Como vocês já sabem... Minhas manhãs são uma beleza que me dão vontade de chorar. Hoje acordei muito bem! Sem despertador e BEM cedo! Como passei á morar no inferno se tornou uma coisa motora vestir o uniforme (uma saia de pregas ridiculamente curta com uma blusa branca social tão apertada que arriscaria dizer que ela é uns cinco números menor que o meu e, para fechar com chave de ouro, uma ridícula gravata. Ainda bem que podemos escolher a cor...) e ir pro refeitório tomar café. Pois é, o meu dia estava perfeito até que...

– Elesis, estudou para o Simulado? – Lire chega tranquila, com um sanduíche natural e um suco de laranja.

– ... O QUÊEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE?! – COMO?! POR QUÊ?! POR QUE ESSA PRAGA EXISTE SENHOR?!

– É... Pelo jeito não... O quê ficou fazendo esse final de semana? – Lire e seu jeito certinho de agir!

– Eu? Estava ocupada fazendo coisas importantes... – Jogando videogame com o Lass! Satisfeita?!

– Hm... Tipo o quê? – Como ela come aquele maldito sanduíche natural tão calma?! – Por acaso... Esteve com o Lass...? – Agora parou de comer, me olhando com um sorriso... Malicioso? – Vocês andaram...

– SIM! NÓS PASSAMOS O FINAL DE SEMANA JUNTOS! SATISFEITA?! – COMO ELA DESCOBRIU?! COMOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO?! PRONTO! ELA VAI ME FAZER DIZER ADEUS AO MEU MARIDO: O XBOX!

– Hmm... – Lire continuava á me olhar com um olhar maligno...

– Vou preparar meu funeral... – Saio arrastando meus pés de lá do refeitório, só que a porcaria do sinal bate e nós somos forçados á ir para a sala... Entramos na sala e fomos recebidos por uma boa e velha aula de matemática... Juro que pesquei bons peixes olhando o professor calcular alguma merda com álgebra. Pra mim, matemática é 1+1, o resto é macumba, feitiçaria, satanismo, vodoo, etc. Pena que ninguém NUNCA me escuta. Já falei milhares de vezes pra Arme usar a macumba dela quando for fazer tarefa de matemática, ou física. Mas sempre ouço ladainha e desaforo. Isso por tentar ajudar né? Imagina se fosse pra perturbar? Logo (que logo o quê! Foi uma eternidade pra chegar logo essa desgraça!) dá o recreio: o santo horário que em minha opinião passa em um piscar de olhos... Mas deu para ter umas boas confusões... Estava conversando animadamente com a Lire, Arme e Amy (bom, as três conversando e eu só olhando...) quando uma garota de olhos bicolores e cabelo azul junto de um garoto de cabelo preto e olhos prateados chegam lá na mesa.

– Queremos conversar sobre um boato que está correndo pelo Infinity. – A garota de cabelo azul fala bem séria. MEDO.

– Sim? – Falo, despreocupada. Com o canto do olho vejo o Lass correr para a minha mesa... ESPERA! O LASS?! CORRER?! Agora a porra ficou séria!

– Sieghart, pode levar essas duas para... Tomar um sorvete ou algo do tipo? – O garoto a olha com aparente aborrecimento.

– Aaaaaah Mari-senpai... Tenho mesmo que deixar você sozinha aqui? – Sério... Ele parece um guarda-costas... A garota nomeada Mari mandou um olhar tensamente medonho para ele e o mesmo logo foi conversar com a Arme e a Amy.

– Eu quero que você cancele a luta que tem com o garoto novato e devolva o colar dele. – Fria e direta... Nem me convidou para ir tomar um café!

– Vou pensar no seu caso... Quem sabe eu aceite? – É... Eu quero morrer...

– Mas por que ela tem que desistir da luta? – Lire pergunta, fitando a garota á nossa frente.

– Porque se não fizer isso a sua amiguinha ruiva vai ter que me enfrentar também, e creio eu que ela não gostaria disso... – Fala com um sorriso cínico. MEDO.

– Então que seja! – Falo, dando uma gargalhada alta.

– Certo... Não vá reclamar se ficar com algum osso quebrado... – Sai de lá, e logo o garoto nomeado Sieghart a acompanha correndo.

– Elesis! – Lass finalmente se aproxima de mim, aparentemente tenso... – Me diz que você não...

– Ah! Eu tenho uma luta com ela e com o garoto de cabelo azul! Algum problema? – Falo, sorrindo. Logo percebo a tensão dele aumentando... É, acabei de marcar mais um jeito para morrer...

– Elesis... Ela é da Elite... E é uma das melhores alunas... – Fala, empalidecendo muito.

– Vou dar um jeito nela fácil, fácil... – AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHH! EU ESTOU MORTAAAAAAAAAAAAAAAAA! E logo bate o sinal... AAAAAAAAAAAAAAAAHHH! EU NÃO COMI NADAAAAAAAAA! Entramos nas câmaras de tortura novamente... Estudamos até morrer... Morremos mais um pouco... Nossa alma foi dilacerada... E finalmente uma folga! ... Para o almoço... E logo teremos que fazer simulado... O almoço passou mais voado que o recreio, sem nada de relevante... Quando me toquei, já estava dentro da sala com o simulado em minhas mãos... – Começar por... História... – Comecei á lembrar lentamente das mosquinhas enquanto via as questões sobre a pré-história... – Vamos para Geografia... – E agora me lembro das pedras que já taquei na fonte da escola... – Física... - E assim fui... Ao menos não estava tão difícil... Agora, a coisa mais difícil foi preencher a desgraça dos quadradinhos de resposta. Aquela coisa era uma coisa indefinida pela ciência: um quadrado redondo. Só de lembrar-me deles sinto os calos dos meus dedos doerem... E a maior tristeza é que eu consegui ERRAR. Tive que refazer tudo. Samsara, por que é tão cruel comigo?! Dá-me uma luz! Please! Juro que paro de infernizar a vida das formigas, paro de tentar acertar as moscas com pedras, paro de pisotear as flores da minha vizinha chata, paro de tacar ovos na casa da minha outra vizinha, paro de soltar pulgas na casa da bruxa do 97... Vou ser uma boa menina que só vai espancar os meninos irritantes, que vai fazer da aula de história uma boa aula, que vai arrumar direitinho a gravata, que vai parar de chamar a Amy de diabo rosa... Mas já vou avisando. Com essas promessas, vou deixar de fazer uma coisa que o mundo me agradece, e muito: proteger Serdin da bruxa do 97.