Eu estava tendo um pesadelo terrível quando ouvi uma voz chamar meu nome "Mariana, Mariana, acorda" eu abri meus olhos e vi Pedro na minha frente, estávamos parados na garagem de uma casa , ele me olhou com doçura e sorriu:

-Desculpe ter te chamado, mas é que eu sou um frango e eu não ia conseguir te carregar até lá em cima- Ele disse passando as mãos pelo cabelo e rindo, sorri verdadeiramente e me levantei, de novo ele me ajudou a descer do carro e quando pegou na minha mão ele viu as cicatrizes, abaixei a cabeça e ele disse:

     -Tudo bem, eu sei disso, e sei também do transtorno de Borderline. - Ele disse isso e nós já caminhavamos dentro da casa, era bom saber que ele tinha conhecimento de minha doença, não teria saco pra explicar.- Eu fiz minhas pesquisas prévias- Ele sorriu e eu apenas me limitei a ficar calada.

  -Onde iremos dormir? Eu e você juntos, ou cada um em um quarto separado?- Eu preguntei e ele pareceu pensar

 -Na verdade...eu não sei, mas eu acho que ouvi minha mãe dizer alguma coisa com a sua mãe sobre "o quarto do casal" quando elas cuidavam da decoração, fica aqui que eu vou subir pra procurar o quarto- Ele disse e correu escada acima atrás de nosso quarto, enquanto isso eu fiquei olhando a decoração, puta, parabéns pra quem fez aquilo era muito linda, havia uma prateleira ou alguma coisa assim cheia de fotos, algumas fotos minhas e algumas fotos dele com a família, tinha uma foto minha que eu devia estar pra fazer 14 anos, que saudade daquela época, não existia mutilação nem transtorno de Borderline, eu tinha o meu e minha irmã ao meu lado, eu tinha o Rafael e tinha a Ló. As cicatrizes começaram a arder e eu senti uma vontade enorme de pegar qualquer coisa que cortasse pra abrir um novo corte, joguei o porta retrato no chão com força fazendo um barulho absurdo depois uma raiva incontrolável passou por mim, fazendo minhas veias pulsarem, soltei um grito agudo, um grito de dor e me joguei no chão chorando e gritando mais, pouco tempo depois Pedro desceu assustado e se agachou perto de mim me pegando (com muita dificuldade devo acrescentar) e me pôs no sofá afagando meus cabelos, sem dizer uma só palavra ele apenas ficou assim até mais ou menos três da manhã quando eu me acalmei mais e consegui ter forças pra levantar e subir o lance de escadas até o meu, quer dizer, nosso quarto.

  Fui para o banheiro, e tirei meu vestido ficando apenas de top e calcinha, tirei as presilhas de meu cabelo e entrei no box ligando o chuveiro e deixando a água escorrer, não demorei muito, estava com sono. Saí e me enrolei no meu roupão, peguei outra toalha e saí enxugando meus cabelos, fui até o closet e minhas roupas estavam todas arrumadas do jeito que eu gostava, peguei um conjunto de lingerie simples e um pijama do toy story, voltei pro quarto e pedro já estava deitado na cama apenas de samba canção e meias, tive que rir da cena, ele me viu e começou a rir também:

 -Toy Story?- Ele perguntou com a sombrancelha arqueada

 -Eu gosto, ok?- Eu disse colocando as mãos na cintura e fazendo cara de "e você de samba canção de coraçaozinho?". Me deitei do lado dele e me cobri.

 - Bonita tatuagem!- Ele disse quando eu me ajeitei ao seu lado

 -Muito obrigada, eu tenho mais 4 - Eu disse e ele abriu a boca espantado:

  -Caramba e eu que só tenho uma

  -Essa aqui - Eu apontei pra uma na nunca onde tinha escrito "Paulo"- Eu fiz no dia que meu pai morreu, estava indo mostrar a ele quando aconteceu o acidente, é a mais especial. Tenho umas pequenas e tenho também "Just Keep Me where the lights is" nas costas.(n/a o Pretonces ainda não tinha a dele quando eu escrevi essa fic). Você pode apagar as luzes? eu estou com sono- Eu disse bocejando e ele se esticou para desligá-la.- Boa noite

-Boa noite, durma bem. - Ele respondeu, depois disso eu fechei os olhos e deixei meu corpo relaxar, dormindo logo em seguida. Sabe, estava começando a gostar desse Pedro.

BORDERLINE*: Uma síndrome. sentimentos crônicos de vazio
  raiva inadequada e intensa ou dificuldade em controlar a raiva (por ex., demonstrações freqüentes de irritação, raiva constante, lutas corporais recorrentes)recorrência de comportamento, gestos ou ameaças suicidas ou de comportamento automutilante