Capítulo 08

Londres, 2001

Parte 02

Os dois aparataram em um campo aberto, que já fora combinado como ponto de encontro de todos que participaram da investida.

Felizmente Harry tinha reflexos rápidos, pois conseguiu amparar Malfoy antes que o loiro desabasse tonto pela viagem.

– Você está bem? – Potter perguntou-se sentindo meio idiota. Era óbvio que não.

O loiro balançou a cabeça como forma de responder. Manteve os olhos fechados com força, incomodado pela forte claridade do sol. Queria aproveitar aquela sensação, mas estivera tanto tempo preso na sala escura que não conseguia mantê-los abertos.

Sem pensar duas vezes Harry passou um braço pelas costas do rapaz e o outro por trás de seus joelhos, erguendo-o nos braços.

– Ei! – Draco resmungou – Que pensa que está fazendo?

– Confie em mim – Harry pediu. Sons leves de aparatação interromperam o diálogo. Ronald, Hermione, Fred e Dean apareceram, os quatro sem fôlego e cansados.

– Vamos dar o fora daqui, Harry. – Fred ria da confusão criada – Eles logo virão.

– O Basilisco Alado está esperando. George já deu o sinal. Mas preciso pensar num meio mais eficiente... – Hermione falou mais de si pra si do que pros companheiros – Talvez tipo uma vara de pescar vocês sabem, com cordas longas e...

– Mione – Ron rolou os olhos – Depois você pensa nisso. Temos que ir.

– Está bem – a garota concordou segundos antes de desaparatar e ser imitada por todos os outros.

HPDM

– Você pode descansar aqui – Harry ofereceu colocando Malfoy com cuidado sobre a cama. Não sabia por que o levara justamente para sua cabine particular, mas levara – Tem roupas limpas no armário e um banheiro adaptado naquela porta. Pode tomar um banho se quiser. Os gêmeos estão preparando pra zarparmos, Hermione lançou os feitiços protetores e Dean começou o jantar. Temos tudo sob controle.

– Zarpar? – Draco repetiu – São piratas...

– Mais ou menos isso – Harry concordou – Sou Harry Potter, capitão deste navio, o Basilisco Voador.

Malfoy arregalou os olhos de leve.

– O Garoto Que Viveu? – sua voz soou impressionada sem que pudesse controlar.

– Em carne e osso – Harry gostou de impressionar o loiro – É nosso hóspede provisório. Aproveite a hospitalidade, vou ver como andam os preparativos entre a tripulação. Volto pra te chamar depois, então conversaremos. Ah... antes que me esqueça...

Dizendo e apontou a varinha para Draco. O rapaz não teve nem chance de reação, mas o feitiço apenas fez as algemas caírem de seus pulsos. Depois disso Harry sorriu e saiu da cabine fechando a porta.

Draco Malfoy ficou alguns segundos observando as marcas nos pulsos. Ainda estupefato observou o cômodo. Era limpo e organizado. Bem agradável.

Então pensou em sua situação atual. Estava a salvo das garras de Você Sabe Quem e, aparentemente, fora raptado por pessoas melhores. Harry Potter e sua tripulação não podiam ser comparados com o Dark Lord.

Ser obrigado a ficar ali curando os piratas talvez não fosse tão ruim assim.

Levantou-se da cama macia. Vacilou um pouco, suas pernas tremeram pelo esforço. Nem se lembrava mais quando fora a última vez que levantara por conta própria daquele chão frio em sua cela.

Hesitante caminhou até a pequena janela arredondada. Teve uma visão magnífica do céu azul. Ficou tão feliz. Já tinha perdido as esperanças de ver algo assim novamente.

Depois de algum tempo observando o céu por onde o navio seguia navegando entre nuvens brancas, resolveu aproveitar e aceitar aquele banho. Pensou duas vezes antes de abrir o armário de roupas, mas o fez.

Foi difícil encontrar uma que parecesse de acordo, não por que as peças fossem ruins (se comparadas aos trapos que usava, eram puro luxo), mas por que Harry Potter não era tão magro quanto ele e, além disso, era um pouco mais alto. As roupas ficariam largas.

Enfim...

Recolheu as que julgou menores e foi para o banheiro, pequeno mas muito limpo e organizado. Sem luxos além do estritamente necessário. Foi um banho rápido, mas muito, muito bem vindo.

Draco não queria acreditar. Esquecera completamente a sensação de se sentir limpo, vestindo roupas descentes (se bem que dois números maiores), era como voltar a se sentir humano, e não uma “coisa” guardada por alguém.

O sentimento era tão bom que ele encheu-se de coragem. Descalço, pois não achara nenhum sapato que servisse, aproximou-se da porta e testou a maçaneta. Estava aberta!

Mordeu os lábios com indecisão. O coração estava disparado. Fazia mais de dez anos que não tinha aquela autonomia toda, poder tomar um banho sozinho, se vestir sem ser vigiado, estar sem as algemas e as correntes.

E agora passagem livre! Era bom demais pra ser verdade.

Devagarzinho girou a maçaneta e abriu um pequeno vão. Espiou o corredor. O que ele devia fazer? Ficar quieto esperando algo acontecer ou se arriscar? Ele não podia dizer que coragem era seu forte. De repente era melhor não fazer nada que irritasse aqueles piratas. Ele podia perder os privilégios recém adquiridos. Não queria ser jogado num porão escuro novamente e...

– Ei, Malfoy! O que está fazendo aí?

Draco levou um grande susto. Seu coração saltou acelerado e ele achou que ia desmaiar por ser pego em flagrante num ato que poderia ser considerado uma tentativa de fuga...

Continua