You And I escrita por Fernanda Redfield


Capítulo 3
Sinceridade


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal!
Sim, eu sei que demorei bastante... Mas a faculdade está puxada demais nesse semestre e eu tive que fazer milagre para escrever esse capítulo!
Bem, espero que gostem do capítulo... Eu não o revisei por inteiro, mas me desculpem se encontrarem algum erro.
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/162834/chapter/3

            Puck perseguiu Quinn pelos corredores, mas quanto mais se aproximava, mais a ex-cheerio apressava o passo e naquele momento, os dois já corriam. O rapaz deu graças aos treinamentos do futebol, mas também amaldiçoou Sue Sylvester por ser tão exigente com suas meninas... Quinn estava se distanciando dele. Reunindo o pouco fôlego que ainda existia em si, Puck deu um pique e conseguiu alcançar Quinn próxima as portas de entrada do McKinley. Ele abraçou a ex-cheerio pela cintura e a puxou para trás, sem cerimônia, jogando-a no chão.

            - O que você pensa que está fazendo, Puckerman?! – Quinn questionou furiosa como se fosse um animal acuado e ferido. Puck olhou para ela com desdém, mas nada disse. Os passos de Mercedes ecoavam no corredor e ele sabia que aquela diva aparecia a qualquer hora, só tinha que segurar Quinn ali. – Seu cretino!

            - Se você é durona para queimar nosso piano, Fabray... Também é durona o bastante para agüentar o tranco de um jogador de futebol! – Puck resmungou enquanto puxava-a pelo braço agressivamente, erguendo-a do chão. Quinn soltou-se dele bruscamente e rosnou:

            - Realmente queimei aquele piano e teria destruído a sala do Glee se pudesse!

            Puck riu com ironia enquanto observava aquela figura feminina agitar-se a sua frente. Ele podia ver o quanto Quinn estava implorando, mudamente, por ajuda. Os olhos amendoados dela estavam opacos, a musculatura tensa e a aparência doentia. Em nada se lembrava aquela Quinn Fabray pela qual ele fora apaixonado e principalmente, pela qual ele se apegara. Aquela não era a verdadeira Quinn.

            - Não venha rosnando e gritando para o meu lado, Fabray! Você não tem moral para fazer isso! – Puck murmurou com sarcasmo e imediatamente, viu os punhos da garota a sua frente se fecharem. Quinn avançou para ele esmurrando-o, mas Puck fora mais rápido e conseguira segurar seus braços. Quinn continuou a lutar, mas Puck foi paciente até que, enfim, ela se cansou. Cedendo aos poucos, Quinn rendeu-se ao abraço que o rapaz lhe oferecia e desabou nos braços dele.

            - Você é um cretino, Puckerman! – Quinn estava com a voz embargada e chorava algumas lágrimas amargas, ela se afastou de Puck e rumou para as portas de saída, só que o rapaz a segurou de novo. Puck olhou para ela com irritação e apontou para o corredor de onde vinha uma Mercedes Jones extremamente irritada.

            - Onde você pensa que vai, Fabray?

            - Não é da conta de vocês, aliás, nunca foi! Será que vocês podem parar de cuidar da minha vida por um momento?! – Quinn estava agressiva novamente e aquele mesmo ar de revolta a envolveu. Ela tornou a se fechar na bolha de fúria e dor. Puck a observou com cuidado, estava começando a juntar as peças, ele deveria saber que Rachel Berry estava envolvida de alguma forma naquilo.

            Mercedes aproximou-se a passos rápidos de Quinn, ela postou-se bem próxima a loira e ficou a observando por alguns segundos. A ex-cheerio não conseguiu sustentar o olhar decepcionado que recebia e baixou os olhos, mordendo o lábio. A diva respirou fundo e deu um empurrão em Quinn, a loira quase caiu e começou:

            - Vocês estão loucos...!

            - Calada branquela, chega de showzinho por hoje! – Mercedes fora autoritária em seu tom de voz, Puck arregalou os olhos e deu um sorrisinho orgulhoso. Já Quinn, semicerrou-se os olhos amendoados e acendeu um cigarro, entediada. – Tudo que você faz é problema meu e do Puck porque nós somos seus amigos e nos importamos com você!

            - Se importam? Mesmo? – Quinn tragou o cigarro e deu uma risada sarcástica, Puck revirou os olhos e Mercedes fechou os punhos irritada. – Não estão aqui por causa do precioso clubinho de vocês que foi atingido em cheio? Não estão aqui para presenciarem o estrago que a adorável diva de vocês fez comigo?

            - Para de fazer drama, Fabray. Pelo amor de Deus, você está parecendo a Rachel! – Puck disparou cansado e aproximando-se de Quinn que recuou. Ele olhou fundo nos olhos dela e Mercedes apertou seu ombro para que ele continuasse. – Aliás, é justamente por causa dela que você está assim, não é?

            - Quer saber? Eu não vou mais escutá-los, vocês só falam merda, como sempre! – Quinn rosnou essas palavras com um ódio latente em seu tom de voz, ela deu as costas ao casal de amigos e chutou as portas de entrada, passando por elas bruscamente. Mercedes tomou a frente e gritou:

            - Você está sendo idiota, Fabray!

            Quinn sequer deu-se ao trabalho de virar-se para encará-los, a ex-cheerio ergueu o braço esquerdo e mostrou o dedo do meio. Em seguida, tragou o cigarro e o jogou no estacionamento com a mão direita, Mercedes observou tudo com um ar cansado. Puck abraçou-a pelos ombros e disse:

            - Se ela fizer merda, saberemos.

            - Colocou um GPS nela, por acaso, Puck? – Mercedes estava irritada, ela não gostava de ver a amiga daquele jeito e sabia que aquela não era Quinn, aquela era uma visão deturpada da antiga líder de torcida que tivera o orgulho pisoteado por Rachel Berry. Puck deu o melhor sorriso cafajeste e mostrou uma pequena caixa de fósforos para a amiga, dizendo:

            - Bar “Bloody Mary”, no fim das contas, é para lá que vão todos os marginais de Lima.

            Mercedes sorriu e encostou a cabeça no ombro do rapaz. Eles iam trazer Quinn de volta, nem que tivessem que arrastar Rachel para isso.

***

            - Você quer me explicar por que está chorando a mais de meia hora? – Finn estava sem saber o que fazer. Seus braços enormes envolviam Rachel, mas ele não sabia como consolar a namorada. Rachel soluçou mais uma vez e pediu:

            - Só fica aqui comigo, tudo bem?

            - Tudo que você quiser, estrela... – Finn respondeu carinhosamente e afagando os cabelos da morena, mas Rachel se retesou em seus braços. Aquele apelido lhe lembrava o que acontecera naquela noite em NYC e principalmente, lembrava-lhe o que ela estava tentando sufocar desde que voltara a Lima...

            - Você é uma estrela, Rach e brilhou nessa noite... Lima não é para você, Finn não é para você.

            - Isso é uma proposta de namoro?

            - Não, eu só quero deixar bem claro o quanto seu brilho é forte... Estrelas devem brilhar para galáxias e não para uma cidadezinha de Ohio chamada Lima.

            - Está sendo sincera?

            - Claro que sim, eu prometi que nunca mais mentiria pra você.

            Rachel voltou a derramar lágrimas e sentou-se em uma das carteiras da sala de aula vazia. Finn olhava para ela com pena e dor, ele não sabia o que a morena tinha nos últimos dias e aquilo lhe sufocava. Rachel andava abatida, calada, distante... Nem sequer parecia ser a “sua” Rachel Berry. De uma forma inexplicável, Rachel se transformara naquela volta ás aulas e ele não queria perdê-la. Era o último ano, sua última chance.

            - Me desculpe Finn, eu... – Rachel gaguejou, Finn ergueu as sobrancelhas, surpreso. Ele nunca vira Rachel Berry gaguejar. A morena ergueu os olhos para ele enquanto limpava as lágrimas com as costas da mão direita, os olhos castanhos estavam vermelhos. – Eu... Preciso ficar sozinha, de verdade.

            - Tudo bem, eu te dou todo o tempo do mundo. Desde que você prometa melhorar, ok? – Finn tinha aquele sorrisinho torto nos lábios que sempre fizera Rachel sorrir junto, mas naquele momento, a morena só conseguiu produzir uma careta e agitar a cabeça em sinal afirmativo. Finn interpretou aquilo como um “sim”, ele afagou a bochecha da namorada. – Qualquer coisa, sabe onde me encontrar.

            Finn acenou e deixou-a sozinha na sala, imediatamente, Rachel sentou-se no chão e escondeu a cabeça nos joelhos. Apanhou o celular no bolso da saia e ficou olhando para ele, abriu uma mensagem e começou a escrever... Mas sem resultados, ela sabia que não tinha palavras para justificar o que acabara de fazer.

            Claro que ela sabia como Quinn se sentia! Finn a traíra quando dissera que era virgem e tinha transado com Santana. Ela sabia o que era aquela dor impactante aliada aos sons de sua confiança sendo quebrada como um copo de cristal... Rachel se sentia pior porque Quinn estava perdida e fizera questão de afundá-la ainda mais a denunciando. Não estava sendo egoísta? Claro que estava, afinal, ela não podia ignorar o que se passara naquela noite em NYC, da mesma forma que não podia ignorar Quinn.

            Ela soluçou mais uma vez e as lágrimas tornaram a cair. Rachel afundou a cabeça em seus braços e ouviu a porta da sala se abrir. Ela levantou os olhos, pronta para expulsar quem estava ali quando viu Kurt Hummel fazer uma carinha preocupada ao observá-la, ele pigarreou e perguntou:

            - Oh Barbra... O que você fez dessa vez?

            Rachel não queria Finn por perto, porque ele a fazia sentir-se mal pelo que tinha feito. Mas Kurt Hummel era o porto seguro que precisava naquele momento, ela se levantou rapidamente e correu para os braços do amigo que a recepcionou com um sorriso triste enquanto lhe afagava os cabelos castanhos.

            Os dois ficaram em silêncio, o que era impressionante, ainda mais se tratando de Kurt Hummel e Rachel Berry. Depois, se separaram lentamente e Kurt limpou as últimas lágrimas que a amiga tinha na face com os polegares, Rachel parara de soluçar, mas seu olhar ainda parecia perdido.

            - Estou me sentindo tão mal pelo que aconteceu com a Quinn... – Rachel murmurou tristonha e olhando para o amigo com o arrependimento latente em seus olhos, Kurt agitou a cabeça negativamente e disse inconformado:

            - Foi ela que provocou tudo isso, Rach... Não se culpe, você faz coisas erradas quase sempre, mas dessa vez não foi culpa sua!

            - Ela está agindo dessa forma por minha causa!

            - Como assim? – Kurt questionou intrigado enquanto sentava-se no chão e tentava seguir pelo mesmo raciocínio que a amiga. Rachel balançou a cabeça desnorteada, ela não sabia se podia sair contando o que ocorrera em NYC daquela forma. – Olha, eu sei que você quer ser o centro das atenções, mas dizer que o que Quinn faz é por sua causa... É egocentrismo demais, Berry.

            - Kurt, você não está entendendo! – Rachel estava ficando irritada, as pessoas tinham que parar de achar que ela fazia tudo por causa de si, no fundo, ela se importava com todos do Glee e se surpreendia ao constatar que se importava ainda mais com Quinn Fabray. Kurt fez uma careta. – Eu sei o porquê dessa mudança da Quinn, eu sei por que agora ela afasta todos nós... A explicação disso está em NYC e em tudo que aconteceu lá.

            - A explicação está no fato de que perdemos as Nacionais? – Kurt questionou com um ar levemente irônico que fez Rachel bufar impaciente, ele sorriu e apertou as mãos da amiga sobre o colo. – Eu sei que Quinn Fabray é extremamente competitiva, mas isso ainda não justifica regredir 10 anos e achar que tem o direito de sair queimando coisas por aí.

            - Não, Kurt... Não é isso. – Rachel murmurava covardemente, sentindo seu coração acelerar com as simples lembranças daquela noite. Querendo ou não, Quinn a marcara de uma forma que ela jamais esqueceria e pior, fizera brotar nela um sentimento estranho que em nada se comparava ao que ela sentia por Finn. Kurt arqueou a sobrancelha e aquele gesto fez Rachel se lembrar de Quinn, ela baixou os olhos para as suas mãos entrelaçadas aos do amigo sobre o colo, Kurt pigarreou e perguntou vacilante:

            - Aconteceu alguma coisa entre vocês, não aconteceu?

            - Claro que aconteceu, Kurt! É isso que eu estou tentando dizer há horas! – Rachel estava desesperada, as lágrimas voltaram a cair e Kurt apenas a observou postar-se de pé e sair caminhando inconsolável para outra extremidade da sala. Kurt deu um sorrisinho de lado e disse gentil:

            - Estava demorando a acontecer, estava quase perdendo as esperanças.

            - O que você quer dizer com isso? – Rachel virou-se abruptamente para ele, entregando totalmente a culpa que tinha dentro de si. Kurt levantou em um salto e praticamente correu para o lado da amiga, com certeza, Rachel Berry não percebia a aura colorida que pairava naquele Glee Club. Ele aproximou-se da pequena diva lentamente e sentou-se em uma carteira, puxando Rachel para sentar ao seu lado enquanto dizia:

            - Vamos fazer um trato: o que acha de você me contar o que aconteceu e evitar que a minha mente insana comece a pensar nas mil e uma possibilidades de coisas que você e Quinn possam ter feito?

            Rachel esboçou um sorriso e apertou as mãos do amigo, para em seguida, beijá-las com carinho. Kurt sorriu, um sorriso sincero e compreensivo e foi ali que Rachel percebeu quem estava na sua frente, não era Kurt Hummel... Mas sim, seu melhor amigo. Sentiu o peso que carregava em suas costas diminuir, ali estava segura.

            Rachel estava irritada, se já não bastava terem perdido as Nacionais por causa de um beijo, Finn ainda insistia em fazer-se presente quando a morena queria matá-lo. Claro que gostava do quaterback, mas depois de todas as indas e vindas naquele relacionamento com Finn Hudson, aprendera que a única coisa que permanecia estável no meio daquilo eram seus sonhos. E seus sonhos eram a única coisa que ela prezava no momento e Finn tinha destruído tudo com aquele maldito beijo.

            Foi por causa disso que a morena fugiu para o terraço do hotel em que o Glee estava hospedado. Mesmo lá em cima, ela podia escutar o coral do Texas que ganhara as Nacionais comemorar em algum ponto do prédio, sentiu um vazio súbito a envolvê-la. Depois, a brisa fria da cidade tocou seus ombros e ela se encolheu, observou as luzes da cidade e inevitavelmente, deu um sorriso... Realmente, as luzes de NYC inspiravam qualquer um.

            Rachel Berry abraçou os ombros e caminhou mais próxima a borda do terraço para em seguida, se escorar sobre o pequeno muro que a separava da queda imediata. Imersa em seus pensamentos e em seus desejos, Rachel sequer percebeu que tinha uma pessoa que a observava. Ouviu um pigarro atrás de si, seguido de uma pergunta:

            - Fugindo de Finn?

            - De quem mais podia ser? – Rachel perguntou agressiva ao notar quem estava ao seu lado naquele terraço. Quinn Fabray jogou os cabelos curtos para trás e postou-se ao seu lado, de costas para as luzes da cidade. Ela segurava uma garrafa de vodka e tinha um sorriso leve no rosto, com certeza, não estava sóbria.

            - Claro que seria dele, o único retardado sem senso de ridículo aqui, é ele. – Quinn dissera com a ironia brincando em seus lábios e olhando para Rachel com uma intensidade que a morena desconhecia. Aquela força no olhar da loira fez com que Rachel corasse e abaixasse a cabeça envergonhada, sem saber o que responder.

            Quinn ergueu a cabeça para o céu e fechou os olhos, apreciando o vento no terraço e sorrindo em seguida. Rachel ficou a contemplando por alguns segundos, mas assim que pensamentos inoportunos passaram pela sua mente, ela desviou o olhar para as luzes de NYC. Claro que Quinn percebera e deu um sorriso malicioso ao perguntar:

            - O que estava pensando, Berry?

            - O quê...?! – Rachel gaguejara sentindo um arrepio, a voz de Quinn estava rouca. A loira gargalhou diante da confusão da morena, mas permaneceu a olhá-la em silêncio com aquele ar sedutor que estava ainda mais evidente naquela noite. Rachel mordeu o lábio e decidiu se calar.

            - Sabe, eu ainda me lembro do baile quando você disse que eu era a garota mais bonita que você conhecia... – Quinn murmurou mais para si do que para Rachel, inexplicavelmente, a diva sentiu que a garota a sua frente ficara visivelmente nervosa. As duas encontraram os olhares e se observaram. – E que isso não era o bastante, por isso, eu te pergunto: o que é o bastante para você, Rachel?

            Rachel tremeu ao ouvir seu nome ser sibilado com uma calma que chegava a ser sexy. Só mesmo Quinn Fabray poderia ser capaz de fazer um simples nome se tornar sedutor. A morena ergueu os olhos e notou que as duas estavam ainda mais próximas, ela percebeu também que Quinn a observava com afinco enquanto a língua brincava nos lábios dela. Rachel ficou confusa, não conseguia entender o que estava acontecendo ali. Quinn empurrou a garrafa de vodka levemente para as mãos da morena e sibilou no ouvido dela:

            - Pode ajudar a falar...

            E mais uma vez, Rachel tremeu e sentiu os pelos de seu braço se arrepiarem. Ela sentiu o dedo indicador de Quinn deslizar levemente por sua pele, Rachel fechou os olhos e mordeu o lábio, era claro que aquilo era um flerte e o mais importante era o efeito que aquele flerte estava tendo sobre si. A morena apanhou a garrafa das mãos de Quinn por puro impulso e tomou um gole enorme do líquido que desceu queimando a sua garganta, ela virou-se para Quinn e murmurou lentamente:

            - Eu não sei o que é o bastante para mim.

            Quinn sorriu predadora e Rachel sentiu as pernas bambearem. A loira inclinou o corpo sobre a morena, prensando-a de encontro ao pequeno muro que as separava da queda. Rachel sentiu-se tremendo, Quinn apanhou a garrafa e tomou um gole para depois, servir Rachel nos lábios com delicadeza e dizer roucamente:

            - Não sabe? A bebida ajuda a pensar direito.

            - Não é isso que parece, a bebida deixa as pessoas bobas, Fabray. – Rachel respondeu com uma careta e um pouco alta, afinal, metade da garrafa já tinha sido esvaziada por ela. Quinn deixou a garrafa em cima do muro e aproximou-se ainda mais de Rachel, a morena fechou os olhos sentindo o perfume doce embriagá-la ainda mais. Depois, as mãos de Quinn apertaram sua cintura e ela sentiu um leve beijo no pescoço, ainda próxima a pele morena, Quinn sibilou predatoriamente:

            - Posso te garantir uma coisa, Berry: eu posso ser tudo nessa noite, mas não boba...

            E continuou a beijar o pescoço de Rachel enquanto ela sequer sabia o que estava fazendo, portanto, a diva fez a única coisa que estava ao seu alcance e tornou a beber um imenso gole da garrafa. Quinn parou de beijá-la e as mãos de ambas se encontraram na garrafa de vodka, Rachel fez uma careta e perguntou com a voz arrastada:

            - Por que parou o que estava fazendo?

            - Porque eu ainda quero que você se lembre do que aconteceu essa noite. – Quinn estava imersa no desejo, ela mesma tomou o pouco conteúdo da garrafa, Rachel ficou imersa na visão sexy que era Quinn Fabray bebendo a vodka de olhos fechados para depois, direcionar os olhos amendoados famintos em sua direção.

            Quinn jogou a garrafa vazia sobre o ombro e aproximou-se ainda mais de Rachel, colocou a perna entre as pernas de Rachel e para a sua surpresa, a morena soltou um gemido e mordeu os lábios. Quinn sorriu e mordeu o lóbulo da orelha da morena, sibilou:

            - Gosta do que sente, Rachel?

            Mas a morena não respondeu, jogou a cabeça para trás, expondo o pescoço delicioso para Quinn que avançou e chupou-o. Rachel tornou a gemer e com uma trilha de beijos, Quinn chegou aos lábios da morena. Mesmo estando fora de si, Rachel surpreendeu-se por corresponder ao beijo com igual ou mais desejo.

            Quinn tinha um beijo completamente diferente de Finn, não era nada anormal com bocas enormes e saliva para todo o lado... O beijo de Quinn lhe dava a chance de participar e foi nessa premissa que Rachel mordeu o lábio dela, exigindo que a língua de Quinn brincasse com a sua. Quinn obedeceu prontamente e colocou a sua língua sobre a de Rachel, chupando-a em seguida. Rachel gemeu ainda mais e puxou os curtos cabelos loiros, Quinn jogou a cabeça para trás e foi a vez de Rachel invadir seu pescoço.

            A loira arranhou a nuca de Rachel que se arrepiou e afastou-se para respirar, Quinn a olhava com a expressão apaixonada e os lábios inchados. Foi naquele momento que Rachel se perdeu. A morena aproximou-se mais calma e beijou Quinn com mais leveza, mas levantou a blusa que a loira usava e arranhou a pele do abdômen dela. Quinn gargalhou e murmurou no ouvido da morena:

            - Quer brincar, Berry?

            - Você não sabe como! – Rachel murmurou sedutoramente e mordendo o pescoço de Quinn que assumiu as rédeas a partir dali. A loira puxou as pernas da morena e encaixou-as na própria cintura, depois a prensou no muro e atacou-lhe os lábios carnudos novamente. Rachel estava entregue e ficou ainda mais quando sentiu a mão de Quinn descer pela sua cintura e apertar sua bunda.

            Depois, Quinn continuou a beijá-la enquanto colocava a mão dentro de sua saia. Rachel estava tão imersa na situação que sequer se preocupou com o que estava acontecendo ali, a mão de Quinn pressionou seu sexo e ela gemeu de novo. As duas se separaram e se olharam, Quinn juntou as testas de ambas num pedido mudo para que continuasse aquilo... Rachel acenou, beijando-a novamente.

            De uma forma inexplicável, Rachel Berry se sentiu mais segura com Quinn Fabray do que com o próprio namorado.

            - Vocês trans...! – Kurt tinha os olhos arregalados e não conseguia acreditar no que acabara de ouvir, ele engoliu em seco e procurou respirar fundo enquanto Rachel olhava desolada para ele. – Você e Quinn transaram?

            - Ela tirou a minha virgindade, Hummel! Entendeu agora? – Rachel exclamou um pouco fora de si, estava cansada de guardar aquele tipo de informação só para si. Estava sufocada desde a noite em que tudo ocorrera e ficara ainda pior ao encontrar Finn e Quinn no McKinley. Porque, querendo ou não, Quinn fizera Rachel questionar a força de seu sentimento por Finn.

            - Oh Meu Deus! – Kurt exclamou com um riso nervoso e entre gargalhadas, Rachel arqueou a sobrancelha insatisfeita. Kurt estava sendo muito inconveniente agindo daquela forma, o rapaz pareceu perceber a irritação da amiga e fechou a expressão. – Eu achava que ela nunca seria capaz de fazer isso!

            - Como é que é? Quinn sempre quis fazer isso? – Rachel estava assustada agora, conviver com a idéia de que Quinn realizara uma fantasia sexual era mais prática e a faria esquecer-se daquela noite rapidamente. Mas a diva bem sabia que tinha um pedaço de si que pedia para que aquela noite não tivesse sido apenas sexo e desejo, Rachel Berry precisava se sentir amada.

            - Rachel, querida... Se ela não quisesse isso, ela não estaria disparando tantos sinais. Se existem duas pessoas que quebram meu radar, essas duas são Santana Lopez e Quinn Fabray. – Kurt comentou despreocupado, com um ar de quem sabe das coisas. Ele deu um sorrisinho para a amiga e Rachel sentiu seu coração se acelerar, é claro que ela queria Quinn, quem seria doido de não querer? – Desenhos pornográficos com corações, disputas por namorados, mudança de comportamento... Isso é coisa de quem não se aceita, Barbra.

            - Ela pode até não se aceitar, mas ela tem me procurado... – Rachel murmurou mais para si do que para o amigo, se surpreendeu quando um sorriso rompeu em sua face. Kurt apertou suas mãos e lhe sorriu de volta, bastante satisfeito. – Ela quer que isso dê certo.

            - E você está esperando o que? Eu sei que Finn Hudson é meu irmão, mas eu também sei o quão mal ele pode te fazer... – Kurt estava com uma expressão animada, ele sabia que nunca errava. Quinn gostava de Rachel, ele podia ver nos olhos dela. – E estamos falando de Quinn Fabray, uma das garotas mais lindas que já pisaram na Terra!

            - Isso não daria certo, Kurt... – Rachel respondera ligeiramente desanimada, ela não seria capaz de agüentar a inconstância de Quinn por muito tempo, ela precisava de segurança e Finn parecia lhe passar aquilo. – E eu estou com Finn.

            - Você estava com Finn, Barbra... Deixou de estar com ele quando entregou a sua virgindade para Quinn. – Kurt estava sendo severo em suas palavras e Rachel sabia que ele estava certo. Ela não sabia o que sentia por Quinn e nem fazia questão de saber, só as sensações corporais que a ex-cheerio provocava em si já a assustavam o bastante. – E você bem sabe que Finn não é o que você precisa se quiser seus sonhos realizados.

            - Por um acaso, Quinn é o que eu preciso? – Rachel perguntou irritadiça, Kurt estava confundindo-a ainda mais. O rapaz deu um sorriso maldoso e satisfeito com a dúvida que plantara na cabeça da amiga, ele queria a felicidade dela e sabia que Finn destruía o brilho de Rachel cada vez que quebrava o coração dela. Kurt pigarreou e disse sabiamente:

            - Ela é exatamente o que você precisa. Ela te quer, dá pra ver isso nos olhos dela e melhor... Ela vai onde você for, ela vai abrir mão de tudo por você, ela não tem nada a perder. Consegue imaginar Finn fazendo isso?

            Rachel agitou a cabeça negativamente e algumas lágrimas tímidas escorreram por sua face. Ela tinha que pensar, mas sabia que aquelas palavras de Kurt ecoariam por um bom tempo em sua mente. O rapaz beijou a testa da amiga e saiu da sala, deixando-a sozinha com seus pensamentos.

            Rachel estava confusa e indecisa. Perdida entre duas pessoas que ela sabia que eram indispensáveis em sua vida.

***

            Depois de caminhar durante quase todo o dia, Quinn Fabray chegou ao bar “Bloody Mary” cansada e irritada. O bar estava barulhento e pela aparência debilitada do local, dava para perceber que tipo de pessoal freqüentava aquele local. Com certeza não eram boas pessoas, mas não influenciava muito, Quinn já não era uma boa garota.

            Ela empurrou a porta do bar com um pouco de rancor e foi invadida pela música pesada que tocava no local. Olhou ao seu redor e deu graças por não ser reconhecida ali, Quinn ajeitou o gorro que usava e rumou para o balcão. Ao sentar-se ali, alguns homens (na maioria, maus elementos) olharam para ela interessados, ela revirou os olhos e acendeu um cigarro enquanto pedia ao barman:

            - Whisky duplo, puro.

            - O que aconteceu, Fab? – Joseph, o barman, perguntou preocupado para a garota. Quinn deu um sorriso gentil para ele e agitou a cabeça, dizendo claramente que aquilo não importava. Joseph sabia de quem era filha, mas nunca a tratara de forma diferente e era por isso que a garota gostava tanto daquele velho senhor tatuado. Ele fez uma careta descontente, mas serviu-a do mesmo jeito.

            Quinn bebericou o líquido com um sorriso triste, há alguns meses, o líquido descia queimando em sua garganta. Mas as coisas tinham mudado e agora, o whisky não fazia menor efeito nela. Ela continuou a olhar perdida para o bar, perdida entre os sentimentos confusos que passavam por sua mente.

            Mesmo que Rachel tivesse entregado-a para o diretor e para o Mr. Schue, seu coração ainda batia forte com a simples lembrança daquela noite no terraço em NYC. Seu corpo ainda sentia espasmos e um calor anormal tomava-lhe por inteiro. O punho de Quinn fechou-se sobre o balcão e ela mordeu o lábio, odiando cada sentimento que nutria por Rachel Berry.

            Se já não bastava ter a vida destruída por ela... Agora ainda estava sofrendo por amor.

            Quinn respirou fundo e virou o que restava da dose de whisky, novamente o líquido desceu por sua garganta sem produzir efeito algum. A garota fechou os olhos e sentiu um toque em seu ombro, Quinn virou-se para ver quem era e revirou os olhos em seguida, perguntou entediada:

            - O que você quer, Sam?

            - Isso são modos, Fabray? – A garota perguntava com um ar irônico. Era uma bela morena, com um corpo escultural e um sorriso sedutor. Quinn tornou a revirar os olhos e bufou impaciente. – Você costumava ser mais educada.

            - Eu não estou em um bom momento, por favor... – Quinn murmurou incomodada ao sentir as unhas da outra arranharem sua nuca, Sam pareceu gostar do efeito e sorriu sedutora. Quinn respirou fundo enquanto escutava a morena falar:

            - Eu posso cuidar disso, o que acha?

            - Eu não estou a fim. – Quinn foi direta em sua resposta e Sam ficou ligeiramente surpresa. Novas garotas se aproximaram e Quinn mordeu o lábio preocupada, eram as Skanks. Joseph pareceu perceber o que estava prestes a acontecer e manteve-se perto, fingindo limpar um copo. Sam sentou-se em um banco e disse:

            - Sentimos sua falta, Fabray... Não acha que está na hora de voltar para nós?

            - Eu acho que sou melhor sozinha, eu não preciso de vocês. – Quinn fora fria em suas palavras, provocando a ira das garotas que haviam sido sua companhia nas férias. As Skanks eram um grupo de garotas que se reuniam para fumar, beber e fazer vadiagem. A princípio, tinha sido muito divertido, mas quanto mais o sentimento por Rachel amadurecia, mais Quinn ficava entediada.

            - Ora Q, você pode falar isso delas, mas não de mim... – Sam murmurou sedutora enquanto apertava uma região da perna de Quinn próxima a virilha, a ex-cheerio mordeu o lábio e Sam aproveitou para se aproximar. – Nós duas vivemos bons momentos, acho que disso você precisa.

            - Não, ela não precisa. – Uma voz masculina alta e forte se fez ouvir no meio das meninas, Quinn virou-se novamente e deu de cara com Noah Puckerman olhando sério para a cena. Ele abraçou os ombros da ex-cheerio com agressividade. – Ela está comigo agora, acho bom vocês caírem fora.

            - Mudando de lado, Fabray? Voltando para o Clube do Arco-Íris? – Sam perguntou com a ironia brincando em seus lábios, mas Quinn abaixou a cabeça, agradecendo por Puck estar ali. A morena levantou com um sorriso brincalhão enquanto Puck a olhava com fúria.

            Sam passou por ela e a olhou de cima embaixo, bebeu a dose de whisky que Joseph acabara de servir e roubou os cigarros dos dedos de Quinn, tragando em seguida. Quinn voltou a olhar para ela incomodada e antes de sair, a morena murmurou em seu ouvido:

            - Quando se cansar da Berry, eu estarei te esperando. Garanto que você não esqueceu o que aprontamos naquela noite.

            Quinn mordeu o lábio e olhou friamente para ela, depois, acompanhou as Skanks se afastarem com um ar descolado. Puck desabou no banco ao lado de Quinn e fez um sinal, Joseph voltou minutos depois com uma cerveja. O rapaz olhou irritado para Quinn e perguntou:

            - Que tipo de merda você pensa que está fazendo?

            - Eu é que te pergunto! – Quinn respondeu na defensiva, os olhos amendoados faiscavam e Puck sorriu debilmente, feliz com o resultado. – O que você ta fazendo aqui?

            - Eu estou cuidado de você! – Puck estava sentido, ele queria proteger Quinn, tinha medo que a amiga se perdesse de novo. – Aliás, estou cuidando do que pertence a Rachel Berry...

            Quinn ficou ainda mais branca diante daquelas palavras, os punhos se fecharam e inesperadamente, ela acertou um soco no queixo de Puck. Segundos depois, sua mão doía enquanto Puck resmungava e remexia na mandíbula, tentando aliviar a dor. Os dois ficaram se encarando com irritação, depois, Quinn abaixou os olhos e suspirou.

            - Como sabe?

            - Você pode mudar toda a sua aparência... Mas de alguma forma, o brilho nos olhos que você tem quando a vê continua o mesmo. – Puck tinha um sorriso vitorioso no rosto, ele excitou em tocar na amiga, mas sem ver resistência, apertou-lhe o ombro levemente enquanto sorria. Quinn ergueu o rosto e sorriu de volta, depois murmurou com algumas lágrimas brincando em seus olhos:

            - E do que adianta? Ela nunca vai largar a vida dela por mim, deixou isso bem claro quando me entregou para o Mr. Schue.

            - Se você visse a pressão que fizeram em cima dela, entenderia. Ela não iria ceder, mas todos exigiram que ela assumisse a lealdade com o Glee... Justo ela! – Puck parecia inconformado com o que obrigaram a pequena diva a fazer, ele tomou um gole da cerveja enquanto Quinn o observava. A ex-cheerio nunca duvidara da bondade dele, ele podia ser bastante agressivo quando queria, mas era um doce quando tinha que defender seus amigos.

            - Ela ama o Finn. – Quinn murmurou aquilo como se fosse uma sentença de morte, Puck gargalhou desconcertado e recebeu um soco de Quinn que exigia um pouco de respeito. O bad boy parou de rir e olhou, sério, para ela. Puck afagou a bochecha da amiga e disse com um sorriso:

            - Os olhos dela brilham quando ela fala de você... Ela chorou o tempo todo quando teve que contar o que você fez dela, você sabe que Finn não a merece. Por favor, lute por ela.

            Puck deixou uma nota de vinte dólares no balcão e tomou o último gole da cerveja. Depois, saiu dali deixando Quinn remoendo seus pensamentos.

            Ela estava cansada de lutar, mas não vivia mais sem os olhos castanhos... Será que valia a pena?

***

            No dia seguinte, Noah Puckerman entrou decidido no McKinley. Avistou quem procurava ao lado de Finn Hudson, o rapaz aproximou-se com um ar pesado e cutucou Rachel que se virou confusa para ele. Ele empurrou uma caixinha de fósforo para as mãos da garota e disse:

            - Quando Quinn desaparecer, vá a esse local. Ela precisa de você.

            Rachel abriu a boca, mas não conseguiu falar, porque Puck desapareceu no instante seguinte. Finn aproximou dela com um ar confuso e perguntou:

            - O que ele queria?

            - Não era nada... – Rachel respondera incomodada e apertando a caixinha de fósforos como se fosse uma espécie de talismã. Ela voltou-se para o namorado e deu seu melhor sorriso. – Meus pais estarão fora hoje, quer passar lá em casa?

            Finn sorriu e afirmou com a cabeça, completamente certo do que Rachel sugeria naquele momento.

***


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam? Entenderam o porquê da confusão entre essas duas?
Realmente, o que aconteceu em NYC foi bastante... Intenso né? Ainda mais regado a bebida HAUAHUHASUHUAS
E puderam perceber que Quinn não foi a pessoa mais certinha durante esse tempo, não é? HUAHUAHUAHUAS
Espero que tenham gostado, comentem por favor!
Beijo x)