Visitas Inesperadas escrita por Janus


Capítulo 10
Capítulo 10




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- Tem certeza de que está bem?

- Sim mã... Lita. Eu estou. Não vou dizer que minha barriga não está dolorida, mas estou bem sim.

Lita olhou para  o rosto de Joynah, tentando avaliar o quanto do que dissera era verdade. Ficara preocupada a noite inteira com ela, que, depois que chegaram em seu pequeno apartamento, ficou massageando a barriga, no local onde tinha sido atingida na noite anterior.

Era verdade que se recuperava mais rápido que um humano comum, mas era mais lenta que uma sailor. Se tivesse sido com ela própria, já não estaria sentindo mais nada. Além disso, descobrira que ela usava sua própria força vital quando atacava com aquelas bolas de energia, por isso que ficara um pouco cansada ontem. De manhã, sua fome foi tanta, que ficou quase uma hora comendo, provavelmente repondo as energias que tinha gasto.

Sem dúvida alguma era uma sailor bem diferente. Talvez, a melhor classificação para ela seria uma sailor “humanizada”. No entanto, apesar destas limitações, tinha de admitir que ela a tinha deixado impressionada.

- Bem, aqui estamos – disse Joynah a tirando de seus pensamentos.

Olhou para a entrada do templo Hikawa. Rini tinha ligado para elas e pediram para que fossem até lá, onde, segundo suas próprias palavras, tinha “mensagens do futuro” para Joynah e Anne. Como não iriam leva-las até onde Anne estava, pediu para se encontrarem alli.

- Então... vamos entrar.

Tiraram os seus sapatos na entrada – ela disse que, no futuro, aquele hábito não mais existiria, exceto em casas mais tradicionais – e, sem muita cerimônia, entraram.

- SUPRESA!!!!- gritaram todas as que estavam ali dentro, assustando tanto Joynah quanto Lita.

- Feliz aniversário – disse Anne batendo palmas.

- Mas.... não é o meu aniversário. Não ainda.

- É, mas já te deram um presente surpresa – disse Rini - Falando em surpresa, você mudou o seu penteado?

Joynah estava com os cabelos apenas presos por uma fita por trás, formando um rabo de cavalo, mas não era empinado, era simplesmente caído.

- Eu gostei de deixa-los mais soltos, acho que vou mante-los assim.

- Bom, isso aqui é para você e Anne – ela mostrou a carta para ela – é das suas famílias.

Anne e joynah ficaram lado a lado e começaram a ler, Serena tentou chegar de fininho mas logo foi percebida, afastando-se lentamente para não dar vexame.

- Pode nos dizer o que está escrito ai? – perguntou Ray.

- Bem... – respondeu Anne – apenas estão falando para não as embaraçarmos muito.

- Acho que este recado chegou um pouco tarde... – disse Serena.

- Não se preocupe não – disse Joynah – a princesa também deu vexame ontem.

- Eu apenas fui atrás desta tonta.

- Você quem me arrastou para lá!

- CHEGA DISSO! – gritou Ray – Já acabou!

- Bom... pegue. É o seu presente.

Joynah pegou a caixa e a balançou um pouco.

- É pesado! – disse – será que é...?

- Aposto que sim – disse Anne, mal contendo sua curiosidade – abra logo.

Joynah abriu a caixa e retirou um broche circular de dentro desta. Era vermelho como um rubi com duas riscas douradas em seu centro. Olhando de frente, formava o símbolo da Terra.

- Que lindo – disse Serena – nossa! Pena que não combina com o seu vestido de agora.

- Ele não é bem para isso – disse Rini.

- Não? – ela achou estranho – e para que ele é, então?

- Para que servem os nossos broches? – perguntou Rini dando uma olhada de confidência para ela.

- Você está brincando...

Joynah estava alheia àquela conversa. Olhava para o broche com uma mistura de alegria e esperança.

- Esperem um pouco... – chamou Ray – está dizendo que este broche é o que Joynah vai usar para se transformar? Mas ela já não está transformada?

- Sim – disse Anne – ela está. Esse broche é da primeira Sailor Terra. Ele brilhou na presença de Joynah assim como os pendentes de transformação brilharam para todas as novas sailors. Portanto, é dela.

- Como assim, brilharam?

- Bem... isso foi há uns dois anos. Estávamos fazendo uma visita nas ruínas da Lua...

- Uma visita não autorizada – interrompeu Joynah olhando para ela.

- É... fomos para lá as escondidas. Bem, encurtando a história, achamos uma câmara secreta lá com um monte de pendentes de transformação. Eles brilharam e, cada um foi em direção a uma de nós. Este broche foi em direção a Joynah. Foi assim que nos tornamos sailors.

- Mas o broche não funciona, o cristal de platina está danificado – disse Joynah.

- Cristal do que? – perguntou Serena.

- O Cristal de Platina. É equivalente ao Cristal de Prata que nós temos, mas este é para a Terra, enquanto que o nosso é da Lua. Ele está dentro do broche.

- Como ele ficou danificado? – quis saber Ray, um pouco intrigada com aquela história.

- Mamãe disse que não sabe – respondeu Rini – mas a gente acha que foi na última luta da Sailor Terra. Da primeira Sailor Terra, quero dizer. Como o cristal ficou danificado, ela nunca mais pôde se transformar, e assim, acabou-se a Sailor Terra.

- Não me lembro de ter havido uma Sailor Terra no Milênio de Prata.

- Isso foi muito antes do Milênio de Prata na Lua – disse Anne – foi no período entre a queda do Reino Dourado e o princípio do Reino da Terra. Foi na mesma época em que a rainha Metallia estava iniciando seu domínio da Lua. A princesa Serenity, então, era muito jovem. Apesar de não haver muitos registros, pelas estátuas que vi na Lua, quando estivemos lá, acho que ela foi a primeira Sailor Moon, e deve ter lutado ao lado da Sailor Terra, naqueles tempos turbulentos.

- Err.. Anne – chamou Joynah - sei que você gosta de civilizações antigas, mas isso ainda é especulação. Pelos registros que sobreviveram na Lua, não há nada que indique que Serenity  e Gammy tenham se conhecido.

- Gammy?

- A Sailor Terra daquela época. E também não há referências a uma Sailor Moon antes de Serena aqui começar a atuar.

- Pois eu tenho certeza do que digo. Talvez ela não usasse o nome de Sailor Moon, talvez usasse o nome de Amazona Estelar da Lua, como Solaris, que acabou sendo seu cunhado depois, usava o nome de Cavaleiro Estelar do Sol.

- Pare que eu estou ficando confusa – disse Serena.

- Que novidade – disse Ray.

A porta deslizando novamente se abriu, e Amy, Luna e Artemis entraram por ela.

- Olá a todas – disse ela – Anne me ligou e disse que eu poderia ficar interessada em alguma coisa importante que talvez acontecesse aqui.

Joynah e Rini olharam para Anne. Mas esta não se intimou e rapidamente explicou a situação para Amy.

- Bom – disse ela depois de ouvir tudo – e... o que vão fazer com este broche?

- Transforma-lo no broche de transformação de Joynah.

- Eu vou perguntar de novo – disse Ray - ela já não está transformada?

- Sim – disse Anne - e é justamente isso. Com isto, ela poderá ser uma pessoa comum, sem poderes especiais. Só os terá quando se transformar.

- Isso é possível? – perguntou Amy.

- Meu pai disse que sim – respondeu Joynah – uma vez que o broche foi em minha direção, ele me considerou apta a assumir o papel da Sailor Terra. Mas, como está quebrado e eu já tinha poderes, nunca o usei. A Rainha Serena o ficou energizando para que pudesse armazenar o meu poder. Disse que ia levar mais de um ano para isso. Bom, acho que chegou a hora.

- Seu Pai? – perguntou Lita.

- É... sabe... ele não é uma pessoa assim muito normal. Mas chega de perguntas sobre isso.

- Está bem – disse ela.

- E como vocês vão fazer esse broche funcionar com Joynah? – perguntou Amy.

Joynah abriu o broche e um papel saiu de dentro dele. Amy o pegou e começou a ler.

- Hum... vejamos... segundo isto, basta usar a Cura Lunar de Sailor Moon em sua transformação máxima.

- Bom, então é para já! – disse Serena pegando o seu broche.

- Desculpe Serena – disse Rini – mas isso é comigo. Você não tem uma forma máxima. Ou tem?

- Err... – ela ficou encabulada – o que seria esta forma máxima?

- Você vai ver – disse ela sorrindo – Poder Cósmico Lunar, Transformação!

- EiiiI!!! – reclamou Ray.

Tarde demais. Rini transformou-se em Sailor Moon e agora, invocava o seu cetro da Lua Rosa.

- A gente não se transforma sem necessidade! – Falou Ray.

- Mas é necessário – disse Sailor Moon – ou então, não posso usar a Cura Lunar. E agora, se afastem um pouco, por favor.

Sailor Moon ergueu o seu cetro acima da cabeça e, fechando os olhos, disse:

- PELO PODER DA PRINCESA DA LUA!

Todas – com exceção de Joynah e Anne – abriram a boca. Amy chegou a cair sentada de susto. Até Luna e Artemis não acreditaram naquilo. Rini tinha sofrido outra transformação, com um novo modelo de roupa, com um tipo de emblema no peito e, agora, ela tinha asas!

- Que tal? – perguntou ela ao perceber que era o centro das atenções.

Deu uma pequena volta para se exibir. Agora elas também notaram que sua tiara tinha desaparecido, e que havia uma lua em sua testa, igual a de Luna e Artemis.

- O que... como...

- Senhoritas, gatinhas e gatinhos – disse Anne agindo como um mestre de cerimônias em um show – apresento-lhes a Ethernal Sailor Moon, em seu modelo luxo de sailor, com todos os opcionais, incluindo asas, saia tripla super chique...

- Anne, pare com o deboche! - disse Rini olhando de uma forma nada amigável para Anne.

- Desculpe – riu ela – é que me empolguei...

- Ethernal? – perguntou Serena.

- Na falta de um nome melhor – disse Sailor Moon – até que eu gosto.

- Espere um pouco – começou Ray – ontem vocês disseram que apenas Joynah podia voar!

- Nós mentimos – disse Joynah com um sorriso – ontem, era melhor não saberem muito o que podíamos fazer, mas, com a carta quase branca de vocês mesmas do futuro, podemos parar um pouco com os segredinhos.

- Bem, vamos ver agora se podemos separar a Sailor Terra de Joynah – disse Sailor Moon.

- Esperem um pouco – disse Amy lendo o resto do bilhete – Joynah, aqui diz que você precisa ter certeza absoluta de que quer ir em frente, pois não haverá volta.

- Como assim? – perguntou confusa – vou perder meus poderes para sempre?

- Não. Mas nunca mais poderá ter seus poderes sem se transformar – deu uma relida nos avisos finais para confirmar o que iria dizer – você será, para todos os efeitos, uma sailor como nós, e, de forma alguma, poderá se transformar sem usar o broche. Se ele se perder... Sailor Terra deixará de existir.

- Também tem aquela outra coisa – disse Anne, agora sem o ímpeto que tinha antes.

Joynah olhou para elas e ficou pensativa.

- Que outra coisa? – perguntou Lita.

- Joynah nasceu com estes poderes – disse Anne em um tom didático - Tudo o que fez na vida foram com eles sempre a sua disposição. É possível que esteja tão acostumada com isso, que talvez nem imagine o quanto os utilize. Com certeza, sua agilidade, resistência,  reflexos, sentidos extremamente aguçados e, talvez até suas excepcionais habilidades como cozinheira, sejam decorrentes do uso inconsciente destes poderes.

- Nós já falamos sobre isso – disse Joynah – antes mesmo de papai falar que era possível usar o broche da primeira Sailor Terra para guardar os meus poderes.

- Sim – disse Rini, também sem o entusiasmo anterior – mas não acho que você realmente tenha entendido. Lembra aquela vez que fiquei transformada por dois dias seguidos? Quando voltei ao  normal, senti que parte de mim tinha sido apagada. Me acostumei tanto com as asas, que fiquei tropeçando no chão até aceitar que elas não estavam mais nas minhas costas.

- Eu me lembro – Joynah já estava cabisbaixa.

- Acho que é melhor tomar esta decisão quando voltar para o seu próprio tempo – disse Ray.

- Você não é obrigada a ser uma pessoa como nós – disse Serena tentando acalmar o seu espírito – você viveu até aqui sem isso, e, sem problema algum...

- Não! – cortou ela com a voz elevada – não é bem assim.

Joynah olhou para Serena em seus olhos.

- Ao contrário de vocês, eu nunca tive escolha. Nunca pude decidir quando usar meus poderes. Vocês podem viver suas vidas normais sem nunca se transformarem, ou então, se transformarem e nunca voltar ao normal. Eu, por outro lado, não tenho opções. Eu nunca soube o que é ser normal – ela estava murmurando agora.

Ficaram todos em silêncio por alguns momentos.

- Eu quero isso – disse Joynah por fim – preciso saber se posso viver como uma pessoa ou se estou fadada a ser assim para sempre.

- Joynah... – começou Sailor Moon.

- Serena – disse ela – minha amiga... não precisa ficar angustiada. Lembre-se de que, se por acaso eu não conseguir suportar viver sem essa parte que nasceu comigo, sempre poderei me transformar em caráter definitivo.

Joynah prendeu o broche na frente de seu vestido. Respirou fundo e disse.

- Vamos em frente. O show não pode parar.

Sailor Moon sorriu fracamente. Depois, tocou a ponta de seu cetro no broche da Sailor Terra. Ambos brilharam com isto.

- Err.. pessoal – começou Amy, acho melhor...

- Cura Lunar! – disse Sailor Moon.

- ABAIXEM-SE – gritou Amy logo em seguida.

Houve um brilho que ocultou tanto Joynah quanto Sailor Moon, seguido por um tipo de sucção que atraiu todos ali. Mas logo passou, e, quando puderam olhar novamente, ambas, Sailor Moon e Joynah, estavam no mesmo lugar.

- Funcionou? – perguntou Sailor Moon com uma certa preocupação.

- Eu... – Joynah estava olhando para o vazio – eu...

Ela cruzou os braços em um auto abraço, e esfregava os seus ombros com suavidade.

- Está com frio? – perguntou Lita.

- Não... é que... não sei. Não sei como descrever. Mas é algo próximo a quando alguém subitamente deixa de nos abraçar.

Em seguida, olhou para o fogo. Observava o seu crepitar. Balançou a cabeça de um lado para o outro, como se tentasse ouvir alguma coisa.

- O que foi?

- O fogo... ele... não está mais cantando.

- Como é? – perguntou Ray.

Joynah olhou para ela e sorriu de forma confusa.

- Sempre percebi uma espécie de canção quando o fogo queimava perto de mim – disse ela olhando para o fogo – agora... são apenas estalos.

- Acho que alguma coisa deu errada – comentou Ray.

Joynah olhou por cima de seu ombro, para as suas costas. Por uns instantes, parecia que estava fazendo um esforço muito grande.

- O que foi agora?

- Minhas asas – disse ela encarando Sailor Moon – eu.. – sorriu – não consigo faze-las aparecer!

Deu um pulo rápido. Logo depois, deu outro. Andou saltitante nos pés.

- Eu estou leve – agora seu sorriso era enorme – acho que estou com o peso de uma pessoa normal!

- Há, isso eu quero confirmar.

Sailor Moon a pegou e a levantou no colo.

- Eiiii!!!

- É verdade – disse ela – você está leve! Levinha!!!!

Sailor Moon ficou jogando ela para cima e para baixo, para mostrar o quanto estava fácil carrega-la.

- Ai! Estou ficando enjoada.

- Parece que funcionou - disse com um semi sorriso – como se sente?

- Bem – respondeu ela ainda no colo de Sailor Moon – me sinto estranha. Parece que há algo como uma barreira impedindo que eu tenha um monte de sensações, por outro lado, estou sentindo coisas que nunca senti antes. Como o calor do seu corpo – olhou para ela – e... um pouco de frio também. Eu nunca senti frio ou calor antes. Não deste jeito.

- Acho que funcionou sim – disse Amy sorrindo, embora ocultando alguma preocupação – pelo menos, suas habilidades sobre humanas estão aparentemente desativadas.

- Então... é hora de ver se a Sailor Terra ainda existe – disse Anne – transforme-se.

- Err... posso saber como?

- Oras... do mesmo jeito que a gente!

- Tá.. e quais são as palavras que tenho de dizer?

- Hum... poder cósmico da Terra? – arriscou Sailor Moon.

- Vocês não sabem???? – perguntou atônita.

- Bem... nem pensamos nisto – disse Anne sorrindo sem jeito.

- Espere – disse Luna olhando para o papel no chão – sua forma de transformação, provavelmente, é: Pelo poder do Planeta Terra, transformação.

- Provavelmente? – perguntou Joynah.

- Sim – respondeu Artemis – se não der certo, há mais duas maneiras de tentar. Pelo menos é o que está escrito.

- Mas será que ninguém lê todas as instruções antes?

- Neste século? – perguntou Sailor Moon – está brincando, não é?

- Ai, ai... vamos ver. Pelo poder do planeta Terra, transformação – disse ela em voz baixa.

Nada aconteceu,

- Você tem que abrir o broche, tocar no cristal de platina, e falar em voz alta!

- Eu tenho que fazer todo esse escândalo que vocês fazem?

- Bem vinda ao time – disse Anne sem ocultar um sorriso.

- Tá bom – disse ela abrindo o broche – PELO PODER DO PLANETA TERRA, TRANSFORMAÇÃO!

Não foi bem o que esperavam. O broche brilhou por alguns momentos e uma bola de luz branca cresceu a partir deste, envolvendo Joynah – e por tabela Sailor Moon, que ainda a carregava nos braços – sendo que, logo em seguida, desapareceu, revelando Joynah, ou melhor Sailor Terra, com novas roupas.

Não eram muito diferentes das antigas – da Sailor Terra que ela usava antes. As cores da saia estavam com uma tonalidade mais clara, e sua tiara agora tinha uma gema com uma cruz no centro – o símbolo do planeta Terra, igual ao do broche. Seus cabelos, com o novo penteado, também tinham adereços diferentes.

- Será que deu certo? – perguntou Amy impressionada com a roupa de sailor Terra, que era quase igual a antiga – quer dizer, você voltou a ser tudo o que era antes?

- Eu... argh!

Sailor Moon estava com as pernas balançando e demonstrando esforço no rosto, até que acabou caindo no chão com Sailor Terra por cima dela.

- Sua.. SUA GORDA!!! SAI DE CIMA DE MIM!

- Acho que voltei a ser tudo o que era antes – disse Joynah, ou melhor, Sailor Terra saindo de cima da pobre Sailor Moon – e gorda é a sua avô!

- Deixe minha mãe fora disso! – disse Serena com cara de raiva.

- Você amarrotou minhas asas! – reclamou ela.

- Há, pare de reclamar – disse ela enquanto a ajudava a se levantar – sabe... gostei desta roupa. Acho que é mais bonita que a antiga.

- Ei! – reclamou Anne – sabe o trabalho que tive para cortar e costurar aquele tecido ultra resistente???

- Sei – respondeu – mas agora, pelo menos, acho que não vou ter problema de rasgar roupas. Pelo menos, se rasgarem, elas voltam ao normal na próxima transformação.

- Se você der tempo suficiente – comentou Serena olhando para o chão.

Joynah fez alguns testes, levantou Sailor Moon com facilidade, isso indicava que sua força estava ali. Fez suas asas aparecerem e flutuou um pouco. Para terminar, fez surgir uma bola luminosa em sua mão, fazendo-a desaparecer em seguida – para o alívio de todas ali, pois sabiam muito bem o que aquelas bolas podiam fazer.

- Perfeito – disse Anne – agora, volte ao normal.

- Como?

- Basta desejar – disse Rini, transformando-se na sua frente.

Joynah concentrou-se um pouco e sentiu suas forças sendo sugadas para fora de seu corpo. Logo, ela estava de volta com o vestido que tinha emprestado de Lita, sentindo-se mais leve, e, bem mais fraca.

Ray olhou para o fogo queimando. Teve a nítida sensação de que ele tinha mudado o crepitar.

- Pode se transformar de novo? – pediu Anne.

- Por que?

- Para tirar uma dúvida minha.

- Tá bom.

Novamente, Joynah se Transformou, e Ray notou que, após esta transformação, o fogo mudou o crepitar novamente. Como se fosse atiçado.

- Satisfeita?

- Sim – sorriu Anne – sabe o que é interessante? Eu nunca pude sentir sua energia antes. Agora, quando você está normal, eu posso sentir você, mas, quando se transforma, não.

- Por que será?

- Talvez por causa do dano no cristal – disse Anne – ou então, seus poderes naturais que ganhou ao nascer anulem os poderes de sailor que você teria direito. Quem sabe?

- Bem... – disse ela pensativa – podemos deixar isso para os cientistas do reino estudarem quando voltarmos. Agora - disse ela enquanto voltava ao seu novo normal – eu quero descobrir o que é que eu fazia usando minhas habilidades.

- "timo – disse Rini – vamos para a cozinha. Aposto que suas refeições excepcionais eram conseqüência disto. Quero ver se ainda consegue fazer aqueles bolinhos com cobertura de chocolate como antes...

- Oba!!! – disse Serena agarrando Joynah no braço – vamos lá! Adoro bolinho de chocolate!

- Depois – disse Anne – vamos ao fliperama. Quero ver se você ainda vai ser imbatível nos jogos.

- Sabe – disse ela – acho que estou antevendo um período de turbulência a frente...

Ray ficou pensativa a respeito do fogo. Ele realmente mudava de intensidade a cada transformação de Joynah. Seria mesmo possível que ele estivesse... “cantando” para Joynah?

Aquilo já estava ficando cansativo. De quem tinha sido a grande idéia de colocar no “porão” os tesouros do Milênio de Prata? Sohar olhou de novo para a pilha de destroços que estavam bloqueando a entrada secreta – ele esperava que ela ainda estivesse por lá – do subsolo de onde antes ficava o palácio.  Seria uma enorme mão de obra abrir caminho naquilo.

Suspirou um pouco. Pelo visto teria que abrir caminho na marra. Fechou ambos os punhos e se concentrou. Ainda bem que ninguém estava ali para ver o que iria fazer. Nem sua esposa sabia de toda a sua real habilidade ou poder. E, para a tranqüilidade de todos, era melhor não saberem. Pelo menos, não antes da princesa Serena atingir todo o seu potencial.

A pilha de destroços começou a se erguer, como se fosse puxada por um imã ou um aspirador gigante. Primeiro devagar, depois, com grande fúria. Em poucos segundos, a entrada para o subsolo estava livre. Ele observou o serviço de limpeza feito e não demonstrou nenhuma satisfação com isso. Assim como a rainha Serena, ele não gostava de usar tal nível de poder. Não gostava de se exibir.

Se bem que não tinha ninguém ali para ver. Foi até a porta e, da mesma maneira que fez com o portal na Terra, tocou vários pontes deste. Mas nenhum som foi ouvido, e nenhum círculo brilhante surgiu. Não havia energia para abrir a porta, ele teria de arromba-la. Se Joynah estivesse lá, até que seria fácil. A porta não era muito pesada. Mas como estava sozinho, teria que usar meios mais diretos.

Ele fechou o seu punho direito, e, com toda calma, bateu na porta...


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