It Started Out As A Feeling escrita por Becky_Lovegood


Capítulo 9
Provocations




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- Saiam do caminho! Abram espaço para Sua Majestade Imperial Jadis, Cãstela de Cair Paravel, Imperatriz das Ilhas Solitárias! Vamos, se mexam! – Ginarrbrik, o anão fiel à Feiticeira, ordenou.

Todos os narnianos observavam com desprezo, a Rainha não legítima de Nárnia andava com um ar de superioridade, mantendo os olhos em Aslam. Até que ela parou, mas não dirigiu a palavra ao Grande Leão. Não mesmo, ao invés disso a Feiticeira se virou e ficou de frente para o grupo que acabara de chegar ao local com os Castores. Edmundo encarou a mulher gélida por algum tempo até que ela desviou o olhar e seus olhos aterrissaram em Rebeca.

- Vejo que conseguiu cumprir sua missão. Seus pais ficariam orgulhosos. É uma pena que não estejam aqui, não acha? – a Feiticeira provocou.

Todos estavam chocados demais. A Rainha Gelada tinha deixado de lado o que devia fazer e começou a provocar a Cavaleira. Esta, por sua vez, deu um passo para trás, colidindo levemente com Pedro. Rebeca lutava fortemente para segurar as lágrimas.

- Parece que eu estava certa... – a Feiticeira exclamou – Você não tem a coragem de que tanto se gaba para fazer isso. Eu retiro o que eu disse. Seus pais não ficariam orgulhosos de uma filha covarde.

Rebeca não teve nenhuma reação. Só o que conseguiu fazer foi mover os dedos da mão lentamente na direção de sua espada. Susana murmurou algo como: “Não faça isso!”. Mas não adiantou nada, a garota já estava decidida a avançar na Feiticeira quando um rugido interrompeu tudo. O tempo pareceu parar e Aslam surgiu de sua tenda.

- Já chega! Deixe a em paz, Jadis!

Um longo silêncio se seguiu aonde a Feiticeira encarou o leão a sua frente, os dois pareciam estar travando uma batalha com os olhos.

- Narnianos, olhem em volta. – a mulher anunciou após algum tempo, dando uma volta para observar toda a extensão do Acampamento – Vocês confiam um nos outros, certo? Eu não teria tanta certeza. Há um traidor no meio de vocês. Está confiando em um traidor, Aslam.

Edmundo sentiu os olhos da Feiticeira relancearem por ele rapidamente. Os Pevensie se entreolharam também, nervosos e com medo do que iria acontecer.

- Creio que a traição dele não foi contra você. – Aslam respondeu com calma.

- Estou surpresa que tenha se esquecido das leis sobre quais Nárnia foi construída... – a Rainha ilegítima respondeu.

Outro rugido. Mais alto, mais forte, mais perigoso.

- Não cite a Magia Profunda para mim, Feiticeira! – alertou firmemente o Grande Leão – Eu estava presente no momento em que foi escrita.

- Bem, você deve se lembrar que... Todo traidor pertence a mim. – um tom triunfante estava presente nessa frase – Sou dona do sangue dele.

Pedro desembainhou a espada e estava prestes a dizer algo quando Rebeca, movida pelos seus deveres de protetora, se colocou à frente do Grande Rei com sua própria espada apontada para a mulher gélida.

- Terá que tentar passar por mim mais uma vez!

As palavras da Cavaleira foram como um chamado para que os narnianos levantassem suas armas. O barulho de metal com metal e dos grunhidos de incentivo causaram um pequeno tumulto.

- E por nós também! – Pedro inclinou a cabeça na direção da multidão que se aglomerava em torno de Edmundo.

- Podem armar quantas batalhas puderem, esse direito ainda vai ser meu.

A Feiticeira falou claramente e Pedro parou algum tempo para pensar, antes de dar um passo pequeno para trás, se sentindo derrotado.

- Reizinho... – a gélida mulher declarou.

- Aslam, isso são ordens. A menos que eu tenha o sangue dele como manda a lei... - ela se virou para todos os narnianos que observavam – Toda Nárnia será subvertida e perecerá em fogo e água!

A Feiticeira Branca, que manteve Nárnia sob um inverno rigoroso por cem anos, apreciando uma destruição com fogo, isso sim é irônico. Um silêncio perigoso estava no ar e ele sumiu rapidamente. A Feiticeira apontou de modo acusador para Edmundo.

 - Esse menino morrerá na Mesa de Pedra! – ela disse, as palavras ecoando pelo ar – Como manda a tradição. Não ouse recusar.

Rebeca havia abaixado a espada, assistindo a tudo com grande choque. Susana abraçava Lúcia, tapando a boca da pequena para que ela não gritasse. E Pedro observava Edmundo, que não tinha reação nenhuma. A voz da Feiticeira estava ameaçadoramente baixa nas últimas duas frases e ela se dirigiu a Aslam quando mencionou não ousar recusar, dizendo isso de um modo mais baixo ainda e mais ameaçador, se é que é possível.

- Basta, Jadis! – Aslam deu um rugido baixo – Temos coisas a resolver, a sós.

A Feiticeira seguiu Aslam para dentro da tenda dele. Com certeza seria uma longa espera. Edmundo estava quieto, muito quieto.

- Ei, tudo bem? – Rebeca cutucou o braço dele.

- Eu acho que sim... – o garoto respondeu.

- Ed, pode nos contar. Você não precisa mentir para nós. – Susana colocou sua mão no ombro do irmão.

- Eu só... Não sei. Acho que estou com medo, por não saber o que vai acontecer, entendem? – Edmundo virou para encarar as duas e elas acenaram com a cabeça.

- E você, Ree? – Susana virou para a outra – Tudo bem?

- Por que não estaria? – Rebeca perguntou confusa.

- Aquele comentário da Feiticeira sobre seus pais, sabe? Tudo bem? – Pedro se aproximou.

- Ah, isso... – ela abaixou a cabeça – Tudo bem...

- Tente não ligar para essas coisas. – Susana aconselhou.

- Eu sei, eu sei. Já me acostumei. Sabe, quando se está lutando com alguém, provocações são bem usadas como estratégia para vencer.

- Vou me lembrar de anotar isso mentalmente: Não dê atenção para o que te falam quando estão tentando te matar. – Edmundo brincou, fazendo todos rirem.

Lúcia olhou para a entrada da tenda e sentou no chão emburrada.

- Quanto tempo acha que vão demorar?

- Logo eles saem de lá de dentro. – Susana se ajoelhou ao lado dela.

- Eu já volto aqui. – Rebeca anunciou.

- Tudo bem. – Edmundo e Pedro responderam juntos, sentando ao lado das irmãs.

A cavaleira caminhou até Oreius, que conversava com um dos minotauros, provavelmente discutindo algo sobre os armamentos.

- Vejo que conseguiu fazer os Reis nos acompanharem na guerra. – o centauro disse quando a garota se aproximou.

- Sim, Oreius. Tenho a palavra de Rei Pedro de que ele irá lutar.

- Muito bem! – ele parabenizou-a – E você fez um bom trabalho nas florestas. Sinto muito por ter perdido o fauno Tumnus.

- Como sabe das notícias das florestas? – Rebeca perguntou – Pensei que você estava focado na preparação para a guerra e não tinha tempo de ir até a floresta para saber o que aconteceu lá.

- Raposo veio até aqui para saber as ordens de Aslam e entregá-las para você. Fiquei sabendo da missão por ele. – Oreius explicou.

- Por falar no Raposo, você o viu? Não sei o que ele está fazendo desde que nos encontramos antes de eu vir para cá. – Rebeca começou a ficar preocupada.

- Não sabe ainda? O Raposo foi encurralado pela Feiticeira Branca... E ela o transformou em pedra.

- Raposo?! Você quer dizer o nosso Raposo?! O valente e bravo Raposo, encurralado pela Feiticeira?! E agora... Ele virou uma das obras cruéis de pedra que ela usa como decoração de seu Salão Principal!

Oreius tentou confortar a menina, que parecia triste e com raiva ao mesmo tempo, mas não conseguiu. Rebeca já havia saído andando, batendo os pés violentamente e bufando. Parou ao lado dos Reis, sentando no chão bruscamente e tentando se controlar.

- Tudo bem?... – Susana perguntou lentamente, com medo da outra bater nela ou alguma coisa parecida.

Rebeca nem mesmo respondeu direito. Levantou os olhos do chão, encarou Susana por um segundo e então voltou a olhar para a grama, arrancando todo matinho que não fosse sortudo. Ninguém sabia, mas ela também escondia as lágrimas com toda essa raiva, tinha que parecer forte.

- Ei, ei, ei! Eles estão voltando! – Pedro avisou, se levantando.

A Feiticeira saiu primeiro, se achando dona do lugar, andando como se mandasse em todos. E, injustamente, ela mandava. Edmundo engoliu em seco. “O que vai acontecer comigo?”, ele pensou. Seus olhos buscaram respostas nos de Aslam e o leão revelou o que ficou decidido.

- Jadis renunciou a sua autoridade sobre o destino do Filho de Adão.

Com isso Edmundo soltou o ar que estava em seus pulmões. A multidão vibrou. Susana e Lúcia pularam no irmão e o abraçaram. No impulso do momento, Pedro e Rebeca viraram um para o outro e compartilham um abraço apertado. Ficaram um tempo assim e então se separaram rapidamente, ambos corados.

- Preciso de uma prova para eu ter certeza de que irá cumprir sua promessa! – a Feiticeira exclamou com autoridade.

Aslam rugiu por um longo tempo e a multidão vibrou de novo, observando a Rainha ilegítima de Nárnia se afastar. Edmundo e suas irmãs se juntaram num abraço mais uma vez. Rebeca e Pedro também já estavam abrindo os braços um para o outro quando a timidez os impediu antes mesmo de algum toque acontecer.

- Que bom! – Rebeca disse com as bochechas coradas.

- S-sim, é muito bom! – Pedro continuou, tropeçando nas palavras.

- Rebeca! Oto precisa de sua ajuda no controle de armas! – Oreius interrompeu – E depois você deve controlar o armazenamento de arcos e flechas!

Ela acenou rapidamente para os Pevensie e caminhou até o local aonde se faziam e guardavam as armas. O minotauro Oto a saudou e Pedro observou a garota de longe, antes de seus irmãos o chamarem para que os quatro continuassem a treinar.


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Notas finais do capítulo

Eu sei! A Feiticeira pareceu uma vaca nesse capítulo, certo? Ai, deu vontade de matar ela ali mesmo. E agora eu não sei se deixei uma boa impressão da Cavaleira naquela hora que ela fica toda bravinha por causa do Raposo, mas era pra passar uma boa impressão dela, ok? Era pra mostrar mais um lado bom dela. Eu não quis dizer que ela tá ignorando que o Raposo tá petrificado e tals, eu só to dizendo que ela tenta não demonstrar, porque tem um monte de coisa rolando e ela não pode fazer os Reis desistirem da batalha. Sacaram? Mas ok. Me falem o que acharam, lindos! Amo vocês, sério mesmo. E desculpem a demora, hihi, me envolvi demais com fics de PJO (Percy/Thalia principalmente) e esqueci de Crônicas um tempinho... Beijos, até!