito nessas duas... – disse Ray contrariada – onde já se viu, se vestir como uma musa apenas para atrair rapazes...

- Como já avisamos, não pense que somos santinhas não...

Olharam na direção da nova voz e viram Anne se aproximando. Ela não estava muito produzida como as amigas, na verdade, parecia estar até bem normal. Usava uma saia longa até os tornozelos e, uma mini camisa com faixas coloridas.

- Nossa Anne! O que houve? – perguntou Rini.

- Mamãe é bem mais alta do que eu – disse ela contrariada – não tem quase nada que eu possa usar que me caia bem.

- Elas já estão aqui? – cochichou Joynah em seu ouvido.

- Sim – respondeu ela em voz baixa – e já sabem quem são as outras, cortesia daquela história boba da Serena sobre nós sermos da mesma escola, e de vocês serem parentes delas.

- E o que você fez?

- O que podia fazer? Nada. Apenas falei para elas pensarem o que bem entendessem.

- O que estão cochichando ai? – perguntou Ray.

- Nada não – disse Joynah rindo – apenas estamos falando dos rapazes.

- Eu devia saber!

- Opa! Me deixem entrar nesta roda! – disse Mina correndo em direção a elas.

- Plano B – cochichou Rini para as outras.

- Havia um plano A? – Perguntou Joynah.

- De quem estão falando? – perguntou Mina assim que se juntou a elas.

- Daquele menino lindo ali – apontou Joynah para um rapaz ao lado da churrasqueira – é ele quem está sendo homenageado aqui. Estávamos apostando em qual de nós ele convidaria para dançar, se nos aproximássemos dele.

- Mina olhou para o rapaz e ficou – grande novidade – apaixonada no ato. Ele era muito parecido com um jovem cantor a quem ela havia perseguido há dois anos.

- Eu estou fora – disse Anne – não estou "equipada" para isso.

- Até que você está bonita – disse Mina a olhando.

- Bonita? Estou mais sem graça que você!

- Como?! – Mina ficou injuriada – Sem graça?

- É – disse Rini – você sempre usa o mesmo penteado e o mesmo conjunto de roupas para qualquer lugar que vá. Só em ocasiões especiais é que se produz mais.

- Mas... – defendeu-se – mas por que deveria agir diferente?

- Se você quiser se sentir diferente, ter emoções diferentes, aja diferente..

- É isso ai! – concordou Anne – mas, logicamente, não se esqueça do bom senso.

- Vocês sempre se vestem assim... de forma super em festas?

- Na verdade – confessou Rini – não. É que já que esta será provavelmente a única festa da qual iremos participar neste tempo, achamos melhor tirar o melhor proveito possível.

- Há... mas como vou participar de mais festas ainda, não preciso ficar especial para esta, não é mesmo?

Rini olhou para ela no fundo dos olhos.

- É mesmo? Então vamos até lá.

- Até lá? – perguntou nervosa – err.. que tal comermos alguma coisa aaaaannttess.....?

Rini e Joynah a pegaram pelos braços e a arrastaram até mais perto do rapaz de que tinham conversado. Ele estava conversando com uns amigos quando elas foram percebidas. Mina estava encabulada.

- Olá – começou Rini – a carne está boa?

- Ora, ora – respondeu um dos amigos do rapaz – parece que os diamantes estão vindo até os mineiros.

- Você pode fazer melhor do que isso – disse Joynah com voz amável, apesar do olhar duro de quem não gostou da maneira como foi feita a comparação. Mas ela ficou lisonjeada se ser comparada a um diamante.

- Desculpe – disse ele um pouco encabulado – é que ver de repente, quatro jovens tão belas assim ao mesmo tempo deixa qualquer um meio que sem jeito.

- Está desculpado – disse Anne sorrindo. Mas ela sabia que aqueles “marinheiros” estavam com suas bússolas apontadas para aquelas duas. Ela e Mina seriam apenas as sobras.

- Vocês estão sozinhas? - Perguntou o rapaz de quem elas tinham falado antes.

- Infelizmente sim – respondeu Rini.

- A primeira que for convidada – murmurou Joynah para Anne, indicando o acordo prévio que tinham feito enquanto ela ainda não tinha chego.

- Bem eu sou Yamiko Yutsama, filho do senhor Yutsama, artista de teatro estilo kabuki. E a senhorita, como se chama?

Mina ficou sem fala quando ele se dirigiu a ela. Nunca esperava que aquele lindo homem, que, agora ela sabia, era aquele mesmo que tinha iniciado uma carreira de cantor dois anos antes, iria falar com ela.

- Diga alguma coisa – cutucou Rini.

- Eu... eu não tenho namor.. quer dizer, você não é aquele rapaz que tinha começado uma carreira de cantor há uns anos?

Ele olhou surpreso para ela.

- Sim – respondeu ele – mas foi apenas por seis meses. Você ainda se lembra?

- Mas claro que me lembro! Sua voz era tão doce, e suas músicas, tão românticas... – disse ela de um jeito apaixonado.

- Puxa, fico lisonjeado de ainda possuir uma fã – riu ele – hum... você merece uma recompensa por ainda se lembrar de mim. Gostaria de dançar?

- Claro! – disse ela quase pulando no seu colo – adoraria.

Yamiko pegou na sua mão e a conduziu até o centro do jardim, que estava sendo usado como pista de dança.

- Ela conta para o desafio? – perguntou Anne vendo suas amigas observando a cena incrédulas.

- Claro que n....

- A primeira convidada a dançar ganha!!! – ouviram Mina gritando para elas.

- DROGA! - Exclamaram Rini e Joynah ao mesmo tempo.

Não demorou nem vinte segundos para as outras três serem convidadas para dançar, mas foi humilhante terem perdido o desafio logo para a Mina...


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