You And I escrita por Fernanda Redfield


Capítulo 2
Traição


Notas iniciais do capítulo

Olá gente!
Que bom que "You and I" foi bem aceita, adorei os comentários e eles só me motivaram a escrever ainda mais!
E respondendo às perguntas, essa short terá em torno de 5 capítulos. Quanto a "You Are My Star", eu estou sem inspiração para escrever o epílogo... Mas prometo que ele sai!
E gente, ainda não vi o primeiro episódio da season 3 =/ Nem sei como a Dianna se saiu com essa bad Quinn, mas me disseram que ela estava linda *-*
Enfim, espero que curtam! Boa leitura.



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            - Vou repetir a pergunta. – Mr. Schue tinha a aparência cansada e mesmo assim, irritada. Ele chamara o Glee Club para uma reunião ás pressas na sala dos professores. Todos olhavam para Rachel como se exigissem que ela soubesse alguma coisa. – Algum de vocês sabe quem queimou nosso piano?

            - De acordo com meus informantes, Mr. Schue... A ManHands deve saber alguma coisa. – Santana anunciou maléfica e olhando de esguelha para a pequena diva que se encolhera ainda mais na cadeira em que estava sentada. Finn pareceu, finalmente, perceber alguma coisa e tomou a defesa da namorada:

            - Rach já disse que não viu nada, ela chegou lá quando o piano já estava queimando.

            - Não é o que eu fiquei sabendo, Finnocência... – Santana estava com um sorrisinho irônico, ela contornou a cadeira onde Rachel estava sentada com um ar agressivo e predador. Mr. Schue observava a cena sem entender muito bem o que acontecia, Rachel olhou fracamente por baixo de sua franja, mas manteve-se calada.

            Kurt, que até então estava calado e ao lado de Blaine, se levantou. Ele podia ver que sua amiga estava nervosa, mas ele também queria saber quem estava começando a querer destruir o Glee tão cedo naquele ano. O rapaz caminhou até Rachel e agachou-se na frente dela, deu seu melhor sorriso encorajador e perguntou gentil:

            - Você sabe quem fez isso, Rach?

            Rachel agitou a cabeça freneticamente, em sinal de negação. Mr. Schue suspirou derrotado e Santana bufou impaciente, ela empurrou Kurt para longe de Rachel e agarrou a pequena diva pelos ombros. Colocou-a de pé e disse agressiva:

            - Olha aqui Berry, eu odeio admitir, mas eu me importo tanto com o Glee como você e eu não vou deixar você defender a honra da Fabray. Ela não merece isso, ela nos abandonou!

            - Como é que é? – Mr. Schue questionou confuso, fazendo as duas garotas olharem surpresas para ele. Finn engoliu em seco enquanto Puck agitava a cabeça negativamente, escondendo a face com a mão. Os demais pareciam absortos demais para murmurar alguma coisa. – O que você quer dizer com isso, Santana?

            - Aparentemente, Mr. Schue... A Fabray enlouqueceu com aquele cabelo rosa pink, aquelas roupas góticas e aquele ar badass. Ela disse que sairia do Glee e momentos depois, o piano aparece roxo e queimando no meio do pátio. Suspeito, não? – Santana dizia tudo como se não houvesse remorso dentro dela, Rachel fechou os punhos e os olhos, tentando canalizar aquela raiva vinda sabe-se lá de onde. A postura da pequena diva enrijeceu, mas ela sequer se moveu, Finnn ficou imóvel ao seu lado.

            Todos os olhares na sala se viraram para a diva. Rachel engoliu em seco e baixou os olhos, tentando ignorar aquele turbilhão de sensações que estavam bagunçando seu interior. Odiava sentir-se fraca diante de Quinn Fabray e mais, odiava a forma como o abraço de Finn nada significava quando ela pensava na ex-cheerio.

            Ela sabia muito bem o que estava acontecendo com ela em relação a Quinn, mas achava que negar podia ser uma excelente forma de sufocar toda e qualquer afinidade (ou mais) que pudesse ter com Quinn.

            - Rachel, querida... Por favor, não é hora para isso. Você e Quinn sequer são amigas, não é justo protegê-la quando sabemos que se fosse ela no seu lugar, ela te entregaria na primeira oportunidade. – Mr. Schue aconselhou com a voz calma e um ar sereno, mas que deixava claro querer a verdade. Rachel sequer se mexeu, pode sentir a ira dos demais membros do Glee diante daquilo. – Quinn nos deixou e pior, nos traiu. Se você realmente se importa com o Glee, deveria tomar um lado.

            Aquelas palavras atingiram Rachel como um soco. Ela apertou as mãos e respirou com dificuldade, Finn levantou o rosto dela e deu um sorriso encorajador. O coração da morena acelerou e ela não soube dizer se foi pelo Finn presente ao seu lado ou se foi por pensar em Quinn. A pequena diva pigarreou e começou:

            - Eu fui atrás de Quinn depois que ela foi expulsa da aula de Filosofia e bem... Quando a alcancei, ela já tinha jogado a tinta e depois, discutimos e ela acabou tacando fogo no piano.

            - Infelizmente, eu vou ter que tomar uma atitude contra isso. – Mr. Schue anunciou visivelmente cabisbaixo e decepcionado por ser Quinn Fabray. Santana sorriu vitoriosa, Kurt agitou a cabeça negativamente enquanto era consolado por Blaine. Artie e Brittany estavam com caretas desconcertadas, Mike e Tina pareciam não acreditar e apenas Mercedes suspirou inquieta.

            Brevemente, os olhares de Mercedes e Rachel se encontraram. A pequena desviou quando percebeu que a amiga começava a ler sua alma, Mercedes levantou-se abruptamente da cadeira e disse:

            - Eu não sei se vocês perceberam, mas a Quinn está precisando de ajuda! Antes de jogarem pedras nela, pensem em como ela está perdida e...

            - Não Mercedes, se Quinn estivesse com problemas, ela viria falar conosco, ela teve sua chance durante as férias. Nós somos o Glee Club, somos uma família. E famílias conversam! – Finn estava decidido e com a expressão fechada, ele não iria tolerar nenhuma atitude de Quinn depois de ser usado no baile. Era burro, mas nem tanto, sabia muito bem o que Quinn quisera com ele no final das contas. Mercedes fuzilou-o e olhou para Puck à procura de apoio, mas o bad boy ficou calado e baixou os olhos.

            Vendo-se sem apoio, Mercedes apanhou a bolsa com brutalidade e saiu dali a passos firmes e sem olhar para trás. Mr. Schue colocou a mão sobre a testa e suspirou, agradecendo a presença de todos ali. Conforme iam saindo, Santana deixou-se ficar para trás com Rachel e murmurou maldosa:

            - Adoraria saber o que você e Quinn andaram discutindo. Aliás, acho que até sei do que se trata... Talvez, esteja relacionado com NYC, não é?

            Rachel parou e se virou abruptamente, os olhos castanhos de ambas flamejavam. Finn apertou os ombros da namorada só para perceber quão tensa ela estava ao encarar Santana com ódio, Rachel murmurou entre dentes:

            - Não ouse falar nisso, Santana.

            - Por que, Berry? Você fez alguma coisa da qual se envergonha? – Santana deixou a pergunta no ar de propósito, fazendo até mesmo Finn pensar. Rachel fechou os olhos e apertou os punhos, respirando com dificuldade. – Melhor, você fez alguma coisa COM a Fabray da qual se envergonha?

            Rachel não agüentou e saiu correndo dali, dramaticamente. Finn olhou magoado para Santana antes de sair atrás da namorada, Santana apenas sorriu diante dos resultados.

            Ás vezes, observar a vida dos outros tinha lá os seus méritos.

***

            Quinn Fabray chegou bem tarde em casa naquele dia após andar a esmo por Lima. Como era de se prever, sua mãe saíra com um dos seus pretendentes e com certeza, chegaria tarde.

            A garota jogou a bolsa no chão do hall enquanto ia para cozinha apanhar alguma coisa para beber, abriu a geladeira e apanhou um suco qualquer que estava ali. Depois subiu para seu quarto e sentou-se na cadeira do computador, olhando para a janela com os pés apoiados na escrivaninha.

            Os efeitos colaterais das palavras de Rachel Berry ainda estavam em si. Pelo reflexo da janela, pode perceber que ainda estava corada e que seus olhos estavam escuros, traduzindo perfeitamente a sua raiva pela pequena diva sequer reparar no que estava se passando entre elas.

            Quinn bebeu toda a garrafa de suco quase que instantaneamente, depois, apanhou um de seus livros e colocou-se a estudar na marra. Podia ter se revoltado contra tudo e todos, mas ainda era esperta o bastante para saber que só sairia de Lima se estudasse.

            Estava empolgada na Álgebra quando seu celular vibrou em seu bolso. Claro que se surpreendeu, duvidava que alguém do Glee pudesse querer falar com ela depois da sua saída do clube. Mas se surpreendeu ainda mais quando viu pelo identificador, o nome de Rachel.

            Os dedos da mão direita de Quinn tremiam enquanto ela lia a mensagem. Curta e incisiva.

Santana sabe. – R.

            Quinn revirou os olhos, querendo espancar a si mesma por achar que Rachel pudesse ter mudado de idéia.

E o que eu tenho a ver com isso? – Q.

            A loira jogou o celular em cima da escrivaninha tentando ignorá-lo, mas sem sucesso. Porque quase que instantaneamente, ele tornou a vibrar. Rachel era rápida.

Ela me ameaçou hoje. – R.

            Quinn sentiu seu sangue ferver e seu instinto protetor falar mais alto do que toda a mágoa e fúria que trazia dentro de si. Droga, onde estava o maldito orgulho Fabray?

Eu vou tomar uma atitude, ok? – Q.

            A ex-cheerio pretendia dar o assunto por encerrado, mas estava falando com Rachel Berry e mesmo por mensagem, ela sabia ser tagarela e irritante.

Não precisa fazer nada, até porque, eu sei que você vai acabar fazendo besteira. – R.

            Quinn bufou impaciente e ficou olhando para a tela do celular por vários instantes, sem saber o que responder. Rachel conseguia inspirar sua proteção e ao mesmo tempo, inspirar uma vontade crônica de matá-la.

Você não teria me mandado uma mensagem senão quisesse que eu tomasse uma atitude e, ao contrário de você, sou corajosa o bastante para peitar e colocar Santana Lopez no lugar dela. – Q.

            A resposta demorou, Quinn descera as escadas para jogar a garrafinha de suco fora e quando voltara, seu celular permanecia quieto. Guardou seus livros e acendeu um cigarro, sentando-se na janela, com uma das pernas para fora da casa quando sentiu o aparelho vibrar de novo.

Não vamos ter essa conversa de novo, muito menos por mensagem. – R.

            Quinn soltou uma gargalhada histérica, devia saber que elas nunca conversariam sobre aquilo mesmo. Ela deu mais uma tragada no cigarro e expulsou a fumaça pelas narinas. Depois, prendeu-o nos dentes para digitar a mensagem.

Nós nunca tivemos essa conversa e quer saber? Eu nem sei se a quero mais. – Q.

            Quinn olhou para a rua, em seguida. Recebeu alguns olhares intimidadores das senhoras conservadoras da casa da frente, mas ignorou. Desde NYC, julgamentos alheios não lhe importavam mais. O que importava era a sua opinião e a de Rachel, talvez.

Por favor, não haja como se não se importasse. Você não é assim, eu sei. – R.

            Quinn franziu a testa, tentando entender o que Rachel queria por aquela mensagem. Uma pequena chama de esperança acendeu em seu peito, mas a loira tratou de apagá-la com palavras frias. Esperança era o que ela menos precisava no momento.

Aprendi com a melhor, Berry. Agora me deixe em paz, tudo que eu quero é continuar fumando meu cigarro em paz. Sem você agir como se eu importasse na sua vida. – Q.

            Quinn tragou o cigarro mais uma vez. Sentindo seu coração acelerar bobamente em seu peito. Ignorou o fato e continuou a olhar pela janela, o sol começara a se pôr e novamente, como durante todos os dias das férias, as lembranças daquela noite em NYC vieram atormentá-la.

Você não pode estar fumando de novo! Sabe muito bem que isso te faz muito mal. – R.

            Quinn tragou o cigarro com mais gosto ainda depois que leu a mensagem, ela socou a moldura da janela com raiva enquanto sentia as lágrimas tomarem seus olhos. Rachel não sabia como lhe machucava agindo daquela forma.

Você perdeu o direito de se preocupar comigo depois daquele dia/noite em NYC. – Q.

            A resposta chegou rápida, como se Rachel estivesse esperando por ela. Quinn revirou os olhos ao sentir a mão doer, tinha que parar de ser burra a ponto de socar uma madeira dura buscando satisfação.

Pelo que eu saiba, nós temos bastante direito uma sob a outra. – R.

            Quinn gargalhou novamente e as senhoras tornaram a olhar para ela com desgosto. O sangue subiu à cabeça e a ex-cheerio mostrou o dedo do meio para elas acompanhado de um sorriso sarcástico com o cigarro preso nos dentes, as senhoras se recolheram para dentro com aparências assustadas e ressentidas.

Você não tem direito nenhum sobre mim, aliás, tem tanto direito quanto Finn e o Puck têm. – Q.

            Quinn tinha certeza que ferira os sentimentos da morena com aquela mensagem, mas pouco se importava com aquilo no momento. Fora Rachel que a ferira primeiro, fora Rachel que destruíra o que era melhor nela, fora Rachel que inspirara o pior nela... A morena que arcasse com o prejuízo.

Você sabe muito bem que não precisava dizer isso. – R.

            Quinn deu a última tragada no cigarro antes de jogá-lo pela janela, cansada do rumo que aquela conversa tomava. Ela levantou-se e tirou a regata preta que usava, ligou o som no último volume e digitou a última mensagem daquela estranha conversa.

Eu não precisava mesmo, mas talvez, essa tenha sido a deixa para acabar com essa conversa. Tchau Berry. – Q.

            Depois, Quinn jogou o celular na cama e foi tomar um banho, ao som de “Bad Reputation” da Joan Jett. Sorriu com a ironia que era a música bater totalmente com a situação na qual vivia. A ex-cheerio tirou a bermuda e os coturnos enquanto caminhava, largando tudo pelo caminho.

            Assim como tentava largar toda e qualquer lembrança daquela noite.

            Do outro lado da cidade, em um bairro mais modesto do que aquele em que Quinn vivia, Rachel Berry olhava para a tela do celular, sentindo um súbito vazio preenchê-la.

            A morena bufou impaciente e jogou o celular em cima de suas roupas sujas, caiu na cama de bruços e silenciou seu choro com um travesseiro.

            Mais uma vez, não sabia se chorava por Quinn ou Finn.

***

            Quando Quinn acordou na manhã seguinte, ficara evidente que a mãe não passara a noite em casa. A garota apanhou uma fruta na geladeira e saiu porta a fora, caminhando lentamente até o McKinley.

            Passou em frente a um bar e com a identidade falsa que barganhara nas férias, conseguiu comprar uma garrafa de cerveja e escondê-la na bolsa. Desde aquela noite em NYC, a cerveja se tornara sua bebida preferida. Quinn sorriu diante dessa observação. Estava bancando a idiota de novo.

            Revirou seu celular, em busca de alguma coisa nova, mas nada. A ex-cheerio bufou irritadiça e apressou o passo, chegando à escola em menos de 15 minutos. O McKinley ainda estava vazio, afinal, faltava mais de meia hora para o início das aulas. Quinn sentou-se nos degraus da entrada e acendeu um cigarro, sabendo muito bem que aquele hábito estava tornando-se mais freqüente a cada dia.

            A garota olhou o estacionamento vazio, exceto pelos carros das cheerios que com certeza, estavam tendo treinos extras naquela manhã. Ela conhecia muito bem aquela rotina e sequer sentia falta dela, estava muito bem ali, sozinha, curtindo a brisa fresca naquela manhã...

            - Eu acho que te disse para parar de fumar, ontem. – Quando Quinn achava que estava sozinha, Rachel Berry sempre aparecia para lhe provar o quão pequeno era o mundo. A ex-cheerio olhou atrás de si com desdém para então, se levantar e assumir aquela posição de defesa de sempre: mãos na cintura, quadril levemente inclinado e sobrancelha arqueada.

            - Torno a repetir: você não pode exigir nada de mim. Assim como eu não exijo mais nada de você, Berry. – Quinn soou fria e Rachel suspirou cansada, os olhos castanhos estavam inchados com aparência de quem chorara a noite toda, claro que a ex-cheerio percebeu aquilo, mas sequer comentou. Rachel a fuzilou e disse séria:

            - Você sabe que não precisa ser dessa forma, eu só quero o seu bem.

            - Se você realmente quisesse meu bem... – Quinn murmurava com a voz rouca, ela se aproximou de Rachel, invadindo o espaço pessoal da morena de novo. Rachel respirou de forma pesada e mordeu o lábio inferior. – Você não teria necessidade de repetir isso todos os dias. Era só ter aceitado o que eu propus naquela noite.

            Rachel engoliu em seco e baixou os olhos. Ela podia sentir que aquela Quinn que estava na sua frente, não era a mesma Quinn de segundos atrás. Mesmo o cheiro de cigarro, as roupas escuras e rasgadas... Aquilo não era nada, porque aquele mesmo brilho bonito estava nos olhos dela, aquele brilho que ela não se esquecera nas férias. Quinn tocou seu pulso levemente e fez carinho nele com o polegar, Rachel afastou-se dela e murmurou:

            - Eu não posso fazer isso, Q. Vamos esquecer, por favor!

            - É Fabray, pra você. – Quinn dissera fria, parada no mesmo lugar onde Rachel a deixara. A ex-cheerio jogou os cabelos róseos para trás, dando um sorriso para disfarçar a expressão doída e colocou os óculos escuros. Puxou a bolsa sobre o ombro direito e tragou o cigarro de propósito, pode ver os olhos de Rachel escurecerem diante daquela atitude.

            Quinn deu às costas para a morena com um sorriso amargo na face, pelo menos, tinha certeza que Rachel não esqueceria tudo tão cedo e aquela lhe parecia uma forma de tortura excelente. Quinn caminhou até seu armário e jogou suas coisas ali dentro, depois, tornou a rumar para a entrada à espera de Santana Lopez.

            Como ela mesma dissera: estava arrumando confusão por qualquer coisa naquele momento. E juntar sua irritação matinal, com Rachel e Santana... Bem, isso era um bônus que ela não queria perder.           

            Santana Lopez caminhava majestosamente ao entrar no McKinley High, era a head cheerio agora e ninguém naquela escola podia enfrentá-la. E melhor: não havia ninguém com coragem o bastante para sugerir coisas sobre ela e Brittany S. Pierce. Estava satisfeita e aquilo só se tornava ainda mais evidente na postura ditatorial da latina.

            Mas inesperadamente, uma figura tão alta quanto ela tomou a sua frente e a encarou com um sorriso sarcástico e convencido nos lábios. Santana sentiu-se tremer por dentro, ela sempre fora espectadora dos espetáculos humilhantes que Quinn Fabray costumava dar na escola. Só não queria ser vítima naquela vez.

            - Tire esse cabelo horrível e essas roupas rasgadas da minha frente, Fabray. – Santana tentara soar ameaçadora, mas mesmo a raiva na voz não conseguiu calar o ligeiro tremor que percorreu o corpo da latina. – Eu não preciso de poluição visual, basta a Berry.

            - Eu também não preciso de poluição auditiva, Lopez. Portanto eu falo e você escuta, tá bem? – Quinn tinha um ar sarcástico que transbordava em seu sorrisinho de lado, ela olhava para a latina com ligeiro desprezo que era retribuído. As duas se olharam por vários instantes enquanto, aos poucos, vários alunos iam parando para observar a situação.

            Rachel Berry observava tudo ao longe, devia saber que Quinn não ia ficar calada, o orgulho Fabray grita quando é pisoteado e Santana Lopez estava começando a pisar onde não devia. A pequena diva podia ver as farpas sendo trocadas entre as duas garotas. Santana deu uma gargalhada fria e disse:

            - Ora Fabray, veio defender a sua honra ou a honra da Berry?

            - Isso não tem nada a ver com a Berry, Santana. – A voz de Quinn falhou ao dizer essas palavras, mas foi quase imperceptível. Apenas a própria Santana e Rachel, que se aproximara mais um pouco da situação, perceberam. – Isso tem a ver comigo, você e o que você anda espalhando pela escola.

            - Eu não ando espalhando nada, Q. O que eu estou falando, é o que eu vi e o que eu sei... Nada além da verdade. – Santana tinha um sorriso maldoso que provocou algumas reações furiosas em Quinn, a ex-cheerio fechou os punhos e os olhos. Respirou fundo e ao abrir os olhos novamente, um brilho frio estava presente neles. Rachel se espremeu entre alguns grandalhões do futebol que riam da cena, a morena sabia que teria que separar aquelas duas.

            Sem o menor aviso, Quinn empurrou Santana de encontro a um armário. A ex-cheerio usou seu braço direito para apertar o pescoço da latina enquanto apertava a gola da camisa com a mesma mão. Depois, segurou o pulso de Santana, impedindo que ela pudesse revidar. As duas estavam muito próximas e Quinn murmurou:

            - Se você começar a espalhar coisas ao meu respeito, eu começarei a contar umas verdades por aí sobre você e Brittany.

            Santana engoliu em seco e olhou furiosa para Quinn, a latina tentou se soltar. Mas Quinn a apertou mais ainda no armário, uma careta de dor se fez presente na face da latina e Rachel achou que era a hora de interferir. A pequena diva tocou o braço pálido de Quinn com apreensão, a loira olhou por cima do ombro para Rachel e perguntou:

            - O que foi?

            - Solte Santana, por favor... Você não é assim. – Rachel estava suplicante e a voz estava quase inaudível. Quinn bufou impaciente e num último empurrão, soltou Santana, ela olhou para Rachel com fúria, mas apanhou sua bolsa no chão, pronta para sair dali. Mas Santana limpou o uniforme das cheerios e ajeitou o cabelo, depois, murmurou venenosa:

            - Ora Fabray, ela já está mandando assim em você? Deixa só o Finn saber de vocês duas.

            O que aconteceu a seguir foi muito rápido, os punhos de Quinn tornaram a se fechar. Ela se virou bruscamente e acertou um soco em Santana. A latina conseguiu desviar a tempo e o golpe atingiu o armário. A cena que antes, estava imersa em risadas, se calou diante de tamanha explosão.

            Sue Sylvester que estava observando a cena do outro lado, resolveu tomar as rédeas da situação e gritou autoritária:

            - Lopez e Fabray, na diretoria. E Berry, atrás do Schuester agora! E não ouse desaparecer, você também deve estar presente!

            Santana e Quinn trocaram mais um olhar cheio de fogo antes de caminharem lado a lado para a diretoria. Quinn deu uma risadinha rouca e murmurou:

            - Você ainda me paga, Lopez.

            Santana engoliu em seco e olhou para Quinn querendo não transparecer todo o medo que aquela fala lhe passara.

***

            - Elas não costumavam ser assim quando faziam parte da minha equipe, Schuester. A culpa é sua! – Sue Sylvester estava com aquele mesmo ar frio e sincero de sempre. Quinn, que estava sentada em uma cadeira à frente do Diretor Figgins revirou os olhos enquanto Santana fazia uma careta desconcertada. A ex-cheerio pigarreou e disse cansada:

            - Pelo que eu saiba, eu não faço parte do Glee Club.

            - Que seja Fabray, mas você não era assim. O que foi que fizeram com vocês? Muitos musicais coloridos e hipnotizantes na sua cabeça? – Sue estava sarcástica agora e até mesmo Quinn riu da piada, Mr. Schue pareceu seriamente ofendido e enfim, se pronunciou:

            - Quinn também não era assim quando estava conosco, acho que o problema dela é justamente esse: orientação.

            - E você não sabe como a orientação dela é um problema, Mr. Schue. – Santana sorria irônica e olhava de lado para Quinn, a ex-cheerio agarrou-se a poltrona e nada falou. Apenas devolveu o sorriso irônico para a latina, Rachel pareceu finalmente entender o que acontecia ali e disse contida:

            - Santana, chega. Quinn não precisa ficar ouvindo ofensas senão quer ficar conosco no Glee.

            - E quem disse que o problema é ela estar ou não no Glee? Você sabe muito bem qual é o problema, Berry. – Santana estava sem papas na língua, os olhos escuros dela brilhavam de tanta maldade. Os adultos da sala apenas observavam a troca de olhares entre Santana e Rachel. Quinn se levantou abruptamente e foi postar-se ao lado da porta, encostada no batente e com uma expressão entediada.

            - Eu tenho mais o que fazer, se vocês puderem andar logo com isso, eu agradeço. – Quinn olhava para Figgins procurando uma resposta, Mr. Schue estava sem conseguir acreditar na mudança de sua aluna. Sue parecia ansiosa para bater em alguém, assim como Santana. Já Rachel, parecia querer sair correndo dali ou pelo menos, manter-se longe o bastante de Quinn.

            - Srta. Fabray, sente-se, por favor. – Figgins pediu educadamente e Quinn obedeceu, sentando-se no sofá, completamente largada e sem se preocupar tanto com as boas maneiras. Ela estava maluca por um cigarro. Rachel observou-a com preocupação, sem entender quando perdera todas aquelas mudanças em Quinn. Santana observava a interação das duas com um quê de inveja, ela nunca mais teria aquilo.

            - Não me importa qual foi a razão da discussão entre as senhoritas, mas as duas se comportaram indevidamente na frente de quase toda a escola. – Figgins estava sério, Mr. Schue concordava com a cabeça e Sue parecia ansiosa. Rachel mordia o lábio e Quinn fechara os olhos, alheia a tudo. – E por isso, acho que um dia de suspensão está ótimo.

            Sue protestou e Mr. Schue concordou com um aceno na cabeça, Quinn sorriu aliviada e levantou-se rapidamente para sair dali.

            - Srta. Fabray, você fica.

            A ex-cheerio fez uma careta descontente e voltou alguns passos. Santana passou por ela bufando de raiva, mas as duas não trocaram uma palavra sequer. Rachel permaneceu na sala enquanto Sue saía dali blasfemando contra todos os deuses do universo. Figgins juntou os dedos e colocou as mãos sobre a mesa, depois anunciou:

            - William tem uma queixa a fazer em relação à senhorita.

            - Não sei em relação a que, eu sequer fui na aula dele e muito menos, pisei no Glee Club. – Quinn defendeu-se e olhou de esguelha para Rachel que continuava encolhida no sofá, Mr. Schue passou a mão sobre a fronte e disse cansado:

            - Por favor Quinn, não me force a te acusar dessa maneira.

            - Tudo que acontece nessa escola é problema meu agora? – Quinn questionou verdadeiramente ofendida, Figgins apenas ignorou a pergunta da garota e pediu para que o professor continuasse. Mr. Schue sentou-se na cadeira ao lado de sua ex-aluna de Glee e olhando nos olhos dela, disse:

            - Rachel já nos contou, sabemos que foi você que colocou fogo no nosso piano.

            - Ah... – Quinn suspirou, visivelmente decepcionada. Ela levantou-se e imediatamente, os dois homens se levantaram. Idiotas, acharam que Quinn pudesse fazer algum mal a Rachel quando, na verdade, era a morena que a destruía naqueles últimos dias. – Ela contou?

            Rachel levantou os olhos quando Quinn se calou e neles, continham toda a culpa que pudesse caber naquele pequeno corpo. A ex-cheerio sentiu as lágrimas virem aos seus olhos e uma sensação de vazio preencher seu corpo, era aquela a sensação de ser traída? Ela mordeu o lábio para segurar as lágrimas, Rachel aproximou-se dela.

            - Não, não chegue perto. – As palavras de Quinn mais pareciam um rosnado do que uma assimilação vocal. Rachel estacou em meio movimento com a mão estendida e depois, colocou as mãos sobre a face, era evidente que ela chorava. Os dois homens na sala nada entenderam, Quinn virou-se para eles abruptamente, exigindo que eles falassem.

            - Você ficará suspensa por três dias, Srta. Fabray. Espero que use desse tempo para pensar no que a senhorita fez e em como atingiu o Glee com isso. – Figgins anunciou com um ar severo e dando aquela pequena reunião como encerrada. Quinn apanhou novamente sua bolsa e saiu da sala, a passos pesados e firmes. Quando a mão dela tocou a maçaneta, Mr. Schue disse esperançoso:

            - O Glee sempre vai estar de portas abertas para você, Quinn.

            - Que continue de portas abertas pra qualquer idiota, eu não volto mais para aquele lugar! – Quinn tinha lágrimas quando proferiu as palavras com fúria, Rachel desmanchou-se em um choro incontido enquanto Mr. Schue era derrubado pelas palavras de Quinn.

            Os outros membros do Glee esperavam na porta ao lado de Santana e quando viram Quinn sair quase que correndo dali, surpreenderam-se. Mercedes foi a primeira a sair correndo atrás da amiga, logo depois, foi Puck.

            Rachel saiu logo depois e foi consolada por Finn que parecia não saber o que fazer com a namorada, dando seu lugar para Kurt logo depois. Alguns minutos abraçada ao amigo, Rachel sentiu seu celular vibrar.

            Era uma mensagem de Quinn.

Agora eu entendo o que Finn e Sam sentiram quando eu os traí. Muito obrigada, Berry. – Q.

            Rachel desesperou-se, ela finalmente entendeu o que Quinn tentara lhe dizer nos últimos dias.

***


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Notas finais do capítulo

Eu não gostei nada do que a Rachel fez e vocês?
Acham que a Quinn deve tacar o "fuck off" (ainda mais) nisso tudo?
E outra, acho que já imaginaram o que aconteceu entre elas em NYC né... HAUSHUSHUASHUAS Mas não parem de ler!
Reviews hein? Beeijos e até o próximo capítulo x)