Visitas Inesperadas escrita por Janus


Capítulo 11
Capítulo 11




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O tiquetaquear do teclado era constante, porém, apesar do zelo e da insistência, ela não conseguia absolutamente nada. Nenhuma informação sobre a estranha menina que podia voar. Seria ela uma sailor? Bem, tinha visto ela lutar em conjunto com as outras, mas não se vestia como estas. Talvez fosse uma alienígena amiga das sailors, ou uma sailor diferente.

Aquelas três novas guerreiras que apareceram no dia anterior ficaram martelando na cabeça de Eudial por toda a madrugada e manhã deste dia. Agora, eram dez sailors atazanando seu trabalho. Onze, se considerar aquela pequena atrapalhada como sailor.

- Mas que droga! - Esmurrou o teclado com raiva, por pouco não o quebrando.

- Algum problema Eudial?

Ela se virou assustada, e encarou a face sombria do professor.

- N-não professor – disse ela se recompondo – é apenas algo que não consegui descobrir.

- Espero que não esteja dizendo que não encontrou o candidato que possui o talismã em seu coração puro.

- Na verdade – disse ela um pouco temerosa pela entonação da voz dele – acho que talvez tenha encontrado outra coisa. O senhor não faz idéia da aparência do Enviado do Bem, não é mesmo?

- Não – respondeu – não sei. Porque pergunta?

- Hum... ele poderia ter asas?

O professor ficou um pouco em silêncio. Mesmo o seu assustador sorriso quase que desapareceu quando ela fez aquela pergunta. Pos a mão no queixo e ficou assim, pensativo por alguns momentos.

- Talvez – disse por fim – mas não há garantias disto. Novamente eu lhe pergunto: Porque?

- Como sabe, as sailors novamente atrapalharam o meu serviço, mas desta vez, haviam mais três destas.

- MAIS TRÊS? Por acaso está ocorrendo alguma convenção de sailors nesta cidade?

- Isso não é tudo. Uma delas era muito estranha. Ela não usava roupas de sailor, mas tinha um grande poder e podia voar.

- Você disse... voar?

- Sim, com asas brilhantes que apareciam em suas costas. Pareciam com asas de borboleta.

- Hum....

- Acho que pode ser o Enviado do Bem?

- É uma possibilidade – disse ele novamente com aquela expressão pensativa – mas não é certeza. Descobriu algo sobre esta pessoa?

- Fiquei a noite inteira tentando fazer isso, mas não achei nada. É como se ela não existisse. A única coisa que achei foi uma pessoa que se parece muito com ela, uma certa Lita Kino, mas ela já foi atacada por Kaoline, e não havia nada de especial em seu coração puro. Também eliminei a possibilidade de ser parente dela.

- Nenhum passado...

- O mesmo vale para as outras duas sailors que apareceram ontem. E achei que elas eram mais poderosas que as outras.

- Isso pode ser um problema. Se o Enviado do Bem já está com as sailors, então elas estão com uma grande vantagem.

- Mas talvez ela não seja o Enviado...

- Não podemos nos arriscar. Temos de tira-la do caminho o quanto antes, sendo ou não o Enviado do Bem.

- Acho que vai ser preciso um demônio bem poderoso para isso.

- Não usaremos demônio nenhum – disse ele começando a gargalhar – convocarei um... amigo meu. Ele deve ter poder suficiente para cuidar desta menina, mesmo que ela seja o Enviado do Bem.

- Amigo?

- Sim – disse ele entre uma gargalhada assustadora e outra – eu o estava guardando para uma emergência, e parece que é hora de usa-lo. Volte ao seu trabalho, eu cuido desta possível Enviada do Bem.

A sala ficou reverberando com as gargalhadas do professor.

- Gente! Estou cansada!

- Ora, ora... a incansável atleta do século XXX está cansadinha? – perguntou Anne sorrindo – só andamos uns cinco quilômetros...

- Bem, pode parecer estranho, mas... EU NÃO ESTOU ACOSTUMADA!!!! – berrou ela, já não agüentando mais elas indicarem o que ela fazia usando suas habilidades .

- Não deixe ela te enganar Joynah – disse Rini – todas nós estamos cansadas. Até ela! Além disso, ela ainda está incomodada de você poder fazer os bolinhos da mesma forma que sempre...

- Cadê a Serena? – perguntou Ray olhando para os lados.

- Lá atrás, sentada no banco.

- EI!!!!! – reclamou Rini – isso não vale!

Rini correu para onde Serena estava sentada e a arrastou sob protestos para junto de Anne, Ray e Joynah.

- Ai Rini, porque não pegamos um ônibus? – chorava ela.

- Porque não vamos ter dinheiro para o cinema se fizermos isso – respondeu – a não ser que você queira ceder a sua entrada para nós irmos...

- HÁ NÃO! Eu estou louca para ver este filme – disse Serena – mas estou tão cansada!!!! – chorou de novo.

- Andando preguiçosa – Rini agora a estava empurrando pela rua – vamos queimar estas gorduras.

- Eu não tenho gordura nenhuma! Já acabou tudo! Vamos descansar um pouco, já estamos andando há uma hora!

- Na verdade, uns quarenta minutos – corrigiu Joynah – mas você gastou muito mais energia ontem quando dançava com o Darien, sabia?

- Mas o Darien repõe tudo o que eu perco... ai!!!! Acho que vou sair com o Darien.

Serena deu meia volta, fazendo a Rini quase cair no chão, quando saiu da frente dela.

- Esqueceu que o Darien está fazendo um bico hoje? – gritou Rini assim que escapou de um senhor tombo – e que foi por isso que quis ir junto com a gente ao cinema?

- Mas, mas, mas, mas.... snif!

- Mas como é chorona! – disse Anne impressionada.

- Fazer o que?

- Serena! – chamou Joynah - Você já não teve uma noite super romântica com o Darien ontem?

- Tem toda razão – concordou ela – mas isso foi ontem!!! Hoje já é outro dia. E eu estou com saudades dele... buaaaa!!! AI!!!! Porque me bateu Ray?

- Pare com essa cena de abandono! – ralhou ela furiosa – nós vamos ver um filme romântico no cinema, se quiser vir ótimo, se não, pode ficar chorando ai.

As quatro seguiram em frente, e Serena, vendo que não tinha lá muitas opções, seguiu atrás.

- Ei, esperem por mim!!!!

Sohar já estava impaciente. Olhou para a porta de pedra e a chutou com força.

- Estou indo! Não precisa derrubar a porta – disse uma voz.

Uma figura espectral apareceu na porta. Era a imagem de alguém muito idoso e cansado.

- O que quer? – perguntou rudemente.

- Quero saber se quer comprar uma enciclopédia – disse Sohar irritado – o que acha que eu quero?

- Hum.... – murmurou a figura pensativa – quanto custa?

- Quanto custa o que?

- A enciclopédia! Não foi para isso que veio?

Cobriu o rosto com as mãos, não acreditando. O eterno guardião da porta dos tesouros estava caduco.

- Eu quero entrar! – disse mantendo a calma.

- Acho que não é uma boa idéia. Está uma bagunça aqui dentro. Sabe como é, fazem séculos que a arrumadeira não vem fazer uma limpeza. A rainha Serenity vai acabar dispensando ela. Além disso, não tenho chá nem nenhum biscoito para os convidados. Tem uma amostra da enciclopédia?

- Eu não estou vendendo enciclopédia. Eu vim aqui para entrar na sala dos tesouros.

- Sem problemas, eu também não tenho dinheiro. É chato ser uma criatura de magia. Não podemos passear, conversar, namorar, bem.... teve aquela vez em que Setsuna...

- EU.... QUERO...... ENTRAR!!!!!

- Nossa! Que mal humor. Bem, então entre de uma  vez, seu mal educado.

A porta se abriu, para, logo em seguida, se fechar novamente. Quase acertando o seu nariz.

- Desculpe – disse a figura – mas lembrei que não posso deixar qualquer um entrar. Quem é você?

- A rainha da Inglaterra – disse sem paciência. Aquilo só podia ser piada...

- Ho, majestade – disse ele enquanto a porta era novamente aberta - perdoe-me não te-la reconhecido, mas a senhora fez a barba...

Sohar entrou, antes que aquele feitiço caduco começasse a falar alguma outra idiotice.

- Vai! Beija ele sua tonta!!!!!

- Nãooooooo! Sua idiota! Ele gosta de você!!!

Ray não agüentou mais aquela torcida pela mocinha. Sem olhar para elas, já foi reclamando.

- Dá para vocês ficarem quietas ai? Eu e Serena também estamos torcendo pela Judity, mas não ficamos fazendo este escândalo todo que vocês....

- ELA BEIJOU!!!! HAAAAAAAAAAAAAAA..... – disse Serena ao seu lado.

- Muito obrigada para arruinar o meu sermão – disse ela.

- Ray, dá para sair da frente? – pediu Anne.

- Grrrrr... – Ray tinha se levantado para dar aquela reclamada na Serena.

Na verdade, Ray não sabia se estava envergonhada, furiosa ou maluca por ter ido com elas ao cinema. Aquelas três estavam sempre comentando alguma coisa, e em voz alta. Mas não ia agüentar aquilo por mais tempo. O filme estava no fim e ela não queria mais sons adversos atrapalhando. Ela se levantou novamente e encarou as três que estavam sentadas na fileira de cadeiras atrás da dela.

- Agora escutem aqui suas, suas... o que é isso?!?!

As três estavam usando os seus visores. Os mesmos que tinham usado no dia anterior, quando estudaram no templo. Só que, desta vez, Anne e Rini os usavam nos dois olhos.

- Isso o que? – perguntou Joynah.

- Esses... óculos! Por que estão usando?

- Para ver o filme melhor – explicou Rini movendo a cabeça para desviar de Ray, que estava na sua frente.

- Ver melhor? Como?

- Assim – disse Anne. Retirando os seus visores e, sem pedir nenhuma permissão, os colocando na Ray, prendendo-os um de cada lado do nariz – olhe a tela agora.

Ray olhou para a tela de cinema e ficou maravilhada. Estava vendo tudo como se fosse real, com volume. Não era uma imagem, era como se as pessoas mostradas no filme estivessem ali, bem diante de seus olhos. Podia até ver algumas manchas na pele dos atores.

- Como.. como... como fizeram isso?

- Bem, baseado no princípio refratário da iluminação de uma película... mmmMMmMMMMHHHmHMH....

Ray se virou para ver o que estava acontecendo com Anne, que emudecera de repente. Quando viu, tanto Joynah quanto Rini estavam com a mão na sua boca, impedindo-a de falar.

- Acredite – disse Rini – você NÃO vai querer ouvir a explicação.

- Tá bom, eu fico quieta – disse Anne contrariada – pode devolver meus visores?

Ray olhou novamente para o filme.

- Tem de ser agora?

- Não vem não! Já fiz muito em emprestar para você.

- Tá bom – disse ela tirando os visores e os devolvendo – mas, fiquem quietas!

Ela se sentou e – graças a Deus – as três ficaram em silencio o resto do filme. Coisa de seis minutos. Serena chorou com o final feliz.

Na saída do cinema, começaram a andar de volta em direção ao templo. Serena ia nas nuvens, pois estava indo se encontrar com Darien, que iria sair do bico que tinha arrumado em mais alguns minutos. Mas talvez fosse melhor ela olhar um pouco mais para o chão. Já era a terceira vez que tropeçava nas próprias pernas.

- É brincadeira que essa ai vai ser a nossa rainha... – comentou Joynah.

- Não sei não – disse Anne – até que ela lembra e muito a nossa amada soberana.

- Em que? – quis saber Rini.

- Adora filmes melosos.

As três deram uma risadinha daquilo.

- Bom meninas – disse Ray – é aqui que eu vou para o templo. Alguma de vocês gostaria de me dar uma mão?

- Desculpe Ray – disse Rini – mas nós já temos um serviço esperando por nós.

- É, vamos lavar pratos naquele mesmo restaurante em que o Darien está agora. Como a partir do fim da tarde é que vai ficar realmente cheio, havia vaga de sobra por lá.

- Especialmente pelos funcionários do restaurante não poderem vir hoje devido ao problema com os trens.

- Perai!!!! – disse Serena, caindo das nuvens – vocês vão fazer um bico lá onde o MEU Darien está?

- Isso mesmo – confirmou Anne.

- Mas... mas... vocês não tem identidade, certidão de nascimento, nenhum documento desta época! Como conseguiram um bico? – perguntou Ray surpresa.

- Ora, para trabalhar apenas por algumas horas ninguém vai pedir estes documentos.

- Como sabe? Vocês não são desta época. E mesmo Rini era criança quando esteve, ou está... ai, como é complicada esta parte. Bem, mesmo Rini não saberia destes detalhes.

- Darien me falou – esclareceu de vez Rini – Vamos começar assim que ele sair, dentro de meia hora. Alias, já estamos meio que atrasadas, vamos andando. Tchau! A gente fala para o Darien se encontrar com você, Serena.

- Não senhora! Eu vou junto. Andem logo suas molengas!

Serena saiu correndo na frente delas.

- Mas ela não estava cansada? – Perguntou Anne.

- Para Serena – disse Rini balançando a cabeça - cansaço e preguiça é a mesma coisa...

- Bom – disse Ray – boa sorte então... espere um pouco! Vocês logo vão embora. Para que querem ganhar dinheiro?

- Para comprar algumas roupas! – disseram as três juntas, obviamente irritadas por sempre terem de usar as roupas das suas mães desta época.

- Há.... bem... tudo bem... – disse Ray sem jeito.

Ray retornou ao templo e assumiu suas obrigações. Entre elas, varrer, varrer, varrer e varrer as folhas que caíram das árvores. Depois, fez uma pequena prece por sua família – e para suas amigas – brincou um pouco com os seus pássaros, e recebeu alguns visitantes que desejavam meditar pelas próximas horas. Quando percebeu, já eram nove da noite. Achou estranho nem seu avô ou Nicholas terem aparecido para lhe dar um simples "oi". Depois de verificar se tudo estava arrumado dentro e fora da casa, resolveu procurar por eles.

Encontrou seu avô na sala de jantar, bebendo – nenhuma novidade até ai –algo, sem dúvida, alcóolico.

- Vovô – chamou ela – esteve aqui a tarde inteira?

- Na verdade – disse ele claramente afetado pelo álcool – estou aqui desde a metade da tarde.

- Mas... porque?

- Coisas de homem velho, querida. Apenas isso. Coisas de homem veeeelho.

- Vovô, você está bem? – Ela estava preocupada. Nunca o tinha visto assim, tão deprimido.

- Não minha neta, eu não estou bem. Estou me sentindo sozinho. Nunca pensei que acabaria me acostumando tanto com a presença de Nicholas por aqui.

- Nicholas? O que aconteceu? Não estou entendendo. Onde ele está?

- Saiu. Foi... não sei onde.

- Ele foi embora? – sentiu um aperto no seu coração.

- Sim, ele foi. Calma! Ele não foi para sempre. Ele apenas sentiu que precisava mudar de ares. Disse que voltaria por volta da semana que vem. Com a sua decisão.

Ray sentou-se a frente do avô, não queria perguntar. Não desejava saber, não queria ouvir. Mas não podia evitar de faze-lo.

- Que decisão?

- Se vai continuar por aqui ou não. Acho que ele está cansado de esperar pela sua resposta.

- Minha resposta? Mas ele não me perguntou nada!

Seu avô a encarou, o rosto demonstrando uma grande tristeza – e as faces ruborizadas pelo excesso de álcool.

- Sabe do que estou falando, minha querida. Ele ainda espera para saber se o amor que sente por você é correspondido.

- Vovô... – ela ficou encabulada – ele sabe que não estou interessada em nenhum envolvimento sério agora.

- Sabe? Você disse para ele?

- Bem... não... eu apenas acho que.... ele.... deveria perceber... isso.

- Talvez ele tenha percebido isso agora. E saiu para pensar se vai esperar mais ou não.

- Mas... porque ele teria de sair para isso? Ele pode pensar aqui mesmo.

- Ele só está aqui por você, minha menina. Além disso, não está sobrando muito mais coisas para eu ensinar a ele. Logo, logo, ele poderá ter seus próprios discípulos. E eu gostaria que estes discípulos fossem meus bisnetos...

- VOVÔ!!!!!

- Eu posso sonhar, não posso? – sorriu – Esqueça este velho bêbado sem vergonha. Não estou falando coisa com coisa. Acho que vou dormir... antes de cair no chão de bebedeira...

Ray ficou sozinha depois que ele saiu. Tentando descobrir o que estava realmente sentindo.

Depois do serviço no restaurante, as três visitantes do futuro andavam pelas ruas da cidade, voltando as suas casas. Como a casa de Rini ficava no caminho da de Joynah, iriam para lá primeiro, e, depois para a casa da Lita onde tentariam ligar para Haruka ou Michiro para saber se alguma deles poderia pegar a Anne. A casa delas ficava bem mais afastada e não queriam que Anne andasse sozinha até lá. Se elas não pudessem vir, Joynah iria leva-la voando até lá.

- Minhas mãos... ai... – dizia ela balançando-as - como doem!!!

- Você se acostuma – disse Anne para ela.

- Espero que sim... eu sempre ajudo a lavar os pratos lá no restaurante da mamãe. Alias... acho que os últimos três dias você andou tirando o corpo fora, Serena.

A princesa Serena não teve coragem de encarar Joynah. Andara saindo mais cedo para se encontrar com o namorado e não queria que descobrissem isso.

- Eu tive que estudar um pouquinho – riu ela.

- Conta outra história!

- Não quero falar sobre isso, tá bom? E você? Arrependida de ficar sem seus poderes em período integral?

- Por enquanto, apenas da minha resistência. Estou com os calcanhares doendo, as mãos doendo e com muito sono. Pelo menos, não tenho mais aquela eterna fome.

- Por falar nisso – comentou Anne – você não comeu quase nada hoje. Só um sanduíche no almoço e alguns bolinhos de arroz lá no restaurante.

- Pois é... – riu ela – agora você não vai mais poder me chamar de glutona.

- Tudo bem – disse Serena – agora posso chama-la de fracote...

- Prefiro o termo “delicada” – disse ela de nariz empinado.

- Desculpe, mas esta frase o meu futuro cunhado já registrou em cartório...

- “Futuro” cunhado? – Joynah parou de andar e olhou para ela – não acha que está pensando demais no futuro não? E é do MEU namorado que você esta falando.

- Vamos parar com isso as duas? Imaginem quando forem cunhadas...

- O QUE???? – disseram ambas se entreolhando.

- Não me digam que não perceberam que, se acabarem casando com eles, vão ser cunhadas. Eles são irmãos, lembram? E ainda vão ter a Ray como sogra.

- É mesmo... – disse Serena – eu... nem tinha me tocado.

- Não sei o que é pior... você como cunhada ou Ray como sogra.

- Bom.. talvez isso não aconteça... ainda somos jovens. Quem sabe o que ainda está para acontecer? – disse Anne.

- Pelo menos, podemos acabar não sendo cunhadas – tornou Joynah olhando para Anne e sorrindo, aquele típico sorriso de que iria dar uma alfinetada bem doída – no entanto...

- Sim? – perguntou Anne se preparando.

- Bem... deixa para lá. Estou benevolente hoje.

- Certo meninas – disse Serena encerrando a conversa – é aqui que eu fico.

Já estavam em frente a casa dos Tsukino. Como tinham combinado, a princesa ficou lá e as duas seguiram para o apartamento de Lita. Esta, alias, já devia estar preocupada, embora tivessem avisado que chegariam tarde, ela já estava agindo demais como mãe. Mesmo sem nem ter namorado ainda...

Andaram por mais meia hora, aproveitando a caminhada para fazer fofocas. Não tinham muitas, apenas comentários sobre como as suas mães eram diferentes e parecidas quando jovens, comparadas a elas no seu próprio tempo. Entraram no prédio e, após um pequeno momento de confusão para se lembrar em que andar era, subiram as escadas.

Lita as recebeu tentando não demonstrar preocupação. Enquanto Anne usava o telefone – logicamente, pedindo licença – Joynah explicou o que fizeram, jurou que estava bem – apenas uma ou duas bolhas nas mãos – e disse que, no dia seguinte elas iriam fazer compras, enquanto ela e as outras estariam na escola. Joynah ficou um pouco preocupada ao saber que o dinheiro que tinham ganho talvez não desse para o que queriam. Mas, se não comprassem sapatos e nem nada muito chique, deveriam conseguir algo.

- Ninguém atende – disse Anne desligando o telefone – só a secretária.

- Será que ela está...?

- Duvido – disse Anne – não senti nada. Mas ambas estão muito longe, pois não consigo senti-las.

- Então estão a mais de dez quilômetros daqui... – comentou Joynah pensativa – bem, então vou te dar uma carona. Companhias aéreas sailor Terra ao seu dispor – brincou ela, enquanto pegava o seu broche.

- Acha que é uma boa idéia? – perguntou Lita.

- A mãe dela mora bem longe daqui – disse Joynah – a pé seria coisa de duas horas, só de ida. E não sabemos que ônibus passa por lá.

- E taxi seria muito caro – disse Anne.

- Vocês não vão querer que eu vá junto, não é?

- Desculpe mã... Lita. Mas você ainda não pode saber quem é a sailor Netuno.

- Tudo bem, eu entendo. Mas, já que você vai ter que se transformar para leva-la voando, uma vez que seus poderes agora não estão permanentemente contigo, talvez seja bom ela também se transformar, por garantia. Se alguém as vir nos céus, pelo menos não saberão a identidade de nenhuma das duas.

- Queria que alguém me explicasse como é que não percebem quem somos – disse Joynah – quando eu precisava me vestir como sailor, meus amigos me reconheciam, e era difícil convence-los de que eu não era Joynah, mas não conseguiam identificar nenhuma das outras.

- Alguma coisa na transformação impede a identificação das pessoas – disse Lita sorrindo – agora que você se transforma, vai perceber isso.

- Tomara, já estou ficando sem desculpas no meu tempo. Bem Anne, está pronta?

- Estou – disse ela pegando o seu pendente – Pelo poder da Lua Titã...

- Pelo poder do planeta Terra...

- TRANSFORMAÇÃO – disseram ao mesmo tempo.

Lita cobriu os olhos. A transformação de Joynah era muito brilhante, felizmente, era silenciosa, e bem rápida. Ela estava pronta na metade do tempo que Anne tinha demorado.

- Eu volto logo – disse sailor Terra para Lita.

- Apenas... cuide-se.

Sailor Titã olhou de forma confusa para Lita.

- Está preocupada com algo? – perguntou ela.

- Apenas... uma sensação de angústia – disse ela olhando para baixo, para evitar o olhar de sailor Terra – deve ser só bobagem.

- Eu tomo conta dela – disse Titã pondo as mãos em seus ombros – não se preocupe.

Lita sorriu e balançou a cabeça. Titã pulou no colo de sailor Terra e, após Lita abrir a janela, ambas saíram voando. Lita as observou até o brilho das asas da sailor Terra sumirem de vista. Sua angústia estava forte, mas ela queria acreditar que era apenas uma sensação prematura de maternidade. Afinal, desde que Joynah chegou e, com seu jeito amável e simpático conquistara a todos, ela se sentia como se fosse mesmo mãe dela. Especialmente por Joynah quase sempre escorregar e começar a chama-la assim. Era estranho, mas, por um momento, desejou que Joynah tivesse aparecido ali com a mesma idade de Rini – a pequena.

Ray olhou para cima e viu o vôo das duas sailors. Imediatamente acionou o seu comunicador para chamar Serena.

“- Uaaa! O que foi?” – disse Serena com uma cara de sono.

- Não é hora de dormir – disse Ray enérgica – acabo de ver Titã e Terra passarem voando. Talvez estejam atrás de algum inimigo.

“- Há não, nada disso” – ela bocejou de novo – “a sailor Terra deve estar levando Titã para a casa da mãe. A Rini me avisou de que talvez isto acontecesse. Não precisa se preocupar. Logo, logo a Terra passa ai no caminho de volta.”

- Bom... mas vou ficar alerta até ver a Terra passar de novo.

“- Ray?”

- Sim?

“- Você está no meio da rua? Porque?”

- Err.. eu... apenas resolvi dar uma volta – riu meio sem jeito.

“- Isso ai atrás de você, é a Torre de Tóquio?”

Ray olhou para trás e lá estava a Torre. Ela estava muito longe de casa.

- Não... é... uma torre de televisão qualquer... depois eu chamo.

Desligou na cara dela e ficou levemente ruborizada. Sem perceber estivera andando a esmo pela cidade. O que ela estava fazendo? Será que estava, sem pensar, procurando por Nicholas?

Balançou a cabeça de um lado para o outro e decidiu voltar para casa. Já eram dez da noite e precisava acordar cedo no dia seguinte. No caminho, contudo, ela ficava sobressaltada quando via alguém parecido com Nicholas. Ela acabou se esquecendo de verificar se a sailor Terra iria passar no caminho inverso.

Na Lua, Sohar parou de procurar na bagunça em que estava aquele subsolo e olhou para cima, para o teto deste. Sentiu, por alguns momentos, alguma coisa. Alguma coisa que tinha passado relativamente próximo, malígna, e que parecia ir em direção a Terra.

Fosse o que fosse, as sailors poderiam dar conta disto. Procurou ignorar o fato e voltou a sua paciente busca. Seria bom se pudesse localizar com exatidão  onde estava o cetro. Tudo o que sentia a este respeito era que ele estava próximo.


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