- Então você não me quer? – perguntou sorrindo, mas com tristeza em seus olhos

Ela parou do lado dele que tinha baixado a cabeça com a pergunta dela, afagou o rosto dele e falou:

- me diga.

- Quer namorar comigo? – disse olhando-a

Ela o abraçou com lágrimas nos olhos e falou:

- Você confia em mim?

- Você já viu o que me tornei, sabe dos meus segredos, viu as minhas cicatrizes que são marcas que não vão me deixar, conseguiu que lhe contasse coisas que havia guardado por anos só para mim, deve ter notado que eu tive cuidado de não lhe falar nenhum nome, mas isso é apenas para não te deixar em perigo, então ainda tem duvidas?

- Não, não tenho. E sim, quero namorar contigo.

Ele beijou-a , e quando se largaram, tomaram seus cafés, ele terminou de comer e se levantou falando:

- Infelizmente, eu tenho que trabalhar.

- Eu também tenho. – disse ela sorrindo

Ele sorriu e subiu indo trabalhar em seu computador, ela arrumou a cozinha e quando estava arrumando a sala a campainha tocou, ela abriu a porta:

- Dona Marta! Que surpresa! Entre.

Ela abriu dando espaço para que Marta entrasse, Marta entrou e se sentou no sofá, Mary falou:

- Como está Dona Marta?

- Me chame de Marta, eu estou bem, eu vim porque liguei ontem a noite e ninguém atendeu, eu fiquei preocupada e já estava afim de ver Lucas, então eu vim:

- Lucas foi se deitar cedo – ela sentiu o rubor subir-lhe a face, mas se controlou – e eu estava cansada e fui dormi, eu nem vi o telefone tocar me desculpe.

- Claro você poderia chama-lo?

- Mas é claro! Perdoe-me por não tê-lo chamado antes, ele está lá em cima trabalhando em seu computador, já o chamo.

- Claro.

Mary subiu as escadas entrando no quarto de Lucas, ele olhou para ela e perguntou:

- Quem está aí em baixo?

- Marta, ela quer te ver.

- Pode me alcançar minha capa.

Ele colocou a capa cobrindo o rosto, ela tirou a capa do rosto dele beijou-o e perguntou:

- Porque vai se esconder?

- Você sabe muito bem o porquê de eu me esconder.

- Mas ela é sua amiga.

- Mas ela não precisa me ver assim.

Ele tornou a cobrir o rosto e eles desceram, ele chegou na sala e Marta abraçou-o, ele segurou a capa e Marta falou:

- Não se esconda Lucas.

- Eu não vou tirar a capa Marta.

- Deixe-me vê-lo.

- Não! – disse quase gritando furioso – Eu não vou!

Ele percebeu e baixou a voz falando quase num sussurro:

- Desculpe.

- Não se preocupe, já estamos acostumados com suas mudanças repentinas de humor.

Mary parecia surpresa a olhá-lo gritando, Lucas só tinha se alterado uma vez desde que ela havia chegado ali e Marta falava como se aquilo fosse normal, Marta falou:

- Como está Lucas?

- Muito bem e você?

- Estou bem.

Mary pediu licença e saiu, sabia que como empregada, não devia ouvir as conversas de Lucas e Marta, mas como namorada de Lucas, ela queria ouvir, mas decidiu que contar ou não contar era escolha dele.

Já eram onze horas a hora que Lucas entrou na cozinha, Mary estava sentada de costa para a porta lendo uma revista, ele a abraçou passando os braços pelos ombros dela, e falou:

- Marta vai ficar para almoçar, você se importa.

Ela virou-se para ele, frustrada por ver a capa cobrindo seu rosto, mas mesmo assim sorriu e falou:

- Claro que não me importo, já vou começar a fazer o almoço.

Ele saiu, Mary fez o almoço e em seguida chamou-os, ela serviu-o e saiu da cozinha, sabia que como empregada, não deveria ficar ali. Lucas pediu licença para a Marta e foi atrás dela, ela estava jogada na cama lendo a revista, ele foi até ela tirou a capa do rosto e disse:

- Vamos almoçar?

- Pode ir, depois eu almoço.

- Não vou almoçar sem você.

- Mas a dona Marta...

- Se ela não quiser que você fique ali, ela que vá embora.

Ela beijou-o, ele cobriu o rosto com a capa novamente e eles voltaram para a cozinha, Mary serviu um prato para si e se sentou em silencio, todos almoçaram Marta se despediu deles e foi embora, Lucas foi para a cozinha onde Mary estava limpando a louça, ele tirou a capa jogando em uma cadeira e falou:

- Você ficou chateada comigo?

- Porque ficaria? – disse ela sorrindo.

- Porque eu não contei para Marta que estamos namorando.

- A escolha é sua, querido, eu não me importo.

Ela olhou para ele que sem razão levou a mão a cabeça e com expressão de dor falou:

- Sabia que tinha me esquecido de alguma coisa.

Ele subiu as escadas, seguido por Mary, no quarto ele virou vários comprimidos, um de cada frasco na mão e se jogou na cama falando:

- Mary, me traga um copo com água, se eu não conseguir tomar os comprimidos faça com que eu os tome.

Ela desceu as escadas correndo, encheu um copo de água e voltou correndo ao quarto, ele estava deitado e a olhava, mas seu olhar não tinha foco, ela pegou os comprimidos da mão dele e colocou na boca dele, levantando a sua cabeça e fazendo-o beber a água, ele desmaiou ali, ela colocou-o deitado sobre o travesseiro, ela não sabia o que a falta do remédio podia fazer nele, passado umas três horas ele acordou, mas parecia estar fora ela chamou-o, mas ele não respondeu, ele fechou os olhos, ela chamou-o baixinho ele olhou para ela e falou:

- Mary? O que houve?

Ela abraçou-o e falou:

- Você não tomou o remédio.

Ele olhou para ela cabisbaixo e falou:

- Você quer mesmo ficar com uma pessoa problemática, que nem eu?

- Quero sim – disse ela beijando-o – mas quero que você me explique o que aconteceu.