- Está pronto, quer ficar aqui em baixo ou vai subir?

- Vou subir, tenho que trabalhar.

- Posso usar sua biblioteca?

- Claro, eu já tinha dito que usasse quando quisesse.

Eles subiram juntos e ela foi à biblioteca, e ele foi trabalhar, ela ficou lendo vários livros, quando percebeu já eram quase sete horas, ela desceu e fez o jantar e subiu para chamar Lucas, bateu na porta e ninguém respondeu, ela entrou e encontrou um Lucas desacordado sobre o computador, ela sacudiu-o levemente, mas ele não acordou e então chamou seu nome varias vezes, quando já estava ficando desesperada ele entre abriu os olhos e falou:

- O que foi?

- Você não acordava, eu vim lhe chamar para o jantar e...

- Não se preocupe – disse ele interrompendo-a – eu vou ficar bem, vamos.

Ele levantou com um pouco de dificuldade e eles desceram, jantaram e foram para a sala, ele não estava se sentindo bem, ela olhou para ele percebendo que ele estava perdendo a consciência e falou:

- Lucas? Você está bem?

- Não, mas se acalme eu vou ficar bem.

Ele desmaiou e Mary foi ao lado dele, tentou acordá-lo sem sucesso, então chorando ajeitou-o na poltrona, mas não saiu do lado dele, passada uma meia hora ele acordou e viu-a chorando ao lado dele, ele sorriu fraco e disse sem muito entusiasmo:

- Sente-se

Ela se sentou e ele falou:

- Mary, eu tenho um problema, talvez em um ano, ou dois, eu perca a minha memória, eles não entendem como isso pode acontecer, mas há um tratamento, eu não o fiz, porque seria melhor esquecer tudo o que eu passei, mas dai apareceu você Mary, você chegou aqui, eu não queria gostar de você, não queria mesmo, mas você é uma pessoa tão cheia de vida, que eu não pude deixar de pensar em ti, eu acabei gostando de você, mesmo sabendo que não podia me apaixonar, por isso que eu quero que vá embora.

- Por gostar de mim?

- Exatamente

Ela sorriu e falou gentilmente:

- Você quer que eu vá embora, por gostar de mim? Isso não faz sentido.

- Eu sei, mas não quero te magoar, nem me machucar mais.

Ele fechou os olhos, a dor o incomodava, mas ouviu-a falando:

- Eu gosto de você Lucas, muito mais do que você imagina.

Ele abriu os olhos e a viu bem próximo a ele, ele a segurou e beijou-a, ela retribuiu o beijo, quando se deu conta do que estava fazendo Lucas, interrompeu o beijo e baixou a cabeça:

- Desculpe Mary.

Ela acariciou os cabelos dele e falou:

- Não se desculpe Lucas, você não fez nada de mais, não fez nada que eu não teria feito.

- Eu não queria esquecer, Mary, mas vou, então eu não quero que você me veja assim.

Ele subiu as escadas e ela foi atrás, ele se sentou na cama e ela ao seu lado, ele falou:

- Porque insiste?

- Porque eu gosto de você.

Ela beijou-o, ele retribuiu o beijo, mas quando os dois se separaram ele olhou para ela com lágrimas nos olhos, e se jogou na cama, ela sabia que deveria deixa-lo sozinho, mas também sabia que se deixasse ele agora, ela não o teria mais, lágrimas ainda corriam na face dele, apesar de os olhos estarem fechados, ela se aproximou dele se sentando do lado vazio na cama, ela acariciou os cabelos dele falando:

- Não tenha medo de mim, eu não vou ir embora, não vou te fazer mal, e mesmo que você me esqueça, eu vou te ajudar a continuar.

Ele olhou para ela e ela abraçou e em seguida lhe deu um beijo, os beijos começaram a esquentar, ela fez menção de tirar a blusa dele, ele segurou a mão dela e ela falou:

- Você não quer?

- Quero muito, mas como eu havia dito antes eu tenho cicatrizes que não são nada bonitas de se ver você não precisa passar por isso.

- Mas eu quero.

Ela arrancou a blusa dele, ele tinha algumas cicatrizes no peito, e várias nas costas, ela beijou-o e falou:

- Você é lindo do jeito que é, as cicatrizes não mudam em nada.

Ele agarrou-a retirando a blusa dela e eles não pararam por ai, a única coisa que se pode dizer é que eles tiveram uma noite ótima.

Mary acordou e estava nos braços dele, ela queria ficar a eternidade toda ali, mas sabia que devia se levantar, pegou suas roupas e vestiu-se, foi até seu quarto tomou um banho e trocou de roupa, então foi para a cozinha preparar o café pensando no que havia acontecido e em como ele agiria hoje, o café estava pronto, agora era só esperar por ele, se é que ele iria descer. Ele acordou com ela se arrumando, mas fingiu estar dormindo para não incomodá-la, ela saiu do quarto dele indo para o dela se arrumar, assim que ele ouviu o barulho do chuveiro, sorriu e quando ouviu o barulho da louça no andar de baixo ele pegou suas roupas e foi para o banho, tomou seu banho, escovou os dentes e penteou o cabelo, ele estava bem, as dores costumeiras não o incomodavam tanto, ele olhou para o computador pensando em ficar trabalhando, mas sabia que seria uma falta de respeito com ela , ele respirou fundo tomando coragem para encará-la, ele desceu, quando chegou na cozinha ela estava no fogão e se virou para ele com um sorriso:

- Bom Dia!

- Bom Dia! – respondeu ele sorrindo também.

- Como está? – perguntou ela preocupada

- Muito bem  - disse baixando a cabeça – e você?

- Estou bem – disse ela olhando-o – Não tenha vergonha.

Ele levantou a cabeça rindo:

- Eu não tenho vergonha, só não sei como agir.

- Aja normalmente

Era tão fácil conversar com ela e ele não queria magoá-la, ela percebeu e falou:

- Porque você não se dá uma chance de ser feliz?

- Eu vou me esquecer – disse ele tristemente a olhando